[Folclore em Foco] Leitura Musical para ATS® - Parte 4

por Nadja El Balady– FatChance BellyDance Sister Studio


SOLOS DE PERCUSSÃO

Solos de percussão são músicas que são compostas para instrumentos percussivos e são tocadas exclusivamente com eles. Os arranjos podem ser feitos para diversos instrumentos, mas em geral temos um tambor líder, que nas músicas árabes ou turcas é conhecido como derbake ou darbuka ou tabla, podendo este ser o único instrumento da composição musical.

Solos de percussão são muito tradicionais em países de cultura árabe e turca. É muito comum encontrar este tipo de música em rotinas de shows de dançarinas de dança do ventre. Sendo a dança do ventre uma das influências primordiais do estilo tribal, naturalmente os solos de percussão foram incorporados ao leque de opções musicais para ATS® e Tribal Fusion.

Solos de percussão basicamente são compostos por ritmos e floreios em arranjos musicais que tendem a se repetir em contagem par. Por exemplo: Determinado ritmo será tocado por 8 compassos ou determinada frase será repetida 4 vezes.

Vejamos este exemplo da faixa “Drum Solo”, composto por Tobias Roberson, que você pode encontrar nos discos “Muse Melodic” e “Beginner’s Guide to BellyDance vol2”.


Nos primeiros 64 tempos (33 segundos) temos 3 arranjos percussivos diferentes. Cada arranjo significa uma frase musical com duração de 8 tempos cada. Elas se repetem, às vezes modificando a finalização. Após estes 64 tempos iniciais temos a entrada de um ritmo árabe, cujo compasso se conta de 2 em 2 tempos (2/2) que é o ritmo Soud. Este ritmo é a base para a próxima frase que acontece em 8 tempos e se repete em mais 8, totalizando 16. A partir daí o ritmo de base muda para o ritmo Malfuf (ou Laff), que também é um 2/2 e permanece como base de diversos arranjos até o final da música.

A primeira coisa que a dançarina de ATS® deve reconhecer no solo de percussão é quais momentos ela pode ler como rápidos ou lentos (ou dramatic slow, eventualmente).
Esta tarefa será simples nos momentos em que a música tem a base tocada com ritmos árabes, pois baseado no estudo dos ritmos você vai saber definir esta diferença tranquilamente.

As apostilas 1 e 2 de leitura musical para ATS® tem todas as dicas para você diferenciar lentos de rápidos baseado no tempo de contagem dos compassos e no andamento em que os ritmos são tocados. ( Clique para acessar o conteúdo: Apostila 1 | Apostila 2)

Veja neste vídeo da Sister Studio Mariana Esther, a mudança precisa entre lentos e rápidos de acordo com a mudança dos ritmos árabes tocados pelo derbakista George Mouzayek. Perceba que ele começa lento com o ritmo Tchifititelli (ou Wahda wo noz) e em 1:04 muda para Said, quando as dançarinas mudam a leitura para rápido.



Se a leitura para a base rítmica é fácil de identificar, por outro lado, nos momentos em que temos apenas arranjos percussivos ou rush, você precisará usar a sua sensibilidade para definir caso a caso se a leitura será lenta ou rápida.

Rush – Vibração veloz feita com os dedos sobre o instrumento de percussão, resultando em um tremido sonoro que causa a sensação de suspense. Usado antes de viradas impactantes ou finalização de músicas.


A leitura do momento rush da música poderá ser feita com shimmies, lentos ou giros, dependendo de como o arranjo musical é feito e do que vem antes ou depois deste momento, na intenção de criar contrastes.

No mesmo vídeo postado à cima, em 5:23 vemos as dançarinas dançando o rush com movimentos lentos e bem no finalzinho da apresentação, fazendo um círculo com o braço para indicar o final.

Neste outro vídeo, do grupo FatChance BellyDance, vemos uma leitura de rush diferente em 1:36: O rush está sendo tocado por cima de uma base rítmica e a dançarina líder começa a leitura com movimentos rápidos pequenos como Shoulder Shimmie Combo e Pivot Bump e em 1:51 muda para movimentos lentos, quando temos uma mudança na intenção em que o rimo de base é tocado, criando um contraste e preparando para o próximo momento da música.



Para a leitura de arranjos, de frases musicais, suas variações e repetições, você vai precisar avaliar o solo como um todo. Perceber quantas repetições de cada frase, onde a música pede mais impacto visual na movimentação, onde acelera, onde ralenta, onde você pode criar contrastes.

Faça um mapeamento do seu solo e conte quantas vezes cada frase se repete, a partir daí pense que movimentos ou combinações de movimentos podem combinar com as frases e suas transições.

Vamos pegar como exemplo este vídeo do Fat Chance BellyDance de 2016, a partir de 9:22, onde começa o solo de percussão:




Vejamos o mapeamento do primeiro minuto de música e as escolhas de leitura destas dançarinas que claramente estudaram a música muito bem:

1 - Ritmo Bambi tocado por 16 vezes. Ritmo 4/4 - 64 tempos.
Nas 8 primeiras repetições do ritmo (32 tempos) elas giram em roda, nas próximas 8 repetições fazem Turkish Shimmie.

2 - Entra ritmo fallahi com arranjo percussivo de 8 tempos, tocado por 4 vezes – 32 tempos
As dançarinas escolhem Chico Passing que se encaixa perfeitamente nos 32 tempos e tem a energia do arranjo.

3 - Ritmo fallahi, com arranjo percussivo trabalhado nos floreios em 8 tempos, tocado por 4 vezes – 32 tempos
Dançarinas escolhem fazer por duas vezes o Shoulder Shimmie Combo (descendo na repetição) para leitura dos floreios.

4 - Ritmo fallahi, porém com ênfase na batida forte no primeiro e terceiro tempos, tocado por 4 vezes – 32 tempos
Dançarinas escolhem Egyptian Basic, Calibrated Spins e Arabic with a Double Turn.

Da forma como fizeram a leitura, as transições foram precisas e as intenções da música foram muito bem representadas.

Um solo de derbake bem dançado prende a atenção do público e tem um impacto positivo na apresentação de ATS®, porém fazer escolhas interessantes sem se atrapalhar na leitura pede que as dançarinas conheçam muito bem a música e tenham bastante agilidade.
Tome cuidado para a leitura não ficar linear, parecendo que a música não proporciona variações.

Se for a primeira vez que você e seu grupo vão apresentar determinado solo, permita-se coreografar, se achar que é preciso, para ter a estrutura da música bem estudada e garantir que o resultado será satisfatório. O melhor é deixar para improvisar aquelas músicas que vocês já conhecem muito bem e quando as dançarinas já estão bem seguras dos movimentos e da agilidade para fazer as transições sem se preocupar.


Confira as demais partes da apostila:





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