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[Resenhando– AL] 2022 Começou com a 11ª UNIVERSIDANÇA UFAL

por Ana Clara Oliveira


Divulgação da 11ª Universidança UFAL

(Fonte: @universidancaufal)

 

Quando um ano se inicia é comum idealizarmos a nossa participação nas ações da comunidade de dança. No estado de Alagoas, essa imaginação foi logo concretizada entre os dias 07 e 11 de fevereiro pela 11ª Universidança – Semana Acadêmica do Curso de Licenciatura em Dança da UFAL, que devido a pandemia COVID-19 e de acordo com as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorreu no modo online através das plataformas virtuais e com inscrições pelo sistema UFAL SIGAA. É importante deixar claro que a Dança Tribal ou Dança do Ventre de Fusão em Alagoas está estreitamente relacionada ao âmbito acadêmico então, estreamos o ano de 2022 conforme zela a referida universidade nos tempos de hoje. 

Com suporte nisso, a matéria registra a participação do nosso estilo plural de dança nas seguintes atividades: palestra, oficina e apresentação coreográfica. Na tripla função de artista-professora-pesquisadora, desenvolvi as ações a partir do tema geral do evento “Diálogos Entrelaçados”


Divulgação da 11ª Universidança UFAL

(Fonte: @universidancaufal)


A palestra “Emancipação Feminina na Dança” que mediada por Bruna Oliveira, foi proferida na mesa redonda virtual por mim e pelas demais convidadas Nanna Buarque e Gabriela Buarque. No tempo de 30 minutos, cada convidada desenvolveu a partir do seu eixo teórico-metodológico a relação da Dança como promovedora de conhecimento e as perspectivas feministas. A minha exposição sobre o tribal esteve localizada nos estudos feministas decoloniais que por sua vez, são amplamente discutidos na minha pesquisa em andamento no Doutorado em Artes da Universidade Federal de Minas Gerais. Em seguida, tivemos um debate com os participantes e geramos considerações para o campo da Dança.


Mesa redonda na 11ª Universidança UFAL

(Fonte: @universidancaufal)


Na oficina “Dança do Ventre de Fusão (estilo Tribal)” identifiquei junto aos participantes alguns temas geradores através de perguntas disparadoras. Os temas inspirados nos ensinamentos do educador Paulo Freire nutriram a proposta de ensino do estilo tribal. A aplicação dos temas geradores aconteceu em diálogo com o repertório de movimentos do Tribal Fusion, especificadamente. 


Oficina na 11ª Universidança UFAL

(Fonte: @universidancaufal)


A participação artística do tribal se deu na reapresentação da coreografia “Caminhos”. Alguns de vocês já apreciaram no festival “Shamando as Tribos” – edição Nordeste da Shaman Tribal Co.

Mas, para revivermos o trabalho deixo o link diretamente do canal Universidança UFAL para vocês:


Ficha técnica da apresentação:


Improvisação: Ana Clara 

Imagens e montagem: Juliana Barreto 

Locação: Estação Jaraguá, Maceió (AL)

Música: Espumas ao vento 

Composição: Accioly Neto Intérpretes Luamarte


Com uma programação vasta, inteiramente gratuita e rica, a 11ª Universidança contou com oficinas, apresentações artísticas, palestras e comunicações orais. De antemão, não vou conseguir mencionar todos os convidados e participantes, mas com ternura afirmo que os seus trabalhos foram fundamentais para a promoção da Dança como campo de conhecimento. Cito alguns nomes: Isabelle Rocha, Vanilton Lakka, e Denis Angola. 

Agradeço a equipe do Universidança UFAL, em especial, a querida Isabelle Rocha, coordenadora do evento e também professora da Licenciatura em Dança UFAL. Parabéns Universidança! Parabéns UFAL pelo pioneirismo do Tribal na universidade brasileira!

Curtam, sigam e compartilhem @universidancaufal

Até a próxima!

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Resenhando-AL


Ana Clara Oliveira (Maceió-AL) é dançarina e pesquisadora do estilo Tribal de Dança do Ventre. Professora de Dança na Escola Técnica de Artes (UFAL). Doutoranda em Artes (UFMG) onde pesquisa a formação no Tribal. Mestrado em Dança (UFBA). Diretora da Zambak Cia de Dança Tribal ... Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >>

[Resenhando-AL] Tribal na 10ª Universidança UFAL

por Ana Clara Oliveira

Divulgação da 10ª Universidança UFAL
(Fonte: @universidancaufal)



A matéria apresenta a participação do estilo Tribal de Dança do Ventre ou Fusão Tribal (carinhosamente Tribal) no evento 10ª Universidança – Semana Acadêmica do Curso de Licenciatura em Dança da Universidade Federal de Alagoas, nos dias 02 a 09 de agosto de 2020. Na tripla função de artista-professora-pesquisadora, desenvolvi as seguintes ações no evento: comunicação oral; oficina e apresentação artística. 


Divulgação da 10ª Universidança UFAL
(Fonte: @universidancaufal)


Antes de discorrer sobre as minhas atividades, considero importante localizar brevemente a Universidança em 2020 para vocês: “criada em 2009, a Semana Acadêmica do Curso de Licenciatura em Dança – Universidança, é um evento anual de extensão para apresentar, divulgar e promover o Curso de Licenciatura em Dança da Universidade Federal de Alagoas” (UNIVERSIDANÇA, online). Na 10ª edição, devido a pandemia do COVID-19 e de acordo com as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o evento ocorreu de modo online através das plataformas virtuais e com inscrições pelo sistema UFAL SIGAA. 

Diante disso, o momento mais esperado. Afinal, nós atuamos no Tribal. E sabemos o quanto é importante ocupar todos os espaços com muita resistência, crítica e criatividade, inclusive na universidade pública (na coluna “Formação” posso desenvolver melhor esse aspecto). Como de costume, marco a presença do Tribal na Universidança. Para a edição 2020, desenvolvi a comunicação oral de 15 minutos intitulada “O Pós-colonial e o Decolonial no estilo Tribal de Dança do Ventre”, seguida de um debate onde os participantes inscritos no evento levantaram perguntas, provocações críticas e considerações relevantes. Abaixo, a divulgação:

Divulgação da 10ª Universidança UFAL
(Fonte: @universidancaufal)

Ofertei a oficina “Fundamentos do Tribal Fusion na formação do Artista da Dança”. Nela, atuantes do Tribal participaram na condição de estudante. Contudo, a atividade foi aberta ao público em geral, então é sempre uma grande responsabilidade ensinar nossa dança para pessoas que não necessariamente possuem um repertório de Tribal ou Dança do Ventre. Em razão disso, escolhi o tema dos fundamentos com o intuito de introduzir princípios das práticas, técnicas e improvisações do Tribal. Foram dias calorosos! Segue abaixo o card da oficina.

Divulgação da 10ª Universidança UFAL
(Fonte: @universidancaufal)


A participação artística se deu na reapresentação da coreografia “Em que tempo a sua dança está?” Alguns de vocês já apreciaram, porém deixo o link diretamente do canal Universidança UFAL para os que nunca viram:

Ah! Não esqueçam de curtir e se inscrever no referido canal. 

Para maiores informações sobre o processo de criação do solo, sugiro a matéria que elaborei no [Resenhando-AL] 1, 2, 3... Gravando! Um solo na Caravana Tribal Nordeste! É só clicar aqui: https://coletivotribal.blogspot.com/2021/04/resenhando-al-1-2-3-gravando-um-solo-na.html


Bem, com uma programação vasta, inteiramente gratuita e rica, a 10ª Universidança contou com oficinas, apresentações artísticas e comunicações orais de participantes das diferentes localidades brasileiras. De antemão, não vou conseguir mencionar todos os participantes e convidados, mas com ternura afirmo que os seus trabalhos foram fundamentais para a promoção da Dança como campo de conhecimento. Cito alguns nomes: Alexandre Américo, Helena Katz, Jurandir Bozo, Jessé Batista, Nanna Buarque, Mariana Camarote e Joyce Barbosa (convidadas, convidados e convidades da Universidança).

Finalizo a matéria com uma novidade: vem aí o 11ª Universidança UFAL! De 07 a 11 de fevereiro 2022. Salvem estas datas! Todas, todos e todes poderão participar. Não esqueçam: é GRATUITO. O regulamento se encontra aqui: https://linktr.ee/Universidanca .

Agradeço a equipe do Universidança UFAL, em especial, a querida colega Isabelle Rocha, coordenadora e também professora da Licenciatura em Dança UFAL. Parabéns pelo grandioso evento! “Simbora”!

Viva o Tribal!

Viva a Universidança UFAL!

Viva a universidade pública!

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Resenhando-AL


Ana Clara Oliveira (Maceió-AL) é dançarina e pesquisadora do estilo Tribal de Dança do Ventre. Professora de Dança na Escola Técnica de Artes (UFAL). Doutoranda em Artes (UFMG) onde pesquisa a formação no Tribal. Mestrado em Dança (UFBA). Diretora da Zambak Cia de Dança Tribal ... Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >>

[Resenhando-BA] Baladi Congress: O Evento que Projetou a Dança do Ventre da Bahia para o Brasil

 por Camila Saraiva

Cartazes de divulgação das edições de 2013, 2015, 2016, 2017 e 2018.
Fonte: Facebook Baladi Congress


Podemos afirmar que o Baladi Congress é atualmente o maior evento independente de dança do ventre da Bahia, e afirmo isso levando em conta tanto o alcance de público, quanto o destaque na mídia local, bem como a estrutura do evento e a quantidade de profissionais renomados no mercado que participam. O evento vem contribuindo significativamente com a formação de muitos profissionais e estudantes da dança do ventre no estado há dez anos, e é uma vivência intensa e intensiva que proporciona ao seu público uma imersão em um ambiente que transborda paixão pelas danças árabes. Contudo, arrisco dizer que uma das maiores conquistas do Baladi Congress foi projetar a dança do ventre da Bahia para o Brasil afora. 

Nós que atuamos com o estilo tribal, com as fusões, precisamos aproveitar eventos como esse como uma oportunidade de conhecer um pouco mais as danças árabes e o universo das danças do ventre, afinal de contas, as próprias criadoras do estilo tribal americano e do tribal fusion afirmam que são estilizações da dança do ventre. Defendo que uma boa base de dança do ventre, bem como o estudo das danças árabes, é fundamental para quem deseja estudar e atuar com as fusões tribais, até porque essa nomenclatura já está sendo abandonada e o termo Fusion Bellydance (dança do ventre de fusão) vem assegurando e reafirmando a dança do ventre como o centro dessa roda. 

O Baladi Congress (carinhosamente vou apelidar de BC) é realizado pelo Studio Dance Baladi, escola especializada em Danças Árabes e Danças de Salão, e aqui aproveito essa oportunidade para parabenizar a escola pelos seus dezoito anos de vida! A direção do Dance Baladi e do Baladi Congress é do casal Fernanda Guerreiro e André Uzêda.

Workshop com Lukas Oliver (São Paulo) em 2018.

O BC acontece todo ano em Salvador desde 2011, sempre no mês de agosto. Foram nove edições no total, a décima iria acontecer em 2020, mas por causa da pandemia essa edição especial precisou ser adiada. A décima edição já tem data marcada para 2022 e Fernanda Guerreiro adiantou em sua rede social que vai ser uma edição ainda mais especial! Será nos dias 05, 06 e 07 de agosto de 2022 no Quality Hotéis e Suítes São Salvador, e eu já estou me organizando para participar! Simbora?! Se você é também apaixonad@ por dança do ventre, é um evento imperdível, daqueles que recomendo ir pelo menos uma vez na vida para conhecer! Provavelmente depois da primeira vez que participar você vai querer ir de novo!

Fernanda Guerreiro explica que o objetivo, a proposta do evento, é proporcionar conhecimento através de workshops, palestras e cursos com grandes nomes nacionais e internacionais da dança; promover intercâmbio entre os participantes; dar visibilidade à novos talentos; promover momentos de interação e alegria aos participantes e elevar o nome da Bahia no cenário nacional. O evento tem um alcance de aproximadamente mil e quinhentas pessoas nos três dias e propõe em cada edição uma grade de aulas que agrada diferentes perfis e preferências, o que possibilita a participação de um público amplo, com interesses e estilos diversos. No quadro de professores, profissionais reconhecidos na Bahia, no Brasil e até mesmo no cenário internacional da dança do ventre já participaram do evento. O Baladi Congress ganhou duas vezes o prêmio Shimmie de melhor evento de dança do ventre do Brasil, reforçando e reconhecendo a proporção que o evento tomou, resultado do trabalho árduo, sério, competente e dedicado de toda uma equipe de realização e produção.

É uma grande responsabilidade, ao mesmo tempo que uma emoção falar do BC, porque é de fato um evento importante para a cena da dança do ventre na Bahia ao passo que é também um evento importante para mim. Participei da primeira edição do BC, em 2011, e de lá pra cá já participei de várias edições, sempre que posso me inscrevo, faço as aulas, assisto a mostra, o show, e fico babando na feira de exposição que, aliás, é um destaque do evento, oferecendo a oportunidade de adquirirmos itens de dança que dificilmente teríamos acesso. Para mim particularmente, o Baladi Congress é marcante, pois acontece no mês de agosto, que é o mês do meu aniversário e já me dei de presente diversas vezes o pacote de aulas e/ou até mesmo um figurino, um lenço, um véu da feira de exposição. São muitas lembranças de aniversários meus celebrados nesse evento... em uma certa edição um dos dias chegou a cair exatamente no dia do meu aniversário, lembro nitidamente da aula que fiz, foi com Ju Marconato!  O BC foi importante para a minha formação enquanto dançarina e professora de dança do ventre e fusões, mas não somente, nessa trajetória de dez anos fui observando o evento crescendo à medida também que eu fui amadurecendo enquanto profissional e enquanto mulher.

Workshop com Gamal Seif (Egito) em 2019."

E o BC cresceu muito, de maneira rápida! Quando perguntei à Fernanda Guerreiro sobre a evolução do evento, ela me respondeu: “O Baladi cresceu rapidamente e além de qualquer expectativa esperada. Acredito que pela qualidade do evento e pela organização (ouvimos muito isso do nosso público). O Baladi também traz muitos diferenciais do que existe no mercado... preparamos sempre muitas surpresas que acontecem durante todo o Congresso, temos dois estilos específicos e distintos (Danças Árabes e Salão) mas que se complementam (normalmente os eventos com essas modalidades acontecem separadamente), festas cheias de alegria e interação do público.

Falando um pouco da configuração do evento, o BC é um megaevento com vários eventos dentro dele, ao longo dos três dias acontecem workshops, palestras, dois shows, dois bailes, sendo um à fantasia (o Baladi Fantasy), feira de exposição e ainda, um flashmob de dança do ventre que é um show a céu aberto! Para esse evento acontecer é necessário de fato uma organização afiada, e esse é um dos trunfos do BC! Com inúmeros fãs declarados pelo Brasil, o público cativo reconhece a competência e a seriedade da produção, e seus admiradores estão espalhados por todas as regiões do país. O Baladi Congress é uma referência de evento independente de dança do ventre que deu certo e se consolidou no mercado nacional da dança.

Flashmob de Dança do Ventre em 2019.

Foram tantos profissionais renomados que passaram pelo BC ao longo dessas nove edições que eu precisaria escrever um texto à parte para dar conta de mencionar os diversos mestres e mestras da dança do ventre e fusões que ministraram workshops, palestras e dançaram no palco do Baladi Congress. Com todo cuidado e respeito do mundo, vou citar alguns nomes, já de antemão dizendo que muitos profissionais incríveis participaram do evento e não vou conseguir mencionar todes, então meu recorte será com base em minha experiência. Tive a oportunidade de fazer aula no BC com mestres e mestras como Gamal Seif, Lulu Sabongi, Esmeralda, Mahaila El Helwa, Ju Marconato, Kahina, Elis Pinheiro, Dani Nur, Cris Azevêdo, Lis de Castro, Pâmela Cruz, Fernanda Guerreiro....Pude assistir belíssimas apresentações desses professores e professoras e mais tantas danças que levaram ao palco das mostras e dos shows seus estudos e seus trabalhos com aquele entusiasmo de estarem dançando para um público que está ali porque quer muito, porque ama. Essa energia é inexplicável, uma vibração diferente fica no ar quando um evento reúne tantas pessoas que amam dança do ventre, e é isso que o Baladi Congress faz, agrega pessoas diversas com essa paixão em comum.

Como sempre venho afirmando nessa coluna, não é tarefa fácil realizar eventos independentes de dança no Brasil, ainda mais no momento extremamente difícil que estamos (so)brevivendo, com um governo que desqualifica a arte e a cultura sem um mínimo de vergonha.

Convidados do Baladi Congress Dança do Ventre

2019 no Show de Gala.Todas as imagens foram cedidas pela produção.


Então registro aqui, como rito obrigatório nos meus textos, a minha reverência, respeito e admiração ao Baladi Congress por se sustentar e apoiar tantos e tantas profissionais da dança do ventre, fusões e da dança de salão, mesmo diante de adversidades e dificuldades. Quando perguntei como tinha sido ficar sem realizar o BC em 2020 e 2021 por causa da pandemia, Fernanda respondeu: “Foi bem difícil, mas mediante tudo que estava acontecendo no mundo foi a decisão mais acertada. De forma presencial seria uma irresponsabilidade realizar qualquer evento mediante uma pandemia. Optamos em não realizar nem no formato online porque o Baladi é feito de momentos de muita interação do público, uma verdadeira aglomeração de alegria e muita troca, e vimos que o formato online não teria a essência do Baladi Congress.”.

Deixo registrado também meu apoio e admiração por essa decisão e pelo posicionamento firme e sim, politizado, de Fernanda Guerreiro diante da pandemia e dos absurdos do governo atual no Brasil. É preciso ter coragem para se posicionar, para deixar os interesses pessoais de lado e pensar no coletivo, para viver profissionalmente de dança, e ainda mais, de dança do ventre, no Nordeste. A minha reverência à Fernanda e ao seu trabalho que há mais de vinte anos é realizado em Salvador com a dança do ventre. Para finalizar esse texto, deixo as palavras de Fernanda sobre o que é o Baladi Congress para ela: “O Baladi é a realização de um grande sonho de viabilizar conhecimento e trazer visibilidade para a nossa Bahia. Quando comecei a viajar levando minha dança Brasil afora, costumava ouvir bastante a seguinte frase: “Não sabia que tinha Dança do Ventre na Bahia”. Foi algo que me impulsionou ainda mais para tirar esse sonho do papel e mostrar os talentos da nossa terra, assim como a qualidade na produção de eventos.  O Baladi se tornou um filho de uma história de amor e entrega à Dança.”.


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Resenhando-BA


Camila Saraiva (Salvador-BA) é artista da dança, baiana, LGBTQ+. Dançarina, professora e pesquisadora das danças dos ventres e suas fusões na contemporaneidade, com graduação e pós-graduação em Dança na UFBA. Atualmente é doutoranda em Dança pelo PPGDANÇA/UFBA e pesquisa a relação entre danças dos ventres, orientalismo, feminismos e estudos de gênero e sexualidade, numa perspectiva contemporânea.

[Resenhando-BA] Ousadia, Jogo de Cintura e Pé no Chão: Festival Bailares em Feira de Santana

por Camila Saraiva

Repare, se você não conhece o Festival Bailares, pegue a visão! Pense em um projeto corajoso, ousado e revolucionário. Quem conhece o Bailares sabe do que eu tô falando! O Bailares foi idealizado e é produzido pela Trupe Mandhala - grupo de dança étnica contemporânea composto por Andrea Farias, Antonia Lyara, Mary Figuerêdo e Viviane Macedo - com o intuito de incentivar o desenvolvimento das artes na cidade de Feira de Santa – BA. Essas mulheres feirenses retadas fazem acontecer esse grande evento, totalmente gratuito, que envolve em média quinhentas pessoas desde 2012. O festival traz a dança como linguagem primordial, propondo um espaço democrático e motivador da cultura e da cidadania.  Mobilizando artistas e amantes da dança locais, mas também de outras cidades, estados e até mesmo de outras regiões, contribui com a divulgação da dança na cidade e com o envolvimento da comunidade no circuito artístico. Com uma programação de cair o queixo, o Bailares reúne workshops, shows, mostras, palestras, rodas de conversa, vivências, exposições, e campanhas de doações em um só evento! Diga aí se a Trupe Mandhala não joga duro?! Passou batido ou você tá ligad@ que eu falei que o festival é inteiramente gratuito? Pois não durma no ponto, temos muito o que aprender com essas moças que com muito profissionalismo, competência, dedicação, talento e amor realizam um festival de dança que é um exemplo de resistência para nós artistes.



Imagem de divulgação do evento, cedida pela produção.


A cidade de Feira de Santana fica a apenas 115 km de Salvador, em média 1 hora e 30 minutos de carro, porém essa distância é muito maior do que menos de 2 horas de estrada para quem deseja acessar o que uma capital promove no campo da arte e no circuito cultural. Foi com o desejo de facilitar o acesso a eventos culturais e difundir a dança em Feira que a Trupe Mandhala idealizou o Bailares. Com o propósito de união da classe artista, aproximando amantes da dança, a Trupe acredita que todes devem ter o direito de aprender com diferentes profissionais da dança e que artistes diversos precisam de espaço para divulgarem seus trabalhos e terem seus talentos reconhecidos. Para que esse sonho pudesse se concretizar as moças da trupe precisaram ter muito jogo de cintura, afinal não é tarefa fácil conseguir financiamento para realizar um festival de dança, ainda mais em uma cidade do interior. Mas, com o pé no chão, elas conseguiram realizar quatro edições do festival, todas gratuitas, com captação de recursos via patrocínio, através de políticas públicas e privadas. O Bailares foi contemplado por três editais públicos de fomento à cultura e um edital privado também de incentivo à cultura. 


Cartaz de divulgação da primeira edição do Festival Bailares, em 2012. Cedida pela produção.

A produção do Bailares é de tirar o chapéu, reúne artistes não apenas da dança do ventre, do estilo tribal e do fusion bellydance, mas também profissionais de outras linguagens e técnicas de dança. O evento agrega diversos outros estilos e modalidades, como por exemplo dança de salão, dança afro, dança contemporânea, dança moderna, danças populares regionais, danças urbanas, swing baiano, dentre outras. Como já deu pra perceber, a programação de cada edição contou com uma grade bem diversificada de profissionais, os workshops tiveram temas variados, contemplando gostos, aptidões e interesses diferentes. Essa característica de ser um festival democrático, que preza pela diversidade, união e reconhecimento de diferentes estilos e artistes, proporciona à todes os participantes, seja estudante, público, plateia, dançarin@, professor@, uma experiência super rica. E não é só “gogó”, não é da boca pra fora, o Bailares é um evento múltiplo, que respeita e apoia a diversidade. Ao longo dessas quatro edições, que aconteceram em 2012, 2014, 2018 e 2021, ocorreram workshops de dança do ventre, tribal fusion, indian fusion, tribal brasil, tribal ragga jam, tribal afro urbano, popping no tribal fusion, flamenco árabe, waack fusion, vogue, stiletto, twerk, dança afro, kuduro, pagotech, street jazz, balé, dança moderna, dança contemporânea, dança de salão, quizomba, zouk, expressão corporal, condicionamento físico para dançarinos e etc. Pire aí com tantos estilos variados! É um ambiente muito propício para experimentar possibilidades de fusões com dança do ventre! Pra quem curte fusões, hibridações, contaminações, influências de outras danças, vivenciar um evento como esse é um grande laboratório. Em outras palavras, é babado!


Programação da segunda edição do Festival Bailares, em 2014. Cedida pela produção.

Só pra você não ficar por fora, dá um saque em alguns nomes de artistes da dança do ventre e fusion que passaram por essas quatro edições do Bailares dando aulas e/ou dançando: Fernanda Guerreiro, Angela Cheirosa, Janah Ferreira, Bela Saffe, Joline Andrade, Kilma Farias, Lukas Oliver, Caique Melo, Mel Brevilliere, Gilmara Cruz, Mitsuyana Matsuno, Sidinha Damasceno, Heron dos Anjos, Verônica Vanessa, Priscila Sodré, Camila Saraiva, Lais Amorim, Jessie Raidah, Raíssa Medeiros e a Trupe Mandhala, que além de produzir o festival, oferece aulas e prepara performances para os shows e mostras. Foram tantos profissionais incríveis que participaram do festival nesses anos que não daria para citar todes, listei aqui apenas alguns da dança do ventre e fusões, mas você pode conferir mais informações, bem como os temas das aulas e as apresentações ao final desse texto nas referências.

 

E falando em ser um evento múltiplo, vou largar o doce, eu mesma nunca vi um festival gratuito na nossa área com tantas atividades diferentes. Entre 2012 e 2021 (no formato online), já rolaram palestras, rodas de conversa, oficinas, workshops, shows, mostras, exposições e até campanhas para arrecadação de alimentos e de apoio a abrigos de animais. O Bailares vem ocupando diferentes espaços na cidade, teatros diversos e outros equipamentos culturais como o MAC – Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira com palestra sobre Empoderamento Feminino com Angela Cheirosa e roda de conversa sobre Políticas Públicas voltadas para a Dança. Ocupou também lugares como o CRAS - Centro de Referência em Assistência Social de Feira de Santana, com vivências em dança do ventre em duas edições, uma com Mel Brevilliere e outra com Angela Cheirosa

 

Cartaz de divulgação da terceira edição do Festival Bailares, em 2018. Cedida pela produção.


 

Além dos shows e mostras específicas de cada edição, o festival também recebeu espetáculos que foram apresentados para toda a comunidade gratuitamente dentro da programação. O Balé do Teatro Castro Alves – BTCA (Salvador-BA) apresentou o espetáculo Delirium na segunda edição do festival. Em 2014 o Bailares também recebeu o espetáculo Feminino Plural da artista Kilma Farias (João Pessoa-PB). Na terceira edição, em 2018, o evento recebeu o espetáculo Cy Deusas da Própria História, dirigido pela artista Antonia Lyara, integrante da Trupe. Massa né? Essas moças brocam!

 

A edição mais recente do Festival Bailares foi em 2021, e por causa da pandemia do Covid-19 foi em um formato totalmente online. Os workshops aconteceram via plataforma Zoom e as apresentações do show e da mostra foram transmitidas ao vivo pelo Youtube. Você pode assistir a todas as performances dessa quarta edição no canal do Youtube Trupe Mandhala Oficial, bem como outros registros e vídeos na íntegra de performances de outras edições. Não deixe de acompanhar as redes sociais da Trupe e do Bailares no Instagram e no Facebook e fique por dentro, apoie e valorize iniciativas brilhantes como essa do festival. Veja também algumas divulgações nas mídias locais nas referências desse texto. Não dê mole, na próxima edição chegue junto e participe! Namoral, se eu fosse você, eu não perdia mais nenhuma edição! Falo por experiência própria, participei das duas últimas edições, conheço o trabalho da Trupe e fecho com elas, recomendo com orgulho! Elas me conquistaram desde a primeira vez que as assisti dançando, fiquei encantada. O apelido da cidade de Feira de Santana é “Princesa do Sertão”, e a Trupe Mandhala é majestade na produção cultural da cidade, merece toda a reverência. 

 

Cartaz de divulgação da quarta edição do Festival Bailares, em 2021 (Online). Cedida pela produção.

 

 

Referências:

 

http://bailaresfsa.blogspot.com.br/

Matéria TV UEFS: https://www.youtube.com/watch?v=8akEmIogS80

@bailaresfestival

@trupemandhalaoficial

Facebook Bailares

Canal do Youtube Trupe Mandhala Oficial

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Resenhando-BA


Camila Saraiva (Salvador-BA) é artista da dança, baiana, LGBTQ+. Dançarina, professora e pesquisadora das danças dos ventres e suas fusões na contemporaneidade, com graduação e pós-graduação em Dança na UFBA. Atualmente é doutoranda em Dança pelo PPGDANÇA/UFBA e pesquisa a relação entre danças dos ventres, orientalismo, feminismos e estudos de gênero e sexualidade, numa perspectiva contemporânea.


[Resenhando-AL] Cia Lunay (PB): Uma Inspiração para a Cena Tribal Alagoana

por Ana Clara Oliveira

Yolanda Cavalcante, Veronica Alves e Kilma Farias | Fonte: acervo Cia Lunay


O presente texto apresenta a Cia Lunay (PB) como uma das fontes inspiradoras para o estilo tribal de dança do ventre em Alagoas. Sem dúvida, esta matéria se fundamenta pelo grandioso trabalho artístico-educacional sistematizado e disseminado pela Cia Lunay ao longo da história do estilo no Brasil. Embora a coluna se dedique aos eventos em Alagoas, necessito expressar o quanto admiramos e respeitamos a Cia Lunay que tanto nos surpreende com brilhantes acontecimentos.

Em razão disso, este grupo profissional paraibano tornou-se um excelente entusiasmo e uma fragrância criativa que impulsionou muitos dos trabalhos artísticos da Zambak Cia de Dança Tribal (AL), a qual participo na condição de diretora. Por tantas vezes, a aproximação do tribal de Alagoas com a Cia Lunay aconteceu por contemplação e também pelos estudos teóricos/práticos promovidos pelo grupo da Paraíba nos eventos do nordeste brasileiro. Em outros momentos, a proximidade respeitosa brotou como desejo sincero da profissionalização do tribal em grupo no chão alagoano, uma vez que a Cia Lunay é referência nas investigações artísticas no campo das fusões. Por último, a conexão se deu como potência constituinte de promoção do tribal, principalmente, na fusão de matrizes afrobrasileiras e populares, que também são elementos de interesse da cena tribal alagoana. Por todos esses fatos, a Cia Lunay é uma grande inspiração para Alagoas e certamente, para todo o Brasil. 

Em face do exposto, transporto vocês para a obra da Cia Lunay intitulada Infinitudes (2020), que realizada com recursos da lei Emergencial Cultural Aldir Blanc se consolida como um gigantesco e inovador trabalho de dança em tempos tão sombrios. Infinitudes que recebeu apoio da Secretaria de Estado Cultura/Governo do Estado da Paraíba, Edital Fernanda Benvenutty, possui a seguinte ficha técnica:

Bailarinas

Kilma Farias

Veronica Alves

Yolanda Cavalcante

Imagens e Direção de Fotografia

Mano de Carvalho

Direção geral e Edição de imagens

Kilma Farias


Músicas

Amor Tropical – Cassicobra

Tinaja Dub – Cassicobra

Cobra 0.9 – Cassicobra


O Peso do Meu Coração

Autores: Castello Branco/Tomas Troia

Editora: Deck


Infinitudes Cia Lunay | Fonte: acervo Cia Lunay


Em diálogo com a bailarina da Cia Lunay, Kilma Farias, obtive acesso aos dados específicos da obra de dança Infinitudes que possui aproximadamente vinte e seis minutos:


Extravasar os limites do dentro e do fora, de si e do outro e transbordar nossos corpos em movimento: essa é a poética de Infinitudes. A Cia Lunay traz uma reflexão em vídeo do isolamento gerado pela pandemia. As imagens dançam o quanto isso nos fez olhar para dentro e perceber que para além das 4 paredes, somos seres infinitos, imensos. Essa infinitude se torna ainda maior quando a união é entre mulheres que possuem laços profundos de amizade através da Dança. (LUNAY, CIA, 2020, on-line)


A bailarina Kilma Farias, conta que o objetivo desse trabalho artístico é discutir e, paralelamente, transformar em imagens poéticas a condição que foi estabelecida pela pandemia e isolamento social, tendo como base a relação de afetividade entre as mulheres. De acordo com a bailarina, devido ao fato da Cia Lunay possuir 17 anos de existência ininterruptos, presenciais e de muita produção em dança nos teatros e na natureza, o grupo esbarrou no desafio de conviver sem a presença física. Tal obstáculo veio carregado de situações específicas nas quais uma bailarina passou a necessitar do amparo da outra para sobreviver aos tempos de dor, medo e insegurança coletiva. Então, as três artistas decidiram “quebrar” o isolamento social para o cuidado umas com as outras, inclusive partilhando fisicamente das noites mais difíceis. 


Yolanda Cavalcante, Veronica Alves e Kilma Farias | Fonte: acervo Cia Lunay



Nesse momento, as artistas perceberam que olhando para dentro, ou seja, transportando para um mergulho interior e para as relações estabelecidas antes da pandemia, o isolamento se tornava ilusório, pois sentiam as suas fragilidades e suas potências, isto é, estavam acompanhadas de si e do outro. Dessa forma, descobriram que existe apenas o isolamento físico, pois somos parte da natureza, transbordamos, atravessamos, penetramos pelos afetos... somos infinitos... infinitudes. Kilma Farias conta que a materialidade ou o mundo imanente vem de algo maior que é a subjetividade e o mundo transcendente. Justamente por esses aspectos que a obra faz a sua narrativa.


Kilma Farias | Fonte: acervo Cia Lunay



As referências utilizadas para Infinitudes foram o método de estudo do movimento desenvolvido por Rudolf von Laban e o trabalho significativo da Pina Bausch. Igualmente, foi desenvolvida uma pesquisa autoral do estilo tribal Brasil que propõe uma tradução cultural de diversas danças do feminino desde as estéticas e poéticas da dança do ventre até as danças indianas, o flamenco, as danças que abordam arquétipos de deusas e simbologias sagradas. Assim, Infinitudes reverbera o trabalho do corpo cotidiano experienciado na pandemia através do repertório do estilo tribal brasil, utilizando as qualidades/dinâmicas e fatores de movimento Laban e, as inspirações estéticas de Dança-Teatro de Pina Bausch.


Yolanda Cavalcante | Fonte: acervo Cia Lunay

 

Sugiro fortemente a apreciação da obra completa disponível no canal YouTube Núcleo de Danças Kilma Farias. Para finalizar, destaco alguns aspectos que convocam a atenção: os véus vermelhos, os vestidos esvoaçantes, o vento, o mar, a falésia, o sol, o chão duro, os movimentos sinuosos, o gesto cotidiano autêntico, as cadeiras e bancos vermelhos, os pés descalços, a mala preta, as direções espaciais, o guarda-chuva preto, as pausas, os giros, as pontuações e os bloqueios com as partes corporais, as figuras com os braços, os tempos súbitos da corporalidade, a fluência livre e contida, o figurino preto e justo no corpo, a repetição específica como invenção no que se deseja evidenciar, os cabelos soltos, a iluminação no feminino como nos quadris, pernas, ventre, cabelo e face.


Outros elementos como: o dançar com os objetos cênicos, as ações corporais básicas, o silêncio e as cenas distintas que somam um todo semiótico criativo; um entendimento sobre o tempo, os elementos de matrizes afrobrasileiras e populares que reverenciam a fusão brasil e os aspectos de danças modernas/contemporâneas que se mesclam com os repertórios do estilo; o sentir, o tocar, o amparar, os cuidados, a solidão, o isolamento e o desejo do reencontro; a musicalidade múltipla, o entrelaçamento dos corpos femininos, a atmosfera de união e de bálsamo; os diversos ângulos e edições poéticas dos repertórios específicos do estilo de fusão que permitem ao espectador sulear novos rumos inspiradores para a pluralidade do corpo brasileiro que dança e do tribal no Brasil. 


Agradeço a Cia Lunay pela partilha da obra Infinitudes, por motivar sonhos tanto na cena tribal em Alagoas como também em todo o território brasileiro e, especialmente, por ser resistência da classe trabalhadora artística. Espero que Infinitudes possa aquecer o coração de vocês. Reflitam e desfrutem carinhosamente dessa obra maravilhosa.


Referência

LUNAY, CIA. Infinitudes. On-line, 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=elIWKu37i3c. Acesso em 22 de jun. 2021.


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Resenhando-AL


Ana Clara Oliveira (Maceió-AL) é dançarina e pesquisadora do estilo Tribal de Dança do Ventre. Professora de Dança na Escola Técnica de Artes (UFAL). Doutoranda em Artes (UFMG) onde pesquisa a formação no Tribal. Mestrado em Dança (UFBA). Diretora da Zambak Cia de Dança Tribal ... Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >>

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