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[Campo em Cena] Além das fronteiras: O Tribal e outros espaços.

por Thaisa Martins



 Uma coisa que sempre me chamou a atenção foi a ampla aceitação que o Tribal tem quando vai para espaços outros que não os seus de costume. Seja dentro das escolas, em feiras temáticas, nas ruas e parques, em eventos universitários, mostras artísticas e etc. No artigo deste mês, propomos refletir sobre a relevância de expandirmos nossa presença em diferentes espaços artísticos e culturais tanto para formação de público quanto para a manutenção da cena. 


Quando  iniciei meus estudos acadêmicos em dança, me ressentia por não encontrar colegas de classe e professores que conhecessem a modalidade Tribal Fusion. Sempre que eu me apresentava e dizia a modalidade que eu estudava sempre ouvia aquela fatídica pergunta  “Tribal o que? Não conheço!”. Aos poucos, fui apresentando a dança para as pessoas mais próximas, levando amigas para dançar comigo em eventos na universidade, até que finalmente consegui produzir eventos totalmente dedicados ao Tribal dentro da UFRJ e fui selecionada para dar aulas da modalidade no ComuniDança-UFRJ, um dos maiores projetos de extensão universitário da Dança na UFRJ, no qual dei aula para mais de 60 pessoas por semestre. Essa experiência me evidenciou o interesse que o Tribal Fusion desperta nas pessoas, independente da idade ou sexo. 

Encontro de Dança Tribal UFRJ - agosto/2019

Seja pela indumentária, pelas músicas, pela atitude no palco ou pelos movimentos, sempre que eu dançava recebia muitos comentários de interesse em saber mais sobre aquilo que eu tinha apresentado. Certa vez, fui com o projeto ComuniDança-UFRJ numa escola pública na região do Jacaré (comunidade da zona norte do Rio de Janeiro) para dar aulas de Tribal para os adolescentes. Além do Tribal, também foram professores das modalidades de Hip Hop e Contemporâneo. Chegando na escola, separaram para nossa atividade um pequeno espaço no pátio e ficamos aguardando os alunos saírem para o intervalo. Na hora do Tribal, havia uma desconfiança no ar, os adolescentes estavam ansiosos para o Hip Hop mas não tinham muito interesse “nesse negócio aí que ninguém sabe o que é”. Quando soltei a música, um super “batidão” do Tribal, os alunos foram chegando mais perto e assim que a aula começou muitos se juntaram para participar. Eu havia criado uma sequência simples de isolamentos e, no final, foi um sucesso! Os alunos ficaram maravilhados e quando acabou nosso tempo não queriam ir embora. Lembro que haviam algumas meninas mais tímidas que não se juntaram à prática, mas que ficavam sentadas acompanhando atentas às explicações. Essa foi uma experiência que me marcou muito, pois pude perceber a potência do trabalho corporal que o Tribal pode desenvolver dentro das escolas.


Ação ComuniDança na Escola Estadual Luiz Carlos da Vila outubro/2018


Outra experiência inesquecível foi quando viajei com um outro projeto da universidade para dar aula e dançar Tribal no interior do ES numa escola de artes da região. Foram 2 dias de evento e a aula de Tribal concorria a atenção com aulas de Balé, Contemporâneo, Hip Hop, Experimental, Vogue e muito mais. Mais uma vez, passei por aquele momento  de explicar às pessoas o que era a modalidade e o que esperar da aula para despertar algum interesse na comunidade. Muitos compraram a ideia de “ver o que é isso aí". No dia, encontrei corpos super dispostos e curiosos, que nunca tinham ouvido falar da dança mas que se jogavam e sentiam seus corpos movendo de formas que nunca haviam experimentado. Essa foi uma das melhores trocas em sala de aula que já tive na minha vida. Na apresentação, foi a indumentária que mais cativou o público. Aquela mulher no palco, vestida de uma forma que eles nunca haviam visto antes, era algo que chamava a atenção. Lembro que havia uma menina de uns 9 anos, a única criança que fez a minha aula e que, quando me viu toda montada no dia da apresentação, ficou me seguindo e me encarando com um olhar de surpresa e admiração. Quando saí do palco, ela veio até a mim, me abraçou, pediu para tirar uma foto e disse que quando ela crescesse queria dançar assim, igual a mim.

Apresentação “Deus é uma Mulher” em São Mateus-ES no 5o UniversiEncontro de Dança CarioXaba abril/2019 - Foto: Wagner Cria


Essas são só algumas das experiências que tive com o Tribal fora do nosso próprio nicho, fora dos festivais e mostras de escolas de Tribal. Trago estes exemplos para evidenciar dois pontos. O primeiro, a ideia de formação de público e  segundo, que está intrinsecamente conectado com a formação de público, que é a manutenção da cena.    


Formação de público e a manutenção da cena 


Esse assunto eu já toquei, brevemente, em outros artigos desta coluna, mas acho importante continuar conversando sobre ele. Pierre Bourdieu e outros autores desenvolveram a ideia do sistema de relações sociais que compõem o campo da cultura (BOURDIEU, 1974), evidenciando como o consumo de capital cultural influencia nas escolhas, e até mesmo no sucesso, do indivíduo em sua carreira. Partindo desse, e de outros autores, a formação de público é uma questão de estudo que impacta diretamente o campo de produção cultural e, logicamente, afeta o campo da Dança. 


A formação de público vai muito além de questões quantitativas, ou seja, não é o “quantos ingressos eu vou vender” que é mais relevante, mas sim o qualitativo, o “quem são as pessoas que estão consumindo o meu espetáculo?”. A principal diferença da formação de público é que o produtor cultural deve buscar conhecer o seu público alvo (aquele que eu estou direcionando a minha ação), desde questões espaciais (de que localidade da cidade vem o meu público? Há fácil acesso para transporte público? e etc), sociais (esse é público especializado? tenho uma classe social específica que quero atingir com essa ação?) e outros. Cada uma dessas perguntas são importantes para você direcionar os esforços de produção e divulgação do trabalho.


Esse tipo de reflexão está totalmente conectado com a manutenção e expansão da cena. O que já diagnosticamos anteriormente é que a cena Tribal é mantida, principalmente, pelas pessoas que já estão inseridas nela, muitas vezes são as próprias profissionais que consomem e sustentam a cena. Nossos eventos são basicamente voltados para o ensino da modalidade. Com a situação pandêmica, tivemos que “mergulhar de cabeça” no mundo virtual e uma nova modalidade de aulas ganhou força, a aula a distância. Agora, você pode fazer aula com profissionais do mundo todo dentro da sua casa. O que por um lado foi excelente pois passamos a ter uma conexão maior com grandes nomes da cena estrangeira, por outro lado canibalizou o trabalho das profissionais brasileiras. O que podemos esperar para os próximos anos da cena Tribal no Brasil? Acredito que precisamos direcionar o nosso foco para a construção de um público consumidor que busca fruir com obras de Tribal, mas que não necessariamente são alunos de dança.


Olhando para os outros campos da arte, quantas pessoas precisam ser pintoras para consumir quadros? Pouquíssimas! Quantas pessoas são músicos de formação para consumir música? Pouquíssimas! Então por que precisamos nos fechar em um público de dança que pratica a dança? Os dois exemplos pessoais que compartilhei no início deste artigo são evidências de que o Tribal Fusion é uma arte que desperta o interesse de diversos grupos de pessoas e defendo aqui que precisamos, com urgência, começar a explorar esses diferentes espaços em busca de novas relações para o Tribal Fusion. 


Seja nos inserindo em escolas, dançando em diferentes espaços culturais, dançando na rua, produzindo espetáculos de dança com o Tribal Fusion ou fazendo parcerias com outros artistas. Urge a necessidade de alargarmos as barreiras das mostras pagas de eventos de Dança do Ventre e Fusões ou das festas de fim de ano das nossas escolas.



Conclusão


No presente artigo, busquei discutir a ideia do aumento de capilaridade do Tribal e da formação de público como algo necessário para a manutenção e expansão da cena Tribal. Através de dois exemplos pessoais, evidenciei que o Tribal Fusion é uma modalidade de dança que tem ampla aceitação em diversos espaços e que precisamos usar essa vantagem a nosso favor.


Apresentei a ideia de formação de público como uma ação que investiga qualitativamente as pessoas que consomem cultura, na intenção de direcionar os esforços de produção para alcançá-las de forma efetiva. Também apontei para a necessidade de começarmos a mudar a estratégia de formação de público dentro da cena Tribal, passando a trabalhar com um público fruidor. Defendo que essa atitude faz-se necessária para que possamos manter a cena no Brasil.  


Bibliografia:

BOURDIEU, Pierre. “O mercado de bens simbólicos”. In BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas (Org. S. Miceli). São Paulo: Perspectiva, 1974. p. 99-182.


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Campo em Cena


Thaisa Martins (Rio de Janeiro-RJ) é graduada em Teoria da Dança (UFRJ) e mestranda em Arqueologia (UFRJ) onde pesquisa processos de reconstrução de dança na Índia antiga. É sócia do Medusa Tribal Studio, estúdio de dança dedicado ao Tribal Fusion, suas derivações e origens no RJ,  junto com a dançarina e fisioterapeuta Maya Felipe. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

Fórum Tribal - Fórum Brasileiro de Dança Tribal e Fusões

 


Sobre a coluna:

Muito se fala em um lugar ideal, onde possamos olhar no fundo dos olhos e reconhecer algo de grandioso além-nós. Não me servem palavras desgastadas, então penso que esse lugar não tenha nome.

Entretanto, meu corpo ainda vibra quando penso em “comunidade”. Essa palavra que enche a boca e o coração. Comunidade me parece algo inteiro, construída de pequenos fragmentos. Míseros farelos. Ou ainda, grandes universos.

Penso que esse lugar, morada do que é comum, não exista e que, talvez, seja impossível criá-lo. Mas bem no fundo do meu âmago, acreditar neste improvável me dá forças para mudar o processo, o hoje, o agora.

Eu acredito nesse lugar! Eu acredito no impossível!

E hoje, eu não sou eu. Porque hoje, não estou sozinha.

Divido a dor e a alegria de acreditar na humanidade e me torno nós.

Nós, míseros farelos, não temos produto, nem serviço. Não estamos vendendo, não estamos divulgando. Nem nomes temos.

Somos como a virgem e nosso intuito é servir. Trabalhamos para proporcionar um espaço àqueles que sentem o chamado. Facilitaremos a sua manutenção para que vocês venham semear a terra.

Estaremos dispostas a doar, a cooperar, sem nada pedir em troca. Mas temos um sonho... Ver o recém chegado e o pioneiro, o aluno e o professor, o acadêmico e o autoditada, o curioso, o entusiasta. Temos o sonho de iniciar uma grande roda, com eixo imóvel, que nos permita o movimento.

Como a Estrela, nos ajoelhamos diante do rio e oferecemos nossas águas. Nuas, vulneráveis, mas cheias de esperança.

Venha! Escolha seu lugar na grande roda. Pegue um dos fios do novelo... Juntos, como iguais, carregando o sangue velho das avós, teceremos o amanhã!

Texto por Hölle Carogne



Artigos

[Campo em Cena] A produção de eventos no Tribal: O poder sobre os meios de produção de capital intelectual.

 por Thaisa Martins



Nesta coluna, refletimos aspectos do campo da Dança tendo a teoria de campos do pesquisador francês Pierre Bourdieu como principal suporte teórico. No artigo de hoje, seguiremos a trilha que estamos construindo para pensar a importância dos eventos para a consolidação do campo da Dança, analisando especificamente a cena brasileira do Tribal. 


Bourdieu (2003) nos aponta que dentro do campo científico (aqui estamos interpretando o termo científico de forma mais alargada, associando ao lugar de campo de produção de conhecimento), há duas principais formas de poder: o poder político e o poder sobre os meios de produção. A essas formas de poder, Bourdieu associa dois tipos de capital intelectual específicos de produção. O primeiro é o capital “puro” que são os resultados diretos das pesquisas, sejam os artigos, os livros, e acrescentamos aqui as obras coreográficas, os video-danças, as performances e etc, tudo aquilo que tem a possibilidade de conceder um prestígio por meios de créditos simbólicos. O segundo tipo é o capital da instituição, que são acumulados com o tempo e que se inserem em estratégias políticas específica, temos aqui a participação em bancas de mestrado e doutorado, cerimônias, reuniões e acrescentamos, apresentação de trabalhos em eventos, palestras como convidado em eventos, ministrar aulas em eventos.


Assim, os eventos têm um papel diretamente conectados à produção de capital da instituição, onde eles administram o poder sobre os meios de produção, ou seja, eles acabam por legitimar quem são os profissionais (ou agentes no jargão Bourdieusiano) que tem espaço e concedem prestígio e reconhecimento para os mesmos. Fomos muito longe? Calma que agora vem os exemplos que esperamos desanuviar nossas idéias.


O que estamos apontando aqui é que os eventos são importantes influenciadores e viabilizadores de desenvolvimento para o fazer da Dança. Quando analisamos a cena do Tribal no Brasil, podemos identificar algumas das marcas que os eventos nos proporcionaram. O evento Tribal y Fusion, produzido por Adriana Bele Fusco (SP) em  2009, foi um dos primeiros eventos a trazer estrelas internacionais do Tribal Fusion para o Brasil, nomes como Sharon Kihara (USA), Mardi Love (USA) e Ariellah (USA) fizeram parte da equipe de professoras e dançarinas do show de gala. Aqui, as brasileiras que só tinham acesso limitado à informação, geralmente através de DVDs de aula com umas 2h de duração, estavam frente a frente com as profissionais para tirar suas dúvidas e receber feedbacks.

Em 2014 no Shaman’s Fest, organizado pela Shaman Tribal Co na coordenação de Cibelle Souza (RN) e Paula Braz (SP), tivemos pela primeira vez no Brasil (e única vez até a data de publicação deste artigo) a dançarina Rachel Brice (USA) para ministrar um Curso Profissional e workshops. A vinda da principal dançarina de Tribal Fusion do mundo ao país impactou imensamente na produção coreográfica.


Em 2015, no Festival Campos das Tribos organizado por Rebeca Piñeiro (SP), tivemos o que consideramos um dos maiores impactos para a profissionalização latino americana do então ATS® (American Tribal Style), com a realização do curso de formação ministrado pela própria criadora do estilo. Segundo informações do site do evento, foram mais de 50 profissionais que adquiriram o certificado que, antes deste momento, só seria possível ser realizado nos EUA. De lá para cá, muitos eventos marcaram a profissionalização, a produção de conhecimento e de material artístico na cena do Tribal brasileiro, bem como o pensamento curatorial. 


Com a situação pandêmica do COVID-19, a produção de eventos foi diretamente impactada e precisou se reinventar. Em 2020, o Simpósio Práksis coordenado por Lailah Garbero (MG), marcou a produção dentro da cena Tribal ao propor um evento com palestras totalmente teóricas. A procura de mais de 100 inscritas evidenciou que há muito espaço para discussões e proposições críticas dentro da produção de eventos na cena Tribal.


Em relação ao pensamento curatorial, temos eventos com um direcionamento mais regional integrando a cena. O Ankaa Fest organizado pela Ankaa na coordenação de Joline Andrade (BA), Kilma Farias (PB) e Alinne Madelon (CE), o Congresso Mineiro de Tribal organizado por Annamaria Marques (MG) e a Convenção Carioca Tribal organizada por Jessie Ra’idah (RJ) evidenciam o trabalho de profissionais das suas regiões. 


E seguindo um caminho curatorial de descentralização regional, o Fórum Tribal, que também ocorreu em 2020, contou com organização de 13 profissionais brasileiras das mais diversas regiões do país e buscou promover um espaço para debate entre praticantes, produtores e profissionais de todo o país. Aqui não houveram aulas dadas, mas sim conversas e trocas de experiências. 


Desta forma, podemos identificar que os eventos na cena Tribal tem 5 principais pontos de influência: 1) Viabilizam o acesso a profissionais estrangeiras e nacionais; 2) Servem como um espécie de vitrine para professores e dançarinas; 3) Profissionalizam o campo; 4) Geram mercado consumidor; 5) Legimizam produções intelectuais e artísticas.


O problema da construção de público


Acreditamos que o principal problema que a produção de eventos da cena Tribal brasileira enfrenta, nos últimos tempos, é a construção de público consumidor, ou seja, platéia dos eventos. Com o direcionamento das produções voltadas para o ensino de praticantes da modalidade, pouco desenvolvemos na produção de espetáculos em Tribal. Os shows de gala e de mostra artísticas não são o suficiente para construir um público consumidor da arte. Temos ainda a ideia de que o público é um potencial aluno, não um apreciador e essa é uma mentalidade que precisamos mudar.


Vemos que já tenhamos uma cena amadurecida o bastante para começar a propor espetáculos de dança que tenham a modalidade Tribal Fusion como sua linguagem artística. As Shaman Tribal Co. já nos provaram, mais de uma vez, que isso é possível. Os editais de incentivo à arte, editais de ocupação de teatros  e a busca de parceria de financiamento privado são os principais caminhos que o campo da Dança utiliza para concretizar tais projetos. 

A vida forçada no mundo digital também nos abriu para muitas possibilidades de criação, as plataformas de reunião se tornaram os novos palcos dos espetáculos de dança e teatro e, na cena Tribal brasileira, pouquíssimo (ou nada eu diria) foi produzido nessa direção. Temos muito a desenvolver nessas direções nos próximos anos.


Conclusão   


Buscamos neste artigo, refletir sobre a importância da produção de eventos para o campo da Dança, tendo a cena Tribal brasileira como foco investigativo. Apresentamos os conceitos Bourdieusianos de o poder político e o poder sobre os meios de produção, os dois tipos de de capital intelectuais o “puro” e da instituição, sendo esse segundo onde os eventos afetam diretamente.


Trouxemos um pequeno apanhado de eventos que marcaram a cena Tribal brasileira nos aspectos da profissionalização, a produção de conhecimento e de material artístico na cena do Tribal brasileiro, bem como o pensamento curatorial com o intuito de evidenciar a discussão da influência dentro do campo. E finalizamos apontando para o problema da construção de público apreciador da dança Tribal Fusion como o desafio dos próximos anos da produção. Esperamos contribuir, de alguma forma, na autonomia e fortalecimento do nosso campo a partir destas análises.


Vale ressaltar que apresentamos exemplos super pontuais de eventos. Nosso intuito não foi discorrer sobre um apanhado histórico dos eventos da cena, mas apenas exemplificar, através de uma pequena amostra, a importância da produção para o campo da Dança. Temos consciência de que muitas outras produções fizeram parte dessa construção e causaram grandes impactos no fazer artístico. 


Sigamos!    



Referências:

BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo

científico. São Paulo: Ed. da UNESP, 2004. 

https://centraldancadoventre.com.br/publicacoes/notcias/42/tribal-y-fusion-e-4-edio-do-encontro-internacional-de-dana-do-ventresp/454 (acessado em 01/08/2021)

https://congressotribalcom.wordpress.com/sobre/campodastribos/ (acessado em 01/08/2021)

http://shamansfest2014.blogspot.com/  (acessado em 01/08/2021)

http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/danca-para-a-alma/275877 (acessado em 01/08/2021)



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Campo em Cena


Thaisa Martins (Rio de Janeiro-RJ) é graduada em Teoria da Dança (UFRJ) e mestranda em Arqueologia (UFRJ) onde pesquisa processos de reconstrução de dança na Índia antiga. É sócia do Medusa Tribal Studio, estúdio de dança dedicado ao Tribal Fusion, suas derivações e origens no RJ,  junto com a dançarina e fisioterapeuta Maya Felipe. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

[Campo em Cena] Fazer uma faculdade de Dança ou não? Eis a questão!

 por Thaisa Martins

Acredito que essa pergunta surge, invariavelmente, nas mentes das pessoas que começam a levar sua dança de forma mais profissional, e no Tribal Fusion não é diferente. Mas será que tomamos a decisão correta? Pensando nisso, propomos discutir neste artigo o papel da universidade para o campo da Dança e apresentar um caminho para a escolha de cursar ou não uma graduação em Dança. 

Para isso precisamos retomar o assunto discutido no último artigo da nossa coluna intitulado “Campo da Dança: Agentes, Disputas, Capital Científico e o Tribal” e refletir sobre o campo da Dança e seus agentes constituintes. De forma bem sucinta e arbitrária, identificamos os agentes do campo da Dança de acordo com a figura 1.

Figura 1


Estamos, neste artigo, entendendo como Profissionais: aquelas pessoas que estão produzindo obras coreográficas como dançarinas e coreógrafas; Produtores: todas aquelas pessoas que auxiliam, de alguma forma, no planejamento e viabilização das produções em Dança, seja no papel de produtora ou de staff, sua instrumentalização profissional não necessariamente é feita dentro da Dança; Acadêmicos: pessoas que estão inseridas nas universidades (discentes e docentes) e que estão pensando a Dança a partir desta interface institucional que é a universidade; Professores: Aqueles que aplicam os conhecimentos da Dança associado ao campo da Educação, sendo professor escolar ou de modalidade em academia; Público: Aquele que consome Dança, seja fazendo aula nas academias ou assistindo a espetáculos. 

É importante destacar que a o esquema trata-se de uma ferramenta didática pois, no mundo real, muitas vezes nos encaixamos em mais de uma “caixinha”, exemplo: Professoras que fazem aula e produzem eventos, dançarinas profissionais que também dão aula e etc. Esse esquema serve apenas para simplificar e nos ajudar a refletir os diferentes tipos de agências que existem no campo. 

Ao observarmos esses diferentes agentes do campo, podemos inferir que suas formações e campos de atuação são bastante distintos. Assim,  precisamos ter bem definido  o que queremos fazer com a Dança. Que tipo de agente eu almejo ser, para então buscar o estudo necessário que me faça alcançar esse desejo. 

O que se estuda numa faculdade de Dança?
Ao cursar Teoria da Dança na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tive recorrentes conversas com colegas decepcionadas com “o mundo acadêmico”, pois elas acreditavam que fazer uma faculdade de Dança seria igual a estar em uma academia e que elas sairiam formadas como dançarinas profissionais, mas já no primeiro período percebiam que  não era bem isso. Muitas se perguntavam por que estudar História, Filosofia, Antropologia e etc se tudo o que elas queriam era dançar numa companhia de dança famosa? A universidade iria lhes proporcionar isso? 

Para sabermos se queremos ou não entrar numa faculdade de Dança, precisamos então nos informar sobre o que se estuda nela. Uma faculdade de Dança não tem como objetivo formar profissionais da dança que serão altamente treinados em uma ou umas técnicas.

Numa faculdade de Dança os alunos são expostos a diversas teorias que vão pensar a Dança de uma forma mais ampla, propondo e refletindo ferramentas para o fazer, bem como construindo discursos críticos. Aulas de técnicas não visam desenvolver a acuidade estética de uma determinada modalidade, mas sim instrumentalizá-las para analisar e construir obras coreográficas. Aulas de História, Filosofia, Antropologia, Anatomia, Educação e etc servem para construir um pensamento dentro das reflexões do campo.

Outra variável importante de se analisar ao decidir entrar em uma faculdade de Dança é o tipo de curso que você irá fazer. Tendo os cursos oferecidos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) como modelo para análise, identificamos 3 possibilidades: Bacharelado em Dança: curso que busca instrumentalizar os alunos à análise e construção de obras coreográficas, suas matérias são mais carregadas nos estudos do corpo e da cena; Licenciatura em Dança: curso que forma professores escolares em Dança, essa é a opção que mais encontramos nas universidades públicas brasileiras. Suas matérias apresentam uma grande relação com o campo da Educação; Bacharelado em Teoria da Dança: no Brasil este curso é oferecido apenas na UFRJ. Ele visa instrumentalizar pesquisadores do campo da Dança que irão se debruçar em questões teóricas, muito aproximadas com os campos das Ciências Sociais e Biológicas principalmente.

Olhar a grade curricular dos cursos, professores e projetos de extensão da universidade que você almeja estudar é uma importante ferramenta para te ajudar a decidir se esse é realmente o caminho que você quer seguir, serão 4 anos de muito esforço e dedicação para sua conclusão.

E as Pós Graduações em Dança?

Se você já tem uma graduação em outro campo e almeja se inserir no campo da Dança a pós graduação pode ser o caminho ideal para você. Atualmente temos no Brasil algumas opções (públicas e privadas) de  especializações, mestrados acadêmicos, mestrados profissionais e doutorado. É importante que você pesquise e identifique que tipo de formação acadêmica em Dança você está almejando. Destacamos aqui a Universidade Federal da Bahia (UFBA) que oferece gratuitamente todos os tipos de formação (graduação, especialização, mestrado acadêmico, mestrado profissional e doutorado em Dança). Na opção privada, destacamos a Faculdade Angel Vianna (FAV-RJ) que oferece diversas modalidades de formação (cursos livres, graduação, especialização e mestrado profissional). 

Como o Tribal se insere nesse meio acadêmico?

Temos visto cada vez mais  pessoas do Tribal se inserindo nas faculdades de Dança  para pesquisar a modalidade. Vemos esse movimento de forma extremamente positiva pois ele complexifica as relações da modalidade no país, expondo-a para novos pensamentos críticos e emancipando o fazer em relação aos discursos das norte americanas e européias. Mas todas as praticantes precisam estar na universidade de Dança para pensar criticamente a modalidade? Definitivamente NÃO.

Defendemos que a pessoa deve buscar a universidade se o caminho discutido até aqui for o que ela almeja seguir. E ao decidir não segui-lo, isso não a diminui de forma alguma. Defendemos ainda, que precisamos compreender a importância da instrumentalização para a prática da Dança, seja realizando cursos livres (formações, capacitações e etc) ou estudando em outros campos, para aprender ferramentas que a Dança não dá conta enquanto produção de conhecimento. 

Conclusão: Estudar é preciso.

Buscamos neste artigo mostrar que a universidade é um dos agentes do campo da Dança, mas não é o único. Apresentamos de forma sucinta este agente, na intenção de auxiliar pessoas que estejam pensando em ocupar este espaço. Intentamos também oferecer opções de instrumentalizações acadêmicas que não sejam apenas a graduação em Dança, mostrando que existem muitos caminhos para chegar ao objetivo.

Uma coisa que fica muito evidente para nós, seja na universidade ou na frente do seu espelho, estudar é preciso! E estudar, na perspectiva da Dança, não é apenas ler livros. 

Sigamos unidas!


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Campo em Cena


Thaisa Martins (Rio de Janeiro-RJ) é graduada em Teoria da Dança (UFRJ) e mestranda em Arqueologia (UFRJ) onde pesquisa processos de reconstrução de dança na Índia antiga. É sócia do Medusa Tribal Studio, estúdio de dança dedicado ao Tribal Fusion, suas derivações e origens no RJ,  junto com a dançarina e fisioterapeuta Maya Felipe. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

[Campo em Cena] Campo da Dança: Agentes, disputas, capital científico e o Tribal.

 por Thaisa Martins

Em nossa conversa de hoje partiremos de três perguntas que me instigam enquanto pesquisadora e que são fundamentais para a criação desta coluna: 1) O que queremos dizer com “campo da Dança”? 2) Por que essa reflexão é importante ? e 3) O que o Tribal tem haver com isso?   

Campo

Já entrando de cabeça em nossa discussão mais teórica, é do conceito de campo, postulado pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu, que embasamos nossa discussão. No livro “Os usos sociais da ciência: Por uma sociologia clínica do campo científico", Bourdieu discute de forma muito simples, cheia de exemplos e de fácil compreensão o conceito de campo e outros assuntos conectados a ele. Por se tratar de uma transcrição da palestra dada pelo mesmo em uma conferência que aconteceu em Paris no mês de março de 1977,  muitas vezes temos a sensação de estarmos em uma conversa.

Bourdieu (2004, p.20) define o campo como: "(...) o universo no qual estão inseridos os agentes e as instituições que produzem, reproduzem ou difundem a arte, a literatura ou a ciência. Esse universo é um mundo social como os outros, mas que obedece a leis sociais mais ou menos específicas. A noção de campo está aí para designar esse espaço relativamente autônomo, esse microcosmo dotado de suas leis próprias.” Ou seja, campos são os espaços onde são produzidas formas de observar e se relacionar com o mundo. Pensando na produção científica, por exemplo, temos o campo da Biologia com suas leis, métodos e teorias que são diferentes em relação ao campo da Matemática.

Um ponto muito importante para a discussão de Bourdieu é em relação a autonomia dos campos, para ele (2004, p.22)“(...)quanto mais autônomo for um campo, maior será seu poder de refração e mais imposições externas serão transfiguradas.” ou seja, quanto mais autônomo um campo for, mais reconhecido e legitimado ele será. Esse é um dos problemas que a Dança, enquanto campo, está tentando resolver atualmente.

Não basta para uma disciplina a autodeclaração de campo, ela precisa ser reconhecida como tal por seus pares. Para isso, agentes e instituições precisam lutar por seu espaço. Questões como a regulamentação da classe profissional, formalização de ensino através de cursos universitários em todos os graus (graduação, mestrado e doutorado), sindicatos, órgãos reguladores, congressos, revistas especializadas e etc são peças fundamentais para que o campo se torne autônomo. Além disso, a produção de conhecimento é fundamental. Quando somos capazes de observar um forte desenvolvimento epistemológico e ontológico de um campo do conhecimento, podemos começar a investigar o mundo através de “suas lentes” ou paradigmas.

A Dança pode ser compreendida como um campo?



Como a ponta a pesquisadora Prof.a Dra Luciane Coccaro em sua tese de doutorado “Os que fazem e os que pensam a dança: estudo da tensão entre teoria e prática em quatro cursos de graduação em dança no Brasil” de 2017, a Dança é um campo em construção, pois sua autonomia e reconhecimento ainda está em processo. A autora se aprofunda nesta discussão de forma muito competente em seu terceiro capítulo e indicamos fortemente a leitura para uma discussão mais robusta.
Apesar deste posicionamento um tanto quanto desanimador, acredito que podemos sim assumir que o campo da Dança existe e cabe a nós, agentes inseridos no fazer da dança, defendê-lo e lutar para que sua autonomia seja cada vez mais alcançada e reconhecida. Como Bourdieu (2004, p.23) aponta, “Os agentes criam o espaço, e o espaço só existe (de alguma maneira) pelos agentes e pelas relações objetivas entre os agentes que aí se encontram”. Assim, a conscientização do papel de agente e a busca pelo protagonismo da Dança em nossas produções é peça fundamental para que esse cenário mude.
Mas o que significa colocar a Dança como protagonista? Significa deixar de reproduzir discursos de campos outros e nos apoiarmos na própria visão de mundo construída pelo campo da Dança, abandonando a comum prática de colocar a Dança com um mero objeto de estudo. Significa então, estudar o que a dança tem a dizer de sobre sí mesma. Isso não quer dizer que devemos deixar de lado o suporte de áreas como a Histórica, Biologia, Física e etc, mas sim, que devemos lutar para que trabalhemos como pares desses campos. Pessoalmente falando, a transdisciplinaridade tem sido meu lugar de busca de construção de conhecimento.
Entendo o fazer transdisciplinar como “referindo-se àquilo que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina” (NICOLESCU, 2008, p. 16). Ou seja, deixando bem claro os olhares das diferentes “lentes” (paradigmas) que os campos produzem e fazendo que sejam respeitadas e aproveitadas as metodologias e métodos de todas as áreas, estabelecendo uma sinergia entre os saberes, sem fracionamento metodológico ou hierarquização do conhecimento.

  

 


Acho importante salientar, mais uma vez, que a idéia aqui exposta não é de condenar as pessoas de outros campos que olham para dança, pelo contrário, esses trabalhos agregam muito às reflexões e amadurecimento do fazer artístico, mas intento chamar a atenção de que podemos e devemos construir conhecimento sem uma subjugação intelectual. Afinal, olhar para o mundo pela perspectiva do movimento artístico é uma forma que somente a dança pode construir e precisamos reconhecer isso.


Não adianta, enquanto pesquisadores da Dança almejarmos construir um trabalho de historiografia (por exemplo) pois não recebemos a mesma formação que os historiadores. Da mesma forma que não seremos capazes de construir um prédio fazendo aula de Economia Brasileira. Para tal, os pesquisadores se inserem nesses campos e estudam essas ferramentas para que, partindo da perspectiva do campo da Dança, possam construir algo cientificamente acurado. 


Mas enquanto pesquisadores da Dança, temos todo o direito de pesquisar nossa história e, aprendendo mais sobre ela, levantar questões e avançar em nossas produções. Assim, o produto final de nossas investigações será diferente, e isso é ótimo. Seguindo o exemplo de forma bem simplificada, enquanto o historiador aplica seus métodos para investigar as produções artísticas da Dança e produzir um trabalho historiográfico, a Dança se alimenta da produção historiográfica para produzir reflexões e produções artísticas.    Tudo isso está conectado com o que Bourdieu chama de capital científico. 


Bourdieu divide o capital científico em duas espécies, a primeira que está relacionada a um poder político, que está ligado à ocupação de posições em instituições científicas, ou seja, a ideia de que um acadêmico da dança tem mais legitimidade no discurso do que um praticante. O outro tipo de capital está conectado ao prestígio pessoal, que tem haver com o reconhecimento, ou seja, falar de Dança numa perspectiva de um campo mais prestigiado é muito mais fácil e pode gerar muito mais reconhecimento do que dentro do próprio campo. 


A pergunta que fica é, que tipo de capital científico estamos produzindo? Como comenta Sylvie Fortin e Pierre Gosselin (2014), estamos produzindo pesquisa em arte, sobre arte ou para a arte? Acredito que a resposta nos direciona para o tipo de capital que estamos produzindo e os impactos para os campos envolvidos. A escolha consciente é o que buscamos apontar neste momento.



O que o Tribal tem haver com essa discussão?     

O Tribal, enquanto manifestação artística, está inserido no “ringue de disputas” dentro do campo da Dança. Assim, a discussão afeta profundamente o fazer da modalidade. Desde questões como legitimação profissional, afinal se a Dança é reconhecida como um campo, seus profissionais passam a ter mais legitimidade política na reivindicação por direitos trabalhistas, até em relação ao aprofundamento teórico do fazer de sua dança, com mais oportunidades de aprofundamento e continuidade de estudo (seja pela via universitária ou não).

Quando observamos seus agentes (dançarinas profissionais ou não), buscando o estudo formal, desenvolvendo e aplicando ferramentas próprias do campo, interessados em se capacitar e questionar o status político atual que a modalidade se encontra é um importante movimento para a autonomia do campo da Dança com um todo. Fazer as pessoas compreenderem que a Dança é muito mais do que o Balé, e que por isso precisa de um olhar mais especializado e complexificado para compreendê-la  é um grande avanço para o campo. Ao mesmo tempo em que, quanto mais autônomo e reconhecido o campo da dança se torna, mais fortalecido ficará o fazer das modalidades e assim, novas disputas de campo se instituem. Tudo está visceralmente imbricado.

Outro ponto que acredito ser importante dessa discussão para o Tribal é o entendimento da importância do amadurecimento  teórico para o fazer artístico. O que, na minha percepção, podemos chamar de uma guinada epistemológica que o campo da Dança tem passado desde a década de 60 aqui no Brasil, e que o Tribal se inseriu bem recentemente com o aumento de pesquisadores inseridos nas universidades investigando a modalidade (seja na Dança ou não). Sinto que ainda somos “reféns” de um seleto grupo de pesquisadores, geralmente internacionais (como Donna Mejia, apenas para citar um nome influente contemporaneamente)  e que só nos livraremos dessa colonização intelectual limitadora quando formos capazes de pensar por nós mesmas, de maneira mais aprofundada e instrumentalizada para  concordar ou não com o que é postulado de maneira consciente. A situação atual, acredito,  acarreta em um potente enfraquecimento da modalidade.   


 

Conclusão

No presente artigo, buscamos discutir o conceito de campo de acordo com o postulado por Pierre Bourdieu e apontamos para a importância de sua análise para o campo da Dança como um todo. Intentamos ainda, evidenciar o papel do Tribal nesta disputa.

Gostaria de concluir nossa conversa trazendo minha posição política pessoal em relação a este assunto para a reflexão. Enquanto não nos compreendermos como agentes do campo da Dança, e portanto responsáveis por sua autonomia, enquanto  desprezarmos o aprofundamento do estudo e acompanhamento da produção de conhecimento do campo (teorias próprias do fazer artístico e do movimento)  estaremos condenadas ao papel de objeto de análise para os demais campos e seus agentes, que terão muito sucesso em nos dizer o que devemos ou não fazer com a nossa dança.

Sigamos!!


Referência Bibliográfica:

COCCARO, Luciane Moreau, Os que fazem e os que pensam a dança: estudo da tensão entre teoria e prática em quatro cursos de graduação em Dança no Brasil, Tese (Doutorado em Sociologia ), Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2017

FORTIN, S.; GOSSELIN, P. Considerações metodológicas para a pesquisa em arte no meio acadêmico. ARJ – Art Research Journal / Revista de Pesquisa em Artes, v. 1, n. 1, p. 1-17, 4 maio 2014.

NICOLESCU, B. O Manifesto da Transdisciplinaridade. São Paulo: Triom, 2008

BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: UNESP, 2004



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Campo em Cena


Thaisa Martins (Rio de Janeiro-RJ) é graduada em Teoria da Dança (UFRJ) e mestranda em Arqueologia (UFRJ) onde pesquisa processos de reconstrução de dança na Índia antiga. É sócia do Medusa Tribal Studio, estúdio de dança dedicado ao Tribal Fusion, suas derivações e origens no RJ,  junto com a dançarina e fisioterapeuta Maya Felipe. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

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