[Organizando a Tribo] Caminhos para o retorno: do online para o presencial

  por Isadora Oliveira


Eii bailarinx! Como está a organização da vida por ai?

Estamos caminhando lentamente para um retorno da vida presencial. Agora, como inovar e principalmente se organizar para a volta das atividades presenciais?


Já estamos a um bom tempo na rotina do on-line, será que já é momento de se preparar para voltar à vida presencial? Como retomar as aulas e fazer com que as alunas tenham o mesmo interesse de antes da pandemia ou até, convencer as amantes do on-line que o retorno é uma boa opção? 

 

Vamos conversar sobre possibilidades e estratégias de planejamento e organização! 

 

1 - Qualidade e Entrega 

 

Não podemos nos esquecer que como professoras estamos prestando um serviço e as aulas são o nosso produto. A qualidade das aulas presenciais devem superar ou equalizar o conforto das aulas on-line. Aproveitem as muitas vantagens da troca de energia da sala de aula. Explore o espaço, dinâmicas de movimentação e interação, sequências e exercícios de grupo, pensando sempre em acolher e cativar a aluna. 

 

 

2 - Dinamicidade e Inovação 

 

Inevitável dizer que as aulas on-line diminuíram o ritmo e a intensidade dos momentos dançantes. Agora é o momento do resgate, de propor coisas novas, fazer com que a aula seja dinâmica e interativa.  

Faça na medida do possível uma divisão do conteúdo e das dinâmicas que você vai trabalhar naquele mês e planeje as suas aulas de forma a integrar conteúdo teórico, prático, técnico e interativo para maior integração das alunas. 





3 - Flexibilidade e Hibridização

 

Entender que muitas alunas não voltaram ao presencial é necessário, por isso seja flexível, atenciosa e disponível para conseguir atendê-las da melhor maneira possível. Ter a alternativa de aulas gravadas, vídeos sequências e até aulas on-line de reforço, são maneiras de manter a sua aluna rica em material e com a opção de escolher como vai estudar. 



Se programem e tenham muita calma para esse retorno. Muitas vezes um retorno lento, gradual e organizado é mais vantajoso e, principalmente, mais seguro, do que apenas retornar sem planejamentos ou protocolos de segurança. 



Bailarinxs, tenham uma ótima e organizada semana!

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Organizando a Tribo

Isadora Oliveira (Belo Horizonte-MG) é bailarina semi-profissional, estudante e mobilizadora social. Com 19 anos de idade, graduanda em Bacharel em Direito e amante da Cultura Árabe Oriental, tem uma vasta experiência em organização grupal (apesar da idade), são aproximadamente 10 anos de trabalho e serviços sociais voluntários. É integrante da equipe VIDES Brasil (Voluntariado Internacional de Desenvolvimento e Educação Social) e está à frente da Iniciativa da Nova Geração das Danças Árabes Orientais no Brasil.  Clique aqui para ler mais posts desa coluna! >>


[Formação no Tribal] Conteúdo (Parte2): Um Trabalho Pedagógico

por Ana Clara Oliveira

Paulo Freire

Na última postagem da coluna, nós nos dedicamos sobre uma pergunta específica: qual é o conhecimento que importa na nossa dança? Em comemoração ao centenário do patrono da educação brasileira Paulo Freire – que se completará em setembro do presente ano -, vou discutir com vocês, nesta matéria, o entendimento dos conteúdos a partir do currículo Crítico-libertador declarado por ele.

Ao aproximarmos a prática educativa da dança às orientações de Paulo Freire (2019), poderíamos observar que a escolha do conteúdo programático é uma das preocupações que atravessam o cotidiano dos professores. Quando situamos o campo do estilo tribal, percebemos o alargamento das discussões sobre como ensinar e o que ensinar. Seja no formato de combos, seja numa investigação de improvisação, ou ainda, por teorização aprendemos que é preciso gerar conteúdos para as aulas.

Tal natureza não se organiza somente como uma preocupação pedagógica ou como um problema identificado: nós, docentes do estilo tribal, valorizamos um ensino com conteúdo, isto é, com o objeto do conhecimento para o desenvolvimento das capacidades dos alunes. Eis que surge a “inquietação em torno do conteúdo do diálogo e a inquietação em torno do conteúdo programático da educação (FREIRE, 2019, p. 115-116). 

Diante disso, o educador discorre a criação de um currículo crítico que responda à prática libertadora cuja “dialogicidade comece, não quando o educador-educando se encontra com os educandos-educadores em uma situação pedagógica, mas antes, quando aquele se pergunta em torno do que vai dialogar com estes” (FREIRE, 2019, p. 115-116). Essa postura pedagógica se difere do chamado “educador-bancário”, que na sua “antidialogicidade” faz uma verticalidade do saber ou até mesmo impõe o seu programa de aula, sem nunca perguntar aos alunes sobre suas inquietudes. 

Mas, como colocar esse trabalho pedagógico em ação? Ou melhor: como reduzir a educação bancária rumo ao projeto crítico e de liberdade?

Neste momento, alguns de vocês talvez estejam perguntando se a ideia é eliminar o nosso repertório de movimento e toda a nossa rica estética, a fim de propor algo quase impossível de fazer. Pois bem, a responda é: não. Para o querido pensador, a nossa tarefa é: ensinar conteúdos disciplinares, ou seja, tudo que julgarmos necessário para o aprendizado das técnicas e do universo poético do estilo tribal, mas também convocar as diferentes realidades dos alunes numa ação consciente. Esse princípio gera a estruturação dos conteúdos que importam e que precisam ser problematizados em um processo dialógico no qual as experiências diárias também formulam a criticidade. O conteúdo programático então, deixaria de ser exclusiva eleição dos profissionais do estilo tribal, para ser deles e dos alunes. Por esse motivo, “é na realidade mediatizadora, na consciência que dela tenhamos, educadores e povo, que iremos buscar o conteúdo programático da educação” (FREIRE, 2019, p. 121).

Uma das formas de aplicar essas orientações nas nossas salas de aula é a partir do “universo temático” ou o chamado conjunto de temas geradores (FREIRE, 2019, p. 121). De modo breve, os temas geradores são investigações que não se concentram nas pessoas isoladas da realidade, nem ao contrário. São buscas metodológicas conscientizadoras entre corpo docente e discente que, sendo constituídas nas relações corpos-mundo, podem ser capturadas e entendidas no domínio humano e não como se fossem coisas – assuntos soltos, fora do humano. “Investigar o tema gerador é investigar, repitamos, o pensar dos homens referido à realidade, é investigar seu atuar sobre a realidade, que é sua práxis” (FREIRE, 2019, p. 136). 


De maneira didática, podemos encontrar as seguintes etapas na abordagem de Paulo Freire (2019): investigação (busca por palavras e temas centrais); codificação dos temas (contexto concreto ou real em que os fatos ocorrem e o contexto teórico em que a codificação é analisada); decodificação (ato cognoscente realizado pelos corpos sociais e que gera a nova percepção) e por fim, a problematização (visão reflexiva). Obviamente, todo o arcabouço do currículo Crítico-libertador vai além desse texto, mas deixo aqui essas noções com o intuito de colorir e despertar ainda mais nossas aulas. Assim, vejamos o esquema abaixo:

Trama Conceitual Freireana: Ensino-aprendizagem
Ana Maria Saul e Patricia Lima Dubeux Abensur
Fonte: Revista Educação (UFSM)

Na próxima postagem, planejo publicar uma resenha do primeiro capítulo do livro Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa (FREIRE, 2020) – 66ª edição. Com estas informações, aspiro auxiliar a nossa comunidade de dança, especialmente docentes a refletir a própria atuação e a tomar decisões de maneira mais conscientes sobre: “que conteúdos ensinar, a quem, a favor de quê, de quem, contra quê, contra quem, como ensinar” (Freire, 2005, p. 45). 

E, vocês já trabalharam através do currículo Crítico-libertador? O que vocês pensam dos temas geradores? Vamos conversar? 

Finalizo com a imagem inspiradora da professora/artista/coreógrafa/estudiosa/pesquisadora do estilo tribal: Annamaria Marques, tão dedicada ao ensino amoroso e consciente.

Abraços dançantes,

Até breve!

Annamaria Marques ( @annamaria_tribaldancer) |  Fotografia: Greis Ferreira.


Referências:

FREIRE, Paulo. A educação na cidade. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2005. 

_____________Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.


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Formação no Tribal


Ana Clara Oliveira (Maceió-AL) é dançarina e pesquisadora do estilo Tribal de Dança do Ventre. Professora de Dança na Escola Técnica de Artes (UFAL). Doutoranda em Artes (UFMG) onde pesquisa a formação no Tribal. Mestrado em Dança (UFBA). Diretora da Zambak Cia de Dança Tribal ... Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >>


[Resenhando-PA] Memorial “Irupé-Régia”, um Tribal de identidade amazônida para o Tribalcore

 por Pan Lira

Abro o meu cantinho aqui explanando sobre o Tribal Fusion em Belém/PA, na cidade de minha origem e que resido, na Região Norte, mais especificamente sobre a Dança Étnica de Fusão Amazônida1, desenvolvido por mim e experienciado na composição coreográfica da Trupe Irupé com o Lundu Marajoara, para o VIII festival TribalCore: Veritas, edição virtual, idealizado por Annamaria Marques, tendo ocorrido a partir do dia 31 de maio as postagens de vídeos feitos para o festival pelo instagram, e a Trupe Irupé fazendo sua estréia no grupo do dia 3 de junho. Este festival impulsionou o repensar de que forma e como desenvolver uma performance “mergulhando em si”, e pensei em uma estilização com uma verdade intrínseca, buscando minha essência e de quem dançaria ali comigo, afinal, esta era a temática: a verdade (“veritas” do latim), haveria muitas maneiras de se fazer fusões étnicas, mas o Irupé foi levado a movimentar uma identidade mais amazônida e é sobre isto essa resenha. 

1 Amazônida: “O conceito de amazônida envolve a individualidade da região para cuja caracterização, existência e persistência a sua vinculação à àgua, a luz e a floresta, como um organismo integrado, é indispensável”(PINTO, Lúcio Flávio. 2018 em https://amazoniareal.com.br/a-utopia-amazonida/#:~:text=Quem%20for%20ao%20dicion%C3%A1rio%20online,Relativo%20ou%20pr%C3%B3prio%20do%20Amazonas.)   

Trupe Irupé por Tereza Marciel

“Irupé é o nome indigena em tupi- guarani,
da conhecida planta aquática amazônica Vitória Régia.
Irupé porque mostra nossa raiz amazonida,
cabocla, indigena também, nortista e tudo que nos compõe…
Irupé porque é flor que nasce nas água, da lama,
nascemos em meio ao caos que está o mundo…
e tão resistente e tão bela, seja dia ou noite,
como estrelas que despontam nos rios,
que nasce flor única de beleza ímpar,
que dança nas sinuosidades das águas
e juntas se tornam fortaleza e inspiração para quem busca.”

(Poesia de Pan Lira para suas alunas em uma conversa virtual para inspirar o grupo)

2º encontro/ensaio na Estação das Docas

Antes de iniciar a própria resenha em si, e explicar todos os elementos que compõe desde o nome da performance a escolha de “nossa verdade”, faço um preâmbulo importante de agradecimento e contextualização de como essa coreografia se desenvolveu: inicialmente agradeço às mulheres que participaram comigo dessa experiência, minhas tribaleras de nível iniciante/básico que se permitiram à sua primeira apresentação: Dayane Macedo, Luciana Oliveira, Mayra Faro e Sidna Farah. Necessito ressaltar sobre a união de mulheres, neste caso pela arte, pela sua (e nossa) saúde física, mental e emocional nesses momentos instáveis nacionalmente e mundialmente, em que encontramos na dança e no Tribal um refúgio, por optarem pelo seu aprendizado e também valorizarem meu trabalho, pois elas estavam em seus primeiros meses iniciando o estilo Tribal Fusion, quando a cidade de Belém/PA entrou em lockdown e foi oferecido a elas a opção de suspenderem as aulas ou manterem de forma on-line, fizeram a segunda opção, e projetando que o lockdown fosse breve (menos de um mês), nossos encontros virtuais tomaram o eixo que nos facilitaria a compor uma coreografia em conjunto, já que além da necessidade do afastamento físico, eram pessoas que faziam aulas em locais diferentes comigo. Inicialmente, perguntei a elas quais movimentos que praticavam em aula, gostavam de sentir e fazer, quase unânime os movimentos sinuosos e deslocamentos foi exaltado – preciso ressaltar que em aula busco trazer uma nomenclatura abrasileirada, adaptada para algo que crie acessibilidade e familiaridade: círculo duplo, passo grego com variação de braços, camelos, redondos de busto/quadril, fogueira, floreios nas mãos e flor de lótus, compunham a variedade do repertório que usaríamos.

Trupe Irupé - Movimento de saia

A pesquisa desenvolvida acerca do Irupé, primeiro foi relacionada ao que fariamos e porque fariamos: Um vídeo-dança como resultado da vivência on line de aulas? Sim, a proposta seria esta, já que por hora era nossa única opção para apresentar-nos. Teria uma temática mais generalista (o Tribal Fusion e seus fundamentos), ou teria uma identidade mais restrita? Definimos pela segunda opção, conectando ao Tribal Fusion à nossa raiz amazonida, para se encaixando na proposta do festival TribalCore para nos apresentarmos. Em virtude dos movimentos escolhidos em conjunto, e já experienciando solos e estudos com danças populares paraenses, decidi pela fusão com o Lundu Marajoara, ritmo e dança afro-brasileira paraense, de negros bantos que foram escravizados na Ilha do Marajó, que hoje faz parte do repertório de grupos de dança parafolclóricos1 do Pará. A musicalidade e a dança do Lundu é historicamente manifestada em todo Brasil, “segundo Vicente Salles (2003, p. 163), essa dança é uma ‘espécie de samba de roda, dança e canto comum em todo o Brasil, desde o século XVIII’”2, porém no município de Soure, no Marajó, o modo de dançar se torna único, é trazido o rebolar mais marcado no corpo de quem dança, homem ou mulher, em movimento mais sinuoso e marcados dos quadris, giros e troca de olhares entre quem dança, como um cortejo, a ponto de também ser uma musicalidade que em performance de dança-teatro conta a lenda do BotoAs mulheres trajam saias muito rodadas e longas de tecido de chita com fundo de cor única e flores estampadas e a blusa de renda branca longa ou curta, flores presas na lateral do cabelo e adornos como colares, pulseiras e brincos vistosos, geralmente de sementes, e esta foi a inspiração para a estilização da roupa da Trupe Irupé: usariamos saias muito rodadas e longas, de tecido de chita, as flores nos cabelos, presos na lateral, adornos e blusa que harmonizassem com nossa proposta, pois o objetivo era fazer fusão!

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Trupe Irupé - Irupé Régia na selva de pedra


Optamos pela utilização sem mixagem ou alguma estilização que alteraria o ritmo do lundu marajoara, trazendo a musicalidade étnica “pura” tocada pelos grupos parafolclóricos. A união dos movimentos sinuosos do repertório Tribal com os movimentos envolventes de sinuosidade similar dançada no Lundu Marajoara, seria fácil, o maior trabalho se deu para encaixar os movimentos de saia com os giros, devido ao vento na Orla da Universidade Federal do Pará, onde gravamos, mas que fomos agraciadas pela presença de uma inesperada plateia de um boto-tucuxi, o encaixe de movimentos de deslocamento no ritmo da música em conjunto também foi desafiador, afinal, houve apenas dois encontros presenciais, além dos ensaios virtuais, antes da gravação do vídeo pela produção de Tereza & Aryanne. Queriamos em nossa dança, trazer uma essência que nos fizesse sentir em casa, nos trouxesse o movimento das águas, dos rios abundantes da nossa região, de nossa encantaria como a sinuosidade da cobra grande, a beleza da vitória-régia, qual foi decidido pelo nome em tupi-guarani “Irupé”, o “Régia” foi por uma pressa de logo se associar à planta aquática, qual também trouxemos com o mudra da flor de lótus. Assim, desenvolvemos nossa performance de fusão étnica com nossa essência, como cheiro do Pará.


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Trupe Irupé - Mulheres Amazonidas


Preciso ressaltar que há uma escassez de representantes sejam professores ou dançantes de Tribal Fusion na região Norte, a produção artística acerca desta dança ainda é pouca, e pouco conhecida, divulgada, procurada até mesmo pelas pessoas da região, entretanto, especialmente em virtude do espaço virtual nos tempos de hoje, o contato pode ser mais presente e frequente e a visibilidade do Estilo Tribal e seus desdobramentos na Região Norte maior, mas na época que iniciei minhas práticas tribaleras, em 2010, havia apenas duas professoras do estilo em minha cidade, perpassando sempre através da estética e nomenclatura da Dança do Ventre, criando um déficit maior em relação aos outros regiões que produzem o Estilo Tribal, assim como o desenvolvimento do aprendizado também poderia ser por vídeos ou quando nos deslocavamos em viagem para entrar em contato com outros profissionais do estilo, e me refiro a viagens nacionais (!), e essa necessidade também se observa com quem pratica Dança do Ventre/Dança Cigana, em minha região. Historicamente a região Norte sempre foi vista apenas como base de matéria-prima para o Brasil, criando um isolamento e tendo um acesso mais difícil acerca de conhecimentos mais específicos, assim também como desenvolvendo dentro do mesmo espaço, um mercado de consumo que se retroalimentaria, e trazendo esta colocação à esfera artística, uma produção popular local, que por mais que houvesse certa influência externa, seria mais ligada aos países da região Caribenha do que ao Brasil em si, desenvolveríamos danças e ritmos próprios e étnicos como os mais conhecidos: carimbó, lundu marajoara, marujada, siriá e os populares contemporaneos como o brega marcante, melody, technobrega, guitarrada, calypso. Essa contextualização se faz necessária, para discorrer sobre algumas discrepâncias em aprendizados dançantes que temos, ainda que hoje, na era virtual de 2021, tenha a possibilidade de ser mais consonante com o globoSempre vi o Estilo Tribal como uma porta que pode se desdobrar em uma teia de significados, ideias e inspirações, fosse coletivamente ou em solo, inclusive trazendo a vasta identidade brasileira, pois também me levou a conhecer outros horizontes, histórias e culturas, a admirar, respeitar e honrarAgora encerro por aqui, agradecendo extremamente à Aerith pelo espaço que sou fã desde meus primeiros anos de tribalera e claro, a equipe de produção de Tereza e Aryane, e apoio de Gabriel, a você leitor e especialmente às minhas tribaleiras.


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Trupe Irupé - Flores das águas por Tereza Marciel


Assista o víde-dança “Irupé-Régia”:





Referências Bibliográficas:


1 PARAFOLCLORICO: “No sentido de se aproximar com o prefixo “para”, na gramática da língua portuguesa, quer dizer: próximo à, perto de, parecido, semelhante e “em oposição a” como: paranormal, parafonia. É com o sentido de proximidade com o folclore que os grupos parafolclóricos trabalham as suas produções coreográficas, pois esses grupos se caracterizam de certas organizações, fundamentadas no estudo do folclore e transmitidas de modo espetacular .” (AZEVEDO, 2004, p. 11).

2 AZEVEDO, Maria Ana Oliveira de. LANDUM, LANDU, LONDU, LUNDUM OU LUNDU: MATRIZES CULTURAIS DE UMA DANÇA MARAJOARA. p.2.

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Resenhando-PA

Pan Lira, natural de (Belém-PA) , professora, pesquisadora e dançarina  Tribal Fusion, Danças Ciganas e Dança Oriental, apaixonada por fusões, e desenvolve pesquisa em danças regionais nortistas e das danças afro-religiosas das Yabás, desenvolvendo sua própria de fusão com danças Paraenses chamado "Dança Etnica de Fusão Amazônida". Graduanda em Licenciatura em Dança pela UFPA, ensina as modalidades étnicas que estuda desde 2014. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

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Resenhando-PA por Pan Lira

Coordenação Região Norte - Núcleo PA:

Pan Lira, natural de Belem/PA, professora, pesquisadora e dançarina  Tribal Fusion, Danças Ciganas e Dança Oriental, apaixonada por fusões, e desenvolve pesquisa em danças regionais nortistas e das danças afro-religiosas das Yabás, desenvolvendo sua própria de fusão com danças Paraenses chamado "Dança Etnica de Fusão Amazônida". Graduanda em Licenciatura em Dança pela UFPA, ensina as modalidades étnicas que estuda desde 2014. 













Artigos


[Resenhando-SC] Jornada da Dançarina na Liderança

 por Rafaela Barbieri


Olá, leitores do Coletivo Tribal! 

Neste difícil contexto marcado pela pandemia mundial do Coronavírus (COVID-19), alguns eventos estão sendo realizados de forma online por meio do Youtube ou lives no Instagram. Em Santa Catarina, entre os dias 06, 07 e 08 de julho, Cintia Vilanova organizou a Jornada da Dançarina na Liderança em seu canal do Youtube. O evento foi 100% online e gratuito, com foco no estilo FatChanceBellyDance® (FCBD®).


Aqui você pode conferir as imagens de divulgação disponíveis em sua página no Instagram:






O objetivo da Jornada era fornecer recursos para conseguir dançar o Tribal Estilo FCBD®️ desde o começo e já descobrindo como realizar sua dança com liberdade e autonomia. No caso de um interesse maior do aluno ou aluna, Cintia também oferecia um aprofundamento em sua próxima turma do Programa 40 dias de Tribal FCBD®️, que vai desde o iniciante até o avançado. No dia 09 de julho, a professora repetiu o último dia programação, permitindo a inscrição de novos participantes que tinham acesso as aulas até o dia 13 de julho. 


A programação, que trabalhou os principais aspectos para quem está começando a aprender o estilo como alguns movimentos, contagem e postura, foi a seguinte: 



DATA – 06, 07 e 08 de Julho de 2021, às 21h30 ao vivo no canal do Youtube

06/07 | Pocket show de abertura + aula "Onde está minha líder na dança?"

07/07 | A Jornada da Líder Dançarina

08/07 | A Tribo somos nós 


Confira agora algumas fotos do bastidores desse evento:






Muito obrigada por acompanharem! Até a próxima!

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Resenhando-SC


Rafaela Arienti Barbieri (Florianópolis-SC) é bailarina amadora de Tribal Fusion há cinco anos e atualmente compõe o grupo do La Lune Noire Estúdio de Dança, organizado pela bailarina Aline Pires.  Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

 

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Resenhando-SC por Rafaela Barbieri

 Coordenação Região Sul - Núcleo SC:

Rafaela Arienti Barbieri
é bailarina amadora de Tribal Fusion há cinco anos e atualmente compõe o grupo do La Lune Noire Estúdio de Dança, organizado pela bailarina Aline Pires



Artigos



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[Dançando Narrativas] Lenda, Mito e Folclore: é tudo a mesma coisa?

por Keila Fernandes

Não, não é.


Já conversamos aqui sobre mitologia e personagens mitológicos e como eles estão presentes na nossa dança. Para além deles, personagens de lendas e do folclore também costumam ocupar um lugar especial do gosto de muitas bailarinas e bailarinos.


Contudo, os conceitos de lenda, mito e folclore, por serem complexos, podem acabar se misturando e se confundindo, e nós podemos cometer equívocos ao atribuir a um personagem ou narrativa a ideia de folclore ou lenda, quando este é parte de uma mitologia.


Pensando nisso, trago aqui, de forma simplificada, os significados destes conceitos para quando quisermos usá-los em nossa dança.


Ao contrário do que se pensa (e foi amplamente difundido), mito não é sinônimo de mentira. Os mitos são narrativas sagradas (atenção a essa palavra) que explicam o mundo e a vida. Eles nos colocam em contato com a forma como outros povos enxergam a realidade e entendem a natureza. E a mitologia, o conjunto e também o estudo dos mitos, ela está presente nas narrativas cristãs, na espiritualidade indígena e nas religiões de matriz africana.


O folclore é um conceito complexo, e também é um campo de estudo. A palavra foi cunhada por William John Thoms, em 1846, a partir dos termos anglo-saxões folk (povo) e lore (sabedoria/conhecimento) e ainda gera muitos debates e controvérsias. Mas ajuda se pensarmos na etimologia da palavra e nos lembrarmos que estamos falando de sabedoria e conhecimento popular.


O folclore abrange uma variedade cultural grande. Ele pode ser pensado como o conjunto de crenças, contos, causos, lendas, músicas, danças, festas, histórias, costumes, tradições, comidas, práticas cotidianas e outras expressões populares.


Boi Caprichoso e Boi Garantido: Festival Folclórico de Parintins.

As lendas são parte do folclore. A origem do termo vem do latim medieval legenda, e significa “aquilo que deve ser lido”. As lendas, inicialmente, contavam as histórias dos santos. E manteve esse sentido no Brasil do século XIX.

Com o tempo, o significado do termo foi se transformando. Hoje, quando falamos em lendas, estamos falando de narrativas fantásticas de origem popular, geralmente transmitidas de maneira oral (e também podem ser registradas de forma escrita). As lendas narram coisas que ocorreram com alguém em um local e tempo específico. Seus acontecimentos podem ser reais, ou não, assim como podem misturar ficção e realidade. 


Contudo, por mais que sejam conceitos diferentes e possam ser estudados e trabalhados separadamente, às vezes um perpassa o outro. A cultura está em constante movimento, e essas expressões acabam se encontrando e se relacionando em um cruzamento cultural onde podemos enxergar a continuidade das narrativas mitológicas e/ou folclóricas.


Não, o mito não é folclore. 


Como já foi dito, ele representa a realidade e a sacralidade para seus respectivos povos. E as narrativas mitológicas são tão poderosas que, mesmo sendo histórias muito antigas, sobreviveram até hoje, seja na crença, no imaginário ou na cultura pop.


A força e a permanência dos mitos pode ser verificada no folclore e nas lendas que bebem dele. Por exemplo: a figura das fadas. Originárias da mitologia dos povos celtas, após o domínio romano e a cristianização, elas permaneceram em lendas e fazem parte do imaginário popular, presentes em lendas e nos famosos contos de fadas, inicialmente narrativas populares que tinham o intuito de ensinar algo, e   foram registradas posteriormente, e hoje chegam até nós na forma de filmes e animações.


"3 Who Stand" de Brian Froud (2011/2012)/Sininho, de Peter Pan. - Disney (1953)

Ou então  o Curupira, entidade protetora das florestas que tem sua origem na mitologia Tupi e hoje aparece nas narrativas folclóricas. Nesse caso devemos nos atentar para o contexto de colonização do nosso país. Curupira foi descrito pelo padre jesuíta José de Anchieta como um demônio que atacava pessoas nas florestas e para quem os indígenas deixavam oferendas para evitar tais ataques. Assim, essa entidade teve sua imagem deturpada pela ótica cristã, e foi se transformando dentro do imaginário popular, tendo suas origens, por muitas vezes, negligenciadas e ignoradas.


Por isso, compreender que, apesar de possuírem uma ligação, mito e folclore não são a mesma coisa, é muito importante pois, como já dito anteriormente, a mitologia carrega a identidade cultural e as crenças de um povo, e embora o folclore seja o conhecimento popular, é necessário cuidado para não enxergarmos ambos de maneira equivocada, e para  trabalhá-los de forma séria.


Principalmente no que diz respeito à espiritualidades e cosmogonias indígenas, que, com o contato com os colonizadores, acabaram por penetrar no imaginário popular, e com o tempo foi sendo apagada e infantilizada em obras que tiram das narrativas indígenas o seu caráter sagrado e sua importância para seus respectivos povos.


Então, mesmo estando presentes em narrativas folclóricas, devemos sempre lembrar de que são parte de mitologias (pois estamos falando de povos diversos, com cosmogonias diversas) e um sagrado importante.


Compreender o folclore, é compreender nossa história. É entender que a cultura é mutável e adaptável. É entender o sincretismo religioso e cultural, é nos aproximar das nossas origens, da nossa linguagem e entender a diversidade enorme de nosso país. E assim, quando levarmos ao palco traços de nossa cultura, fazer isso de maneira consciente e respeitosa, valorizando as fontes das quais bebemos.



Referências bibliográficas:



BENJAMIN, Roberto. O Conceito de Folclore. In.: UNICAMP: Projeto Folclore. Disponível em <https://www.unicamp.br/folclore/Material/extra_conceito.pdf>


CASEMIRO, Sandra Ramos. A Lenda da Iara: nacionalismo literário e folclore. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. São Paulo. 2012.


COSTA, William. Entendendo o Folclore. In: Academia.Edu. Disponível <https://www.academia.edu/33365609>


MUNDURUKU, Daniel. Sobre mitologias e outras narrativas. YouTube. 16/03/2021. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9h6oq3Gc58M>


Pensando perspectivas decoloniais sobre o folclore brasileiro. In: Nonada. Disponível: <http://www.nonada.com.br/2021/02/folclore-brasileiro-decolonial/>


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Dançando Narrativas


Keila Fernandes (Curitiba-PR) é escritora, professora de história e  historiadora, especialista na área de Religiões e Religiosidades e História Antiga e Medieval. É aluna da bailarina e professora Aerith Asgard e co-diretora do Asgard Tribal Co. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

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