Sobre a coluna:
Muito se fala em um lugar ideal, onde possamos olhar no fundo dos olhos e reconhecer algo de grandioso além-nós. Não me servem palavras desgastadas, então penso que esse lugar não tenha nome.
Entretanto, meu corpo ainda vibra quando penso em “comunidade”. Essa palavra que enche a boca e o coração. Comunidade me parece algo inteiro, construída de pequenos fragmentos. Míseros farelos. Ou ainda, grandes universos.
Penso que esse lugar, morada do que é comum, não exista e que, talvez, seja impossível criá-lo. Mas bem no fundo do meu âmago, acreditar neste improvável me dá forças para mudar o processo, o hoje, o agora.
Eu acredito nesse lugar! Eu acredito no impossível!
E hoje, eu não sou eu. Porque hoje, não estou sozinha.
Divido a dor e a alegria de acreditar na humanidade e me torno nós.
Nós, míseros farelos, não temos produto, nem serviço. Não estamos vendendo, não estamos divulgando. Nem nomes temos.
Somos como a virgem e nosso intuito é servir. Trabalhamos para proporcionar um espaço àqueles que sentem o chamado. Facilitaremos a sua manutenção para que vocês venham semear a terra.
Estaremos dispostas a doar, a cooperar, sem nada pedir em troca. Mas temos um sonho... Ver o recém chegado e o pioneiro, o aluno e o professor, o acadêmico e o autoditada, o curioso, o entusiasta. Temos o sonho de iniciar uma grande roda, com eixo imóvel, que nos permita o movimento.
Como a Estrela, nos ajoelhamos diante do rio e oferecemos nossas águas. Nuas, vulneráveis, mas cheias de esperança.
Venha! Escolha seu lugar na grande roda. Pegue um dos fios do novelo... Juntos, como iguais, carregando o sangue velho das avós, teceremos o amanhã!
Texto por Hölle Carogne
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