Entrevista #25: Alê Carvalho


Nossa entrevistada do mês de abril é a bailarina de Recife, Pernambuco: Alê Carvalho! Alê nos conta sobre sua trajetória, seus projetos passados e futuros,além de conhecermos mais a repeito do Aquarius Tribal Fusion e os grupos paralelos a este. Bora conferir? =D

BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como tudo começou para você? 
Há cinco anos! Em agosto de 2008 perdi meu pai, fato devastador na minha vida, não via graça ou reagia a nada... Até que em dezembro passando tempo na internet, quem diria o Youtube traria aquilo que mudaria tudo ao meu redor irreversivelmente. É estranho escrever e perceber isso hoje! Vendo vídeos de Dança do Ventre no cantinho da página apareceu um ícone escuro e cliquei, era da Zoe Jakes, a mesma movimentação, mas diversa na sua natureza! Fiquei estatelada, vidrada, vi o vídeo repetidas vezes, totalmente hipnotizada... Não teve jeito, aquilo me arrebatou de modo indescritível!


Fui em busca de aulas e só achava de Ventre Clássico em Recife fiquei frustradíssima, pois queria Tribal Fusion, encontrei a Daniela Fairusa, ela tinha a força e técnica que buscava, até hoje o primeiro vídeo que vi dela me impressiona igualmente; procurei-a no falecido Orkut, só que ela estava ali... em Sampa e eu em Hellcife, ela aceitou o convite, foi muito gentil (não sei se recorda), deu-me dicas de postura, braços, mencionou que poderia procurar a Dança do Ventre e ir adaptando, indicou a Paula Braz e Kilma Farias, regionalmente mais perto! Paula foi igualmente gentil! Mas não achei de imediato Kilma.

Então em março de 2009 conheci pela internet Valéria. Val me disse que iria à Paraíba fazer um curso com Kilma e perguntou se queria ir junto, daí a uma semana me contava que haviam organizado a aula aqui e nós não precisaríamos nos deslocar tanto; pra minha surpresa o local onde do work era à distância de seis quarteirões da minha casa, fui andando para lá!

Morro de rir lembrando dessa aula, nunca tinha feito nada parecido. Me senti a estranha no ninho... Estava familiarizada visualmente com tudo e não tinha experiência de nada, desengonçada não... Affe... Kilma foi um anjo, de uma paciência extrema, exemplo de entendimento e aplicabilidade didática! E ali eu me apaixonei definitivamente pelo Tribal! Aquele dia tornou-se especial; conheci pessoas que seriam não só companheiras de trabalho, mas amigas extremamente importantes no processo curativo do meu luto, ganhando moradia definitiva no meu coração!
Alê Carvalho - Carol Monteiro – Lais Ide – Valéria Veruska e Andressa Máximo


Ficou decidido que Kilma viria mensalmente e nós fundaríamos um grupo de estudos, fiz o projeto e levei para o diretor do NUCFIRE-FAFIRE (Núcleo de Cultura da Faculdade Frassinetti do Recife) Aderval Farias e passamos a nos encontrar semanalmente, meses depois resolvemos fazer a primeira coreografia (Gênesi’s), vimos nosso potencial criativo e daí surgiu nossa família o Aquarius Tribal Fusion Cia de Dança.

BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?


Com Carol Monteiro – FAFIRE 2012
Falar dos professores me enche de carinho, cada um teve papel importante, de aspectos únicos! Mas, uma coisa é certa, ninguém me ensinou mais que minhas companheiras do início (Carol Monteiro – Lais Ide – Valéria Veruska e Andressa Máximo)! Passaram conhecimentos com entusiasmo e amor. Foram dias fantásticos os de 2009! Gastava horas na net conversando com Lalá. Val me ajudou com a desenvoltura. Dessa a identificação cultural, as tribalistas armoriais, as mesmas pirações, hehe!

Xu, o cabedal técnico, ético para dança, um grande encontro de ideário artístico, parceria forte de amizade e confiança aquém dos palcos. Xu é uma das minhas melhores amigas, exemplo de pessoa, a amo muito! As meninas foram peças chaves para minha formação como bailarina.

Com Kilma Farias na Carvana Tribal Nordeste
 1º Edição em 2010 – JP
Kilma ganha lugar especial nessa história, minha fessorinha, fazer aula com ela foi, é, e sempre será uma das melhores coisas de dançar! Ela faz com que eu busque mais, melhor e me olhe diferente toda vez. A técnica com carinho! “O Tribal feliz”, como diz Esther! Me sinto uma pirralha de escola perto dela, acolhida. Embora ela tenha me dado rápido credibilidade e confiança de parceira. Mostrou-me a importância do respeito à construção da própria identidade na Arte. As Lunays: Kely, Fabi e Jaque são parte muito importante desse crescimento, me ensinaram muito! Quando junta a família pão com ovo, eita já viu! Alegria certa!

Acredito que o aprendizado necessita que o caráter humano se sobreponha a técnica, boa e necessária, mas que não é superior ao sentir, ao ser tribo, para que se possa dizer tribal! As pessoas citadas dividem essa ideia comigo, talvez por isso estejamos juntas e unidas desde então.

Outra forte referência na minha trajetória é Luciana Zambak houve um pós-Lu pra mim inegavelmente! Em 2010 fiz workshop de leitura musical e o curso de verão, mudou minha orientação coreográfica, aprendi a importância do Dança do Ventre Clássica e Folclórica, conheci as diferenças entre ritmos tradicionais e modernos, movimentações características à cada, entre vários detalhes os quais adaptei ao Fusion. Sem contar que me deu a perceber como usar a delicadeza, na força.


Com Luciana Zambak – Curso de Férias Ventre e Tribal no Studio Zambak – 2014

Marina Chagas professora de Ballet Popular teve papel decisivo na interpretação do Tribal Brasil legado por Kilma, tenho a grata oportunidade de aprender na fonte, Mima busca integridade do indivíduo no grupo, espetacular ministrando aula, o processo de internalização do conteúdo conduzido é fluido e incessante, são aulas viciantes! Outra grande amiga!
Nadja El Balady me trouxe a noção do valor da inventividade e originalidade, de acreditar nas ideias e apostar na paixão.


Com Marina Chagas – Caravana Tribal Nordeste 2010 – 2° Edicão 2010

Sharon Kihara mostrou-me a importância da perseverança na disciplina, o valor do preparo físico para execução do movimento; passei três dias sentindo dores oriundas do aquecimento feito à época. Hoje prática habitual e me dá a fama de psico (culpa e Pamela Fernando) entre as minhas alunas, já me adaptei, agora até assumo! Espero ser algo bom kkkk...


Sharon Kihara e Alê Carvalho

Fora do meio, o professor Aderval Farias, Del me deu a chance de iniciar o projeto do Aquarius, fez-me tornar professora de Tribal na tora, provocou de forma brutal a busca pelo significado e atiçou meu desejo técnico; com ele entendi que só consegue ir-se ao fundo do sentimento da Arte quando a técnica dominada é meio e não o fim.Maurício Azevedo do teatro que abriu horizontes nem sonhados dentro da criação e na busca da expressão. E a Rachel Brice, meu Deus! O que foi poder olhar para matriz dos sonhos de tantas pessoas, vê-la humana, experimentar como aluna foi incrível! Quando a aula terminou chega deu dó!  


Rachel Brice e Alê Carvalho

 Fiz cursos com profissionais maravilhosos ao longo desse tempo: Mira Betz, Emine Di Cosmo, Jaqueline Lima (Cia Lunay), Dielson Pessoa, Ju Marconato, Shirley Shalilah, Daniela Nurr, Tufik Nabak, Carla Silveira, Hannah Costa, Karina Leiro, Cibelle Souza, José Sales, Joline Andrade, Bela Saffe, Marcio Filho, Fátima Machado, Manoel Francisco, Danilo Dannti, Caio Pinheiro, Babi Johari, Marcelo Lopes e Suely Machado. A sensação é de não ser suficientemente justa não especificando o que aprendi com todos nesse caminho de aprendiz, contudo; quero deixar marcada minha gratidão.

BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Sempre que posso vou atrás de novas esferas de linguagem. Fiz dois anos de Ballet Clássico com Fátima Machado e um ano irregular com Marcio Filho (Ballet Gonzales). Das transformações físicas trazidas pela dança, as mais intensas foram provocadas pelo Ballet, a postura e eixo de giro são outros do começo. Em 2011 fiz curso de Ballet com Manuel Francisco (São Paulo Cia de Dança) e de Dança Contemporânea com Suely Machado (Primeiro Ato). Em 2013 e 2014 tive aula de Contemporâneo com Dielson Pessoa e Marcelo Lopes (ambos ex bailarinos da Cia Deborah Colker).




Tenho aulas de Dança Brasílica com Marina Chagas no NUCFIRE e comecei orientação regular de Dança do Ventre com Babi Johari, essa volta à matriz tem sido demasiado importante, tem enriquecido meu vocabulário e remontando meu ideário acerca do feminino na modernidade. Babis é uma professora incrível e amiga querida em quem confio muito. Pretendo nesse ano de 2014 fazer aulas de ATS com Carol Monteiro e Nadja El Balady.


Com Babi Johari - Troféu Construtores de uma Cultura de Paz em 2013 – Teatro Santa Isabel

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Sabe quando na Bíblia o Gênesis diz: E no princípio foi o verbo! Hehe, bem isso! E no princípio foi Zoe! Ela me choca constantemente, se arrisca, vai no limite, a bailarina mais qualitativamente mutável que já vi. Aliada à ela, Kilma Farias que jogou ralo abaixo os preconceitos de fusionar danças regionais à estrutura do Tribal Fusion e me instiga na verdade com a qual constrói Arte, pedaços amostra dela.  Não há medo... Desde o começo do Tribal Brasil carrega essa bravura de se expor!


Kilma Farias, Guilherme Schulze e Ademilton Barros CTNE – JP – 2013

E desde sempre meus companheiros, todos do Aquarius, de diversas maneiras, chega a dar gastura (forma de angústia na fala nordestina); vamos precisar de três vidas pra fazer tudo que já imaginamos juntos!

Atualmente no cenário internacional tenho me impressionado a Violet Scrap, a expressividade e a leitura dela me cativam. Edenia, adoro o jeito com que ela modifica o Hip Hop no Fusion! Fugindo à fusão o Marquese Scott do Hip Hop, ele não pode ser humano bicho... Faz no corpo coisas gravitacionalmente improváveis. A Deborah Colker, o Grupo Corpo e Crystal Pite do Contemporâneo que tem sido o principal foco de meus estudos atualmente, pois, estabelece uma narrativa sem texto, uma fala que brota da compreensão superando o entendimento.

BLOG: O quê a dança acrescentou em sua vida?
Posso afirmar sem drama que a dança salvou minha vida! Me tirou do buraco psicológico onde havia me enterrado com a perda de meu pai e me deu experiências que nunca imaginei viver! Fico pensando como ela trouxe tantas problemáticas e uma complexidade que eu trabalhando com Filosofia lia... Mas, não havia enfrentado na Arte... Tem sido a práxis daquilo que dantes só teorizava.

BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
Sou artista desde que me lembro. Trabalhei com diversas formas de expressão: desenho, pintura, escultura, fotografia, vídeo. Mas a obra madura quando exposta, conduz ao isolamento, você a lança no mundo para atingir as pessoas em uma dimensão que lhe escapa no sentido da partilha;de saber como é com o outro. Diferente do relacionar, na dança isso existe continuamente, seja o bailarino do seu lado dividindo a energia ou o olhar do público, isso nunca cessa, é inominável essa sensação de dividir, tudo na dança é relação! E o caráter mutacional sempre pode ser outra; o processo é a maturação e isso é ótimo, pelo desafio

BLOG: O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação? Você acha que o tribal está livre disso?

 Gostaria de poder de responder essa pergunta, se o pudesse acharíamos a solução! Tantas coisas...vão desde políticas públicas que não investem em Cultura, Arte e educação, à como desenvolvemos nossas relações profissionais e interpessoais no meio.  Só escrevendo um tratado hehe... Vou me deter à pontos que acredito fariam alguma diferença no modo como o “meio” nos enxerga, tomando como base minha terra, não posso fazer tais afirmações sobre outras regiões, pois desconheço a realidade diária delas.

Primeiro é a capacitação profissional. Sabemos e acontece muito de pessoas que ainda não estão preparadas artística e tecnicamente irem à palco pelo desejo se realizar um sonho de infância de ser bailarino, acho lindo e dou apoio! Mas, o professor responsável tem que saber quando e como por esse aluno no palco, orientá-lo para não aceitar qualquer convite ou se dizer profissional não o sendo ainda, assim evitando que se exponha a situações difíceis desnecessariamente. Isso enfraquece a classe, prejudica quem passa anos estudando e investindo pesado na sua profissionalização. Ter a roupa bacana não é pré-requisito de uma boa performance! Se começasse hoje, minha primeira apresentação demoraria horrores para acontecer, faço questão de assistir o vídeo para não esquecer, hehe... Affe...

Olhar para fora de nosso mundo (Dança do Ventre/Tribal Fusion), se aventurar a participar mais de eventos diversos, trazer as pessoas que praticam estilos diferentes para junto de nós! Trocar experiências, obter novos conhecimentos, ampliar campos de atuação. Fazer festivais que só nos contemplem é desenvolver um sistema autofágico, privilegiando nossas famílias e amigos. Precisamos formar novas plateias! É bom ter público cativo, mas é também é bacana conquistar espaços.
                           

Dentro dessa mesma questão, o engajamento social, claro; artista vive, tem contas, precisa e deve ser bem pago! Mas à Arte também cabe o espírito de doação, tirar um pouquinho do nosso tempo e dar a quem não pode ter esse tipo de educação (por que Dança é elemento educacional, beneficia os dois lados!). Um exemplo muito legal aqui em recife é a Karina Leiro que dá aula para crianças no bairro do Pina. Ela me disse: - Eu faço tão pouco! Rebati: - Faz não! Você está mudando o mundo delas, e quem salva um mundo, salva um mundo inteiro – parafraseando provérbio judeu. Também tenho planos para construir trabalho semelhante com o Fusion, voltado para adolescentes, junto ao Artemis Tribal Fusion – CBA, não havia posto em prática por falta de disponibilidade, mas agora vai! Se a Arte cresce legitimamente, nós artistas crescemos com ela; sinto esse mundo ainda muito fechado!


BLOG: Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou no tribal? Como foi isso?
Apesar de acontecer a má interpretação do nosso trabalho devido à características que remetem a sensualidade, coisa contra qual trabalho intensamente, isso deixou de me incomodar; essa atribuição pertence à ignorância a respeito do conteúdo histórico das danças étnicas e nosso dever pedagógico é educar as pessoas! No meio da dança interessantemente, não! Pelo menos não ainda... Ao contrário! A Dança Ventre nos recebeu aqui tranquilamente, soube que em algumas regiões foi bem diferente... E com outros estilos também ocorreu naturalmente. O que mais me marcou nesse sentido, foi a aprovação para Mostra Brasileira de Dança, fiquei receosa, sendo a primeira no estilo que defendo a entrar no festival e a única com Folclore de Imigração nesse ano, mas fui bem recebida pela comissão e colegas presentes que ficaram curiosos sobre o Tribal, perguntaram e vibraram. Na Mostra conheci pessoas com as quais continuo compartilhando experiências, respeito mútuo e admiração; o ponta pé inicial para adentrar nos festivais oficiais tais como: Festival Estudantil de Teatro e Dança, Festival Internacional de Dança e o Pernambuco em Dança, percorrendo regiões metropolitanas e interiores. O público também tem nos recebido calorosamente!

BLOG: Como é ter um estilo alternativo dentro da dança? Conte-nos um pouco sobre isso.
É uma tarefa pedagógica constante, pois, sempre temos que explicar o que é, o que engloba, que é também Dança do Ventre sem sê-la no seu caráter original... Responder perguntas do tipo: “Tribal?! O que é hein?! Uma espécie de dança africana?”; e dizer: “Também pode ser, mas não só!” Falar do ATS, resumindo, uma rotina de discurso. Ademais, igual a qualquer bailarino, que se dedica, estuda, ama e defende aquilo que faz, com unhas, dentes e muita ação.

BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Sim, claro! O tempo todo! Um projeto que não deu certo ali, uma ideia que falhou. Uma expectativa que não passou de expectativa, a má execução de uma coreografia ali. Indignação com situações que todas nós já passamos! Mas estou me educando para não perder tempo me desgastando com essas coisas, agora toda vez que acontece algo desse tipo tenho procurado observar severamente o que eu deixei aberto para que o fato ocorresse, para daí resolver comigo e seguir adiante. Se frustrar faz parte do amadurecimento, e a Arte segue essa rota.

BLOG: E conquistas? Fale um pouco sobre elas.
Essa parte é muito bacana de falar, quem não gosta?! Foram significativas, principalmente considerando o antigo panorama do Tribal na nossa cidade. O “fomos” é o mais importante disso, o trabalho árduo e conjunto do Aquarius Tribal Fusion Cia de Dança, desde o Bacante, em 2009, que costumo dizer: “Onde nos lançamos a nós mesmas, a si próprias, sozinhas!”  Do convite para escrever o projeto da Caravana,  feito por Kilma. A superação das dificuldades passadas para realizar a 1ª  edição, as lições advindas da 2°, o sucesso absoluto de público e alunos na 3ª e na 4ª mesmo diante dos protestos e uma greve de ônibus. O convite para integrar o DSA (Dancers South America) em 2010 da Adriana Bele Fusco, do qual não pudemos participar por causa dos empregos fixos. Ter me tornado professora e respeitada na minha terra por isso. Ver o crescimento artístico do Aquarius.

A aceitação e respeito da Dança do Ventre, ser partícipe do hall dos artistas do nosso Estado, entrar para Mostra Brasileira de Dança e as premiações; que recentemente Caio Pinheiro e eu recebemos com a coreografia “Confundidos” (melhor coreografia, direção, performance, fui indicada a melhor bailarina e ele ganhou de melhor bailarino do Festival de Teatro e Dança Estudantil de 2013), par a par com bailarinos do Ballet Clássico, nosso segundo ano de premiação no festival (em 2012 por “Transfiguração”); o Troféu Construtores de uma Cultura de Paz, em 2013. Participar do documentário sobre Tribal Brasil de Thamara Roque; o convite para o espetáculo “Divas” da Cia Árabe Hannah Costa.

Premiação Festival estudantil: Confundidos 2013 – Teatro Santa Isabel

Tornamo-nos referência no Tribal em Pernambuco e vimos o número de praticantes e grupos crescerem, a tendência é de uma expansão ainda maior. Ter sido convidada para lecionar no Tribala Fest Ecuador, onde fui tão bem recebida por Cati, Vivi e todas as pessoas que participaram, foi maravilhoso, não tenho como agradecer. Mas, os laços amarrados no Aquarius, a amizade que temos uns pelos outros, essa sim é a maior conquista! Dá felicidade olhar para trás e ver o que construímos juntos. Cada dia é dia de buscar por algo novo!


Tribala Fest Ecuador 2014 – Produção de Viviana Jara e Kathy Muñoz
– diretora do Tribala Bellydance Company Ecuador

BLOG: Como é o cenário da dança tribal em Pernambuco? Pontos positivos, negativos, apoio da cidade, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?
O ponto mais positivo, no meu ponto de vista, é o amor que as pessoas dedicam ao estilo;  rotatividade é imensa, mas os que ficam são leais ao Tribal, se esforçam e se doam a ele. O negativ, o acredito ser igual a de qualquer estado do brasileiro: a maioria dos praticantes não pode viver de dança, tendo carreiras de sustento paralelas, os impedindo de investir tempo como gostariam na sua qualificação; e se tem tempo, não tem os recursos, por serem apenas estudantes, algo comum de qualquer logradouro do país. Não vejo um problema digamos localizado ou característico nosso.

BLOG: Conte-nos como surgiu o grupo Aquarius Tribal Fusion (ATF), etimologia da palavra, seus integrantes, qual estilo marcante do mesmo e se ele sofreu alguma mudança estrutural ou de estilo desde quando foi criado até agora. Como é o processo de introdução de novos integrantes?
Coreografia Tempestade – 2011 | Festival Estudantil 2011
Originalmente nome da Cia não seria Aquarius, mas uma integrante da primeira formação, que passou pouco tempo conosco, mencionou na época  que estávamos entrando na era deste signo zodiacal, um momento de renovação de energias; e propôs-se a fazer o logotipo. Ficou muito bacana, criativo e artístico; a sonoridade e o significado do nome eram muito bons, diferente e fácil de comunicar. Fizemos uma votação e optamos por ele. Deu certo para nós!Sobre nosso corpo de baile, houveram entradas e saídas de integrantes durante esses cinco anos, levando tempo até acharmos quem carregasse o espírito que Dessa, Xu, Lala e eu acreditamos ser necessário pra viver em grupo. Assim sendo, estruturalmente nos modificamos bastante, acredito que agora com Esther, Babi, Suzane, Patrícia, Michelle e Caio chegamos ao ponto onde podemos identificar quem somos e poderemos traçar uma identidade artística mais contundente e sólida. São artistas com formações muito diversas, estilos diferentes, uma riqueza sem conta e, apesar de termos aparecido mais como peças ligadas à musica eletrônica (principalmente eu e Xu), foi no Tribal Brasil, particularmente no Tribal Armorial, que obtivemos nossas mais preciosas realizações.



BLOG: Além do ATF, você é diretora e/ou coordenadora de outros grupos de tribal fusion em Pernambuco. Gostaria que apresentasse e comentasse um pouco sobre eles e a relação com o grupo principal.

Aquarius Tribal Fusion Cia de Dança – CTNE 2013 em Recife

Falar sobre os grupos é um pouco como falar do tribal pernambucano. Começa com a vinda de Kilma,  a formação do Aquarius e naturalmente surgiram praticantes interessados em se engajar. O marco dessa expansão foi o convite que fiz a Danilo Dannti para dirigir comigo o grupo de tribal masculino que queria formar. Dessa ideia nasceu o Hades, que desenvolveu uma brasilidade bem característica. E como fui assumindo a direção de novos grupos, Danilo ficou à frente sozinho. Nesse momento o Hades está inoperante,mas acredito que logo retome suas atividades.

Artemis Tribal Fusion – CBA – CTNE – Recife 2013


O Artemis Tribal Fusion – Corpo de Baile Aprendiz do Aquarius Tribal Fusion Cia de Dança -  já foi um projeto mais maduro. Formado a partir da minha segunda turma do NUCFIRE, em seguida abri mais vagas para meninas e meninos que estavam a fim de dançar, mas que custeavam faculdades e não podiam investir em dança. Esse grupo permanece atuante, o mais antigo de alunos, onde tenho amigos fieis e de onde saíram quatro integrantes do Aquarius. Antes o Artemis era um grupo de formação e passagem, agora quero torná-lo profissional e formar novos professores.


Beatificação – Eu Danço – Casa de Dança Everaldo Lins - 2012

O Tribal da Casa Everaldo Lins aparece com os alunos da escola; acho que devido a abordagem pedagógica nesses grupos, eles terminam não querendo apenas treinar e querem trabalhar em composições; deste saiu mais um integrante do Aquarius, Caio Pinheiro, o qual é dono de uma técnica e arte forte; um talentoso coreógrafo e excelente professor! Massacrei hehe... Acho que ele concorda em dizer que valeu a pena!

Tribal Day I – Parque da Jaqueira 2012 – Recife – Producao e coordenação e Andressa Maximo e Carol Monteiro


O Tribal do Studio Carol Monteiro tem aspectos de grupo de iniciação, devido a rotatividade. As meninas que o compõem por vezes são estrangeiras passando tempo por aqui, e souberam do meu trabalho. Então, como permanentemente muda de integrantes, fazem as coreografias com desejo mais de aprender do que se prender ao universo do palco, coisa que também é muito prazerosa, pela liberdade que confere, me fazendo aprender como passar os fundamentos do tribal de inúmeras maneiras.


Faço questão que meus alunos interajam entre si; quase todos se conhecem e fizeram algo juntos. Por vezes chamo o integrante de determinado grupo pra fazer algo no outro e assim vamos nos unindo. Os estudantes que não se adaptaram realmente não tinham nada a ver com essa dinâmica, onde o grupo é nossa prioridade por excelência. O Tribal Day, criado por Andressa Máximo e Carol Monteiro, é um dos momentos de congregação desse pensamento de união e tribo. Todos são de alguma forma Aquarius. Nordestinados é outro exemplo dessa interligação.



Cartaz – CTNE Recife  - 2010
BLOG: O evento Caravana Tribal Nordeste (CTNE), sob direção e produção sua  e do ATF, e de Kilma Farias,  é um dos eventos que se destaca no país, unindo, atualmente,duas cidades nordestinas durante o ano. Conte-nos como surgiu a idéia do evento, sua proposta e objetivos, organização e elaboração deste,bem como a repercussão do mesmo para a comunidade tribal quanto para seu público no Nordeste Brasileiro. Vocês tem pretensão em ampliar o alcance de outros estados do Nordeste com o intuito de formarem novos circuitos com o evento? 


Eita pau... Putz perguntou tudo mesmo! A Caravana aconteceu como tudo que envolve Kilma e a Lunay, aquela coisa de família. Em setembro de 2009 eu tinha ido estudar com Kilma e Bela. À noite tínhamos um evento pra ir, mas deu aquela preguiça;ficamos cozinhando e proseando Kilma e eu(ela faz uma salada de soja com hortelã divina!). Ela me contou que tinha tido a ideia da Caravana e chamado Bela Saffe para se unir a ela, mas ainda não tinham escrito o projeto. Eu disse que sabia escrever projetos e ela me perguntou se queria redigir. Fique radiante né!? Nem tinha um ano de tribal e ia trabalhar com ela. Caramba!!! Ficamos tecendo a malha da CTNE na cozinha, fluiu de um jeito que terminamos tudo em cerca de três horas. Quando Bela chegou do evento, lemos e ela falou: “- Pensei que ia ouvir um esboço e a CTNE já está pronta!”.





Cartaz – CTNE Recife  - 2011
 Depois Cibelle Souza juntou-se a nós e levamos o projeto à cabo,. A CTNE abrangia inicialmente Paraíba, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte, ao longo do caminho Bahia e Rio Grande do Norte assumiram novos projetos e nós que ficamos solidificamos o trabalho. Por enquanto não paramos para cogitar extensão. Mas seria bacana! A CTNE tem por objetivo principal fomentar os estudos em Tribal, especialmente no Tribal Brasil, abrir espaços para novos talentos, fortalecimento dos antigos e promover a união entre os grupos, onde todos possam trocar experiências e crescer juntos, esse é motivo de ser da CTNE.
                                             
BLOG: Na Caravana Tribal Nordeste de 2012, sediada em Recife, o ATS® teve uma repercussão  positiva no evento.Como foi essa receptividade nordestina para com o estilo? Em 2013, vocês continuaram os estudos do mesmo com Nadja El Balady. Vocês têm pretensão de formar algum grupo de ATS® em Pernambuco?Caso o tenha, futuramente, você tem pretensão em conseguir o selo de Sister Studio de Carolena Nericcio (FCBD®)?
Nadja ter levado o estilo para o Estado foi muito importante. A receptividade deu-se pela sede de estudar e saber a origem do Fusion, que tornou-se uma paixão. Os estudos continuaram, mas quem pode falar sobre essa relação é Carol Monteiro, que é diretora do Valquírias junto à Nadja El Balady. Imagino que ela deva pensar sobre o selo bem mais adiante,pois, recentemente, deu luz a Breno e vai passar um bom tempo dedicando-se ao rebento. E eu nem nunca cogitei nada sobre isso, quem sabe no futuro...

Valquírias – CTNE Recife 2013
 BLOG: Por que você começou a querer ou ver necessidade em se aprofundar no 
ATS®? Qual importância que você vê no ATS®?
O ATS é mãe, a raiz de tudo que fazemos! Sem ATS não existe tribal. Isso Kilma me ensinou em 2009 e eu nunca esqueci! A base característica que nos define, a priorização da Tribo em detrimento do ego; tanto o é que só pode ser dançado em grupo, acredito que o improviso coordenado criado por Carolena tem como função pedagógica mostrar como dependemos uns do outros para nos chamarmos humanos, para poder-nos dizer quem dera artistas. Tribal, árvore, ligação, família, a palavra já diz, não é para ser sozinho, o ATS está ai para nos lembrar disso todo o tempo!



BLOG: Nas edição de 2010 e 2011, vemos ilustrações muito bonitas nos flyers da CTNE, que remetem tanto o lado Nordestino quanto a dança Tribal. No palco de 2010, na edição Pernambucana,no fundo do palco tem duas bailarinas tribais  com uma forma de desenho bem característico do Nordeste. Gostaria que comentasse um pouco sobre a idéia das ilustrações com relação ao tribal fusion. 


Cenografia CTNE Recife – 2010 por Andressa Máximo 

Os cenários seguem bem nosso ideário cultural, que tem os pés fincados no nosso gosto pela Arte Armorial. Em 2010 eu pensei naquelas bonecas ao ver uma ilustração da Rachel Brice. O grupo tem a sorte e ter duas artistas plásticas, Andressa e eu, então falei pra ela da ideia e perguntei se ela faria.  Andressa elaborou e concretizou todo o projeto cenográfico da CTNE; ela desenvolveu os desenhos se orientando pelo formato cordelista (histórias de contos nordestinos e anedotas  por meio de ilustrações), escolheu os materiais e a forma e,  em 2011,  ela criou uma árvore tribal seguindo a estética da serigrafia (arte de criar imagens por meio da reprodução em entalhe de madeira, muito típica de nossa região). Em 2013 foi um projeto conjunto: Esther e eu demos a ideia, e todos juntos participamos da concretização.


Cenografia CTNE Recife – 2011 por Andressa Máximo 

BLOG: O Nordeste é uma das regiões mais ricas e criativas na dança tribal, mesmo estando distantes do Sudeste que, geralmente, é o porto das principais informações e workshops. As bailarinas são muito técnicas e as coreografias muito bem desenvolvidas. Na sua opinião, o quê se deve esse destaque na dança tribal nordestina? Vocês realmente estão mudando a rota de eventos da dança tribal, tirando o enfoque do Sudeste e traçando uma rota para o Nordeste.  Gostaria que comentasse um pouco esse processo na dança tribal no Nordeste Brasileiro.
O Sudeste é um dos pontos de início e disseminação do estilo no país, graças à essa recém criada tradição sulista acredito que tudo tenha contribuído para que eles se tornassem os principais realizadores de festivais que trazem workshops com as bailarinas que nos inspiram até hoje! Não encaro o fato como problema, é construção da história do Tribal brasileiro. Isso tem mudado um pouco: as Shamans já levaram para Natal wokshops importantes equilibrando esse raio de realizações. E mesmo que não seja fácil ter acesso às informações que chegam ao Sul, nós compensamos estudando; é como diz a tal história: a dificuldade é a mãe da criatividade! Se de repente não posso fazer um workshop que gostaria muito, acho outra corrente de pesquisa, estudo Ballet, baixo um DVD, o que eu não posso( e não me permito) é parar diante da dificuldade!

(Samile Dias – Bahia)

Acredito que o sucesso do tribal nordestino tenha essa raiz. Não acho que estejamos mudando rotas, mas criando um novo nicho de produção, fortalecendo o nome do nosso estilo, dando a nossa parcela de contribuição. Ouvi uma coisa muito bacana de Nadja El Balady (RJ) que esteve recentemente em Recife para dar um Workshop de ATS. Ela esteve em nossos ensaios observando os novos projetos e me disse o seguinte: “Fiquei muito impressionada com a qualidade do trabalho técnico e artístico que vocês estão produzindo agora! Vocês cresceram, não são só bailarinos de Tribal Fusion; vocês são bailarinos, vocês dançam!” Eu vejo isso na região. É só ver o trabalho dos grupos e solistas, e identificar essa preocupação em ser plural.

E esse é o nossa balanço no momento. Fizemos uma crítica e vimos que o grupo é jovem, e está finalmente se profissionalizando; assumimos isso agora está acontecendo! Ser profissional vai além de executar bem coreografias, precisa de postura que defina isso, parar de pensar como bailarinos disso ou daquilo, para nos dedicarmos a sermos bailarinos e, assim, representar melhor no nosso amado Tribal. Não acredito que se queira mudar rotas, mas fazer o melhor possível para aproximar os caminhos do Tribal brasileiro. O mais bacana é ver que isso já está acontecendo, pois tem sulista com a alma na arte nordestina e representando bem uma identidade na qual nos construímos , mas é pertença de quem nasce no Brasil, independente da geografia.

(Marcelo Justino – SP)

BLOG: Em 2012, você e Caio Pinheiro realizam um duo, misturando tribal fusion e dança contemporânea. A coreografia Romance D'Areia é uma das mais emocionantes e sensíveis que já vi na dança tribal brasileira. Conte-nos o quê os inspirou para a formulação da parte conceitual e técnica desta coreografia. Como foi o processo de inspiração e elaboração dos figurinos, além da escolha da música. Como a coreografia repercutiu na cena tribal? 



Quando cismei em fazer um duo, já havia escolhido a música,pois sempre amei e sou muito fã do trabalho da Renata Rosa. E aí convidei Caio. Nem de longe imaginei o que faríamos um pelo outro na nossa identidade como artistas; foi um encontro de outro lugar. Brincamos dizendo que provavelmente fomos em vida passada duas velhas chatas que conversam por cima do muro e não conseguiram encerrar os assuntos e pulamos pra mais uma, hehe... É isso, tudo que a princípio era conceito, desmanchou-se e tornou-se encontro. Eu começava um verso e ele sabia como terminar, sem precisar que argumentássemos sobre. Até hoje tem sido assim no Aquarius, nós nos movemos e pensamos muito próximo, uma comunicação artística além do verbal. Isso incluiu os figurinos que foram surgindo de modo análogo: ele trazia algo, eu curtia; eu sugeria um tecido, ele adorava. Talvez essa sintonia de pensamento é o que tenha feito as pessoas se envolverem tanto com nosso trabalho. O crescimento dessa experiência nos levou a Confundidos.
Confundidos


BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?
Da maior qualidade que ele possui “no meu” ponto de vista, a possibilidade de sempre vir a ser. Ser outro dentro da sua própria natureza, da volaticidade, da abertura a que se põe sujeito. A palavra fusão é por si a denominação do que eu mais gosto no Tribal; que o faz único, por poder se libertar da previsibilidade. Esse vir a ser é a força matriz, aquilo que me motiva.

BLOG: O quê você acha que falta à comunidade tribal?
O que falta a comunidade tribal não é algo específico dela, mas que falta a vida comunitária no sentido comum. O que nos falta, falta a todo homem que vive em sociedade. Analisarmos nossos defeitos e, à luz de nossas qualidades, buscar melhorar nossa natureza, nossa humanidade. E isso não constitui, ao meu ver, um problema diferenciado, é verdade que como artistas temos uma sensibilidade para olhar o mundo acima da média, digamos assim; mas isso não nos faz menos falíveis como se pensa, estamos propensos aos mesmos erros. Por que não admitir isso?! E talvez por sermos artistas, isso seja até mais extremo. Assumir que levamos isso para o mundo da dança iria nos poupar muito tempo, sorrisos amarelos e quem sabe melhorasse ou resolvesse nossas relações.

BLOG: Como você descreveria seu estilo?
Hoje eu não sei mais fazer essa descrição. Diria que está mutante, que ele é o meu movimento.



BLOG: Como você se expressa na dança?
Como alguém que, mesmo um dia tenha tentado fugir da essência e se adequar, intimamente sabia que não seria possível,pois, nunca soube viver sem Arte. Eu sou e me sei só assim, sendo pela e para a Arte.



BLOG: Quais seus projetos para 2014? E mais futuramente?


Estrear nosso primeiro espetáculo: Nordestinados. Procurar novos logradouros de trabalho; criar e criar sem parar! Só tenho uma existência (pelo menos que me recorde hehe...) e fazer uma coisa só nela não é opção, quero experienciar tudo que for possível como artista. Viajar com meu povo, levar meu trabalho para outros lugares, conhecer gente nova, aprender com as pessoas. Buscar o que eu não conheço; sei que estou só começando o caminho. Fé em Deus e pé na sapatilha!

BLOG: Improvisar ou coreografar? E por quê?
Os dois, coreografar é o desafio de materializar ideias, codificar, criar signos, construir. Mas, improvisar é a liberdade de se entregar do momento. Sempre os dois.
                               
BLOG:  Você trabalha somente com dança?
Não, sou graduada em Filosofia (com pesquisa) em: Filosofia da Arte, Fil. Da Literatura, Estética, História da Arte e Sociologia. Atuo no campo do ensino formal paralelamente à dança.

BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.
Não tenho. “Acredito” que cada um tem que achar sua forma de tocar as coisas e senti-las; é muito particular, próprio da escolha. De modo que não me acredito apta para deixar algum eixo reflexivo para alguém.  

[Resenhando-RS] Workshop de Dança Indiana com Krishna Sharana - Caxias do Sul - RS

por Carine Würch

Acabo de chegar em casa de um workshop de Bharata Natyan - Dança Clássica Indiana - com a bailarina e estudiosa Krishna Sharana.

Entre AMARANDIS (umas das principais posições das pernas) PATACAS, ALAPADMAS, (duas das muitas posições de mãos, cheias de significados), pudemos conhecer um pouco desta vasta, milenar, maravilhosa e tão rica cultura hindu.

Além de um work riquíssimo em conhecimento e novidades para mim, poder estar em contato com uma profissional com tanto amor, admiração e devoção pelo seu trabalho e sua arte, faz tudo mais fácil e agradável. Ela fala com propriedade, pois sabe e estuda. Bharata Natyan é a sua vida. 

No início estes nomes tão diferentes intimidam: "Vou fazer o work de Bharata Natyan com Krishna Sharana."

(80% das vezes tu tens que repetir porque a pessoa não entendeu o que tu falou, se é que pronunciaste certo!)

Quando cheguei na escola e lá estava ela, sentada com seu sari, bem maquiada e com um bindi. Abre um sorriso receptivo à minha chegada, e eu abro os braços para um abraço afetuoso, e já gostei dela de cara.

Khrisna é expressiva, não sei se é a dança falando por ela, ou através dela, não sei se é a vasta cultura milenar que se arraigou nesta gaúcha, mas seja como for, passar estas horas de aprendizado com ela foram agradabilíssimas, e com toda certeza já estou ansiosa para as próximas.

No primeiro momento, fizemos um "tour" pela história da dança indiana, as Devadasis, o Natya Shastra (Um Compendio sobre Teatro ou um Manual das Artes Dramáticas - Wikipédia), a Dança Pura, Hastas (mãos) e as posições, etc. Para termos um pouco de embasamento teórico. Depois veio a prática. Deliciosa, exigente, e sempre com a ideia em mente: não fazer o movimento só por fazer.



Ao final, ainda conseguimos fazer uma breve coreografia ao deus Ganesha, que mais uma vez, me ensinou coisas que não sabia, e só me faz pensar como sou feliz e abençoada em poder vivenciar estas coisas tão maravilhosas e aprender tanto... através da dança!!!

Culturas diferentes, jeitos diferentes, expressões diferentes. 
Isto deixa a nossa vida mais rica, mais cheia de inspiração.

Pouco falei da dança em si, mas muitas vezes, a mudança precisa ser interna, para poder ser vista no lado de foraOs nossos movimentos também são reflexos daquilo que sentimos e do que aprendemos (em todos os níveis). Mas isto é papo pra outro post...


Uma frase que Krishna falou durante o work me marcou, e foi o que aprendi durante toda minha vida de atleta: Ela disse: “Lá (na Índia), o que vale é o esforço e a repetição, não é o talento que conta.

Eu realmente acredito nisto. Não desmereço estas pessoas abençoadas, que nascem com um dom natural. Mas todos nós, os outros mortais, que necessitam esforço para alcançar o domínio corporal, só conseguiremos melhorar nossa dança, postura, equilibro, coordenação motora, força, ritmo, etc, etc, etc com esforço e repetição.



Depois de um encontro assim, esta frase que eu carrego comigo faz cada vez mais sentido:

“O significado mais profundo da dança de Shiva é sentido quando se compreende que ela acontece dentro de nós” 

(COOMARASWAMY apud RIBEIRO, 1999:9)







Resenhando - Região Sul
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Coodenação Carine Würch

[Índia em Dia] Dando as Boas-Vindas

por Raphael Lopes

É com muita satisfação que escrevo essas linhas e que entro nessa nova empreitada, sob o convite da querida Aerith Asgard. Espero poder somar de forma descontraída, mas muito bem embasada por aqui, e antes de tudo gostaria de me apresentar:

Me chamo Raphael Lopes, sou santista (morando atualmente em São Paulo) e tenho 30 anos, dos quais os últimos 15 foram totalmente e apaixonadamente devotados à dança.  No início meu foco era totalmente o street dance old school, tendo feito parte de duas talentosas cias de dança da baixada santista. Nessa época iniciei minha pesquisa em danças étnicas, estudando flamenco, dança tahitiana e danças árabes. Logo viria a dança indiana, que seria e é o meu maior escopo de aprofundamento.

Entre os anos de 2002 e 2004 fui diretor da Cia Ágora, que era fruto dos meus estudos das diversas danças étnicas mescladas e aplicadas na linguagem do hip hop. Mal sabia eu que já estava de forma muito natural e espontânea aplicando a identidade fusion do Tribal num trabalho que ainda se rotulava como “dança de rua”.

Na mesma época ganhei uma bolsa para estudar Ballet Clássico, e já entrando na faixa dos vinte e poucos anos me deparei com um conflito comum à maioria dos bailarinos: conciliar a dedicação total à dança com uma rotina de trabalho.

Durante dois anos a dança se tornou matéria de estudos teóricos apenas, uma vez que meu tempo e disposição impediam uma rotina de práticas e aulas. Mas acredito que essa fase também mereça um destaque em especial. Sou virginiano, um leitor inveterado e consumidor de arte. Esse período foi crucial para iniciar em mim um caráter crítico, uma habilidade para analisar os trabalhos de dança e entender as raízes que alicerçam a cena atualmente.

Meus estudos com as professoras de danças clássicas indianas em São Paulo me fizeram me deparar com o elitismo que existe ao redor de certos estilos de dança. E não digo unicamente pelos valores cobrados em aula, até porque existem outros estilos “mais acessíveis”, ainda assim exorbitantemente caros unicamente por conta do “nome” do profissional.

Porém receber o convite para uma imersão na Índia, certamente foi o divisor de águas na minha carreira. Tanto pelo respaldo que uma certificação internacional pode conferir, quanto pela experiência adquirida. Com o retorno dessa viagem fui professor no SESC, e logo fui convidado para ser professor de Odissi na Escola Campo das Tribos.

A proposta era instigante!!! Seria uma oportunidade de me lançar na capital, e ao mesmo tempo de exercer uma função que tomei como sagrada: elucidar ao público do Tribal sobre os mitos e verdades da dança indiana e suas fusões com o Tribal (ou vice e versa rs). Convivendo com o ambiente Tribal acabei me apaixonando pelo ATS® (estilo que venho estudando há um ano com a Sister Studio Rebeca Piñeiro), e após uma década de dedicação exclusiva ao estilo Odissi também iniciei agora em 2014 meus estudos em Bharata Natyam com a bailarina sênior Krishna Sharana, do sul do país.

Espero poder enriquecer a todos os nossos leitores com os meus artigos, que vão abranger todo o universo da dança, tendo o Oriente e as danças da Índia como norte. Aqui também vou trazer curiosidades sobre a Índia, dicas de maquiagem, vestuário, cinema, música, e cultura em geral. Porque a dança é mais do que uma expressão em isolado, ela é o estandarte e o barômetro de uma cultura.

E se a Índia é uma das culturas mais antigas em plena atividade, um dos motivos certamente é pela forma como se desenvolveu e preservou suas artes.

Um grande beijo, e até a próxima!!!!






Índia - em Dia
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São Paulo, SP

Sobre a Dança Cigana e suas “andanças” mundo à fora

por Adriana Chayéra



Os ciganos são fortemente associados ao seu nomadismo. Quem nunca avistou um acampamento cigano e meses depois passando pelo mesmo local encontrou apenas um campo desabitado? Se você nunca viu, deve ter ouvido falar que os ciganos migram sempre de um lugar para o outro. Pode ser com mais ou menos tempo, mas migram! No caso dos ciganos Kalons que ainda mantém esta tradição de moradia em acampamentos viva até hoje no Brasil, é um exemplo para este tema, entre outros grupos pelo mundo.

E foi através desse nomadismo que foram sendo constituídas as Danças Ciganas. Quando os ciganos deixaram o Egito e a Índia, eles passaram pela Pérsia, Turquia, Armênia, chegando até a Grécia, onde permaneceram por vários séculos antes de se espalharem pelo resto da Europa. A influência trazida do oriente é muito forte na música e na Dança Cigana. Tendo outras  influências tais como hindu, húngaro, russo, árabe e espanhol. Mas a maior influência na música e na dança cigana dos últimos séculos é sem dúvida espanhola, refletida no ritmo dos ciganos espanhóis que criaram um novo estilo baseado no flamenco. Cada local que eles tinham contato, ia ajudando na composição dessa dança, constituindo-se rica em detalhes, variações de movimentos, vestuário, elementos e estilos musicais.

O que fica de marcante e comum em todas essas vertentes e variações de estilo? Sem dúvida alguma:a PRESENÇA! Essa “ presença “ é algo muito característico nos ciganos, mesmo que de uma forma mais estereotipada, já que todo ser humano possui uma singularidade, mas é algo muito marcante na maioria deles. Em que contexto estaria esse termo na dança? Na dança estaria na execução de cada movimento, na energia colocada ao se dançar, na postura que você coloca ao executar a Dança Cigana. Perceba que a presença de um cigano é sempre muito marcante dançando ou não, e como eles são muito do “ aqui e agora “, uma dança cigana que não assuma esse contexto, será menos real. Por isso, eu como bailarina e professora de Dança Cigana, procuro trabalhar em minhas alunas e em mim mesma, não apenas uma sequencia de movimentos desprovidas de significados, mas sim a intensidade e o portar-se dentro de cada movimento, tornando, assim, a dança o mais próxima possível do que seria um cigano dançando. Não é uma tarefa lá muito fácil, pois eles trazem consigo todo um contexto cultural no seu portar-se, mas acaba tornando a dança muito mais verídica e gostosa de ser dançada.

Vou finalizando por aqui esse primeiro post introdutório do meu espaço no blog. O assunto é muito amplo, e muito curioso, então, tem muita coisa para desbravar nesse universo cigano. Gostaria de deixar meu agradecimento aqui no blog também para Aerith. Espero que tenham gostado, por que eu to gostando muito!


Até a próxima ~_^



Identidade no corpo tribal

por Kilma Farias
Cia Lunay em Axial

Os traços das danças dos Orixás, dos torés, dos caboclinhos, do coco, cavalo marinho, carimbó, maracatu, forró, samba, capoeira, frevo e todo o contexto sócio-político-cultural em que estão inseridos, estão presentes em cada brasileiro, no gesto cotidiano, como se fossem códigos de um DNA cultural entrelaçados em nossa personalidade e que, sem necessariamente serem explícitos, afloram em nossa corporeidade. 

Carol Marques, interpretando a Sereia

O Tribal Brasil é um estilo de dança em processo onde me dedico há 11 anos na pesquisa de diferenças e semelhanças entre danças orientais e populares do Brasil, resultando em uma nova dança com proposta híbrida que vem nos falar sobre identidade. Vejamos o que diz Stuart Hall (2011) sobre identidade:

[...] preenche o espaço entre o “interior” e o “exterior” – entre o mundo pessoal e o mundo público. O fato de que projetamos a nós próprios nessas identidades culturais, ao mesmo tempo que internalizamos seus significados e valores, tornando-os “parte de nós”, contribui para alinhar nossos sentimentos subjetivos com os lugares objetivos que ocupamos no mundo social e cultural. (HALL, 2011, pp. 12).
             
Ocupar um lugar no mundo, seja ele no mundo cotidiano ou no mundo da arte, na dança, é algo que se faz mesmo sem intenção. Pois, quando elaboramos uma coreografia ou nos entregamos a um improviso, estamos falando sobre nossa(s) identidade(s) em nós e no mundo, mesmo que não seja de modo proposital. É impossível não falar. O “não falar” já comunica uma identidade: a de calar, silenciar, se omitir ou ser indiferente.

Samile Dias, interpretando Gabriela.

No Tribal, falamos “de muitas tribos” como já explicava Jamila Salimpour na época de formação inicial do Bal Anat. Só que falamos de um modo traduzido, sob nossa ótica – a nossa forma de perceber e de dizer ao outro o que nos encanta nas outras culturas.

A esse ato de se colocar como multiplicador da identidade cultural de um povo, Hall (2011) chama de Tradução. O tradutor seria uma pessoa com vínculos arraigados com sua cultura local que, por algum motivo, foi distanciada de sua terra natal. Essa pessoa continuará mantendo forte vínculo com seu lugar de origem e suas tradições, mas sem a ilusão de retornar ao passado. “Elas são obrigadas a negociar com as novas culturas em que vivem, sem simplesmente serem assimiladas por elas e sem perder completamente suas identidades”. (HALL, p. 89, 2011). Com a particularidade de que elas não serão unificadas porque são o produto de várias culturas interconectadas. “As pessoas pertencentes a essas culturas híbridas [...] estão irrevogavelmente traduzidas” (HALL, p. 89, 2011).

Viviane Macedo

Trazendo esse pensamento para nossa arte, o Tribal, poderíamos pensá-lo como uma arte traduzida a partir de várias etnias transformada em dança. No caso do Tribal Brasil, a identidade da cultura popular e afro-brasileira é traduzida para o Tribal Fusion, que, por sua vez, já é a tradução de diversas etnias, culturas e subculturas que foram agregadas ao American Tribal Style® (ATS), que, por sua vez, é a tradução da dança do ventre hibridizada com o flamenco e a dança indiana. Ufa! Que mistura, heim?

Jaqueline Lima

Isso nos leva a refletir que possivelmente haja um desejo de nos mantermos ligados, conectados a um todo imaginário, de sermos integrantes de uma só dança cósmica, um só movimento, mas ao mesmo tempo sendo únicos em cada expressão, cada um com sua identidade.

Para Hall (2011), esse desejo de identidade unificada é uma ilusão.

"A identidade plena unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. Ao invés disso, à medida em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente.” (HALL, 2011, p. 13).

Sendo a arte uma representação que fala da sociedade em que está inserida, penso essa liberdade de se identificar, ao menos temporariamente, com determinada identidade, como uma das fortes características do Tribal Brasil. Pois, cada processo coreográfico nos chama a imergir em identidades múltiplas, seja na cultura Afro, seja na indígena, ou na popular dos maracatus e cocos de roda. E me encanta essa multiplicidade de possibilidades a serem dançadas, de traduzirmos o passado e o presente em movimento, em Tribal Brasil.

Kilma Farias em Feminino Plural.

E pra você? Quais identidades movem sua dança, ou que danças movem sua identidade?





Tribal Brasil - Identidade no Corpo
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João Pessoa, Paraíba

Flamenco, das origens à fusão por Karina Leiro



Flamenco, das origens à fusão
Karina Leiro, Recife -PE, Brasil
Sobre a coluna:
O Flamenco é um dos pilares do tribal, sendo, ele mesmo, uma manifestação multicultural e híbrida desde as suas origens, tendo, portanto, desde os seus primórdios, características atribuídas às manifestações artístico-culturais da contemporaneidade. Percebo que o tribal fusion está para as danças ditas “étnicas” (Flamenco, dança do ventre, dança indiana) assim como a dança contemporânea está para as modalidades das quais se utiliza como base (ballet clássico, moderno, jazz, etc). Ou seja, utilizando-se das movimentações dessas danças, vai desconstruindo e criando sua própria linguagem, linguagem essa, que, embora contenha elementos das danças tradicionais ou das modalidades com técnicas mais cristalizadas, já não é mais literalmente aquilo nem uma simples mistura das danças que tomou como base, mas algo que se transformou, hibridizou, fundiu e que está em constante deslizamento, sem se fechar enquanto técnica pronta e acabada.

Nesta coluna pretendo contribuir trazendo informaçoes sobre a dança flamenca tradicional, suas origens, história, estilos musicais, as modificações que a mesma vem sofrendo ao longo do tempo e abordar a questão da fusão, trazendo um pouco da minha experiência como bailarina e coreógrafa, primeiro (e ainda hoje) com o flamenco tradicional e depois com as possibilidades que o estudo do tribal me abriu de dialogar e fundir com outras linguagens.

Sobre a autora:


Karina Leiro - Foi aluna e posteriormente bailarina e professora da EDACE, Escola de Dança Arte e Cultura Espanhola e integrante do Mar Esmeralda Cia de Dança (ambos no centro Espanhol de Salvador, Bahia), desde 1990 até o ano de 2006 quando foi convidada para dançar fora do Brasil. Foi bailarina de flamenco no Palácio de Almanzor em Fátima, Portugal. Foi bailarina do grupo Hijas del Flamenco em Lisboa, tendo participado de vários eventos e espetáculos entre os quais o "Mescla – Da Origem a Fusão" no café teatro EDSAE em Lisboa. Integrou também o grupo El Camino do guitarrista Xavier LLonch com quem se apresentou em vários espetáculos, entre eles a mostra de dança do Festival do Sudoeste em Portugal (2007). Estudou dança flamenca na Flamenco Ados, escola de Isabel Bayón e Ángel Atienza em Sevilha. Foi bailarina convidada da turnê de lançamento do CD Mediterraneo Profumo Latino do tenor italiano Giovanni D'Amore e paricipou do Fusion Dances, grupo de fusão de salsa, flamenco e dança do ventre. Foi professora da Escola 1001 Danças no Ateneu comercial de Lisboa tendo ministrado workshops e aulas diversas, inclusive no Andanças, Festival Nacional de Dança em São Pedro do Sul, Portugal. Em 2008, já de volta ao Brasil, em parceria com o guitarrista Eduardo Bertussi, fundou o grupo Aires em Salvador, Bahia, tendo participado com o mesmo e também como solista em diversos eventos e espetáculos. Foi professora de flamenco no curso de extensão da Universidade Federal da Bahia em 2008 e 2009.  

Em 2009 iniciou o estudo da Fusão Tribal com Bela Saffe na casa Kairós em Salvador, tendo estudado também com Kilma Farias e Ale Carvalho, além de ter feito workshops com diversos profissionais de tribal entre eles Sharon Kihara, Carolena Nericcio, Kami Liddle, Lady Fred, Jill Parker, Ariellah, Morgana e Rachel Brice, além vários profissionais do Brasil. Atualmente reside em Recife, foi bailarina de tribal do ATF - Aquarius Tribal Fusion. Atualmente é bailarina, professora e coreógrafa de flamenco do Instituto Cervantes Recife, professora de dança flamenca do Ballet Gonzalez, proprietária do Studio Karina Leiro, ministrando aulas e promovendo cursos de flamenco com profissionais nacionais e internacionais. É diretora e bailarina de tribal fusion da Cia Lunay Pernambuco, sob a direção geral de Kilma Farias. É diretora da Cia Karina Leiro de dança Flamenca. Atua como bailarina e ministra workshops de flamenco tradicional e fusão em várias cidades do Brasil e do exterior. É também bailarina e coreógrafa da Cia DSA (Dancers South America) em São Paulo, dirigida por Adriana Bele Fusco.
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Entrevista:

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