por Carine Würch
Acabo
de chegar em casa de um workshop de Bharata Natyan - Dança Clássica Indiana -
com a bailarina e estudiosa Krishna Sharana.
Entre AMARANDIS (umas
das principais posições das pernas) PATACAS, ALAPADMAS, (duas das muitas
posições de mãos, cheias de significados), pudemos conhecer um pouco desta
vasta, milenar, maravilhosa e tão rica cultura hindu.
Além de um work
riquíssimo em conhecimento e novidades para mim, poder estar em contato com uma
profissional com tanto amor, admiração e devoção pelo seu trabalho e sua arte,
faz tudo mais fácil e agradável. Ela fala com propriedade, pois sabe e estuda. Bharata Natyan é a sua vida.
No início estes nomes
tão diferentes intimidam: "Vou fazer o work de Bharata
Natyan com Krishna
Sharana."
(80% das vezes tu tens que repetir porque a pessoa não entendeu o que tu falou, se é que pronunciaste certo!) |
Quando cheguei na escola
e lá estava ela, sentada com seu sari, bem maquiada e com um bindi. Abre um
sorriso receptivo à minha chegada, e eu abro os braços para um abraço afetuoso,
e já gostei dela de cara.
Khrisna é expressiva,
não sei se é a dança falando por ela, ou através dela, não sei se é a vasta
cultura milenar que se arraigou nesta gaúcha, mas seja como for, passar estas
horas de aprendizado com ela foram agradabilíssimas, e com toda certeza já
estou ansiosa para as próximas.
No primeiro momento,
fizemos um "tour" pela história da dança indiana, as Devadasis, o Natya Shastra (Um Compendio sobre Teatro ou
um Manual
das Artes Dramáticas - Wikipédia), a Dança Pura, Hastas (mãos) e as posições, etc. Para termos
um pouco de embasamento teórico. Depois veio a prática. Deliciosa, exigente, e
sempre com a ideia em mente: não
fazer o movimento só por fazer.
Ao final, ainda
conseguimos fazer uma breve coreografia ao deus Ganesha, que mais uma vez, me
ensinou coisas que não sabia, e só me faz pensar como sou feliz e abençoada em
poder vivenciar estas coisas tão maravilhosas e aprender tanto... através da dança!!!
Culturas diferentes,
jeitos diferentes, expressões diferentes.
Isto deixa a nossa vida
mais rica, mais cheia de inspiração.
Pouco falei da dança em
si, mas muitas vezes, a mudança precisa ser interna, para poder ser
vista no lado de fora. Os nossos movimentos também são
reflexos daquilo que sentimos e do que aprendemos (em todos os níveis). Mas
isto é papo pra outro post...
Uma frase que Krishna
falou durante o work me marcou, e foi o que aprendi durante toda minha vida de
atleta: Ela disse: “Lá (na Índia), o que vale é o esforço e
a repetição, não é o talento que conta.”
Eu realmente acredito
nisto. Não desmereço estas pessoas abençoadas, que nascem com um dom natural.
Mas todos nós, os outros mortais, que necessitam esforço para alcançar o
domínio corporal, só conseguiremos melhorar nossa dança, postura, equilibro,
coordenação motora, força, ritmo, etc, etc, etc com esforço e repetição.
Depois
de um encontro assim, esta frase que eu carrego comigo faz cada vez mais
sentido:
“O
significado mais profundo da dança de Shiva é sentido quando se compreende que
ela acontece dentro de nós”
(COOMARASWAMY apud RIBEIRO, 1999:9)
Resenhando - Região Sul
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Coodenação Carine Würch