[Campo em Cena] Além das fronteiras: O Tribal e outros espaços.

por Thaisa Martins



 Uma coisa que sempre me chamou a atenção foi a ampla aceitação que o Tribal tem quando vai para espaços outros que não os seus de costume. Seja dentro das escolas, em feiras temáticas, nas ruas e parques, em eventos universitários, mostras artísticas e etc. No artigo deste mês, propomos refletir sobre a relevância de expandirmos nossa presença em diferentes espaços artísticos e culturais tanto para formação de público quanto para a manutenção da cena. 


Quando  iniciei meus estudos acadêmicos em dança, me ressentia por não encontrar colegas de classe e professores que conhecessem a modalidade Tribal Fusion. Sempre que eu me apresentava e dizia a modalidade que eu estudava sempre ouvia aquela fatídica pergunta  “Tribal o que? Não conheço!”. Aos poucos, fui apresentando a dança para as pessoas mais próximas, levando amigas para dançar comigo em eventos na universidade, até que finalmente consegui produzir eventos totalmente dedicados ao Tribal dentro da UFRJ e fui selecionada para dar aulas da modalidade no ComuniDança-UFRJ, um dos maiores projetos de extensão universitário da Dança na UFRJ, no qual dei aula para mais de 60 pessoas por semestre. Essa experiência me evidenciou o interesse que o Tribal Fusion desperta nas pessoas, independente da idade ou sexo. 

Encontro de Dança Tribal UFRJ - agosto/2019

Seja pela indumentária, pelas músicas, pela atitude no palco ou pelos movimentos, sempre que eu dançava recebia muitos comentários de interesse em saber mais sobre aquilo que eu tinha apresentado. Certa vez, fui com o projeto ComuniDança-UFRJ numa escola pública na região do Jacaré (comunidade da zona norte do Rio de Janeiro) para dar aulas de Tribal para os adolescentes. Além do Tribal, também foram professores das modalidades de Hip Hop e Contemporâneo. Chegando na escola, separaram para nossa atividade um pequeno espaço no pátio e ficamos aguardando os alunos saírem para o intervalo. Na hora do Tribal, havia uma desconfiança no ar, os adolescentes estavam ansiosos para o Hip Hop mas não tinham muito interesse “nesse negócio aí que ninguém sabe o que é”. Quando soltei a música, um super “batidão” do Tribal, os alunos foram chegando mais perto e assim que a aula começou muitos se juntaram para participar. Eu havia criado uma sequência simples de isolamentos e, no final, foi um sucesso! Os alunos ficaram maravilhados e quando acabou nosso tempo não queriam ir embora. Lembro que haviam algumas meninas mais tímidas que não se juntaram à prática, mas que ficavam sentadas acompanhando atentas às explicações. Essa foi uma experiência que me marcou muito, pois pude perceber a potência do trabalho corporal que o Tribal pode desenvolver dentro das escolas.


Ação ComuniDança na Escola Estadual Luiz Carlos da Vila outubro/2018


Outra experiência inesquecível foi quando viajei com um outro projeto da universidade para dar aula e dançar Tribal no interior do ES numa escola de artes da região. Foram 2 dias de evento e a aula de Tribal concorria a atenção com aulas de Balé, Contemporâneo, Hip Hop, Experimental, Vogue e muito mais. Mais uma vez, passei por aquele momento  de explicar às pessoas o que era a modalidade e o que esperar da aula para despertar algum interesse na comunidade. Muitos compraram a ideia de “ver o que é isso aí". No dia, encontrei corpos super dispostos e curiosos, que nunca tinham ouvido falar da dança mas que se jogavam e sentiam seus corpos movendo de formas que nunca haviam experimentado. Essa foi uma das melhores trocas em sala de aula que já tive na minha vida. Na apresentação, foi a indumentária que mais cativou o público. Aquela mulher no palco, vestida de uma forma que eles nunca haviam visto antes, era algo que chamava a atenção. Lembro que havia uma menina de uns 9 anos, a única criança que fez a minha aula e que, quando me viu toda montada no dia da apresentação, ficou me seguindo e me encarando com um olhar de surpresa e admiração. Quando saí do palco, ela veio até a mim, me abraçou, pediu para tirar uma foto e disse que quando ela crescesse queria dançar assim, igual a mim.

Apresentação “Deus é uma Mulher” em São Mateus-ES no 5o UniversiEncontro de Dança CarioXaba abril/2019 - Foto: Wagner Cria


Essas são só algumas das experiências que tive com o Tribal fora do nosso próprio nicho, fora dos festivais e mostras de escolas de Tribal. Trago estes exemplos para evidenciar dois pontos. O primeiro, a ideia de formação de público e  segundo, que está intrinsecamente conectado com a formação de público, que é a manutenção da cena.    


Formação de público e a manutenção da cena 


Esse assunto eu já toquei, brevemente, em outros artigos desta coluna, mas acho importante continuar conversando sobre ele. Pierre Bourdieu e outros autores desenvolveram a ideia do sistema de relações sociais que compõem o campo da cultura (BOURDIEU, 1974), evidenciando como o consumo de capital cultural influencia nas escolhas, e até mesmo no sucesso, do indivíduo em sua carreira. Partindo desse, e de outros autores, a formação de público é uma questão de estudo que impacta diretamente o campo de produção cultural e, logicamente, afeta o campo da Dança. 


A formação de público vai muito além de questões quantitativas, ou seja, não é o “quantos ingressos eu vou vender” que é mais relevante, mas sim o qualitativo, o “quem são as pessoas que estão consumindo o meu espetáculo?”. A principal diferença da formação de público é que o produtor cultural deve buscar conhecer o seu público alvo (aquele que eu estou direcionando a minha ação), desde questões espaciais (de que localidade da cidade vem o meu público? Há fácil acesso para transporte público? e etc), sociais (esse é público especializado? tenho uma classe social específica que quero atingir com essa ação?) e outros. Cada uma dessas perguntas são importantes para você direcionar os esforços de produção e divulgação do trabalho.


Esse tipo de reflexão está totalmente conectado com a manutenção e expansão da cena. O que já diagnosticamos anteriormente é que a cena Tribal é mantida, principalmente, pelas pessoas que já estão inseridas nela, muitas vezes são as próprias profissionais que consomem e sustentam a cena. Nossos eventos são basicamente voltados para o ensino da modalidade. Com a situação pandêmica, tivemos que “mergulhar de cabeça” no mundo virtual e uma nova modalidade de aulas ganhou força, a aula a distância. Agora, você pode fazer aula com profissionais do mundo todo dentro da sua casa. O que por um lado foi excelente pois passamos a ter uma conexão maior com grandes nomes da cena estrangeira, por outro lado canibalizou o trabalho das profissionais brasileiras. O que podemos esperar para os próximos anos da cena Tribal no Brasil? Acredito que precisamos direcionar o nosso foco para a construção de um público consumidor que busca fruir com obras de Tribal, mas que não necessariamente são alunos de dança.


Olhando para os outros campos da arte, quantas pessoas precisam ser pintoras para consumir quadros? Pouquíssimas! Quantas pessoas são músicos de formação para consumir música? Pouquíssimas! Então por que precisamos nos fechar em um público de dança que pratica a dança? Os dois exemplos pessoais que compartilhei no início deste artigo são evidências de que o Tribal Fusion é uma arte que desperta o interesse de diversos grupos de pessoas e defendo aqui que precisamos, com urgência, começar a explorar esses diferentes espaços em busca de novas relações para o Tribal Fusion. 


Seja nos inserindo em escolas, dançando em diferentes espaços culturais, dançando na rua, produzindo espetáculos de dança com o Tribal Fusion ou fazendo parcerias com outros artistas. Urge a necessidade de alargarmos as barreiras das mostras pagas de eventos de Dança do Ventre e Fusões ou das festas de fim de ano das nossas escolas.



Conclusão


No presente artigo, busquei discutir a ideia do aumento de capilaridade do Tribal e da formação de público como algo necessário para a manutenção e expansão da cena Tribal. Através de dois exemplos pessoais, evidenciei que o Tribal Fusion é uma modalidade de dança que tem ampla aceitação em diversos espaços e que precisamos usar essa vantagem a nosso favor.


Apresentei a ideia de formação de público como uma ação que investiga qualitativamente as pessoas que consomem cultura, na intenção de direcionar os esforços de produção para alcançá-las de forma efetiva. Também apontei para a necessidade de começarmos a mudar a estratégia de formação de público dentro da cena Tribal, passando a trabalhar com um público fruidor. Defendo que essa atitude faz-se necessária para que possamos manter a cena no Brasil.  


Bibliografia:

BOURDIEU, Pierre. “O mercado de bens simbólicos”. In BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas (Org. S. Miceli). São Paulo: Perspectiva, 1974. p. 99-182.


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Campo em Cena


Thaisa Martins (Rio de Janeiro-RJ) é graduada em Teoria da Dança (UFRJ) e mestranda em Arqueologia (UFRJ) onde pesquisa processos de reconstrução de dança na Índia antiga. É sócia do Medusa Tribal Studio, estúdio de dança dedicado ao Tribal Fusion, suas derivações e origens no RJ,  junto com a dançarina e fisioterapeuta Maya Felipe. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

[No Swag] Personalidades!

por Tica

Hellou, hellou, hellou people! Demorei, mas voltei! Depois de ter pego um desvio na minha caminhada (e parece que a pandemia promove isso todo mês (rs)), nos encontramos de novo e espero não os perder again. No nosso último encontro desabafei sobre o quanto nem tudo é o que parece, como toda história tem os dois lados da moeda e o quanto me sinto responsável pelas informações que compartilho com vocês. Esse surto passou? Não? Vai passar? Não (rs), vai sim, pois a vida é assim uma montanha russa (bem clichê) feita de altos e baixos. Mas enquanto estamos mais para baixo do que para cima, vamos conhecer um pouco de algumas personalidades que ajudaram a construir sobre a cultura do Hip Hop.  

O nosso escolhido de hoje é um nome de mega peso: Grandmaster Flash, DJ (disc-joy) e artista de hip-hop. Seu nome de nascimento é Joseph Saddler, nasceu em Bridgetown que está localizado em Barbados (mesma ilha da minha musa Rihanna, não podia deixar de citar). Criado em um pequeno apartamento no Brox, desde sua juventude possuía contato com aparelhos eletrônicos. Na escola que frequentou aprendeu consertar estes equipamentos, o que futuramente seria muito útil. Influenciado pelo seu pai, grande fã de registros afro-americanos e caribenhos, ele também possuía uma grande coleção de discos, onde Flash adorava ficar admirando. 

Finalizando o colegial, Grandmaster Flash iniciou seu contato com a cena do hip-hop e envolvendo-se com outros grandes nomes como Kool Herc e Afrika Bambaataa. A partir de então a inovação está instalada, com seu talento, conhecimento e habilidade, aperfeiçoa movimento como o scratch (o barulhinho do disco sendo arranhado). Outros floreios são desenvolvidos como a manipulação da velocidade dos toca-discos, a mudança de música sem perder a batida e a técnica de backspin, onde a batida é isolada em um dos discos e é repetido no outro disco. Com suas façanhas e genialidade, Grandmaster Flash marcou a cena, uma geração e fez sua história acontecer.


“Emergindo do South Bronx no início dos anos 1970, Grandmaster Flash é indiscutivelmente um dos inovadores originais do Hip Hop. Nos primeiros dias do gênero, ele manipulou a música colocando os dedos no vinil, aperfeiçoou o looping de batida e descobriu muitas das batidas mais icônicas ainda comumente amostradas hoje. Não é surpresa que o New York Times o chame de primeiro virtuoso do Hip Hop.

Hoje, ele é a voz de toda uma geração de pioneiros do hip hop dos anos 1970. De seus espetáculos elétricos, ao vivo, a seu papel de produção em The Get Down da Netflix, Grandmaster Flash é ao mesmo tempo um historiador, um contador de histórias e uma força cultural.”

Fontehttp://www.grandmasterflash.com/


Grandmaster Flash (Imagem do site: Music Non stop)

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No Swag com a Tica


Tica (Curitiba-PR) é proprietária da Mov n' Art, atua como personal de treinamento funcional, condicionamento físico para bailarinos e aulas de Hip-Hop na linha de femme style. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 



[Diálogos] Desordens de corpos que criam fusões

 por Caíque Melo

Olá!

Enfim, o primeiro diálogo da coluna! YAS!

A coluna “Diálogos” pretende mediar uma conversa a partir de textos já publicados no blog. Ótima leitura pra você!

Ao iniciar uma leitura mais articular dos artigos no blog, fui observando a condução que cada artista propôs em sua escrita. É muito interessante também observar a diversidade de conteúdos que o blog Coletivo Tribal reúne, alcançando outros contextos que não só sobre a Dança, mas também, diante de tudo o que está próximo dela para a apresentação cênica.

Por isso, ao ter contato com essa diversidade de escritas e de conteúdo, pareço conhecer um pouco dos contextos apresentados pelas autoras, seus interesses com a Dança Tribal e suas próprias movências, seja pela escrita, pelo movimento ou pelas filosofias de vidas.

Sinto que especialmente aqui no Brasil, a Dança Tribal encontrou uma certa autonomia criativa na proposição das fusões, como apresentam recentemente as artistasescritoras:

Ana Clara [1) Coletivo Tribal: [Resenhando-AL] Cia Lunay (PB): Uma Inspiração para a Cena Tribal Alagoana]

Camila Saraiva [1) Coletivo Tribal: [Resenhando-BA] Ousadia, Jogo de Cintura e Pé no Chão: Festival Bailares em Feira de Santana; 2) Coletivo Tribal: [Resenhando-BA] Festival Tribal Spin: Tecendo uma Teia em Arabesco]

Esther Haddasa [1) Coletivo Tribal: [Resenhando-PR] Mostra Paraná Julho e Agosto 2021]

Kilma Farias [1) Coletivo Tribal: [Tribal Brasil] Brasil, do Tribal ao Fusion; 2) Coletivo Tribal: [Fusion Brasil] Conheça o universo do Fusion Brasil e saiba como fazer parte; 3) Coletivo Tribal: [Fusion Brasil] Corpo e memória no Fusion Brasil], 

Pan Lira [1) Coletivo Tribal: [Resenhando-PA] Memorial “Irupé-Régia”, um Tribal de identidade amazônida para o Tribalcore]

 

Shaman Tribal Co. (Brasil) |

Fonte: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/danca-para-a-alma/275877

O campo fértil em que as danças populares brasileiras são criadas aparentam saber dançar com as hibridações culturais aqui formatadas, transformando não só as artes, mas também o contexto de cada uma. Essa transformação eu tenho pensado a partir da teoria corpomídia (KATZ & GREINER, 2005, 2010) em que o corpo é mídia do seu tempo e que a mídia a qual o corpo mídia aponta diz respeito ao processo ininterrupto do corpo na captura de informações.

Observando as diversidades de propostas criativas a partir da Dança Tribal relacionada a teoria corpomídia, o que oportuna essa gama de fusões são justamente os contextos que cada artistadançarinacoreógrafa, a partir também das suas próprias subjetividades, irão apresentar nas produções de danças de fusões.

A dança Fusion Brasil é um exemplo para nossa comunidade brasileira, em que é possível pensar a proposição artística quando pretende-se misturar danças orientais e brasileiras, sendo muito singular aqui, visto o contexto em que nossos corpos estão ininterruptamente capturando as informações locais.


Vídeo: Trupe Mandhala – Volante Tribal

Ana Clara escreve sobre seu processo de criação em [Coletivo Tribal: [Resenhando-AL] 1, 2, 3... GRAVANDO! Um Solo na Caravana Tribal Nordeste!]:

“A coreografia possui como base algumas das técnicas que utilizo e as minhas desordens experienciadas na vida diária. [...] Assim, o solo apresenta uma dança de si contaminada pelas informações do meio e, certamente, se constitui como mais uma ferramenta artística para o acendimento do meu ser na conjuntura contemporânea”.

Observo que ela mesma percebe a captura que é experenciada em sua vida, que não segue uma linearidade em que comumente adotamos para os nossos estudos como um modo didático de aprender e ensinar. O vídeo da coreografia pode ser visto na página da publicação.

Me fez com isso pensar que a coreografia pode ser pensada como uma organização do corpomídia, a partir da linguagem e métodos da Dança.

Não é à toa que temos tantos nomes. Conhecemos nossos trajetos antepassados, para a construção dessa Dança Fusão no presente e esses diálogos refletirão no nosso futuro.

Para encerrar, prefiro deixar uma pergunta e se quiser deixar sua resposta nos comentários, será ótimo dialogar!

Quem são as pessoas que fizeram você vir buscar o universo da Dança Tribal Fusion? Como aconteceu?

Comigo, foi com uma professora de Dança do Ventre, a Gal Novais (de Vitória da Conquista, Bahia) que me apresentou Joline Andrade (Salvador, Bahia). Fizemos uma coreografia para apresentar no show que Joline promoveu na cidade e de lá até agora, muitas outras pessoas corparam minhas danças.

Caíque Melo | Foto por Ian Morais (House of Tremme)

Fonte: arquivo pessoal 


Agradeço a sua atenção e participação nessa captura reflexiva. 

Dance e Mova seu Mundo!

Até breve =*

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Diálogos


Caíque Melo (Salvador-BA) atua profissionalmente como professor, dançarino, pesquisador, coreógrafo e produtor na área da Dança desde 2009. Professor de dança "Tribal Fusion" desde 2012. Professor de Dança Vogue (desde 2017) e um dos pais da House of Tremme (2020). Mestrando (2019-2020), bacharelando (2018-2021) e licenciado (2014-2018) em Dança pela Escola de Dança da UFBA. Técnico em Dança pela Escola de Dança da FUNCEB (2018).Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >>

[Fórum Tribal] Produção de Evento

 Resumo do 4º Dia do Fórum Tribal - 1ª edição

Tema: Produção de Evento

29 de novembro de 2020 às 15 Hs 

Tempo da reunião: 02:30         

Integrantes da mesa mediadora: Cibelle Souza (RN), Annamaria Marques (MG)e Aerith (PR)

O quarto dia do Fórum Brasileiro de dança Tribal e Fusões teve como tema:

“Produção de eventos”, escolhido previamente entre os participantes por meio de votação. 

O debate foi aberto pela mediadora Cibelle Souza, seguida por Annamaria Marques e Aerith, membros da organização,  com as seguintes questões: 

. Como produzir eventos de dança na realidade brasileira: quem produz, por quê e para quem, o que te faz querer produzir um evento, o que está incluído no trabalho de um produtor, ética e produção.

. A importância dos eventos na construção da cena local (dentro do brasil de forma geral): como a escolha do contratado, da locação e do público-alvo impactam a cena que estamos construindo. Além de se discutir se é possível abraçar dicotomias e garantir a qualidade do evento (artista nacional ou internacional, workshop ou show, evento urbano ou retiro).

. Colaboração entre produções: diálogo entre os eventos para criar uma cena mais rica e diversificada, criação de um calendário de eventos para facilitar a organização da cena e facilitar o acesso ao público em comum, estabelecimento de parcerias respeitosas e efetivas (em promoções, divulgação, participação).

. Principais desafios e inquietações: Produção e finanças: (lucro, patrocínios, editais), eventos em tempos de pandemia, acessibilidade e inclusão social (oportunidades para somar às causas, proporcionar espaço para as minorias), Minorias na produção de eventos e quem define o  mercado ( produção ou público?)

            Aberto o debate, foi colocado que a produção de eventos é um assunto de grande interesse já que, enquanto o estilo de dança, o estilo tribal de dança do ventre ainda não tem grande visibilidade na comunidade de forma geral e acaba por tornar-se necessário  que os próprios artistas se tornem produtores de forma a fomentar esta  visibilidade e também oportunidades de que outras pessoas da área possam mostrar seus trabalhos ao público em geral e a outros artistas da dança. Porém, um resultado disso seria o uso de formatos padrão de evento e, segundo a fala, reduz a diversidade de tipos de evento que acontecem e pode, inclusive, engessar como entendemos nossa própria dança. "A nossa dança modela caminhos" de acordo com o participante.

             Em seguida, foi colocada a questão de se os novos produtores se perguntam, antes de ingressar nesta área, o por quê de estarem fazendo aquilo (diretrizes), quais os objetivos do evento, os riscos envolvidos e qual seria a preparação que deveriam ter antes disso, visto que a demanda logística, financeira organizacional/ de gestão e até psicológica de se produzir o evento pode ser muito complexa. Neste sentido foi apontado como estratégia essencial se ter uma equipe, e de preferência uma  boa equipe profissional nesta área, para que o evento alcance bons resultados para o público e para a organização, seja o evento virtual seja presencial.

            A equipe profissional também pode gerenciar questões importantes como a curadoria artística e o acesso a fomentos governamentais na área artística. O produtor também está fazendo dança.

            Outro ponto abordado foi o alcance dos eventos, se e até onde é válido montar eventos visando atender a um público mais especializado e consequentemente mais restrito ou buscar alcançar mais pessoas de forma a difundir e educar o público (fomento) com relação ao nosso estilo de dança. 'Levar o tribal a outras esferas" como colocou outro participante.

            Foram relatadas experiências com a produção e participação em eventos de portes diversos. Além disso, um  evento em particular foi citado como exemplo de como é possível haver um diálogo entre vários estilos de dança e eles estarem "convivendo" naquele mesmo espaço. Pensar também em que tipo de experiência se está proporcionando para o público (leigos, alunos e profissionais).

            Também foi discutido o "canibalismo" entre eventos visto que vários acontecem ao mesmo tempo, ou muitos em seguida, obrigando o público e alunos (e até produtores) não só a escolherem um em detrimento de outro, mas a falta de diversidade de temas gera desinteresse do público. 

            Como desdobramento deste assunto, apontou-se a construção de parcerias e diálogo entre produtoras como um caminho possível e frutífero para o crescimento da da produção de eventos de dança.

            Não é possível abarcar todos os assuntos devido à amplitude de desdobramentos possíveis das questões propostas e ficou a proposta de que cada um busque colaborar ao máximo com o crescimento da cena.

            Uma das moderadoras sugeriu também que fosse abordada a inclusão social nos eventos de tribal e se havia alguém no grupo presente que fizesse parte de minorias e quisesse falar a respeito da representatividade em eventos e também na produção de eventos de tribal, mas não houve pronunciamento. Um "silêncio ensurdecedor", foi a fala da participante, apontando justamente a ausência dessas pessoas na atuação enquanto produtoras e o quanto isso é preocupante no meio. 

            Uma fala que aconteceu sobre o assunto foi uma sugestão de se observar também a ausência de referências (artistas famosas) dessas minorias ou fora do padrão eurocêntrico presentes e em destaque em eventos grandes e pequenos no Brasil. E quando houver a possibilidade de se abrir espaço para estas discussões, como tornar isso atraente e receptivo para todos. Mais do que isso, se conscientizar de que há a necessidade de que antes de determinar o que as minorias querem ouvir, precisamos saber o que elas querem falar.

            Falou-se sobre a valorização e desvalorização do artista, inclusive dentro do meio, sugerindo aos produtores uma reflexão de como que o produtor e o artista possam ser mais valorizados nas suas atividades e juntos possam fomentar o crescimento da cena.

            Por fim, foi abordado o assunto de quem determina o que é feito no evento, discutindo que o público tem uma demanda relacionada a eventos, mas os produtores também são responsáveis por guiar o público para que haja um crescimento e valorização da cena também. E houve a sugestão de se buscar a conscientização de que cada região do país tem suas facilidades e dificuldades para se produzir.

            No final do encontro, debatemos os possíveis encaminhamentos para o pós Fórum, sendo eles a criação de uma agenda on-line do estilo Tribal nacional e de um grupo de produtores que colaborem entre si no fomento de eventos de tribal, além de um grupo de estudos para dar continuidade às conversas iniciadas no fórum.

            Ao todo, 23 pessoas estiveram presentes.

            Mais uma vez, agradecemos a todos os participantes do Fórum pela presença e contribuição e desejamos que ele possa ser um espaço de troca, crescimento e parceria.

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[Dançando Narrativas] Quem tem medo do Submundo?

por Keila Fernandes


O submundo, mundo inferior, ou ainda mundo dos mortos, está presente na mitologia de várias culturas, e para cada uma ele tem seu significado e importância para o funcionamento da vida.

Na nossa cultura ocidental cristã, é associado ao inferno, e o termo carrega um  significado pejorativo, como algo ruim a ser temido.


Mas quando olhamos para a mitologia e suas interpretações diversas, começamos a compreender melhor que esse lugar obscuro é temido por ser misterioso e desconhecido, pois não está no domínio dos vivos.


O submundo é, sim, o lar dos mortos.


Mas isso não é necessariamente ruim.


Afinal, ritos funerários sempre indicaram preocupação com o que ocorre com as almas após a morte. Os mortos precisam de um lugar para onde ir e descansar.


No mito sumério da descida de Inanna ao submundo, este é governado pela deusa Ereshkigal, que tem aos seu lado os Anunnaki, os deuses da justiça. O reino de Ereshkigal é para onde vão os mortos que, tendo cumprido suas obrigações com os deuses, mantém na morte o mesmo status que possuíam em vida. 


Segundo fontes acadianas, é no neste mundo onde vivem também entidades obscuras, como as deidades da morte e do mal.


Inanna desce ao submundo para visitar a irmã em luto pelo marido (embora tal razão ainda seja obscura), e é forçada a deixar partes de suas vestes e jóias em cada um dos sete portais até chegar nua e curvada ao trono de Ereshkigal. Segundo o mito, o mundo dos mortos é um lugar do qual ninguém poderia voltar, assim Inanna é castigada pela irmã que a mata. Com a intercessão de sua criada Ninshubur, Ianna é ajudada por Enki, deus da sabedoria. Ele envia dois seres para dar a ela o alimento e a água da vida e revivê-la.


Porém as leis do mundo do mortos são divinas e não podem ser desafiadas, e para que Inanna ascenda e retome seu lugar, ela precisa deixar em seu lugar alguém para substituí-la, e o escolhido é seu esposo, Dumuzi, que não guardou luto por ela.


“A Rainha da Noite”, relevo babilônico, 1800 - 175 a.C. Possível representação de Ereshkigal. As asas fechadas e os chifres indicam se tratar de uma divindade. Os instrumentos de medida, indicam a ligação com a justiça.


O submundo egípcio era o reino de Osíris e também a morada dos mortos. 

Na mitologia egípcia, a cada pôr do sol, Rá morria e mergulhava no submundo. Então ele precisa atravessá-lo em seu barco e, com a ajuda do deus Seth (deus do deserto e do caos), ele enfrentava a serpente Apep, que desejava destruir o mundo dos vivos. E assim eram as noites para os egípcios. Cada amanhecer significava o ressurgir e a vitória de Rá sobre Apep e seu retorno da jornada ao mundo dos mortos.


Representação do Tribunal de Osíris retirada o Livro dos Mortos (1580 - 1560 a.C.). A cena  representa o julgamento da alma, no qual o coração era pesado por Anúbis, deus da mumificação, e o julgamento era presenciado por Maat, deusa da justiça, e Toth, deus do conhecimento e escriba do mundo dos mortos.



Dentro da cultura cristã o submundo é o Inferno, lugar para onde vão as almas condenadas dos pecadores para sofrerem tormentos eternos. Também é o lar dos anjos caídos que se rebelaram contra Deus e foram encerrados no abismo. No entanto, essa ideia de Inferno começa a ser construída apenas na Idade Média, visto que no texto bíblico não há referências a um local com esse nome ou com a estrutura tão conhecida de círculos e torturas. Tal visão se cristalizou, em boa parte, por causa da obra de Dante Alighieri, A Divina Comédia.


Ilustração de Gustave Doré representando Dante Alighieri e Virgílio em sua passagem pelo sétimo círculo do Inferno (1861 -1868).


Obscuro e desconhecido, o mundo inferior coloca medo em humanos e deuses, mas aqueles que se atrevem a se aventurar por ele, saem transformados e dotados de mais conhecimento.

A justiça também é um conceito muito presente no mundo inferior. Seja por meio da punição aos pecadores, seja pelo tribunal dos grandes deuses, é no mundo dos mortos onde todas as ações são julgadas.


Além disso, é o lugar onde habitam divindades, ideias e sentimentos ocultos, considerados perigosos e temidos por muitos. Entidades ligadas à morte, à dor, ao destino, à magia, aos segredos e à escuridão. Seres necessários para a existência e equilíbrio do mundo, mas que nem todos estão dispostos a compreender ou celebrar.


Trazendo para nosso contexto, é comum que a imagem em nossa mente esteja associada a coisas ruins, ilegais e escondidas. Como o submundo do crime ou o próprio inferno, por exemplo.


No entanto, o conceito de submundo, em sua origem não é pejorativo: 


Submundo = o mundo que está embaixo do “nosso”  mundo, do mundo dos vivos; associado ao mundo dos mortos, lar das almas condenadas, ao inferno (do latim infernum = as profundezas da terra, mundo inferior).


Nesse sentido, falamos de submundo para expressar um espaço  onde se escondem coisas obscuras e misteriosas, consideradas inapropriadas e assustadoras demais para o  “mundo real”.


Underworld Fusion Dance Co. Coreografia "Forças Primordiais”, Underworld Fusion Fest, 2018. Foto: Carla Lorentz


O nome da nossa companhia, Underworld (Submundo), veio do nome do festival Underworld Fusion Fest, um espaço para o Dark Fusion e outras fusões experimentais. Um espaço para valorizar a liberdade artística dos bailarinos e bailarinas, um lugar seguro para se expressar o horror, o macabro, o alternativo, o feio e os sentimentos mais profundos que compõem a nossa arte.


Quando assumimos esse nome para o grupo, quisemos trazer conosco essa carga, pois para nós, o submundo é onde nos encontramos, é onde o nosso Dark Fusion se encontra e onde muitas expressões artísticas se encontram também.


Quando nos atrevemos a trazer aos palcos temas incômodos ou considerados pesados. Quando damos vida às histórias e personagens que fogem da lógica e da narrativa cristã-ocidental, quando questionamos os padrões impostos, quando escancaramos, por meio da dança, que nem só de sentimentos bonitos vivem as pessoas, abrimos as portas do mundo inferior.


E aqui peço licença para retomar as jornadas de Inanna, Rá e Dante e as tornar parte das nossas. Descer ao submundo é sofrido, porém faz parte do nosso crescimento. Fazer essa jornada pelos nossos caminhos mais sombrios nos coloca em contato com muitos segredos e conhecimento, e nos faz emergir transformados.


O submundo está de portas abertas. E nós te convidamos a entrar.

 


Referências



Egyptian  Mythology: A Concise Guide to the Ancient Gods and Beliefs of Egyptian Mythology. Hourly History. 2016


KRAMER, Samuel Noah. Os Sumérios: Sua História, Cultura e Caráter.Portugal, Livraria Bertrand, 1977.


KRAMER, Samuel Noah, WOLKSTEIN, Diane. Inanna, Queen of Heaven and Earth: Her Stories and Hymns from Sumer. New York, Harper and Row Publishers, 1983.


PRITCHARD, James B. Ancient Near Eastern Texts Relating to the Old Testament. Third Edition With Suplement. Princeton University Press, 1969.


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Dançando Narrativas


Keila Fernandes (Curitiba-PR) é escritora, professora de história e  historiadora, especialista na área de Religiões e Religiosidades e História Antiga e Medieval. É aluna da bailarina e professora Aerith Asgard e co-diretora do Asgard Tribal Co. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

[Old is Cool] Analisando o Tribal Old School - Parte Final

por Mari Garavelo

Sejam muito bem-vindas e muito bem-vindos à coluna Old is Cool! Nesta coluna estamos fazendo pequenas análises sobre o período de vanguarda do estilo tribal de dança do ventre e este é o episódio final da primeira análise: o que é o tribal old school e porque é importante entender esse recorte nos dias atuais?


Esta minha pesquisa nasceu com a minha vontade de entender o pensamento das bailarinas e o motivo por trás das criações responsáveis por me fazer apaixonar pelo estilo tribal. Esta vontade foi evoluindo para uma pesquisa amadora, que depois evoluiu para conteúdo teórico imprescindível nas minhas aulas e por fim evoluiu para um convite feito pela Lailah Garbero (MG) para palestrar sobre o tema em seu simpósio on-line. Naquele momento percebi que de alguma forma essa pesquisa estava surtindo efeito e eu talvez tivesse finalmente encontrado a resposta que eu tanto buscava; lembrando que esta é minha pesquisa, meu olhar, minha conclusão e eu quero compartilhar com você aqui nesta coluna.


No nosso último encontro falei um pouco sobre como os anos 2000 com sua estética, expectativas sobre a tecnologia e a cultura pop podem ter influenciado fortemente a forma como o estilo tribal foi desenvolvido. Certamente a geopolítica, o liberalismo e a forma como os estadunidenses construíram sua história e trato com os outros países (especialmente os do oriente) também são imprescindíveis nesta análise. Sempre existe um contexto histórico que serve de base para os pensamentos e comportamentos de uma época. 


Eu tenho dito nos últimos anos que o período considerado old school pode ser um dos caminhos para entender a dança hoje. Quando comecei a me aprofundar nos estudos sobre essa tema, cheguei a uma conclusão um tanto ortodoxa de que se a dança feita hoje parece muito distante da que era feita nos anos 2000, então já não se configurava mais como Tribal Fusion. Cheguei a compreender o estilo tribal como algo que só era possível naquela determinada época e circunstância e qualquer coisa feita neste momento, com outras características, já não seria a mesma linguagem de dança.  Contudo, se hoje compreendo que o cabelo da Rachel Brice é inspirado em Star Wars, posso seguramente me inspirar no cabelo de um personagem de X-Men. Assim como percebo o apreço de Mardi Love pela joalheira original e antiga, me permito ousar também em minhas preferências, como, por exemplo, usar em minha caracterização um bracelete que pertenceu à minha avó, pela qual tenho muito apreço, além das referências estéticas 'étnicas'. Se compreendo hoje que uma trilha sonora de filme pode ter inspirado Frederique a dançar, posso me inspirar também pelo som do mar e dançar. E digo mais! Ao compreender minha realidade enquanto brasileira e aqui residente, não há qualquer necessidade de dançar com figurino de veludo ou mangas compridas em pleno verão.


Ainda que o agora pareça visualmente distante do Tribal que foi produzido nos anos 2000, a forma de produzir, ou o método, pode ser a mesma. Estudar o old school não requer que façamos uma caricatura, uma reprodução dessa época. O que o aprofundamento nos permite é saborear a experimentação que continha o Tribal naquele momento.


É, inclusive, essa essência que evoca a constante evolução do estilo, como se já estivesse impressa ou incorporada na linguagem do Tribal essa necessidade de experimentar e expressar a partir de nós mesmas e de nossas próprias referências. Se olharmos para trás e observarmos as numerosas subdivisões que ganhou o Tribal nos últimos quinze anos, é possível perceber essa necessidade de experimentação e adaptação.  Interpretar desta forma o momento de vanguarda do estilo é valer-se de grande inspiração para experimentar, fusionar e estabelecer trocas.


Captar o sabor da liberdade para experimentação que permeou os anos 2000 neste panorama me trouxe uma melhor compreensão acerca do Tribal. A maioria das pessoas que conheci através da dança, especialmente as que vieram da dança do ventre “tradicional” para o estilo tribal, buscam certa flexibilidade diante de determinadas tradições e maior liberdade para criar a partir das próprias referências. Assim, podemos afirmar que o tribal old school pode nos servir como motivação para seguir esse caminho ao invés de engessar ou estacionar a nossa criação. 


Resta-me um pensamento sobre o nome dado a esta linguagem para além das discussões sobre as problemáticas que envolvem o termo tribal fusion: este nome tão intrincado ao período de vanguarda ainda consegue abarcar todas as novas criações? Faz sentido utilizá-lo ainda? Por enquanto, a partir do meu olhar pessoal, minha resposta é que não faz tanta diferença efetivamente. A dança feita pelas ghawazee (entre outros grupos) no século XIX, conhecida popularmente em seus locais de origem como raqs el sharqi (do árab, “dança do leste”) ganhou a alcunha de danse du ventre pelos invasores franceses e, posteriormente, bellydance nos Estados Unidos, nome pelo qual é mundialmente conhecida a dança do ventre hoje. Este nome definitivamente não me soa ideal para uma dança com tantas especificidades culturais diversas e movimentos por todo o corpo, no entanto, é um nome já amplamente divulgado e reconhecido, assim como o nome tribal, também não ideal e carregado de estereótipos, mas igualmente de fácil reconhecimento no mundo todo. 


Espero que você, leitora ou leitor, ao chegar nesta última parte da análise, possa ter se inspirado e se motivado a continuar experimentando, criando, expressando-se através desta linguagem, essa é a minha mensagem e o caminho que indico a todo mundo para compreender a dança do ventre tribal hoje.


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Old is Cool


Mari Garavelo (Osasco-SP) iniciou seus estudos em dança do ventre e Tribal Fusion em 2006 e desde então vem aprimorando seu trabalho através de aulas regulares e oficinas com diversos profissionais renomados nacionais e internacionais. Instrutora de Hatha Yoga e Yogaterapeuta formada pela Humaniversidade Holística de São Paulo com registro na Aliança do Yoga.  Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

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