[Flamenco] Gitana

por Karina Leiro


Foto retirada do site http://perso.wanadoo.es/elflamenco/definicion.htm


Minhas últimas publicações vieram numa linha autobiográfica, falando da minha pesquisa em meio ao que venho denominando flamenco fusion, derivação das minhas vivências com flamenco tradicional, tribal fusion e, mais recentemente, uma vivência mais profunda do ATS, que resultou na certificação.


Retomando o caminho das fusões, logo após o Andaluz, surgiu Gitana. Desta vez um solo que tinha a ver com os meus questionamentos sobre meus processos identitários e os da minha dança. 


Os teóricos das origens do Flamenco se dividem em “ciganistas” e “andaluzistas”. Para os teóricos “ciganistas”, somente o que é por eles considerado canto cigano tem garantia de pureza. Os demais cantos, que eles consideram “aciganados” não tem valor intrínseco, e os intérpretes não ciganos são meros aprendizes. Para os andaluzistas, os ciganos que se instalaram em Andaluzia foram apenas transmissores do canto andaluz, às vezes intérpretes geniais. Mas o flamenco teria sido resultado de um conjunto de influências e fatores.


Foto retirada do site: http://porsolea.com/tag/flamenco/



Independente de concordar com uma ou outra linha, o fato é que os ciganos tiveram e tem importância fundamental no universo flamenco. A bailarina de flamenco, gitana ou não em termos de linhagem, acaba sendo associada à imagem da gitana flamenca. 


Nesse momento, faço minhas as palavras de um patriarca gitano que disse; Vivan los gitanos flamencos del mundo esten donde esten y sean de la raza que sean (Vivam os ciganos flamencos do mundo, estejam onde estejam e sejam da raça que sejam)


A coreografia Gitana nasceu de uma música (de mesmo nome) composta pelo meu parceiro de flamenco a anos, o guitarrista Eduardo Bertussi. Eu pedi, como grande amigo que é e que me conhece a muitos anos, que compusesse para mim uma música que me retratasse naquele momento, que tivesse a ver com esse meu momento de muitas transições pessoais e profissionais; e de muitos questionamentos e inquietações sobre a minha dança. A música veio com sonoridades híbridas e me identificando com o nomadismo dos gitanos, literalmente (já morei em vários lugares) e subjetivamente, como artista que transita entre diversas manifestações culturais e pesquisas. A música me trouxe imagens que tem a ver com a passagem, o caminho, a caravana, a fogueira, o rito, a alma que transita. A melancolia dos apátridas e também o alívio no momento mais alegre no final da música, como ocorrem nos palos do flamenco que parecem dizer que, apesar de toda a dor que nos transtorna, ainda vale a pena estar vivo.





http://aerithtribalfusion.blogspot.com.br/2014/04/flamenco-das-origens-fusao-por-karina.html

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