[Fusion Brasil] Conheça o universo do Fusion Brasil e saiba como fazer parte

 por Kilma Farias

Kilma Farias  | Fotografia por Tareb

O gradativo autoconhecimento que o bailarino que se busca tem acesso pelas práticas de Fusion Brasil proporciona um estado de presença cênica, criando um tempo e um espaço extracotidianos: a dimensão da arte. Esse estado de presença, também chamado de corpo cênico, ocorre através de múltiplas relações que se estabelecem no bailarino e em quem observa a dança.

As relações podem ser:

- do bailarino consigo mesmo;
- do bailarino com seus diferentes observadores;
- do bailarino com o espaço físico; do bailarino com o espaço constituído pela cena e seus elementos como luz, figurino, cenografia e musicalidade;
- como também do observador consigo mesmo;
- do observador com o bailarino; do observador com os outros observadores (se houver);
- do observador com o espaço físico; do observador com o espaço constituído pela cena.

São múltiplas as percepções que envolvem uma dança, mas meu foco no Fusion Brasil está na relação do bailarino com o cuidado de si mesmo e como as memórias individuais e coletivas podem ser acessadas nesse processo, pensando o corpo cênico como uma “verdade” da expressão humana, onde movimentos internos podem corresponder a movimentos externos. Assim, encontro um vasto campo para investigar se o movimento do corpo e a subjetividade do sujeito são aspectos distintos de uma mesma realidade.


Sirlei Oliveira | Fotografia por Hebert Silva

Desse modo, o bailarino pode ser capaz de tornar visível o invisível em si mesmo? E com o praticar-se através da dança, esse invisível poderia ir se mostrando cada vez mais, trazendo a possibilidade do bailarino conhecer-se em profundidade? Essa espiritualidade que perpassa pelo corpo seria capaz de colocar o sujeito em contato consigo mesmo? 


Nesses 18 anos de pesquisas em Tribal Brasil, hoje Fusion Brasil, eu respondo sem sombra de dúvidas que sim. Pois vejo alunas chegando nas turmas com bloqueios físicos e baixa autoestima, acreditando que não dançam bem e que nunca vão dançar porque estão acima do peso ou se acham velhas, ou ainda porque não fazem movimentos perfeitos e se acham desengonçadas. Com um mês de prática vejo alunas soltas, criado sequências coreográficas e se valorizando no seu ser de sujeito, apoiando umas às outras. Pra mim isso é gratificante e me faz ter o coração leve saber que estou à serviço de uma dança que liberta. Acredito que a perfeição é algo que não está atrelado à limpeza técnica. Para Rudolf Laban (1879-1958), uma das maiores referências da dança do século XX, “a fonte da qual devem brotar a perfeição e o domínio final do movimento é a compreensão daquela parte da vida interior do homem de onde se origina o movimento e a ação.” (LABAN, 1978, p. 11). Laban olha para a interioridade, para o mais íntimo do sujeito para falar em dança, em arte do movimento. Embora contenha em sua teoria elementos essencialistas, podemos identificar um pensamento de unidade em parte do seu legado que nos ajuda na compreensão de corpo e movimento no Fusion Brasil.


Mari Pessoto  (fotografia: acervo pessoal)

Além dessa compreensão, trazemos as memórias individual e coletiva para dialogar com a prática do estilo, tema que já dialogamos em postagens passadas. Desse modo, desenvolvemos o respeito e honra à ancestralidade, assim como o respeito e honra às mulheres que caminham junto no processo, na qual chamamos de manas ou irmãs, pondo em prática a instância da sororidade.


A produção coletiva é estimulada, assim como a produção individual. Para tanto, desenvolvemos videodanças coletivas a partir de cada tema estudado, assim como vamos propor festivais online para fomentar a criação de solos, conferindo cada vez mais segurança à aluna para que se posicione frente à arte-vida.


Karine Neves | Fotografia por Nando Espinosa

No momento temos duas opções de participação nos estudos e pesquisas em Fusion Brasil. Aulas regulares todas as segundas via facebook através de chamadas ao vivo que ficam gravadas. Esse formato compõe a turma de Especialização em Fusion Brasil e através dessa turma fomentamos a produção de trabalhos coletivos e individuais. E a Turma de Formação em Fusion Brasil que já se encontra no seu oitavo ano.

Ficou com vontade de participar? Então se entregue. E saiba que estarás movendo não apenas teu corpo físico, mas principalmente teus corpos sutis até trazer transformações positivas ao seu ser mais profundo.


Seja bem-vinda, bem-vindo, bem-vinde!

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Tribal Brasil - Identidade no Corpo


Kilma Farias (João Pessoa-PB) é bailarina, professora, coreógrafa, produtora e pesquisadora na área da dança. É formada em Licenciatura em Dança e Jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba. Mestra em Ciências das Religiões pela UFPB, desenvolveu dissertação voltada para a relação entre presença cênica e espiritualidade na Dança Tribal.  Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 
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