[STS] Sawadee Krap e Bem-vindos!

por Satory Brier



Fala comigo galera! Meu nome é Satory Brier e temos uma nova coluna aqui no blog!

Então irei começar o primeiro post falando quem sou o que trarei para vocês e o que é o STS (Street Tribal Style) ou ETR (estilo tribal de rua no português brasileiro).

Primeiramente, prazer a todos. Através do convite da Aerith, a partir de hoje estou aqui para compartilhar aprendizados, trocas, momentos e tudo o que puder absorver e retribuir. Agradecimento imenso!

Falando de mim

Sou Belo Horizontino (MG, Brasil), 22 anos (até dia 04 terça-feira haha), Budista Nichiren, Dançarino, Lutador, Professor e Terapeuta Holístico.

Danço profissionalmente desde 2011 e tenho minha especialidade nas danças urbanas e no STS.

Sobre o que trarei para vocês

Nada menos do que tudo sobre o STS gente! O estilo, suas bases, filosofia, estrutura, pilares, e muito mais!

Também trarei coisas sobre as danças urbanas, as danças africanas, as influências que elas recebem do que o nosso mundo oferece e sobre culturas e história. Ou seja, em demasiados momentos irei trazer alguns temas bem diferenciados. Okay? Okay!

Mas o que é o STS?

Galerinha, o STS, ou Street tribal style, é uma nova ramificação da dança tribal. Em outras palavras é um novo estilo de dança. Para explicar isso vou pegar um pouco da introdução desta coluna:

“Em 2015 Satory começou a estudar o Tribal e suas influências como o Tribal Fusion, Tribal Brasil (com a linda da Kilma Farias) e como base o ATS®. Ele percebeu que no tribal fusion vários dançarinos abusavam muito de isolamentos e movimentos das danças urbanas. Porém vários dos movimentos urbanos eram vagos e sujos. Muito dos dançarinos de tribal não eram de danças urbanas e apenas usava um movimento ou outro dentro do tribal pronunciando como Tribal Fusion. Satory como dançarino professor e pesquisador das danças urbanas desde 2011 viu a oportunidade de poder fundir sua dança à cultura Tribal de uma forma que as movimentações urbanas dentro do tribal não seriam vagas. Com o intuito de valorizar as danças urbanas tanto quanto o tribal podendo trabalhar as duas danças juntas com pleno conhecimento e habilidade. Com as características dos dois estilos, fundamentos e bases o estilo foi criado. Devido a isso, o STS é uma nova linha dentro da área do tribal como o Dark Fusion, o Tribal Fusion e o Tribal Brasil. Ele dá continuidade a árvore do tribal possibilitando um novo estilo, mas mantendo a essência e cultura. Dentro do estilo é trabalhado não apenas a dança em técnica (corpo), mas também em mente e espírito. A dança como um todo é diferencial e potente.”


E esse é o STS! Entenderam gente? Ótimo!

NOVIDADE!
UP UP FEST Encontro Tribal em Minas Gerais 2016

Galerinha linda que já está tendo a paciência de ler este texto até agora (risos). Em novembro nos dias 12 e 13, haverá o Up Up Fest Encontro tribal em Minas Gerais 2016. Onde haverá workshops, estandes e o up up show. Estamos na 3ª edição sendo que nos outros anos tivemos grande nomes e profissionais do tribal no Brasil como a Rebecca Piñeiro, Surrendra BellyDance, Kilma Farias e outros. E este ano iremos contar nos workshops com presenças de grandes profissionais novamente. São elas: Joline Andrade, Thalita Menezes e Mariana Razzi. E adivinha quem vai estar no evento também ministrando um workshop sobre o Street Tribal Style? É galera! Vou estar lá também colado pra passar pela PRIMEIRA VEZ um pouco do meu estilo pra vocês! Então bora colar e dançar bastante! Espero vocês com o maior prazer. Mais informações entre no www.upupfest.com.br ou na página do facebook: Up Up fest encontro tribal em minas gerais.
Algumas observações:
  • O STS ainda está em desenvolvimento, e não tenho pressa para finalizar. Porém o que eu postar aqui no blog é oficial e confirmado okay?
  • Se quiserem ver um pouco do STS em ação assista aos meus vídeos kaminari e bogan que está na minha página do youtube www.youtube.com/user/brendobrier
  • O STS, Street tribal style, também pode ser nomeado como ETR, estilo tribal de rua, que é na língua portuguesa do nosso querido Brasil. Mas oficialmente STS
  • Todo mês trarei notícias e novidades aqui no blog.
  • Aproveitando pra dar o meu marketing (óbvio haha) Siga no instagram @satorybrier e no facebook www.facebook.com/satorybrier

·         Acho que no momento é isso. Haha

Resumindo...



É isso galera! Espero que tenham gostado do texto e este mês ainda se der certo trarei algo para vocês.

Estou muito feliz de estar aqui podendo mostrar meu trabalho e espero poder dar algo para vocês de bom.

Grande abraço e como saudamos no muay thai,

Sawadee Krap!

STS - Street Tribal Style (Estilo tribal de Rua ) por Satory Brier


STS - Street Tribal Style
Satory Brier, Belo Horizonte-MG, Brasil

Sobre a Coluna:

Na coluna irei falar do estilo STS ( Street Tribal Style ) e também sobre as influências que ele sofre como as danças urbanas, a filosofia budista, cultura hip hop, etc.


O STS ( Street Tribal Style ) é um estilo criado pelo dançarino e professor Brendo "Satory" Brier.

Em 2015, Satory começou a estudar o Tribal e suas influências como o Tribal Fusion, Tribal Brasil e sua referência e como base o ATS®. Ele percebeu que no tribal fusion os dançarinos abusavam muito de isolamentos e movimentos das danças urbanas. Porém vários dos movimentos urbanos eram vagos e sujos. Muito dos dançarinos de tribal não eram de danças urbanas e apenas usava um movimento ou outro dentro do tribal pronunciando como Tribal Fusion. Satory como dançarino, professor e pesquisador das danças urbanas desde 2011 viu a oportunidade de poder fundir sua dança à cultura do Tribal de uma forma que as movimentações urbanas dentro do tribal não seriam vagas. Com o intuito de valorizar as danças urbanas tanto quanto o tribal podendo trabalhar as duas danças juntas com  pleno conhecimento e habilidade. Com a características dos dois estilos, fundamentos e bases o estilo foi criado.

Com a linha do tribal voltada totalmente para o ATS®, Satory aproveitou para se inspirar no estilo e na sua criadora Carolena Nericcio.  Devido a isso, o TS é uma nova linha dentro da área do tribal como o Dark Fusion, o Tribal Fusion e o Tribal Brasil. Ele dá continuidade a árvore do tribal possibilitando um novo estilo mas mantendo a essência e cultura.


Dentro do estilo é trabalhado não apenas a dança em técnica (corpo), mas também em mente e espírito. A dança como um todo é diferencial e potente. 

Sobre o Autor:


Satory Brier é bailarino, professor, coreógrafo, arte-educador pesquisador e terapeuta holístico é belo horizontino (Brasil ) e profissional da dança desde 2011.

Teve sua formação inicial através do Programa Valores de Minas em 2011 e logo em seguida, no ano de 2012, concluiu o módulo de Capacitação e Especialização Artística também através do Programa. Em sua formação artística possui experiências na dança de salão, jazz, ballet, dança contemporânea, dança afro, danças orientais e especializou-se nos estudos das Danças Urbanas fazendo vários cursos intensivos com pioneiros do estilo como Popin Pete (Popping), Gemini Lockiano (Locking) e Lauren Courtellemont (Dancehall).
Atualmente cursa Licenciatura em dança na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é um ZIN (ZUMBA INSTRUCTOR NETWORK) e dentro das Danças Urbanas, Satory focou seus estudos no estilo House Dance, fazendo aulas com vários professores brasileiros e internacionais, como Leandro Belilo (Diretor da Cia. Fusion de Danças Urbanas – Belo Horizonte), Nene Ds (Made In Brazil - São Paulo), Eszteca Noya (Amsterdam – Holanda), Marjorie Smarth (uma das pioneiras do House Dance - EUA) e tem sua formação com Edson Guiu (pioneiro do House Dance no Brasil).
Participou de eventos de grande porte como o FIH2 em Curitiba, Festival Nacional de Três Rios e H2K (Hip Hop Kemp) no Rio de Janeiro e atuou em Grupos e Companhias especializadas nas danças urbanas como Cia. Friendship, Anjos de Rua e Contraste.
Além das danças urbanas especializa também no Tribal e ATS®( American Tribal Style). Estilo de dança do ventre ocidental onde abrange várias vertentes e influências de outras danças como flamenco, dança cigana e a dança indiana. Fez aulas com as maiores profissionais do Brasil como Kilma Farias ( Tribal Brasil ) e Joline Andrade ( Tribal Fusion ) e agora desenvolve um estilo próprio denominado STS ( Street Tribal Style ) onde mescla as danças urbanas com o tribal possuindo características próprias.
É Terapeuta Holístico ( A terapia holística é aquela que segue os princípios do holismo que significa todo ou inteiro. Ou seja: trata o ser humano como um todo onde predominantemente se busca o equilíbrio corpóreo, psíquico, energético e social. ) tendo sua especialidade no REIKI e na Massoterapia.

Atualmente Satory faz atendimentos, ministra aulas e workshops, e atua como dançarino profissional.

[Entrando na Roda] Acessórios no ATS®

por Aline Muhana

Olá pessoal! 

No nosso Entrando na Roda desse mês vamos falar sobre a utilização de acessórios no American Tribal Style®.

Espadas, cestos, véus, saias , leques e até pandeiros tem aparecido nas apresentações de ATS® em dezenas de vídeos, provenientes dos mais diversos países. Afinal, como conjugar a técnica do ATS® com a utilização de um objeto em sua dança?

É necessário levar em consideração diversos pontos relevantes da sua performance: a música será rápida ou lenta? Você gostaria de tocar snujs e segurar o objeto? Como entrar com este acessório em cena? Qual a natureza deste objeto?

Depois de responder a todas estas perguntas ( e certamente outras ainda surgirão), é necessário descobrir até que ponto o objeto será incorporado na técnica do ATS.  Eu, Aline Muhana,  gosto de classificar em 3 níveis de Modificações:

    Nivel 1 – Objetos em equilíbrio

(Basicamente espadas e cestos). Neste nível de Modificação a interferência na técnica é mínima. O objeto estará a maior parte do tempo  equilibrado sobre a cabeça, portanto o máximo de mudanças necessárias para manter-se fiel à técnica seria modificar a altura dos braços quando necessário. Como as mãos ficarão livres por boa parte do tempo é possível até mesmo tocar os snujs (quando possível e apropriado).

   Nível 2 – Incorporando os objetos aos movimentos

Neste próximo estágio a Modificação é mais intensa, dispensando o uso dos snujs, pois o objeto estará em mãos praticamente  todo o tempo. O desafio neste estágio é incorporar totalmente o objeto às movimentações do ATS® fazendo Modificações mínimas nos movimentos, porém incorporando  o objeto em movimento quando for necessário. (Por exemplo, segurar a saia durante os “calibrated spins” ou fazer a movimentação completa de um “propeller turn” com a espada nas mãos)


   Nível 3 – Criando movimentos específicos para cada acessório  

Ao chegar neste nível novos movimentos serão criados para melhor demonstrar  toda a potencialidade do acessório, mas sempre respeitando os limites dos Movement Dialects (passos que são criados em conformidade com a estética, técnica  e a corporeidade do ATS®). Neste ponto um novo vocabulário de movimentações pode ser criado  e executado por uma instrutora ou um grupo, como uma linguagem particular destas pessoas.




     Existem instrutoras e companhias de dança que inclusive já gravaram DVDs didáticos com suas próprias interpretações sobre o uso de acessórios, todos eles com a aprovação de Carolena Nericcio-Bohlman.

Alguns deles seguem abaixo: 

Terri Alred, Dawn Ruckert e Super Beth:
ATS with Props DVD: Veil, Fan and Basket

Davina Tribal Collective: ATS with an Edge  (descontinuado)

Krisztina Naz-Clark
Work that skirt: Instructional 2 DVD Set

Lembrando que qualquer pessoa ou grupo  pode criar seu próprio vocabulário, o uso dessas técnicas é totalmente opcional.

Particularmente gosto de apresentar os  acessórios para minhas alunas em aulas especiais e workshops, abertos inclusive a praticantes de outras danças.

Dúvidas, sugestões ou idéias? Escreva aqui pra gente nos comentários!

Grande beijo e até o próximo Entrando na Roda!


[Flamenco] Flamenco e ATS - O Egyptian Sevillana

por Karina Leiro



O Egyptian Sevillana se inspira na Sevillana (se pronuncia Sevilhana), dança originaria da baixa Andaluzia (região ao sul da Espanha), derivada de um tipo de canção espanhola chamada Seguidillas manchegas, típica das atuais comunidades autônomas de origem castelhana (Castilla-La Mancha, Comunidad de Madrid e o sul de Castilla y León (provincias de Segovia, Ávila y Burgos) e adaptadas à cidade de Sevilla. As sevillanas podem ser vistas na Feira de Sevilla, nas romarias, ou em locais onde se reúna um grupo de pessoas, até mesmo na balada, em bares e boates. A sevillana é originalmente dançada aos pares, geralmente homem e mulher, mas é recorrente ver duas mulheres dançando. É possível variar as formações principalmente quando a sevillana é levada para o palco, variando entre pares, círculos, blocos, filas, etc.

As sevilhanas habitam a tênue linha entre o folclore andaluz e o flamenco e trazem em si a essência popular junto com a expressividade do flamenco.

As sevillanas tem 4 coplas, denominadas segundo a ordem em que são dançadas; a primeira a segunda, a terceira e a quarta. Do ponto de vista da dança, as coplas podem ser explicadas como quatro pequenas danças dentro de uma mesma música e a estas quatro danças em conjunto, chamamos sevillanas.

As sevillanas variam segundo as suas origens ou ao local onde são cantadas e dançadas: as rocieras são cantadas nas romarias da Virgem del Rocio; as de feria são cantadas nas feiras e festividades populares; as corraleras são as dos “currais” ou pátios das casas da vizinhança, onde eram dançadas antigamente.

Do ponto de vista da dança, existem muitas versões diferentes de sevillanas, os passos podemos variar de uma para a outra, além do espaço para improviso. Sendo a estrutura musical das coplas sempre a mesma no que diz respeito à métrica, qualquer das versões da dança vai caber nas coplas de qualquer música de sevillanas, independente do seu canto ou melodia. Apesar das diferenças entre as versões, há recorrências em todas elas que permitem identificar qual das coplas está sendo dançada. Por exemplo, a terceira copla é a do sapateado, a segunda é a da roda, etc. Passos como paseos, remates e passadas são comuns a todas as coplas e versões.

O Egyptian Sevillana foi provavelmente inspirado nas passadas, passo presentes nas 4 coplas (porém mais repetido na primeira) onde o par troca de lugar. As pessoas dançando uma de frente para a outra, trocam de lugar entre si, de maneira em que uma vai ocupar o lugar da outra e então voltam a ficar de frente na posição inversa à que estavam anteriormente.

No Flamenco:



No ATS:






[Tribal Brasil] Tribal Brasil na cidade

por Kilma Farias

Karine Neves - Porto Alegre-RS
“Trago comigo uma bagagem de lembranças históricas, que posso alimentar por meio de conversas ou de leituras – mas esta é uma memória tomada de empréstimo, que não é a minha.” (HALBWACHS, 2003, p. 72)

Partindo do pensamento do historiador Halbwachs, faço um paralelo com a bagagem de memórias que adquirimos no Tribal ao assistirmos vídeos de bailarinas da Índia, Estados Unidos, Japão, Egito, etc., ou ao lermos sobre danças étnicas diversas do mundo, apreciarmos fotografias, etc. Trata-se de uma bagagem de memória tomada de empréstimo quando não estivemos nesses lugares vivenciando dada realidade, mas que acessamos nas nossas composições em dança.
Juliana Garcia - João Pessoa-PB

“[...] uma memória [...] que não é a minha.” E que faz com que nosso produto final em dança chegue ao palco como se também não fosse nosso. Porque falta a nossa memória vivida. Somos feitos de tempo e espaço, e das lembranças que, de modo consciente ou inconsciente, essa relação gera em cada um de nós.

O caminho que percorremos de casa ao trabalho, o supermercado que frequentamos, a praia, o cinema, a sala de aula, nossa casa, nossa rua, as viagens que fizemos, as pessoas com quem cruzamos diariamente ou uma única vez na vida, tudo isso faz parte da nossa memória vivida – colabora para o que cada um de nós é hoje. E nos modifica. É na relação com os espaços que as experiências acontecem e as múltiplas identidades dão lugar à coletividade, a uma visão de mundo, um ethos.

Nesse sentido, um dos pontos que tenho abordado no Curso de Formação em Tribal Brasil é a relação da bailarina com sua cidade, com o conceito de lugar e suas implicações afetivas trazidas pela memória. Essa ação tem o intuito de trazer à tona uma memória corporificada, que confira verdade à dança – porque vem plena de vivências do dia-a-dia.

Dayeah Khalil - Guarujá - SP

Em uma das atividades desenvolvidas, peço para que a aluna aproveite um momento de caminhada rotineira para observar o mundo que a rodeia, o “lá fora”: os sons, aromas, formas, cores. Apenas observar o ambiente que anda influenciando-a, muitas vezes de modo inconsciente. E partir daí essa vivência é registrada no “diário de bordo” do curso – uma espécie de diário onde a bailarina registra de modo artístico, livre ou sistematizado, através de poesia, desenho, pintura, colagem, texto, fotografias, suas experiências ao longo do curso, suas relações com o que estão descobrindo, etc.

E a partir disso compõe-se uma pequena partitura em dança que passa a ser registrada em vídeo, de modo livre – seja videodança, videoarte, documental, videoclipe, etc. E, nesse fazer, podemos apreciar as diferences nuances e impressões que a cidade nos provoca e o quanto ela modifica nossa dança. Não precisamos deixar de fora tudo o que nos influencia no nosso cotidiano para dançar Tribal. Às vezes ficamos tão maravilhados com a alteridade, com o que nos é exótico – o que vem da Índia, Egito, etc. – que calamos nossas beleza, riquezas e singularidades: nossa brasilidade.

Selecionei algumas atividades das alunas do Curso de Formação para compartilhar nesse post e faço um convite a você também. Da próxima vez que sair na rua, observe os relevos, construções, pessoas, aromas, formas, relações, afetividades. Traduza em palavras, imagem, desenhos ou pintura a sua percepção, como esse mundo vivido por você te afeta. E, num segundo momento, traduza para o corpo, para o movimento, buscando as relações com o seu fazer Tribal. Se puder viver essa experiência em um lugar da sua cidade que signifique para você, melhor ainda. E se resolver registrar em vídeo, compartilha comigo. Vou adorar conhecer um pouco mais sobre o Brasil que você vive e sua relação com a cidade.

Karine Neves – Rio Grande do Sul:




Juliana Garcia – Paraíba:




Dayeah Khalil – São Paulo:








[Retalhos de uma História] Shafiqah La Copta

por Ju Najlah

Shafiqah La Copta foi aluna da primeira bailarina  de Dança Oriental egípcia, Shooq. Ela nasceu em 1851 em "Shobra", subúrbio do Cairo, em uma família conservadora e modesta.  Há relatos de que tenha fugido de casa à idade de 12 anos. Outras pessoas relatam que sua família ficou escandalizada quando ela começou a pensar em dançar e que aos 19 anos de idade saía de casa escondida dos pais para ter aulas com Shooq, dizendo que ia a Igreja. Seus pais morreram quando ela ainda era jovem. Depois casou-se, e viveu por um tempo sob circunstâncias pobres, tentando melhorar dançando nos clubes. Sua primeira apresentação foi em festivais folclóricos. Depois começou a dançar em casas noturnas. Era muito bonita e talentosa e alcançou a fama dançando na boate "El Dorado".

Em 1871, ela dirigia um grupo de músicos e bailarinas. Em 1917, participou da primeira Feira Internacional, em Paris, onde se classificou como primeira colocada.

Shafiqah La Copta já era uma lenda em seu tempo, na década de 1920, e tornou-se a dançarina mais famosa e rica do Egito após o falecimento de sua mestre, Shooq. Seus fãs lançavam moedas de ouro egípcias a seus pés. Foi dito que ela chegou a usar pares de sapato de ouro e brilhantes.

Shafiqah La Copta inseriu na dança acessórios de equilíbrio, como o candelabro e bandejas. E não só isso, ela abria espacates durante a dança! Entre seus muitos admiradores havia ministros e outras pessoas de influência.


Trecho do filme sobre Shafiqa La Copta

Este período marcou o início da era de dançarinos famosos no Egito. Bailarinos bem sucedidos começaram a abrir seus próprios clubes. Shaafiqa abriu a casa "Alf Leyla", também conhecida como  "1001 noites".

Sua influência não se limitou ao mundo da dança. Durante a revolução de 1919, colaborou com revolucionários opositores ao domínio inglês.

Shafiqah La Copta tornou-se extremamente rica, mas seu sucesso não trouxe  só dinheiro. Ela também gastava muito e tornou-se viciada em cocaína. Morreu desamparada, em 1926.

O filme "Chafika el Kebteya" ou "Shafika o copta" de 1963, dirigido por "El Hassan IMAM" relata a história desta lendária bailarina oriental. O filme conta com a participação de Rostom Hind, Hassan Youssef, Zizi El Badrawi.

Trecho do filme sobre Shafiqa La Copta

O nome dela você poderá ver  escrito de diversas formas: Shafiqah Alqebtieah, Shafiqa Al-Qibtiyya,  Shafie'a Qebtiyya, Chafika el Kebteya, Shafiqah al-Qutubiah, el Koptiyva ou Shafika o copta.


Fontes:


[Venenum Saltationes] Butoh – A Dança das Trevas

por Hölle Carogne

Butoh (bu=dança e toh=passo) é um estilo de dança (arte dramática - teatro japonês em forma de dança com mistura de mímicas e expressão corporal). Também denominado “Ankoku Butoh” - “Dança das Trevas”, o Butoh é uma forma primal de dança que se origina no agora e no muito antes, sem começo, meio ou fim, onde a vida borbulha e instiga o autoconhecimento, extrapolando, assim, a força dos gestos, movimentos ou plasticidade do palco.

Surgiu no Japão pós-guerra, em 1959, e ganhou o mundo na década de 1970. Criada por Tatsumi Hijikata e Kazuo Ohno.


Dance of Darkness - Documentário sobre a dança Butô:


A dança butoh nasceu a partir de performance Kinjiki (Cores Proibidas) interpretada por Tatsumi Hijikata e Yoshito Ohno,  e baseada nos escritos de Yukio Mishima. Na época , o butoh escandalizou o público, pela violência e contestação à linguagem formal, e porque a peça apresentada fazia alusão à zoofilia.


Para muitos, o butoh não é uma dança, mas uma encenação teatral.

“Butoh é uma das mais arrojadas formas de dança contemporânea, única do Japão. Expressa ao mesmo tempo tantas idéias diferentes que é impossível defini-la. Ela somente choca e surpreende”. Ohno

O butoh conecta a consciência com o inconsciente. O movimento não é ditado pelo que está fora, mas aparece na interação entre exterior e interior do mundo. A essência do butoh baseia-se no mecanismo em que os dançarinos deixam de ser eles mesmos e tornam-se outra pessoa ou coisa. Nessa arte, o importante não é a transformação em alguma coisa, mas a transformação em si mesma, o fato de mudar-se. Somente assim pode-se trazer o corpo de volta para seu estado original.

Corporalmente, a linguagem Butoh buscou sempre como elemento essencial a força dos pés e do quadril, partes que mantêm contato direto com a terra como que para sugar a energia vital através dela. A civilização distancia cada vez mais a terra do corpo.



A idéia de corpo morto (bastante difundida dentro do butoh) sugere um corpo e uma alma vazia, livre, leve, sem empecilhos que o impeça de expressar-se.

A ideia do “olho de peixe” que lembra os olhos de um cadáver, sem vida e estático, porém, assim como o peixe, extremamente vivo e pronto para reagir.

O Butoh expressa o que é universal, expressa o que é o ser humano e a sua verdade. Assim, tanto para o butoka quanto para aqueles que o vêem dançar, as máscaras sociais são arrancadas e a verdade de cada um é brutalmente desvendada causando, consequentemente, uma espécie de alvoroço interior que nos obriga a sair de nossas estaticidades e conformações em busca do nosso verdadeiro eu.


Em butoh, o corpo pode “ver com a pele, respirar com o ventre”. Nesse sentido, o interior do corpo permanece vedado ao órgão da visão, aberto por uma faculdade do “sentir”, de um território incomum, de estados singulares de percepção.

Os dançarinos de Butoh quase não usam vestimentas, para eles a roupa veste o corpo e o corpo a alma. E é através da alma, das emoções, da vivência de cada um é que são criadas as sequências gestualísticas que formam o Butoh.

A maquiagem melancólica, o branco sobre todo o corpo, faz com que os músculos sejam realçados, e suas formas expressivas delineadas em movimentos essenciais, se valorizem pela ausência de pêlos.



O Butoh recupera a vitalidade e a força do corpo, de um corpo domesticado pelas atividades cotidianas e esmagado pelas regras estabelecidas. O desenho de cada gesto é simbólico. Ele estimula idéias, associações e emoções tramando uma visibilidade: As intensidades, os afetos que atravessam os corpos, a música, os movimentos, são expressos através dos gestos.

“Entre ruídos, gemidos, sons e gritos movem-se homens e mulheres - seus rostos estão distorcidos em esgares alucinantes, os olhos revirados para dentro, as línguas penduradas, a saliva escorrendo. A movimentação é lentíssima como se cada mover não fosse apenas muscular, mas custasse cada órgão do corpo dos bailarinos. O primeiro impacto é de terror. [...] Existe algo naqueles quase-monstros que os toca de forma singular. Essa ‘deformidade’ explícita, que não é externa, é interna, liga o "butoh" ao homem universal. O caos representado é o caos do século XX, não importa oriente ou ocidente...” (Solange Caldeira)




Para Saba Khandroma:

“o Butoh é hoje em dia a linguagem em que eu existo profundamente, eu não o escolhi, mas ele sempre foi parte de mim e eu o encontrei novamente. É a transformação de um corpo que não é corpo. Também é a liberdade e a extinção do “Eu”. É a poesia e o sutil, o pequeno gesto latente... Onde se busca com o espírito, onde dançam as forças cósmicas... É um fluir constante.”


Segundo João Butoh:

“Todo artista está ligado de alguma maneira a uma crença ou mesmo alguma forma de espiritualidade. Buscamos atingir o divino o tempo todo. Buscamos o sublime, o perfeito. O Butoh assim como qualquer outra arte deve estar isenta de padrões religiosos. Cada artista a meu ver deve buscar a sua maneira de se conectar com o ser supremo que o ampara e o ilumina.”

“Se o butoh é uma dança, e dança a fazemos com o corpo, o mínimo que se espera de um intérprete é que o mesmo tenha um trabalho corporal significativo. Que tenha conhecimento do próprio corpo.”

“O Sentir deriva de sentimentos, e eu sou só sentimentos. Não acredito que a arte esteja isenta de sentimentos. Eu me preparo para estar completo em cena. Tenho uma paixão por histórias. Paixão por histórias emocionantes, aquelas que tocam fundo na alma. Está é uma característica da minha arte. Conto histórias por meio do butoh. É o que me seduz na arte, proporcionar uma viagem emocionante durante alguns minutos, e no final desta jornada, deliciar que o meu público está totalmente entregue a esta doação. A arte como instrumento para emocionar as pessoas. Daí, é um passo para a transformação do indivíduo. Sim, só a arte transforma!”


Como leitura, sugiro o trabalho da Solange Caldeira e do João Butoh, grandes referências desta pesquisa:




Deixo aqui os vídeos de butoh que mais se comunicam comigo:










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