[Resenhando-CE] A dança ancestral dos ventres - Espetáculo Banat

 por Sarah Raquel

 Foto: Shaya Shandoval 

Em janeiro de 2020, aconteceu o Espetáculo Banat.

O Espaço Rayzel é composto por uma equipe de mulheres, que mergulharam profundamente na cultura árabe afim de encontrar facetas na mulher oriental e suas variadas expressões na dança. Arquétipos que se repetem em várias culturas, são estudados pelo viés da cultura árabe e o espetáculo tem a proposta de desvelar mistérios e alegorias que se construíram acerca da mulher do oriente.

Foto: Shaya Shandoval

Tive a oportunidade de participar neste espetáculo tão profundo e ao mesmo tempo simples, mergulhando no tempo e espaço, entre 6 histórias em ambientações e contextos diferentes, mas que compartilham em comum o protagonismo feminino. O elenco foi composto por dançarinas profissionais e amadoras com idades e biotipos diversificados.

A diretora e organizadora do espetáculo, Mel Rayzel (CE), sempre carrega ao palco muito além do estético com uma riqueza em cada detalhe, do figurino até a troca de iluminação no palco, trazendo uma sensibilidade no olhar ao representar cada arquétipo com muito cuidado.

Para quem gosta de conhecer mais sobre os processos, chamei à Mel Rayzel para contarmos um pouco sobre a montagem do espetáculo e seus desafios.

1- Porque “Banat” e qual a história da escolha do nome?

Mel Rayzel: Queríamos um nome dentro do idioma árabe, que tivesse um significado que dialogasse com o espetáculo envolvendo ancestralidade e heranças. Pesquisamos e fizemos uma lista de diversos nomes orientais, dentro deles estava Banat, que significa FILHAS. Foi unânime a escolha pois além de ser esteticamente bonito ele traz esse resgate ancestral.

Curiosidade sobre: o nome "banat" é bem presente na cultura Ghawazze. "Banat Mazin" é o nome de uma trupe de dançarinas ghawazzes, esse nome é bem presente na cultura.

2- Conta um pouco da sua fonte de estudos para montagem do Banat.

Mel Rayzel: O Banat é fruto de uma pesquisa de uma vida, surgiu de vários incômodos sobre como a imagem da dança do ventre é vinculada nas mídias e sobre essa tal "feminilidade" que tanto se associa a prática da dança do ventre. Desses incômodos surgiu a vontade de pesquisar outras histórias, pouco contadas, mas que são fundamentais para construção desse universo da dança do ventre/tribal que conhecemos hoje e adentrar em outras experiências corporais dentro do universo das danças orientais. Buscamos referência na história, na literatura, nas pesquisas acadêmicas, nos símbolos e espiritualidade, nas imagens (fotos, pinturas, desenhos) e nas nossas mestras (dançarinas que temos como guia e referência no estudo da dança e cultura oriental).

 

Foto: Shaya Shandoval

3- Por último, mas não menos importante: qual foi o maior desafio durante o processo do espetáculo?

Mel Rayzel: Tive três grandes desafios, que são bem comuns para quem organiza espetáculos:

A questão financeira.

Geralmente as pessoas que organizam eventos acabam arcando a maior parte dos custos, por não conseguir editais ou patrocínio. Acaba sendo necessário esse planejamento tanto da organização como das alunas envolvidas.

Sempre é um desafio, pois sempre queremos investir no melhor: em figurinos mais elaborados, equipamentos de projeções, iluminação melhores e entre outros. Mas trabalhamos no que dá dentro do nosso teto.

Pessoas na produção do espetáculo.

Por não termos patrocínio, trabalhamos dentro do que podemos dentro do nosso limite com nossas professoras do Espaço Rayzel, de forma mais equilibrada o possível. Acaba que além de dirigir, preciso coreografar e cuidar da montagem do palco. Mas ainda estamos aprendendo ao longo do caminho e quem sabe nos próximos, possamos otimizar nossos processos e até mesmo contratar pessoas para cada função.

 

Trabalhar um elenco grande de dançarinas de diversos níveis, de amadoras à profissionais.

É sempre um desafio ter o cuidado de elaborar coreografias e administrar os horários de ensaios do espetáculo diante da rotina das alunas. A proposta do espetáculo desde o começo foi trazer a diversidade de mulheres, corpos, idades e vivências diferentes, trazendo “um tempero à mais” ao espetáculo.

 

Para quem ficou mais interessado(a), um pouco do que aconteceu no Espetáculo Banat:

|Instagram do Espaço Rayzel| 


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Resenhando-CE


Sarah Raquel (Fortaleza-CE) iniciou os estudos em danças orientais com a dança do ventre em 2015 e logo se redescobriu na vertente dark fusion, para melhor se expressar dentro desse estilo buscou estudar tribal fusion e o dark fusion. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

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