[Entrando na Roda] ATS® ou FCBD® Style? Uma experiência pessoal.

 por Natália Espinosa

Quando foi anunciada a mudança de nome do nosso estilo de improvisação coordenada, muitas pessoas (eu, inclusive) foram contra. É realmente muito complicado para nós, que estamos tentando viver do estilo, sustentar uma cena ainda muito recente, mostrar para nossas alunas e colegas novas o quanto vale a pena mergulhar nessa forma de dança, viver ao sabor das decisões da comunidade estadunidense, que funciona sob outras dinâmicas. Por ser uma dança vinda dos EUA, nossa comunidade brasileira, respeitosa, humilde e ainda insegura, sente que é preciso acatar tudo o que vem de lá, questionando apenas timidamente.

A verdade é que muitas de nós não recebemos essa notícia como algo positivo, seja por razões de mercado, seja por razões mais íntimas. De minha parte, eu me manifestei contrária à mudança por entender que o nome “tribal” é muito importante para entendermos as origens de nossa dança e o que estamos fazendo. A resposta de Carolena foi: “se a mudança ainda não funciona no seu contexto, você pode continuar usando o nome ATS e fazer a mudança no seu tempo”. Dessa forma, assim como algumas colegas, eu insisti no nome ATS. Mas uma conversa com minha professora Mariana Quadros me fez repensar esse nome por outra luz.

O nome American Tribal Style foi criado pela dançarina Morocco e descrevia essa nova forma de fazer dança do ventre que estava surgindo nos EUA. Antes do formato de Carolena se estabelecer e vir a ser a primeira forma de dança oficialmente chamada de Tribal, grupos que foram influenciados pelo Bal Anat de Jamila Salimpour se descreviam como “tribal”, “California tribal” ou “American tribal”. Não havia ainda a característica altiva e os braços fortes emprestados do flamenco ou a presença da influência das danças indianas no corpo das dançarinas, mas a estética dos figurinos e da disposição e desenhos de palco eram distintas do “cabaret belly dance”.

Ao final dos anos 80 e no início dos anos 90, as trupes de ex-alunas de Carolena e de pessoas influenciadas pelo FCBD também chamavam seu estilo de ATS, embora o formato de improvisação específico de cada grupo pudesse diferir do formato do FCBD. Como exemplos, podemos citar o BlackSheep Bellydance (antigo United We Dance) de Kajira Djoumahna e o Gypsy Caravan, de Paulette Rees-Denis. Foi apenas mais tarde, por volta dos anos 2000, que Carolena passou a expressar com mais intensidade seu desejo de que o nome ATS se referisse apenas ao seu formato, o que se consolidou com o registro do nome, e todas as trupes que dançavam um formato diferente do FCBD precisaram encontrar outro termo para definir seus trabalhos. O termo que acabou sendo abraçado pela comunidade foi ITS.


Levando esses pontos em consideração, tirando o protagonismo da polêmica em torno do nome “tribal”, realmente faz mais sentido nomear o formato do FCBD como “estilo FCBD®”. Porque é isso o que o formato é, e é esse estilo que é o mais disseminado no Brasil. Quase não conhecemos quem faça improvisação coordenada em grupo fora dos moldes do FCBD aqui em nosso país.

Entendo que o estilo feito pelo FCBD é parte do ATS, mas que nem todo ATS seria esse estilo, historicamente. Por isso resolvi adotar a mudança, embora ainda use a palavra “tribal” para definir a estilização de dança do ventre que pratico.

E você, aderiu à mudança ou não? Compartilhe suas ideias com a comunidade, é muito importante estabelecermos uma comunicação eficiente para que a cena brasileira cresça!

Beijinhos e até mês que vem!

 

*foi minha escolha não usar o ® em todas as vezes que os nomes ATS e FCBD apareceram.


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Entrando na Roda

Natália Espinosa (Campinas-SP) é dançarina e professora de Estilo Tribal de Dança do Ventre e ATS®.Tornou-se Sister Studio FCBD® em 2013 e está cursando o programa The 8 Elements™ de Rachel Brice. Natália orienta o Amora ATS ® e participa do TiNTí, grupo profissional de ATS® composto por sua professora Mariana Quadros e por Anna Pereira. Sua grande paixão é ensinar e seu palco é a sala de aula.  Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 


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