No nosso Entrando na Roda
desse mês vamos falar sobre a utilização de acessórios no American Tribal
Style®.
Espadas, cestos, véus, saias , leques
e até pandeiros tem aparecido nas apresentações de ATS® em dezenas de vídeos,
provenientes dos mais diversos países. Afinal, como conjugar a técnica do ATS® com a utilização de
um objeto em sua dança?
É necessário levar em consideração diversos
pontos relevantes da sua performance: a música será rápida ou lenta? Você
gostaria de tocar snujs e segurar o objeto? Como entrar com este acessório em
cena? Qual a natureza deste objeto?
Depois de responder a todas estas
perguntas ( e certamente outras ainda surgirão), é necessário descobrir até que
ponto o objeto será incorporado na técnica do ATS. Eu, Aline Muhana, gosto de classificar em 3 níveis de
Modificações:
Nivel
1 – Objetos em equilíbrio
(Basicamente espadas e cestos). Neste nível de Modificação a interferência na técnica é
mínima. O objeto estará a maior parte do tempo
equilibrado sobre a cabeça, portanto o máximo de mudanças necessárias
para manter-se fiel à técnica seria modificar a altura dos braços quando
necessário. Como as mãos ficarão livres por boa parte do tempo é possível até
mesmo tocar os snujs (quando possível e apropriado).
Nível
2 – Incorporando os objetos aos movimentos
Neste próximo estágio a Modificação é mais intensa, dispensando o uso
dos snujs, pois o objeto estará em mãos praticamentetodo o tempo. O desafio neste estágio é incorporar
totalmente o objeto às movimentações do ATS® fazendo Modificações mínimas nos movimentos,
porém incorporandoo objeto em movimento
quando for necessário. (Por exemplo, segurar a saia durante os “calibrated
spins” ou fazer a movimentação completa de um “propeller turn” com a espada nas
mãos)
Nível
3 – Criando movimentos específicos para cada acessório
Ao chegar neste nível novos movimentos serão
criados para melhor demonstrar toda a
potencialidade do acessório, mas sempre respeitando os limites dos Movement
Dialects (passos que são criados em conformidade com a estética, técnica e a corporeidade do ATS®). Neste ponto um
novo vocabulário de movimentações pode ser criado e executado por uma instrutora ou um grupo,
como uma linguagem particular destas pessoas.
Existem
instrutoras e companhias de dança que inclusive já gravaram DVDs didáticos com
suas próprias interpretações sobre o uso de acessórios, todos eles com a
aprovação de Carolena Nericcio-Bohlman.
Neste mês preparamos uma entrevista especial para nos contar como
foi a última aula do Studio San Francisco, Nave-mãe do Fatchance Bellydance®. Kelsey S. Suedmeyer,
assistente de Carolena e Megha na sua visita ao Brasil em 2015, compartilhou
conosco sua experiência nesta última atividade do estúdio, e fala um pouco
também de suas expectativas sobre o futuro.
Aline
Muhana: A última aula do Studio SF foi uma aula de
Flow, certo? Como foi o clima geral desta
aula? Aproximadamente quantas pessoas estiveram presentes? Você gostaria
de compartilhar suas expectativas sobre esta nova era para o FCBD®?
Kelsey S. Suedmeyer:
by Arica Rust
Sim, a última
aula no estúdio do FCBD® foi uma aula de Flow, mas desta vez, ao invés de apenas uma professora liderar o tempo
todo (como é o usual) fomos agraciadas com uma seleção. Sete professoras
diferentes do FCBD®, atuais e ex-professoras, se revezaram na liderança por
algumas músicas de sua escolha. Eu não tenho certeza absoluta de quantas
pessoas vieram, mas acredito que entre 20 e 25 participaram.
O clima da aula foi de alegria e celebração, para honrar o espaço que
chamamos de casa por tantos anos. Havia uma certa tristeza velada no lugar, e
eu fui levada às lágrimas algumas vezes, mas a intenção geral era de apreciação
e gratidão pela variedade de lembranças que adquirimos naquele estúdio.
Seguir as professoras na improvisação foi uma experiência única e
extremamente divertida porque pude perceber que cada uma colocou sua alma em
cada interpretação das músicas escolhidas. As variadas escolhas musicais nos levaram
a uma experiência empolgante, e todas dançamos como uma só, nos entregando
alegremente ao ritmo que cada professora imprimia.
Eu não sei o que esperar desta nova
era em que estamos ingressando. Como as professoras já expressaram em fóruns
online, existem muitas coisas que elas ainda não sabem sobre o futuro, e eu
acredito que mesmo Carolena não saiba. Como foi anunciado, as aulas voltarão no
início de Julho no número 672 da rua South Van Ness, que é o estúdio de Salsa
ao lado. Eu estou bastante ansiosa para o retorno! O que posso, é falar com
propriedade sobre as minhas expectativas neste momento. Tenho intenção de
continuar meus estudos como uma dançarina de ATS®, continuando a aprender,
crescer e a frequentar as aulas com professoras do Fatchance Bellydance®. É um sonho
que tenho desde que entrei no estúdio em 2009, me tornar professora de ATS® do
Fatchance Bellydance®. Este sonho ainda está vivo em mim, mesmo que eu não faça
ideia de quando poderá acontecer, se é que um dia acontecerá. Eu não posso
acelerar esse processo ou forçar para que aconteça. O que posso fazer é estar
presente e continuar me divertindo, aproveitando esta dança.
by Ju Hay Ahn
Obrigada por compartilhar seus
pensamentos e experiências Kelsey!!
Nesta última terça feira (10/05/2016) Carolena Nericcio-Bohlman
fez um anúncio de extrema importância para todos os amantes do ATS® que
sonhavam conhecer a “Nave-Mãe” (o nome carinhoso pelo qual muitas pessoas
começaram a chamar o Studio San Fransciso, casa do FCBD®): o estúdio fechará suas portas
no dia 30 de junho deste ano.
O Studio SF, assim como muitas pessoas e estabelecimentos
comerciais sofrem com a valorização imobiliária extrema em San Francisco,
gerada pelas grandes empresas de tecnologia que se instalaram na cidade nos
últimos 10 anos. Google, Facebook, Apple, Pixar e várias outras empresas
forçaram o mercado imobiliário além do limite do aceitável para a classe média
e a categoria artística (que fez a fama da cidade desde antes da época da
Contra-cultura e dos Hippies) e hoje em dia ameaça até mesmo a centenária
comunidade oriental de Chinatown, com a desapropriação de vários imóveis e
despejo de centenas de pessoas, para alocar os novos funcionários das grandes
empresas. Até mesmo o patrimônio arquitetônico sofre, com prédios vitorianos
característicos da cidade sendo derrubados para a construção de novos
condomínios.
A comunidade artística se defende como pode, se mudando para
outras cidades e estados, e fixando novas raízes em comunidades economicamente
viáveis.
Em seu pronunciamento, Carolena anuncia que apesar do
fechamento da sede, três novos endereços do FCBD® estão sendo planejados: um novo endereço em San Francisco, em outro
bairro, mais um espaço em Oakland (lado
leste da Baía) e outro em Half Moon Bay
(ao sul de San Francisco). Enquanto os novos endereços não são inaugurados, as
professoras do FCBD® continuarão dando suas aulas em outras academias de dança
da cidade, e a loja continuará funcionando on-line. O Homecoming 2017 não sofre nenhuma
alteração porém a ATS® Magazine versão impressa será descontinuada. Apenas a
versão on-line continuará a ser editada. O novo lema, segundo a própria Carolena, é “Modernizar ou Morrer!” em um esforço para acompanhar as atualizações do
mercado e da economia.
Para as poucas de nós que tiveram a oportunidade de conhecer
o estúdio é o fim de uma era. O estúdio já havia sofrido uma remodelação total
em 2015, substituindo as tapeçarias e relíquias étnicas que forravam todas as
paredes da recepção e das salas anexas por um visual modernoso e clean. A nova
sede, rebatizada de Studio SF abrigava o showroom da Nakarali (boutique de
joias étnicas da parceria Carolena e Colleena Shakti) e o atelier de costura da linha Bessie Designs. O que nos resta são as lembranças de uma
porta vermelha que nos levava para o coração da história da dança que tanto
amamos. Que as novas gerações encontrem
este mesmo fascínio nas novas filiais da Nave-Mãe. Um brinde a novos tempos!
No post deste mês vamos falar sobre as
classificações de vocabulário do ATS®.
Nosso formato pode ser organizado de diversas formas
diferentes para atender a diversos propósitos de estudo. A classificação de vocabulário “Classic” e “Modern” foi desenvolvida
inspirada na série de vídeos didáticos Tribal Basics criada por Carolena
Nericcio-Bohlman em 1993 e que está sendo desenvolvida até hoje. “Classic” seriam todos os movimentos
apresentados até o volume 4: Embellishments and variations , que
compreendem os movimentos mais antigos do vocabulário do ATS®; e “Modern”
seriam todos os movimentos apresentados à partir do volume 7: Creative Steps and combinations.
Nota da Autora: Os volumes 5 e 6 da série Tribal Basics (Cues and
transitions e Improvisational Choreography) não apresentam passos novos, porém
são indispensáveis para entender a
mecânica da Improvisação coordenada porque apresentam as ferramentas para o
entendimento desta metodologia. Assistam com muita atenção!
Este é o formato utilizado oficialmente para a formação General Skills: Classic and Modern. Os
movimentos que surgiram depois são considerados Movement Dialect como vamos explicar mais a diante.
Movement Dialect foi um conceito criado para explicar um
fenômeno bastante comum às trupes e companhias de dança: Dentro de cada grupo passos e sequências nasciam espontaneamente, através das mais variadas experiências
(sequências coreografadas que se tornaram populares, erros durante uma
performance que foram bem gerenciados, variações de passos que foram bem
aceitas, etc). Isso acontecia até mesmo dentro do FCBD®, e Carolena notou esta
tendência se delineando ao assistir performances de diversos Sister Studios.
Prevendo que a expansão do formato seria inevitável, Carolena lançou o DVD número 9 de sua série
Tribal Basics: Anatomy of a Step,
onde convida mais 3 sister studios (Megha Gavin – Deviany Dance Co., Devi Mamak
– Ghawazi Caravan e Jennifer Noland – Tamarind) a demonstrar e divulgar novos passos e sequências
que seriam exemplos de como prosseguir com as novas criações. O DVD foi uma
grande sucesso entre a comunidade ATS® e
os passos novos caíram nas graças da maioria das Sisters. O uso do Movement Dialect
é considerado opcional do repertório básico do ATS®, assim como o Floorwork.
A classificação dos passos por níveis foi criada também por
Carolena Nericcio-Bohlman como o conteúdo programático de seu curso oferecido
no Studio San Francisco, e conta com uma ordem de
apresentação bem diferente. Em meados de
2015 este conteúdo foi atualizado com a inserção dos passos do volume 9: Anatomy of a step e a extinção do quarto nível na escala de
aprendizado do estúdio. Atualmente os
níveis de aprendizado vão do 1 ao 3. Nesta nova apresentação os passos
novos são apresentados juntos aos passos
clássicos e modernos, separados apenas pelo nível de dificuldade requerido para
cada nível.
Carolena deixa bem explícito em seu blog (onde divulga estes
e outros comunicados oficiais) que estas mudanças são opcionais, deixando a
cargo de cada uma de nós decidir se quer ou não incorporar este novo material.
Fora estas classificações ainda temos outras opções como a
divisão entre lentos e rápidos e famílias
de passos (como apresentadas no Flowchart).
O importante é manter o foco em uma base técnica sólida, refinando os
passos básicos e a postura sempre que possível. Na minha experiência
profissional como instrutora posso afirmar que estas classificações dão ótimos
temas para aulas e ajudam as alunas a entenderem melhor como o sistema
funciona.
Mais contato com a
nave-mãe através de aulas via internet;
Possibilidade de feedback direto através de entrevistas e encontros
via Skype com Carolena;
Treinamento continuado específico para Sister Studios;
Workshops voltados para instrutores;
Mais livros didáticos como o American tribal Style® Classic
Vol.1; e finalmente:
Treinamento avançado.
ATS®Homecoming 2015 - Divulgação
A resposta para estes pedidos foi a criação da organização
Tribal Pura International (http://fcbd.com/tribal-pura-intl/)
, que deste momento em diante passou a
administrar os programas General Skills, Teacher Training, The Business of ATS®
e os novos programas Sister Studio Continued Education (SSCE) e Advanced Teacher
Training (ATT). Os novos programas atendem às necessidades da comunidade de
Sister Studios oferecendo alternativas de cursos intensivos e estímulo à
reciclagem de instrutores.
O SSCE é um programa
de acúmulo de créditos (através da presença em workshops aprovados pelo
programa) que dá direito a uma re-certificação anual, comprovando a disposição
do instrutor em manter-se atualizado e coerente com o método de ensino FCBD®. O
programa inclui diversos temas de workshops oferecidos pelas professoras FCBD®
e aulas particulares com Carolena Nericcio-Bohlman ou Megha Gavin via Skype,
obrigatórias para a obtenção do certificado.
Foto deCampo das Tribos por Ana Harff
O ATT se dispõe a oferecer um período de treinamento
intensivo presencial com Carolena Nericcio-Bohlman, concentrado em um pequeno
número de participantes (apenas 10 pessoas por turma) em um espaço de tempo de duas semanas, na
Nave-mãe em São Francisco, Califórnia – EUA.São necessários diversos pré-requisitos para se inscrever neste curso,
que visa formar instrutoras para os cursos mais avançados oferecidos pelo FCBD®.
FCBD® Studio Instructors - Professoras do home studio SF - mais conhecido como a "Nave-Mãe"
Olá Pessoal!
É com
grande satisfação que apresentamos para vocês essa nova coluna do blog da
Aerith: “Entrando na Roda – conversas sobre ATS®”. Eu, Aline Muhana e Natália
Espinosa vamos alternar mensalmente escrevendo sobre temas importantes do
universo do American Tribal Style ® e também respondendo a perguntas que
eventualmente vocês possam ter!
Nosso objetivo é contribuir trazendo clarificações e dicas
importantes para o seu estudo e ensino, estamos abertas a debater temas pertinentes
para toda a nossa Comunidade Tribal: alunos (as), instrutores (as),
apreciadores (as) e afins.
Nosso primeiro tema é sobre nomenclaturas. Recentemente, em
seu blog “FatChanceBellyDance: Director’s Cut”
(www.fcbdblog.blogspot.com), Carolena Nericcio-Bohlman nos apresenta Nomenclaturas Oficiais para
demonstrar nosso grau de relação com o FCBD® e com a
comunidade mundial do ATS®.
Aqui está a tradução da lista completa:
FatChanceBellyDance®Studio Instructors- “FatChanceBellyDance®
Studio Instructor”- Essa designação é reservada somente às instrutoras do Home Studio em São Francisco.
GS graduates- “American Tribal Style®
Certified”- Se você completou o seu
General Skills, mas não completou o Teacher Training então você é ATS®
Certified.
TT graduates- “American Tribal Style®
Certified Instructor” - Se você completou o GS e o TT, mas não solicitou o
status de Sister Studio então você é ATS® Certified Instructor.
Sister Studio approved TT graduates-
“Sister Studio” or “FCBD® Sister Studio” - Sister Studios são apenas para
graduados aprovados do Teacher Training. Você pode mencionar que você tem as
certificações GS e TT se quiser, mas não é obrigatório.
SSCE participant- “Sister Studio
re-certified 2015 (or insert year)” - Uma vez que sua re-certificação
tenha sido completada você poderá usar a designação de re-certificação. A
re-certificação precisa ser repetida anualmente para ser mantida.
SSCE instructors- “Sister Studio
Continuing Education Instructor” - Para aquelas instrutoras que foram
convidadas a fornecer créditos no programa SSCE através de aulas particulares
ou workshops.
ATT graduates- “Advanced Teacher
Training Certified” - Para os aprovados no programa Advanced Teacher
Training.
Carolena
nos explica que essa iniciativa surgiu da necessidade de nomear os diversos
graus de instrução, à medida que novos cursos (como o SSCE e o ATT) surgiram.
Ela também nos convida a utilizar essa nomenclatura em nosso material
promocional (cartões, panfletos, propagandas, etc.)
Espero
que essas informações tenham sido úteis! Caso vocês ainda tenham alguma dúvida ou
queiram debater sobre esse assunto ou sugerir novos temas entre em contato
conosco!
Entrando na Roda – conversas sobre ATS® Natália Espinosa, Campinas -SP
Sobre a Coluna: Aline Muhana e Natália Espinosa - FCBD® Sister Studios, alternam mensalmente escrevendo sobre temas importantes do universo do American Tribal Style ® e também respondendo a perguntas e sugestões dos leitores.
Sobre:
Natália Espinosa é dançarina e professora de Estilo Tribal de Dança do Ventre e ATS®. Começou seus estudos em dança do ventre em 1998 e em estilo tribal em 2010, dedicando-se exclusivamente a esse estilo desde então. Tornou-se Sister Studio FCBD® em 2013, já participou do ATS® Homecoming, nos EUA, onde estudou com Carolena Nericcio e as demais professoras do FCBD®. Atualmente cursa programa The 8 Elements™ de Rachel Brice. Natália orienta o Amora ATS ®, trupe composta por suas alunas de todos os níveis, e participa do TiNTí, grupo profissional de ATS® composto por sua professora Mariana Quadros e por Anna Pereira. Sua grande paixão é ensinar e seu palco é a sala de aula.
Entrevista
Clique na imagem acima para acessar a entrevista.
Colunista convidada anterior:
Sobre Aline: Aline Christina Soares Oliveira, é bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ desde 2004. Desde a sua formatura tem trabalhado em inúmeros projetos artísticos incluindo exposições, performances, espetáculos e filmes de curta metragem. Iniciou seus estudos em dança do ventre em 2007. Especializou-se em Dança Tribal e suas vertentes ( Tribal Fusion e American tribal style®), em diversos cursos, aulas e workshops nacionais e internacionais. Ministra aulas deste estilo desde 2009 e participa de diversos shows e espetáculos como bailarina e figurinista. Coordena o Núcleo de estudos em ATS® na Asmahan EAO e dirige o grupo Zaman Tribal, formado por suas alunas e companheiras de dança. É responsável pelo atelier de trajes e acessórios para dança oriental Nataraja Designs.
Se tornou Professora Certificada e Sister Studio Fatchance Bellydance® em 2012 na Califórnia, representando a metodologia oficial de Carolena Nericcio-Bohlman - ATS®. Atualmente encontra-se cursando o Programa de Educação Continuada de Sister Studios - SSCE"
Em
outubro, nossa entrevistada é Aline Muhana, bailarina de ATS® e tribal
fusion do Rio de Janeiro. Grande referência do ATS® no Brasil, Aline
conta sobre sua trajetória no estilo tribal, sua preferência pelo ATS® , assim
como sua valorização pelo estilo no país e muito mais! Boa leitura =)
*** Entrevista atualizada com novas perguntas! (01/04/2015)***
BLOG: Conte-nos
sobre sua trajetória na dança do ventre;como tudo começou para você?
Sempre achei
bonito, mas nunca tive aquele estalo “Vou fazer dança do ventre”. Já tinha
visto em vários lugares; morei em uma cidade que tem uma enorme colônia
libanesa, então, toda feira do folclore da escola tinha apresentações de
folclore libanês, restaurantes e até na televisão, nos canais árabes.
Em 2006 recebi uma sugestão de um amigo que
tinha uma amiga, a qual tinha uma escola de dança do ventre em Botafogo.Essa amiga dele era a Jhade Sharif e a escola, a Asmahan.
Fui lá fazer uma aula experimental e não parei nunca mais.
Danço desde 2006, mas acho que realmente
comecei a me enxergar de uma forma mais “séria” a partir de 2009.
Além da dança
também atuo como Artista Plástica e Figurinista.
BLOG: Quais foram
as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
Basicamente a Jhade Sharif, que foi minha primeira
professora de tribal. Foi a primeira pessoa que eu vi ao vivo dançando tribal e
me marcou (e me marca) até hoje.
Nadja El Balady, no tribal e na dança do
ventre, que me acompanhou na Tribo Mozuna e em vários outros
projetos.
Guardo um espacinho especial também pra Nadhirra (Waleska Torres),
minha primeira professora de dança do ventre; hoje em dia minha colega de
trabalho na Asmahan.
E Carolena
Nericcio-Bohlman! Tudo o que vivencio e aprendo, sobre mim mesma e sobre a vida, através do ATS®, devo a ela; foi realmente um marco na minha vida e estou muito
feliz de poder passar mais um tempo estudando com ela este ano!
BLOG: Além da
dança do ventre você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Tentaram me colocar
em uma aulinha de ballet quando
eu tinha uns 4 anos. Enfim, não passou da primeira aula...Rsrs!
Comecei a praticar
dança do ventre em 2006 e tenho aulas regulares até hoje.
BLOG: Quais foram
suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
São tantas coisas!
Basicamente tudo que eu bato o olho e me desperta um sentido de autenticidade.
Os elementos folclóricos, étnicos; o que causa estranhamento e incomoda; o que
mexe com o meu âmago, em qualquer mídia, tudo isso me alimenta!
Gosto de acompanhar
páginas de coletivos de arte e de coleções de imagens (como o Pinterest e
Tumblr) para que o meu estoque de inspiração esteja sempre em dia!
BLOG: O quê a
dança acrescentou em sua vida?
Um lugar para
vestir muitas peles, todas elas minhas; explorar lugares dentro do meu universo
criativo que não estavam acessíveis apenas com a pintura e o desenho.
A criação coletiva e tudo que isso acarreta:
aprender a lidar com o outro, como influenciar e ser influenciado em um
processo criativo; e a satisfação de ver o resultado do trabalho e saber que
você fez parte disso, e que tem muito a ver com mais uma dádiva: o sentimento
de pertencimento!
BLOG: O quê você
mais aprecia nesta arte?
A liberdade
do gesto, que será sempre único e efêmero. A energia nunca se cristaliza, está
sempre em movimento.
A representação de
verdades individuais convivendo harmoniosamente em conjunto, a diversidade de
pessoas se unindo em prol de um objetivo. É muito reconfortante!
BLOG: O quê
prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação?
Basicamente,
enxergar o outro; ver que não estamos sozinhas. Entender que somos uma
categoria e devemos procurar melhorias e reconhecimento juntas. Não é ser amiguinha
de todo mundo, mas reconhecer que enquanto não nos unirmos como uma comunidade,
respeitando as necessidades e individualidades de cada um, estaremos
enfraquecidas enquanto profissionais perante os desafios da nossa profissão.
BLOG: Você já sofreu
preconceitos na dança do ventre ou fusões? Como foi isso?
O básico, devido a
falta de conhecimento por parte das pessoas. Caso clássico de pré-julgamento
por falta de informação. Mas já foi há muito tempo, graças a popularização do
estilo, não tive mais problemas com isso.
BLOG: Houve
alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Sempre
existem frustrações e indignações, das mais simples às mais complexas. Faz
parte da vida aprender a lidar com situações adversas.
BLOG: E
conquistas? Fale um pouco sobre elas.
Considero, desde o
fato de ver uma aluna praticando uma improvisação ou o primeiro toque correto
do snuj, uma conquista. Então são várias e muitas; ainda bem! Fico contente por
reconhecerem o meu trabalho também. Sou muito grata a todos os convites para
participações em festivais, enquetes e workshops, acredito que esse é um ótimo
indicativo da qualidade do trabalho do profissional perante a comunidade.
BLOG: Como
e quando você descobriu o tribal fusion e por quê se identificou com esse
estilo? Quando começou a praticar o tribal fusion?
Descobri através de um vídeo com a Rachel Brice uns anos trás. Comecei
a me informar sobre o assunto pela internet e logo em seguida surgiu aquele meu
amigo com a sugestão da “tal escola em Botafogo”. Comecei de verdade a praticar
aula de tribal fusion em 2008, com a Jhade. Me “preparei” por um ano na dança
do ventre,pois na época eu achava que isso ia me trazer uma base, já que nunca
tinha feito nenhuma dança na vida. Essa decisão se provou muito acertada, para
minha sorte!
BLOG:Você possui
um ateliê para figurinos de tribal, chamado Nataraja Design’s. Como surgiu a idéia ou oportunidade de formá-lo?
Como é o processo criativo para as linhas e suas inspirações para a composição
das mesmas? Há alguma curiosidade a respeito do nome do ateliê?
Em
2008, no primeiro Festival Tribal do
Rio coloquei um estande em parceria com a CarolSchavarosk e, alguns meses depois, uma amiga nossa entrou na jogada também e colocamos o nosso
primeiro estande como Nataraja
Designs, emum evento
em 2009. O tempo passou e dei continuidade ao trabalho, após a saída das duas.
Na época escolhemos o nome por causa da música “Nataraja” do Solace. Gostávamos bastante dessa
música, além de fazer sentido por ser Shiva
Nataraja, o deus indiano da dança.
Normalmente trabalho sob encomenda, então
parte da inspiração vem das propostas das minhas clientes. Quando faço peças em
pronta entrega tento pensar em coisas que eu gostaria de usar; ou imagino
alguém de quem gosto e imagino o figurino ou a peça para essa pessoa. Às vezes
a pessoa chega lá e compra a peça... é bem estranho e divertido quando isso
acontece! Rsrs!
Também pesquiso
bastante as tendências internacionais em figurinos e moda em geral, juntamente
com a pesquisa étnica, que é tão importante para o figurino tribal.
BLOG: Você foi
uma das integrantes da antiga formação do Templária, dirigido por Jhade
Sharif. Conte-nos como era a formação do mesmo, estilo de dança,
preferências do grupo,etc.
O projeto já teve
muitas formações, e normalmente é formado pelas alunas da Jhade ou pessoas
convidadas por ela. Foi bastante gratificante e didático trabalhar com esse
grupo, mas acho que ela é a melhor pessoa pra descrever o Templária.
BLOG: Você foi
uma das integrantes do grupo Moirai .
Conte-nos como era a formação do mesmo, estilo de dança, preferências do
grupo,como surgiu o mesmo e qual a diferença deste para oTemplária. Você tem pretensão em retomar com o
mesmo?
Moirai
Essa foi do
fundo do baú! Foi o primeiro “ensaio” de grupo que eu e umas colegas fizemos no
primeiro Festival Tribal do Rio.
Juntamos-nos por apenas uma performance. Foi interessante e fez parte do
aprendizado também.
BLOG: Você é uma
das mais antigas bailarinas de tribal fusion do Rio de Janeiro. Conte-nos como
era o tribal na época em que ele ainda estava engatinhando no Brasil.
Assisti
muito vídeo como todas nós e tive muita sorte em encontrar a Jhade e o Asmahan;
pude estudar com uma professora presencial e através de vídeos e workshops
também. Há 5 anos atrás isso não era tão comum, e sempre falo para as minhas
alunas como elas tem sorte de ter tanto material à disposição nos dias de hoje.
BLOG: Atualmente, como é o cenário da dança tribal no Rio de Janeiro? Pontos positivos, negativos, apoio da cidade, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?
Estamos crescendo e
nos diversificando. Novas professoras surgindo de tempos em tempos e mais
público vem sendo formado a cada espetáculo. Em 2014 tivemos apresentações em
praticamente todos os eventos de dança do ventre da cidade, não só do meu
grupo,mas de outras trupes também. Festas e eventos particulares também entram na
lista, e isso é muito bom. Precisamos de visibilidade para manter o público
interessado e trazer novos praticantes à sala de aula.
Nadja El Balady & Aline Muhana
BLOG: Como é
fazer parte de um grupo de ATS®, como a Tribo Mozuna, dirigido por você e Nadja El Balady? Qual a importância que você vê no ATS®?
Foi uma das
experiências mais transformadoras que eu já tive, em todos os sentidos. Foi um
aprendizado incrível trabalhar com todas as pessoas que passaram pelo grupo e
posso dizer que todas me ensinaram alguma coisa. Sou muito grata ao Universo
por estar presente e ter sido uma das responsáveis por um projeto desses! Hoje
em dia a Tribo Mozuna não existe mais. Eu e Nadja demos o projeto por
finalizado de comum acordo, quando senti necessidade de seguir a minha jornada
como coordenadora do meu próprio projeto.
O ATS® pra mim é
uma das razões de continuar dançando. É reconfortante para mim saber que
faço parte de algo maior, de que pertenço a
um grupo único. E encontrar uma estranha (ou conhecida) pelo caminho e
saber que se tem algo em comum, de uma natureza tão especial como essa é
fantástico.
BLOG: O seu primeiro grupo de ATS® foi a Tribo
Mozuna. Conte-nos como surgiu a Tribo Mozuna, a etimologia da palavra, seus integrantes, qual
estilo marcante do mesmo e se ele sofreu alguma mudança estrutural ou de estilo
desde quando foi criado.
A
tribo “nasceu” de um encontro entre Nadja, Jhade e eu em 2009, no evento Tribal Y Fusion, em São Paulo.
Já ensaiávamos em grupo há alguns meses e nos apresentamos lá oficialmente
como Mozuna pela primeira
vez. Mozuna é aquele
paetêzinho de metal que se encontra com facilidade nas peças marroquinas e
paquistanesas e que usamos aos quilos nos nossos figurinos de tribal.
Tribo Mozuna
Sempre procurávamos nos alinhar com a estética e a filosofia do American Tribal Style® e fomos nos
aperfeiçoando com o passar dos anos. Às vezes temperávamos as performances com
música regional ou um figurino mais “dark”, mas o cerne foi sempre ATS®.
BLOG: Conte-nos como surgiu o seu novo grupo de ATS®, o Zaman Tribal, a etimologia da palavra, seus integrantes, qual estilo marcante do mesmo e se ele sofreu alguma mudança estrutural ou de estilo desde quando foi criado até agora.
Zaman Tribal
Zaman é a tradução da palavra "tempo" em turco. Esse tempo tem vários significados: o tempo da música; o tempo que se leva a chegar de um ponto a outro; o tempo de brilhar e aproveitar o tempo que se investiu em preparação; e o tempo que parece infinito durante uma dança e ao mesmo tempo tão fugaz quando ela termina.
Criei esse projeto em 2014 com um núcleo de alunas do Asmahan e a proposta é criar oportunidades dessas estudantes subirem ao palco e promoverem o ATS® na nossa comunidade. O grupo é fluido, não existe um número máximo de integrantes,mas a cada performance as integrantes representam a realidade do momento. O que conta para a participação é a assiduidade e o comprometimento, além do nivel técnico exigido para cada performance. As estudantes mais assíduas no Zaman em 2014 foram Ana Asch, Helena Amyntas e Carol Marques. Estou muito satisfeita com os resultados do primeiro ano, acredito que o próximo ano vai ser ainda melhor!
BLOG: Você foi
uma das primeiras bailarinas do Brasil a se envolver com o ATS® e divulgar sua
importância para o movimento “Tribal”. Por que você começou a querer ou ver
necessidade em se aprofundar no ATS®? Como eram as informações sobre o estilo
na época em que você começou a pesquisar? Como era visto o ATS® naquela época e
como hoje ele vem se apresentando na cena brasileira?
Foi uma coisa muito
natural quandosenti a
necessidade, por causa de uma questão prática (que também foi primordial na
criação do estilo),que era a apresentação em grupo sem coreografia
(improvisação coordenada); e depois se tornou uma obsessão (no bom sentido
rsrs). Na verdade, me identifiquei muito mais com o ATS® do que com o Fusion
por um bom tempo. A minha essência como ser humano se afina muito com a
filosofia e as práticas do ATS®, por isso essa insistência minha.
Quando mergulhei no
ATS® foi profundo, passava dias conectada em um fórum chamado Tribe.net lendo tudo o que existia
sobre o assunto, via os vídeos no youtube, ia em todos os links, fazia
perguntas e era muito legal quando eram respondidas! E isso foi me animando a
ponto de traduzir essas informações em textos que eu criava ou traduzia
do original na antiga comunidade de ATS® do orkut. Eu mesma não sabia da
importância que o ATS® tinha para o Tribal Fusion até ler depoimentos das
fusionistas mais conceituadas e ouvir ao vivo da própria Sharon Kihara que um era produto
direto do outro.
Aqui no Brasil as
“primeiras gerações” do Tribal dificilmente falavam do ATS® com propriedade;
acho que a maioria das pessoas nem sabiam que existia, por que até hoje o que
mais chama a atenção e faz sucesso é o Tribal Fusion por conta de inúmeros
motivos. Hoje em dia e depois de muito trabalho por parte de algumas pessoas,
das companhias de ATS®, textos, blogs, vídeos e da presença das gringas, as
pessoas já dão um pouco mais de importância para coisa toda. Acredito que, em
um futuro próximo, possamos começar o processo pela base, com o ATS®, e depois
partir para as fusões. As próximas gerações já estão muito mais bem
encaminhadas!
BLOG: Em 2013, você realizou o evento “Kristine Adams in Rio”, que contou com a participação especial da bailarina Kristine Adams, membro do FCBD®. Conte-nos como surgiu a idéia do evento, sua proposta e objetivos, organização e elaboração deste,bem como a repercussão do mesmo para a comunidade tribal quanto para seu público. Quais foram as impressões de Kristine para a cena tribal no Brasil? Quando fiquei sabendo desse projeto fiquei muito animada! Acompanho a página do FCBD® via facebook e foi por lá que soube de todos os detalhes desse projeto ambicioso de Kristine Adams: dar a volta ao mundo através da comunidade internacional de ATS®. Foi em 2012, no dia do meu aniversário. Não pensei duas vezes, escrevi um e-mail para a Kristine, que logo me respondeu concordando em passar pelo Rio! Á partir daí tive que me adaptar a mais uma faceta da nossa profissão: Produtora de Eventos. Utilizei a experiência que angariei colaborando em vários eventos como o Tribes Brasil e Gothla BR.
Kristine in Rio (2013)
Contei com a ajuda muito valiosa das minhas alunas, amigas e família. Produzimos um show no Asmahan Cinelândia e o workshop de 5 horas com a Kristine na Sauer Danças. A proposta era oferecer um workshop a um preço acessível e dar a oportunidade à comunidade de Dança Tribal carioca de ter instrução com uma professora de alto nível técnico diretamente da fonte. O workshop e o show lotaram e recebi muitas críticas positivas. Neste momento, em 2013, não conversamos especificamente sobre a cena tribal no Brasil, mas em 2014 , quando nos encontramos novamente no Festival Campo das Tribos,Kristine disse estar muito satisfeita com o progresso e o nível técnico da comunidade brasileira.
BLOG: Sobre os bailarinos adeptos ao ATS®, você acha que, apesar de ter passado apenas alguns anos desde os primeiros grupos do estilo terem surgidos, a dança amadureceu no país ou ainda seu avanço é tímido e temos muito o que trilhar?
Acho que o amadurecimento de uma comunidade se mede pela forma como os membros dessa comunidade se relacionam e posso dizer que a grande maioria dos grupos envolvidos são cordiais, simpáticos e amigáveis. Isso para mim é evolução e amadurecimento. Mas sempre podemos melhorar, sem dúvida.
BLOG: Como você enxerga a cena tribal hoje, quando todos já tem conhecimento sobre o que é o ATS® e sua importância para o tribal fusion? Na sua opinião, o quê precisa ser melhorado, aperfeiçoado e até mesmo mudado no comportamento da tribalista(o) brasileira (o)? Estamos muito mais conscientes e mais ativos quanto a procurar o conhecimento e onde encontrá-lo, e isso reflete na qualidade do trabalho apresentado e na repercussão, principalmente internacional, do nosso trabalho. A divulgação do ATS®, como base do tribal fusion, não pode parar, precisa ser uma jornada contínua para assegurar as bases do estilo e eu vejo isso ser feito em muitos lugares, o importante agora é manter essa mentalidade e não deixar a peteca cair.
BLOG: Em dezembro de 2012 você esteve em uma imersão na Califórnia a estudos pela dança tribal e por sua certificação em ATS® com a criadora do estilo, Carolena Nericcio. Gostaria que nos explicasse melhor sobre o processo de certificação(General Skills/ Teacher Training1 e 2) e como se alcança o tão estimado selo de Sister Studio. E qual importância de conseguir tal certificação, em sua opinião.
O processo se inicia com a inscrição na verdade. Ao se inscrever no curso nos é pedido um pequeno currículo com a nossa trajetória no ATS® para que possamos ser avaliadas desde o princípio. Durante as
aulas somos observadas e avaliadas também. Fazemos o General Skills primeiro e
repassamos todos os passos do ATS®, com explicações detalhadas sobre a postura e
a execução dos passos. São aulas puxadas, de 5 horas por dia com alguns
pequenos intervalos.
Aline e Carolena Nericcio (2012)
Depois, durante o Teacher Training, temos uma oportunidade de "olhar dentro da cabeça" da Carolena, pois ela nos explica fundamentos da metodologia de ensino do ATS® , e temos um teste de aula em inglês e no nosso idioma nativo. Frequentar as aulas simplesmente nos proporciona
os certificados de conclusão, mas a opinião pessoal de Carolena é o que define
se você está apta para ser uma Sister Studio. Isso só ela pode decidir a partir
da observação da forma como nos
colocamos como instrutoras nos testes. E isso por si só já é um senhor
voto de confiança dela na gente!
BLOG: Sua presença nos EUA ajudou-a a entender melhor todo o processo por trás da criação dessa dança? Compartilhe suas impressões sobre essa maravilhosa jornada! =)
Sem dúvida. São Francisco é uma cidade
fervilhante de expressões culturais de diversos povos, e isso é evidente pela
quantidade de restaurantes étnicos e diversidade de gente na rua. Me lembro de
uma cena incrível que vivenciamos na Union Square que fez a ficha cair para
todas nós. Era um grupo de dançarinos cubanos sensacional fazendo um show no
meio da rua, pedido cachê num chapéu. O nível técnico deles era absurdo e eles
estavam ali, a um passo de distância. De repente, um grupo de pessoas se
aproxima deles, senhores e senhoras de meia idade e todos começam a dançar
juntos em casais, e ambos mandam muitíssimo bem. Nessa hora vimos que uma
cidade que transpira cultura e criatividade dessa forma só poderia ser o berço
da nossa dança.
BLOG: Como surgiu a oportunidade de dançar no evento Folk You? Como foi a experiência e a repercussão do público diante da dança tribal? Na sua opinião, o estilo musical folk e a dança tribal tem uma relação artística coerente?
Zaman no Folk You
Foi muito banaca e sou muito grata ao Phreddie pela oportunidade! O tribal é essa massa de modelar muito louca que permite que você faça quase que qualquer coisa com ela. Acho que combinou super bem e a repercussão foi muito boa, várias pessoas vieram falar conosco depois e nos parabenizar. O estilo folk, assim como o Estilo tribal, também está calcado em uma estilização de uma época, um povo, uma cultura, à partir da visão do que nós somos hoje em dia. Então acho sim que pode ter tudo a ver. BLOG: Hoje contamos com diversos recursos de estudos. O
próprio FCBD® vem lançando materiais muito bons nos últimos anos. Em relação ao
estudo de ATS®, que dicas você daria para aqueles que ainda não podem estudar
com uma professora do estilo, mas que gostariam de aprender mais sobre o mesmo,
tanto na teoria quanto na prática?
Existem várias formas de estudar, sem dúvida. Os
DVDs são minha opção número um porque eles estão sempre disponíveis e tem
explicações gerais sobre os passos. Você só paga uma vez e tem eles para
sempre. As aulas por assinatura também são muito boas e estão bem atualizadas,
valem muito a pena, mas não são tão econômicas. Temos o livro que foi lançado
recentemente em versão física e virtual. Sempre estou com ele no smartphone
para usar como consulta ou para exemplificar alguma técnica para minhas alunas, e é um ótimo negócio,pois o preço do e-book é bem acessível. E se você tiver
algumas amigas que morem longe é possível formar grupos de estudo via skype
também, é uma forma de se dançar com outra pessoa sem sair de casa.
BLOG: Conte-nos como estão sendo realizados os cursos preparatórios de ATS® no Rio de Janeiro para a vinda de Carolena Nericcio em 2015 no Campo das Tribos. Já estamos na reta final, cobrimos todo o repertório de
passos do ATS®, treinamos todas as combinações possíveis de formações para
improvisação coordenada em grupo e tocamos snuj até ficarmos surdas (brincadeira)! Falamos bastante sobre nossas expectativas com o curso e
expliquei algumas dinâmicas que a Carolena usa nos cursos, falamos também sobre
dicas para um melhor aproveitamento e informações gerais. Expliquei também da
diferença cultural entre nós brasileiras e elas ( norte-americanas e latinas em
geral que estarão presentes) e como se portar da melhor forma possível para
promover integração e respeito com as colegas de dança e as instrutoras. Tem
sido muito bacana, acredito que será uma experiência inesquecível para elas,
assim como foi para mim.
BLOG: Em 2015, o Festival Campo das Tribos estará recebendo pela primeira vez no Brasil a criadora do ATS®, Carolena Nericcio. Além disso, será a primeira vez que teremos o TT e GS por aqui, possibilitando e facilitando a formação de mais sister studios brasileiros. Como estão os preparativos e expectativas para sua vinda? Podemos dizer que é um marco na história da cena tribal brasileira?
Sim, com certeza e por vários motivos: a ampliação do contingente de Sister Studios Nacionais, que ampliará o mercado e
trará mais conhecimento para mais estados brasileiros; a integração com a
comunidade latino-americana de ATS®, através da vinda das hermanas para cá; e
pela própria atenção da comunidade mundial que estará nos observando mais
intensamente a partir do momento que entramos na rota de workshops da Mama.
Tudo isso com certeza vai mudar nossa história para sempre!
BLOG: O quê você
mais gosta no tribal fusion?
A
oportunidade de criar uma forma muito pessoal para sua expressão como
artista/bailarina, e com a liberdade de incorporar elementos dos mais variados.
BLOG: O quê você
acha que falta à comunidade tribal?
Consciência do que
realmente quer dizer viver em uma tribo.
BLOG: Como você
descreveria seu estilo?
Tribal
simplesmente. Eclético, se isso é possível. Não tento me limitar a um
“estilo” fechado (novamente me pergunto se isso é possível em uma dança que já
é uma fusão). O que realmente me atrai não é o estilo de fusão em si, e sim o
que é dito através dele em uma performance.
BLOG: Como você se expressa na dança?
Da maneira mais
sincera possível; tento dançar o que eu sou e o que eu estou sentindo.
BLOG: Quais seus
projetos para 2015? E mais futuramente?
Fazer mais um curso
de aperfeiçoamento em Dança Oriental e trabalhar para aumentar a capacidade do
meu atelier.
BLOG: Improvisar
ou coreografar?E por quê?
Improvisar para
depois coreografar, se necessário. Improvisando me solto e crio; coreografando
eu condenso e aprimoro. Normalmente coreografo pouco por causa do ATS®, mas
gosto de me aventurar de vez em quando.
BLOG: Você
trabalha somente com dança?
Sim. Considerando que o atelier produz
basicamente para dança. Mas acredito que realmente trabalho com Arte.
BLOG: Deixe um
recado para os leitores do blog.
“Todos os dias
acontece algo que te ensina alguma coisa, esteja aberto para receber essas
lições.”