[Folclore em Foco] Leitura Musical para ATS® - Parte 3

por Nadja El Balady– FatChance BellyDance Sister Studio


DRAMATIC SLOW
Dramatic slow (lento dramático) é uma expressão criada dentro do American Tribal Style® para designar um tipo de leitura musical para circunstâncias diferentes: Leitura de ritmos em 3, 6 tempos e leitura de ritmos em contagem ímpar.

Inicialmente, o ritmo de contagem 6 (conhecidos como 6/8) de origem norte africana era dançado com movimentos “rápidos”, bem como as próprias danças populares das tribos desta região fazem. As músicas berberes e beduínas que usam este tipo de padrão rítmico têm a percussão forte e com muitos instrumentos. A dança é naturalmente muito marcada com movimentos de quadril impactantes como twists e shimmies, redondos e encaixes de bacia. Dentro da linguagem ATS®, usava-se movimentos “rápidos”, mas apenas com contagem em 2 tempos como arabic, shimmie, reach and sit, single bump, pivot bump... Evitando os movimentos com contagem 4 (como egyptian ou Turkish Shimmie) para não atravessar as freses musicais e estar sempre em harmonia com a música.

Posteriormente, após diversas experimentações, esta possibilidade de ler o padrão de 6 tempos com movimentos “lentos” surgiu como uma opção criativa e como recurso cênico de grande impacto para as apresentações de ATS®, onde o coro permanece tocando snujs no padrão “morrocan six” e as pessoas no “feauture” usam os movimentos “lentos” para as dinâmicas da performance.

No “feature” a leitura será feita com movimentos da família dos “lentos”, mas respeitando o andamento mais acelerado em que as músicas são tocadas. É comum que precisemos adaptar um passo que tenha combinações maiores de movimento em vários compassos. Dificilmente vamos conseguir adaptar um Wrap Around Turn em um compasso de 6, por exemplo. É possível que tenhamos que quebrar o passo em 2, 3 ou 4 compassos.

Observe neste vídeo das Sisters Studio Collective no ATS® Reunion de 2018, a partir de 4:58, como elas fazem, uma a uma, a leitura do ritmo em 6 tempos. Alguns passos mais curtos são feitos em 2 compassos, passos mais longos em 3 ou 4 compassos. Temos um Barrel Turn, Loco Camel, e Pulse Turn em 2 compassos cada, Wrap Around em 4 compassos, depois outro Barrel Turn em 3 compassos, Reverse Taxeem usando um compasso para cada lateral, Camel Walk em 2 compassos, e Wrap Around em 2 compassos.


Tendo a contagem em 6 tempos, você vai adaptar movimentos pequenos em 3 ou 6 tempos, os passos grandes em 6, 12 ou 18 tempos, sempre respeitando o que te pede a melodia. A escolha é sempre sua.

Da mesma forma como você estudou os movimentos em ritmos de 8 tempos, exercite seus movimentos lentos nesta nova contagem. Veja estes vídeos de experimentações alongando ou acelerando os movimentos dentro do padrão de 6 tempos:



A música “Beto Baharon” gravada pelo grupo Helm, usa base rítmica em 3 tempos. Da mesma forma que a contagem em 6, a contagem em 3 vai se desmembrar em 3, 6, 9, 12 e assim por diante. A leitura será muito parecida com a da contagem em 6 tempos, alongando ou encurtando os movimentos de acordo com o que pede a melodia.


Vamos ver agora uma nova possibilidade com um ritmo de contagem ímpar. Nesta música “9/4 the ladies” do grupo Balkan Beat Box, encontramos um padrão de contagem 9 (4 +5). Este padrão é usado na Grécia, na Turquia e em outros países daquela região mediterrânea. Dependendo da região, o nome de ritmo é diferente, mas vamos utilizar o nome “Aksak” turco. A contagem em 9 é uma contagem muito veloz. Para efeitos de dança, vamos ficar loucas se tentarmos contar e dançar ao mesmo tempo os 9 tempos de forma corrida. Existe, porém, uma outra maneira de contar este ritmo, (funcional apenas para efeitos de dança, não de contagem musical oficial) que nos facilita compreender início, meio e fim do compasso, que é a contagem 1-2-3-1-2. Veja como a leitura musical dramatic slow pode se aplicar neste tipo de contagem:


Experimente. Dance em diversas músicas diferentes, de maneiras diferentes. Procure estudar e compreender a música que você usa como ferramenta para dançar. “Know your music” (conheça a sua música), dizem nossas mestras. Principalmente se for uma música étnica, procure saber de onde ela vem, como é dançada em sua cultura de origem. Procure saber os nomes dos ritmos, quais são os instrumentos melódicos que são usados, em que época foi composta.

Faça o mapeamento da sua música, buscando perceber de quantos em quantos compassos temos transições entre instrumentos, em quantos tempos são feitos os arranjos, em que momento você pode ter movimentos “lentos” ou “rápidos”, movimentos mais ou menos impactantes.

Quanto mais você conhecer, mais elementos terá para expressar esta música na escolha dos movimentos, na escolha dos acessórios do seu figurino, na sua interpretação. Quanto mais você conhecer, mais interessante será a sua apresentação para o público.

Esta apostila não busca ditar regras, apenas convidar a dançarina de American Tribal Style® a se aprofundar e a conhecer melhor a música. Aqui tenho expresso meus parâmetros pessoais para desenvolvimento da minha musicalidade. Veja se você compreende e concorda com estes parâmetros, se eles fazem sentido e podem se aplicar ao seu método pessoal de interpretar a música.

A leitura musical é onde reside a arte da dança, o processo artístico pessoal. No final, quem escolhe como irá dançar, é mesmo você.



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