[Resenhando-SP] O tribal em prol da causa animal.

por Irene Rachel Patelli


No dia trinta de setembro ocorreu o evento, na Vila Guilherme – SP, chamado AADC – Amigos dos Animais Dançam e Cantam, onde artistas se apresentam em prol da causa animal. Nele são recebidas doações de ração, remédios, materiais de limpeza e muito mais, que após o evento são repassados a cuidadoras como Vanessa Lovecats e a senhora Márcia, que são pessoas que sozinhas cuidam de mais de 100 animais entre gatos e cachorros.


Como nós sabemos, infelizmente ainda temos muitos animais sofrendo nas ruas. Mas essas pessoas se esforçam ao máximo para dar uma vida decente para esses seres inocentes que por vários motivos acabam indo parar nas ruas ou sofrendo maus tratos dentro do próprio lar.


As cuidadoras se doam de corpo e alma para esses pequenos e muitas vezes acabam em situação financeira desfavorável, pois os animais chegam machucados e doentes em sua maioria e precisam de cuidados veterinários que não são baratos.

Este evento vem para mostrar essa realidade e fazer as pessoas entenderem que, com um pouquinho de cada um de nós, podemos fazer muito. Cada saco de ração, cada remédio já ajuda e muito as cuidadoras. Não é preciso ser rica para ajudar aos animais e nem é preciso ter espaço em casa para adotar vários como é o problema da maioria das pessoas.



E em prol dessa causa já passaram pelo AADC várias apresentações de tribal fusion, dark fusion e ATS, com grupos como a primeira formação do grupo Romany de ATS, o grupo Ptah Tribe - Tribal e Dark Fusion com uma coreografia muito divertida, a dupla Jade Chrystal Jaci e Barbara Pelais, o grupo Sisterhood Project ATS que tem marcado presença já em algumas edições.


O evento é aberto a todo o tipo de arte como danças de todos os estilos, música, poesias, etc. Tudo que venha agregar a arte em favor dos pets.


Sisterhood Project ATS
Ptah Tribe – Tribal e Dark fusion
Jade Chrystal Jaci e Barbara Pelais



Para conhecer o projeto, ver mais fotos e vídeos ou até mesmo ajudar, segue a página do facebook:


Inclusive o AADC foi para a TV divulgar o trabalho com os pets e levou o tribal, sim, teve tribal fusion na TV Destaque no Programa Conexão Mulher onde a apresentadora Mhel Lancelotti amadrinhou a última edição desse ano de 2018.



Vídeo com a entrevista e danças:




[Folclore em Foco] Leitura Musical para ATS® - Parte 4

por Nadja El Balady– FatChance BellyDance Sister Studio


SOLOS DE PERCUSSÃO

Solos de percussão são músicas que são compostas para instrumentos percussivos e são tocadas exclusivamente com eles. Os arranjos podem ser feitos para diversos instrumentos, mas em geral temos um tambor líder, que nas músicas árabes ou turcas é conhecido como derbake ou darbuka ou tabla, podendo este ser o único instrumento da composição musical.

Solos de percussão são muito tradicionais em países de cultura árabe e turca. É muito comum encontrar este tipo de música em rotinas de shows de dançarinas de dança do ventre. Sendo a dança do ventre uma das influências primordiais do estilo tribal, naturalmente os solos de percussão foram incorporados ao leque de opções musicais para ATS® e Tribal Fusion.

Solos de percussão basicamente são compostos por ritmos e floreios em arranjos musicais que tendem a se repetir em contagem par. Por exemplo: Determinado ritmo será tocado por 8 compassos ou determinada frase será repetida 4 vezes.

Vejamos este exemplo da faixa “Drum Solo”, composto por Tobias Roberson, que você pode encontrar nos discos “Muse Melodic” e “Beginner’s Guide to BellyDance vol2”.


Nos primeiros 64 tempos (33 segundos) temos 3 arranjos percussivos diferentes. Cada arranjo significa uma frase musical com duração de 8 tempos cada. Elas se repetem, às vezes modificando a finalização. Após estes 64 tempos iniciais temos a entrada de um ritmo árabe, cujo compasso se conta de 2 em 2 tempos (2/2) que é o ritmo Soud. Este ritmo é a base para a próxima frase que acontece em 8 tempos e se repete em mais 8, totalizando 16. A partir daí o ritmo de base muda para o ritmo Malfuf (ou Laff), que também é um 2/2 e permanece como base de diversos arranjos até o final da música.

A primeira coisa que a dançarina de ATS® deve reconhecer no solo de percussão é quais momentos ela pode ler como rápidos ou lentos (ou dramatic slow, eventualmente).
Esta tarefa será simples nos momentos em que a música tem a base tocada com ritmos árabes, pois baseado no estudo dos ritmos você vai saber definir esta diferença tranquilamente.

As apostilas 1 e 2 de leitura musical para ATS® tem todas as dicas para você diferenciar lentos de rápidos baseado no tempo de contagem dos compassos e no andamento em que os ritmos são tocados. ( Clique para acessar o conteúdo: Apostila 1 | Apostila 2)

Veja neste vídeo da Sister Studio Mariana Esther, a mudança precisa entre lentos e rápidos de acordo com a mudança dos ritmos árabes tocados pelo derbakista George Mouzayek. Perceba que ele começa lento com o ritmo Tchifititelli (ou Wahda wo noz) e em 1:04 muda para Said, quando as dançarinas mudam a leitura para rápido.



Se a leitura para a base rítmica é fácil de identificar, por outro lado, nos momentos em que temos apenas arranjos percussivos ou rush, você precisará usar a sua sensibilidade para definir caso a caso se a leitura será lenta ou rápida.

Rush – Vibração veloz feita com os dedos sobre o instrumento de percussão, resultando em um tremido sonoro que causa a sensação de suspense. Usado antes de viradas impactantes ou finalização de músicas.


A leitura do momento rush da música poderá ser feita com shimmies, lentos ou giros, dependendo de como o arranjo musical é feito e do que vem antes ou depois deste momento, na intenção de criar contrastes.

No mesmo vídeo postado à cima, em 5:23 vemos as dançarinas dançando o rush com movimentos lentos e bem no finalzinho da apresentação, fazendo um círculo com o braço para indicar o final.

Neste outro vídeo, do grupo FatChance BellyDance, vemos uma leitura de rush diferente em 1:36: O rush está sendo tocado por cima de uma base rítmica e a dançarina líder começa a leitura com movimentos rápidos pequenos como Shoulder Shimmie Combo e Pivot Bump e em 1:51 muda para movimentos lentos, quando temos uma mudança na intenção em que o rimo de base é tocado, criando um contraste e preparando para o próximo momento da música.



Para a leitura de arranjos, de frases musicais, suas variações e repetições, você vai precisar avaliar o solo como um todo. Perceber quantas repetições de cada frase, onde a música pede mais impacto visual na movimentação, onde acelera, onde ralenta, onde você pode criar contrastes.

Faça um mapeamento do seu solo e conte quantas vezes cada frase se repete, a partir daí pense que movimentos ou combinações de movimentos podem combinar com as frases e suas transições.

Vamos pegar como exemplo este vídeo do Fat Chance BellyDance de 2016, a partir de 9:22, onde começa o solo de percussão:




Vejamos o mapeamento do primeiro minuto de música e as escolhas de leitura destas dançarinas que claramente estudaram a música muito bem:

1 - Ritmo Bambi tocado por 16 vezes. Ritmo 4/4 - 64 tempos.
Nas 8 primeiras repetições do ritmo (32 tempos) elas giram em roda, nas próximas 8 repetições fazem Turkish Shimmie.

2 - Entra ritmo fallahi com arranjo percussivo de 8 tempos, tocado por 4 vezes – 32 tempos
As dançarinas escolhem Chico Passing que se encaixa perfeitamente nos 32 tempos e tem a energia do arranjo.

3 - Ritmo fallahi, com arranjo percussivo trabalhado nos floreios em 8 tempos, tocado por 4 vezes – 32 tempos
Dançarinas escolhem fazer por duas vezes o Shoulder Shimmie Combo (descendo na repetição) para leitura dos floreios.

4 - Ritmo fallahi, porém com ênfase na batida forte no primeiro e terceiro tempos, tocado por 4 vezes – 32 tempos
Dançarinas escolhem Egyptian Basic, Calibrated Spins e Arabic with a Double Turn.

Da forma como fizeram a leitura, as transições foram precisas e as intenções da música foram muito bem representadas.

Um solo de derbake bem dançado prende a atenção do público e tem um impacto positivo na apresentação de ATS®, porém fazer escolhas interessantes sem se atrapalhar na leitura pede que as dançarinas conheçam muito bem a música e tenham bastante agilidade.
Tome cuidado para a leitura não ficar linear, parecendo que a música não proporciona variações.

Se for a primeira vez que você e seu grupo vão apresentar determinado solo, permita-se coreografar, se achar que é preciso, para ter a estrutura da música bem estudada e garantir que o resultado será satisfatório. O melhor é deixar para improvisar aquelas músicas que vocês já conhecem muito bem e quando as dançarinas já estão bem seguras dos movimentos e da agilidade para fazer as transições sem se preocupar.


Confira as demais partes da apostila:





[Venenum Saltationes] A Dança & O Tarot – A Imperatriz

por Hölle Carogne 

Naissance de Venus - Alexandre Cabanel

93!

Nesta edição falaremos sobre o Arcano III ~ "A de muitos tronos, muitas disposições, muitas manhas, filha de Zeus."

A Imperatriz representa o verbo, o ternário, a plenitude, a natureza, a fecundidade, a geração nos três mundos. É o arcano da Magia Sagrada, instrumento do poder divino. É o símbolo da palavra e representa o envoltório material do corpo, seus órgãos e suas funções. O filósofo Ouspensky a imaginou repousando sobre um trono de luz, bela e fecunda, em meio à interminável primavera.

A Imperatriz é a ligação entre o Pai e a Mãe. O número III simboliza a síntese criativa e a perfeição: o elemento que está subjetivo neste arcano é a água. Como Mãe ela é a doadora da vida e em seus braços ela demonstra o amor maternal protegendo e cuidando daquilo que pensa que é a sua necessidade. É a mulher arquetípica, a derradeira expressão do que é feminino, sendo receptiva e magnética. É a Grande Mãe Criadora, poderosa, fértil e equilibrada, determinada e de um amor sutil. Estamos diante de Vênus em seus mais variados aspectos, de Urania a Pornós. O Caminho Cabalístico que percorremos neste Arcano une Chokmah a Binah, a Sabedoria à Compreensão (se descendente) e a Compreensão à Sabedoria (se ascendente). A letra hebraica correspondente é Daleth, “a porta”.
Austin Osman Spare

 
Símbolos:
  • Caminho da Árvore da Vida – De Chokmah a Binah.
  • Letra Hebraica – Daleth (porta).
  • Valor – 4.
  • Tattwa – Água e fogo.
  • Planeta – Vênus.
  • Lótus Azul – Santo Graal (Polaridade Masculina e Feminina, Sol e Lua).
  • As Duas Luas – Dualidade necessária.
  • Lua Crescente – Eva.
  • Lua Minguante – Lilith.
  • Cinturão – Zodíaco.
  • Cisne – Símbolo da Grande Mãe.
  • Escudo – Simboliza o Poder.
  • Águia de Duas Cabeças – Exacerbação de Poder.
  • A Lua atrás da Águia – A Polaridade Feminina.
  • A Pomba – Vênus.
  • O Pardal – Símbolo Fálico.
  • Chamas azuis abaixo da Pomba – O Fluxo Menstrual.
  • As abaixo do Pardal – O Glúten ou a secreção feminina normal.
  • Posição da Esquerda, como se segurasse uma criança – Os Projetos e pensamentos mais importantes.
  • Flor de Lis – Símbolo da Abelha, é uma referência ao produto que alimenta a Rainha: a Geleia Real.
  • Portal – Fertilidade e a passagem para Daäth.
  • Coroa com Orbe – Que possui poderosa capacidade de uso da mente.
  • Rosa Mística abaixo dos Pés – Símbolo do Graal, que a Imperatriz é a Suprema Guardiã.


Representação:


Marselha: Uma mulher loira, sentada em um trono, com uma coroa, um escudo com uma águia dourada na mão direita e um cetro na mão esquerda. Está sentada, com as pernas afastadas e os pés ocultos pela túnica. No ângulo inferior esquerdo da estampa cresce uma planta. A Imperatriz e a águia olham para a esquerda.

Marselha
Rider-Waite: Uma figura majestosa, sentada, com ricas vestes e um aspecto real, como a filha do céu e da terra. Sua coroa é de doze* estrelas reunidas em grupos. O símbolo de Vênus está sobre o escudo perto dela. Um milharal* está em amadurecimento à sua frente e além dela uma corrente de água. O cetro que ela segura é coroado pelo globo terrestre. Ela é a parte inferior do Jardim do Éden, o paraíso terrestre, tudo o que é simbolizado pela casa visível do homem.

Curiosidade: Há quem diga que ela está grávida, uma vez que em algumas versões da carta, dentro do escudo em formato de coração está o símbolo do feminino.

*referência aos 12 signos do zodíaco.

*no texto do Waite usa-se “milharal” (um possível erro de tradução), mas parecem trigos, que representam a fertilidade.

‎‎Rider-Waite

Thoth: Ela representa uma mulher com coroa e trajes imperiais sentada a um trono, cujas colunas de apoio sugerem colunas azuis torcidas, simbolizadoras de seu nascimento da água, o feminino, o elemento fluído. Em sua mão direita ela segura o lótus de Ísis, o lótus representando o feminino ou o poder passivo; suas raízes estão na terra sob a água, ou na própria água, mas ele abre suas pétalas para o Sol cuja imagem é o bojo do cálice. É, portanto, uma figura viva do Cálice Sagrado (O Santo Graal) santificada pelo sangue do Sol. Empoleirados nas colunas de apoio em forma de chama de seu trono estão duas de suas aves mais sagradas, o pardal e a pomba. Há abelhas sobre seu manto e também dominós, circundado por linhas espirais contínuas. A significação é similar em toda parte. Em torno dela, como um cinto, se acha o Zodíaco.

Sob o trono há um piso coberto de tapeçaria bordada com flores-de-lis e peixes, os quais parecem estar adornando a Rosa Secreta, que é mostrada à base do trono.

A heráldica da Imperatriz é dupla: de um lado o Pelicano da tradição alimentando seus filhotes do sangue de seu próprio coração, do outro, a Águia Branca do Alquimista.

Ao fundo da carta está o Arco ou Porta, que é a interpretação da letra Daleth. Esta carta, em síntese, pode ser denominada Porta do Céu.

‎Thoth Tarot

 
Shadowscapes: Presa ao seu corpo como uma criança, ela segura uma cesta de recompensas/frutos da terra. Frutas e feixes de trigo e flores gloriosas. Ela é a essência primordial e encarnação da vida e está profundamente ligada à natureza. Coroada de hera, ela está entrelaçada em roupas das cores do mundo ao seu redor.

‎Stephanie Pui-Mun Law


Estrutura Mística:
  • Posição normal: inteligência, compreensão, influência benéfica, gravidez, receptividade.
  • Posição invertida: indecisão, falta de clareza, frivolidade, esterilidade, incapacidade de criar coisas concretas.
  • Sentido geral: crescimento, nascimento do novo, gravidez, ritmos e forças da natureza.
  • Sentido espiritual: percepção da multiplicidade.
  • Símbolo: A águia dourada representa a força espiritual.
  • Arquétipo: A mãe.
  • Objetivo: Preservar a vida.


Interpretações usuais na cartomancia:
Sabedoria, discernimento, idealismo, influência solar intelectual, gravidez, criatividade, sucesso, compreensão, inteligência, instrução, encanto, amabilidade, elegância, distinção, cortesia, domínio do espírito, abundância, riqueza.

  • Mental: Penetração na matéria por meio do conhecimento das coisas práticas. Os problemas vêm à tona e podem ser reconhecidos.
  • Emocional: Capacidade para penetrar na alma dos seres. Pensamento fecundo e criador.
  • Físico: Esperança, equilíbrio. Soluciona os problemas. Renova e melhora as situações. Poder contínuo e irresistível nas ações.
  • Desafios e sombra: Desavenças, discussões em todos os planos. As coisas se embaralham e ficam confusas. Atraso na realização de um acontecimento que, no entanto, ocorrerá.
  • Afetação, pose, vaidade, presunção, desdém.
  • Futilidade, luxo, prodigalidade. Deixa-se levar pelas adulações, falta de refinamento, modos de novo-rico.


Trabalhos relacionados à dança:

1) Empress por Anandha Ray:

‎Tribal Secrets Tarot

Card do Tribal Secrets Tarot Deck de Anandha Ray, com a bailarina Sedona Soulfire.

Considerações: Confesso que fiquei extremamente impressionada com este card da Anandha! É maravilhoso!
Certamente inspirado no Rider Waite, uma vez que a bailarina, além de ser loira, veste túnica branca, está coroada e segura com a mão direita o cetro (que inclusive se parece muito com o de Waite e com o de Marselha também, ambos com cores amareladas, porém, no lugar do globo e da cruz, fogo!). Ela também segura flores brancas na mão esquerda.

Uma das partes mais incríveis da arte da Anandha são as romãs que estão ao lado da bailarina, uma forte alusão às romãs da túnica da Imperatriz no Rider-Waite.
Achei uma excelente interpretação, cheia de simbolismos e muito bonita!

  
2)The Empress por Rachel Brice:

Datura Tarot

Datura Tarot

Rachel tem duas versões da Imperatriz no Datura Tarot. Ambas extremamente ricas em símbolos, como sempre.

Considerações:Na primeira, uma deusa de pedra está em meio à uma plantação de trigos, símbolo da fertilidade e, assim, profundamente relacionada com o papel da Imperatriz. Símbolo usado também no card do Rider-Waite. Ela já parece estar coroada (em sua forma natural: de pedra), mas também possui flores de ambos os lados da cabeça, fazendo com que a coroa fique mais visível e com um ar bem tribal.
Na segunda, minha preferida (não esteticamente, mas simbolicamente), uma mulher está em meio à Natureza, ao seu lado corre um rio, como nas cartas de Waite e Crowley. Ela segura um objeto que não consegui identificar, mas que pode ser um cetro. Os trigos também aparecem nesta versão, na parte inferior da figura. O símbolo do feminino está “tatuado” em seu braço. Ela usa uma coroa, formada por 11 estrelas e um outro símbolo = 12 (signos do zodíaco), contendo este outro símbolo 12 “pétalas”. Seu colar é o sistema solar (o sol e 8 planetas = 9, que também pode remeter ao tempo de uma gestação). Simbologia incrível! Estou fascinada!


  
3) The Empress por Njordarien do Tarot Noir:

O Tarot Noir é um projeto de Moscow (Rússia). 

Njordarien




Considerações: A fotografia da esquerda é belíssima, entretanto, não vejo absolutamente nada que remeta ao Arcano. Já nas fotografias da direita e no vídeo, a bailarina usa um manto e uma coroa, símbolos da Imperatriz! A coreografia, com movimentos graciosos e posturas elegantes reforça a ideia de realeza do personagem. Uma bela apresentação.



4) Solo The Empress, de Lisa Zahiya, no House of Tarot de Zoe Jakes:
Conforme informação do vídeo, trata-se de um trabalho do House of Tarot Asheville, uma colaboração entre Lisa Zahiya e Zoe Jakes. Inspirado pela Imperatriz no Thoth Deck.


Considerações: A bailarina veste branco, uma das cores usadas pelos tradicionais (o Waite, por exemplo). Ela está coroada, como convém. O trabalho coreográfico é bastante delicado e feminino, atributos que com certeza remetem ao Arcano III. A parte mais interessante, na minha opinião, é que ela inicia a coreografia com as mãos na barriga, parecendo estar grávida. Ele repete este ato no meio da coreografia também. Achei tudo muito bom! E finalmente, achei um vídeo solo do House Of Tarot, com indicação do Arcano.

5) Outros:
Vídeos de bellydance inspirados na “Imperatriz”, porém, sem nenhuma referência à simbologia da carta, ao meu ver.




Lembrem-se: Se souberem de algum trabalho envolvendo os Arcanos enviem para mim!

Até a próxima!

93,93/93

Bibliografia:
  • Antigo Tarô de Marselha – Nicolas Conver;
  • O Livro de Thoth – Aleister Crowley;
  • O Tarot Universal de Rider Waite;
  • Clube do Tarô;
  • Ocultura;
  • Agradecimentos especiais à Marina Segalla, que enviou a carta e o texto do Shadowscapes.


[Folclore em Foco] Leitura Musical para ATS® - Parte 3

por Nadja El Balady– FatChance BellyDance Sister Studio


DRAMATIC SLOW
Dramatic slow (lento dramático) é uma expressão criada dentro do American Tribal Style® para designar um tipo de leitura musical para circunstâncias diferentes: Leitura de ritmos em 3, 6 tempos e leitura de ritmos em contagem ímpar.

Inicialmente, o ritmo de contagem 6 (conhecidos como 6/8) de origem norte africana era dançado com movimentos “rápidos”, bem como as próprias danças populares das tribos desta região fazem. As músicas berberes e beduínas que usam este tipo de padrão rítmico têm a percussão forte e com muitos instrumentos. A dança é naturalmente muito marcada com movimentos de quadril impactantes como twists e shimmies, redondos e encaixes de bacia. Dentro da linguagem ATS®, usava-se movimentos “rápidos”, mas apenas com contagem em 2 tempos como arabic, shimmie, reach and sit, single bump, pivot bump... Evitando os movimentos com contagem 4 (como egyptian ou Turkish Shimmie) para não atravessar as freses musicais e estar sempre em harmonia com a música.

Posteriormente, após diversas experimentações, esta possibilidade de ler o padrão de 6 tempos com movimentos “lentos” surgiu como uma opção criativa e como recurso cênico de grande impacto para as apresentações de ATS®, onde o coro permanece tocando snujs no padrão “morrocan six” e as pessoas no “feauture” usam os movimentos “lentos” para as dinâmicas da performance.

No “feature” a leitura será feita com movimentos da família dos “lentos”, mas respeitando o andamento mais acelerado em que as músicas são tocadas. É comum que precisemos adaptar um passo que tenha combinações maiores de movimento em vários compassos. Dificilmente vamos conseguir adaptar um Wrap Around Turn em um compasso de 6, por exemplo. É possível que tenhamos que quebrar o passo em 2, 3 ou 4 compassos.

Observe neste vídeo das Sisters Studio Collective no ATS® Reunion de 2018, a partir de 4:58, como elas fazem, uma a uma, a leitura do ritmo em 6 tempos. Alguns passos mais curtos são feitos em 2 compassos, passos mais longos em 3 ou 4 compassos. Temos um Barrel Turn, Loco Camel, e Pulse Turn em 2 compassos cada, Wrap Around em 4 compassos, depois outro Barrel Turn em 3 compassos, Reverse Taxeem usando um compasso para cada lateral, Camel Walk em 2 compassos, e Wrap Around em 2 compassos.


Tendo a contagem em 6 tempos, você vai adaptar movimentos pequenos em 3 ou 6 tempos, os passos grandes em 6, 12 ou 18 tempos, sempre respeitando o que te pede a melodia. A escolha é sempre sua.

Da mesma forma como você estudou os movimentos em ritmos de 8 tempos, exercite seus movimentos lentos nesta nova contagem. Veja estes vídeos de experimentações alongando ou acelerando os movimentos dentro do padrão de 6 tempos:



A música “Beto Baharon” gravada pelo grupo Helm, usa base rítmica em 3 tempos. Da mesma forma que a contagem em 6, a contagem em 3 vai se desmembrar em 3, 6, 9, 12 e assim por diante. A leitura será muito parecida com a da contagem em 6 tempos, alongando ou encurtando os movimentos de acordo com o que pede a melodia.


Vamos ver agora uma nova possibilidade com um ritmo de contagem ímpar. Nesta música “9/4 the ladies” do grupo Balkan Beat Box, encontramos um padrão de contagem 9 (4 +5). Este padrão é usado na Grécia, na Turquia e em outros países daquela região mediterrânea. Dependendo da região, o nome de ritmo é diferente, mas vamos utilizar o nome “Aksak” turco. A contagem em 9 é uma contagem muito veloz. Para efeitos de dança, vamos ficar loucas se tentarmos contar e dançar ao mesmo tempo os 9 tempos de forma corrida. Existe, porém, uma outra maneira de contar este ritmo, (funcional apenas para efeitos de dança, não de contagem musical oficial) que nos facilita compreender início, meio e fim do compasso, que é a contagem 1-2-3-1-2. Veja como a leitura musical dramatic slow pode se aplicar neste tipo de contagem:


Experimente. Dance em diversas músicas diferentes, de maneiras diferentes. Procure estudar e compreender a música que você usa como ferramenta para dançar. “Know your music” (conheça a sua música), dizem nossas mestras. Principalmente se for uma música étnica, procure saber de onde ela vem, como é dançada em sua cultura de origem. Procure saber os nomes dos ritmos, quais são os instrumentos melódicos que são usados, em que época foi composta.

Faça o mapeamento da sua música, buscando perceber de quantos em quantos compassos temos transições entre instrumentos, em quantos tempos são feitos os arranjos, em que momento você pode ter movimentos “lentos” ou “rápidos”, movimentos mais ou menos impactantes.

Quanto mais você conhecer, mais elementos terá para expressar esta música na escolha dos movimentos, na escolha dos acessórios do seu figurino, na sua interpretação. Quanto mais você conhecer, mais interessante será a sua apresentação para o público.

Esta apostila não busca ditar regras, apenas convidar a dançarina de American Tribal Style® a se aprofundar e a conhecer melhor a música. Aqui tenho expresso meus parâmetros pessoais para desenvolvimento da minha musicalidade. Veja se você compreende e concorda com estes parâmetros, se eles fazem sentido e podem se aplicar ao seu método pessoal de interpretar a música.

A leitura musical é onde reside a arte da dança, o processo artístico pessoal. No final, quem escolhe como irá dançar, é mesmo você.



LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...