NOTA DA AUTORA:
Pessoal, eu sei que a notícia está um pouco atrasada,mas esperei um tempo para ver como desenrolaria toda essa confusão. Acredito que o importante seja registrar a notícia no blog, pois muitas pessoas ainda não devem saber sobre o ocorrido, ou então, estão confusas sobre o acontecimento. Meu objetivo com o "Notícia Tribal" é trazer as informações de forma imparcial, cabendo, ao leitor, desenvolver seu próprio ponto de vista. Ainda virão textos e opiniões de colunistas sobre o assunto.
OBS: Reformulei o 11º parágrafo do texto, segundo esclarecimentos feitos por Cibelle Souza. Obrigada pela melhor orientação, Cibelle =)
No dia 20 de setembro de 2015 (domingo), a bailarina Kami Liddle (EUA) postou em seu perfil pessoal do Facebook uma declaração pública divulgada no Tumblr em nome de várias vítimas do abuso que sofreram, envolvendo o nome do Tribal Fest® da Califórnia, realizado por Kajira Djoumahna e Chuck Lehnhard.
Inicialmente, a declaração não foi assinada para preservar a identidade das vítimas e para que estas compartilhassem em suas redes sociais da maneira que considerassem mais confortável. Contudo, atualmente, a declaração já se encontra assinada e você pode conferir que todas ( ou a grande maioria) dos principais ícones da cena tribal internacional apoiaram a declaração. Entre os nomes mais conhecidos, que compartilharam e apoiaram esta atitude em detrimento do festival, estão: a própria Kami Liddle, Rachel Brice, Zoe Jakes, Ariellah, Jill Parker, Heather Stants, April Rose, Sharon Kihara, Carolena Nericcio, Samantha Emanuel, Amy Sigil e muitas outras.
No dia em que a declaração foi publicada, todas as bailarinas se uniram e compartilharam em suas redes sociais anunciando que não iriam mais lecionar e participar do Tribal Fest® em 2016. Além dos instrutores, muitos vendedores e dj's retiraram seu apoio e participação no evento.
O motivo de tal reboliço fora que um dos produtores do evento agiu de má fé ao ter criado e participado de um grupo privado no Facebook, expondo bailarinas e outros participantes do festival ao criar montagens de imagens das vítimas, ridicularizando-as, ofendendo-as com comentários machistas, sexistas e fazendo apologia à cultura do estupro.
Em defesa, as bailarinas, líderes e membros da comunidade tribal,dizem não poderem apoiar um evento em que um organizador menospreza e subjuga as mulheres através de esteriótipos machistas e, além, desumanos. Elas não querem apoiar um lugar em que não se sintam seguras para manifestarem sua arte.Tudo isso que aconteceu vai de encontro à toda a ideologia que elas acreditam dentro da dança e estilo de vida da comunidade de dança do ventre tribal.
Através das redes sociais, as bailarinas justificaram também a atitude drástica de expor tudo isso publicamente. O motivo fora que elas, ao descobrirem o ocorrido, contactaram Kajira três semanas antes do anúncio, pedindo explicações e posicionamento da organizadora. Como não obtiveram uma colocação por parte da organização do festival, avisaram-na que, dentro de 48 horas, estariam realizando o anúncio publicamente no Facebook.
Tudo isso gerou todo um exaltar de sentimentos e emoções de indignação por parte das bailarinas vítimas e apoiadoras que estavam manifestando-se nas redes sociais, o que acabou provocando certa confusão à comunidade tribal que tentava entender tudo que estava acontecendo.Diante de tal situação, no dia 21 de setembro de 2015, Rachel Brice posicionou-se de forma mais sóbria, representando a manifestação .
Kajira realizou um anúncio publico no Facebook, em resposta à declaração, na terça-feira, no dia 22 de setembro de 2015. Neste, ela expõe que seu marido, Chuck Lehnhard, foi o organizador envolvido em tais acontecimentos. Na mensagem, ela demonstra sentimento de tristeza e traição, dizendo que não sabia sobre o grupo e seu conteúdo. Ela também comenta ter tentado contactar as vítimas do ocorrido, contudo, segundo a mesma, apenas dois professores a retornaram.
As ações imediatas que Kajira tomou diante das atitudes do marido foi de retirá-lo como co-produtor e membro da equipe do Tribal Fest®; sugeriu a criação da Bolsa de Estudos Tanya Tandoc, com o intuito de homenagear uma estudante de dança tribal que, segundo ela, foi vítima de violência doméstica. A bolsa tinha o objetivo criar um fundo para bailarinos impossibilitados de frequentar Tribal Fest® . O festival também iria contribuir para organizações de direitos da mulher, escolhidas por voto popular,cujas informações estariam disponíveis no site a partir do dia 01 de dezembro.
No dia 22 de setembro de 2015, após a declaração de Kajira, Chuck posicionou-se em seu Facebook, assumindo e desculpando-se por todas as atitudes cometidas.
Após a declaração de Chuck, muitas contra-respostas foram publicadas, como de April Rose e Solstice Studio, as quais posicionaram-se dizendo que o autor principal de tais abusos teria amenizado a situação em sua declaração e só não divulgaram as imagens do tal grupo secreto/privado por ser embaraçoso demais para às vítimas e toda a comunidade tribal. Além disso, tanto Solstice quanto Heather Fletcher Howard, professora de Tanya Tandoc, sentiram-se ofendidas pela ideia da Bolsa em seu nome. Tanya foi vítima de violência doméstica, sendo assassinada pelo ex-marido. Muitos acreditaram que Kajira usou de forma ruim a memória e sofrimento da bailarina em questão, por ter parecido ser apenas uma maneira de "tapar a ferida", apelando para o lado emocional das pessoas, já que a "homenagem" aconteceu apenas três meses depois do seu falecimento. Desta forma, esta atitude pareceu ser mais uma jogada de marketing de Kajira, do que uma retratação formal do evento.
Solstice aproveita, na mesma declaração, para criticar a centralização de poder que os organizadores e o próprio Tribal Fest® construíram às custas de toda a comunidade. Desta forma, ela acredita que a comunidade tribal mundial é muito maior e mais forte que um evento para representá-los. Diante de tais colocações, afirma que, neste momento de fragilidade, a cena tribal precisa de novos líderes que a represente. Sua ideia consiste que estes líderes formariam uma comissão, que seria votada anualmente,contendo representantes de todos os ramos da dança tribal, como idosos e estudantes, com o objetivo de criar um novo evento anual, em que os professores e artistas serão selecionados por um comitê em vez de uma ou duas pessoas. Neste novo evento, as finanças seriam transparentes e devidamente re-direcionadas para aqueles que estão contribuindo mais para o evento (os professores) e para o que acreditamos como coletivo.
O desfecho de todo esse quadro aconteceu no dia 01 de outubro de 2015 por Kajira, que estivera escrevendo, entre os dias 27 e 30 de setembro de 2015, uma extensa mensagem contendo sua opinião diante de toda contra-resposta e últimos acontecimentos. Kajira sentiu-se injustiçada por todos estarem associando a figura de seu marido com a do festival, sendo que o evento e ideais do Tribal Fest® são dela. Ao término da carta, anuncia que dedicará mais tempo aos cursos que ministra e, desta forma, ela encerra definitivamente as atividades do Tribal Fest® em 2015. Ela também comenta que após dois dias deletaria o grupo do Tribal Fest® no facebook.
O Tribal Fest®, realizado em Sebastopol - Califórnia (EUA), foi o evento pioneiro na cena tribal, reconhecido mundialmente e durou 15 anos de produção.
- Você pode acessar e ler o original em inglês de todos os relatos aqui citados através dos links abaixo: