Entre os dias 29 e 31 ocorreu o primeiro FestDunya, organizado (e sonhado) e realizado por Coral Farias, Garbiela Shearazade e Lunna Suad, no municipio de Ananideua, na região Metropolitana de Belém, a sua idealização seria para integrar diversas modalidades de danças orientais – Danças Ciganas, Dança Indiana, Dança do Ventre e Estilo Tribal. Ananindeua é o local que reside diversas bailarinas e profissionais das danças orientais de nossa região, que geralmente precisam se deslocar aos eventos realizados em Belém, ainda que haja uma proximidade e um deslocamento de tempo de 1 hora de um centro para o outro, as organizadoras por serem de Ananindeua optaram por realizar o FestDunya no conjunto da Cidade Nova, que fica em um bairro de Ananindeua.
O festival foi maturado, seu projeto inicial seria para o dia 30 de setembro de 2020, porém devido o estouro da pandemia, houve a necessidade do adiamento para o ano de 2021. Ainda assim, dia 07 de fevereiro deste ano, Coral realizou uma live em no perfil do Instagram do FestDunya que contou com diversas modalidades do universo das danças orientais, com Jessie Ra’idah marcando presença com Tribal Fusion, Ananda Govinda com dança indiana e eu, Pan Lira, com uma fusão em Dança Cigana.
As datas de realização das modalidades do evento foram escolhidas em outubro, como do como disse Coral para mim “Outubro - Samhain - fechamento de ciclos. Entao essa seria a data do Festival 29, 30 e 31”. Acontecendo de uma forma hibrida com workshops on-line de dança do ventre com profissionais de fora do Estado do Pará e tendo no dia 30 de outubro, seu evento presencial com show de gala, mostra de danças árabes orientais e fusões com bailarinas amadoras e profissionais da Região Metropolitana de Belém e concurso de dança do ventre. Não apenas o evento foi um sonho realizado para as organizadoras, mas foi uma realização para a dançarina de Tribal Fusion, Dayane Macedo, em sua primeira apresentação em solo de Tribal Fusion.
“Quando decidi criar uma performance de Tribal Fusion, gostaria que ela trouxesse uma teatralidade e emoção, escolhi performar uma música que sempre quis criar algo para ela, porém, por ser do nível básico eu não sabia muito bem como faria, a música escolhida era: El tango de Roxane do filme Moulin Rouge. Estava com essa ideia na cabeça a mais ou menos um mês antes de surgir a oportunidade de apresentar-me no FestDunya, onde, uma das organizadoras do evento perguntou se eu não gostaria de me apresentar. Vi nesse evento o momento de apresentar o Tribal e a criação desta performance, pois, aqui em nosso estado o Tribal Fusion não é muito conhecido, e apesar de ser praticante também de outros estilos de danças orientais eu escolhi apresentar o Tribal, para ser prestigiado e mais divulgado aqui em nosso Estado. Fui até a minha professora de danças orientais Pan Lira, e pedi sua orientação, no qual a mesma me deu total apoio e ajuda na limpeza de meus movimentos, foi um mês de criação e ensaios até a finalização e apresentação no meu primeiro festival. No início me senti muito insegura pois nunca havia criado algo para apresentar, mas com a ajuda da minha professora tudo foi se acertando e eu fui me acalmando, quando vi e dancei a performance pronta me senti muito realizada na minha arte, principalmente depois da apresentação, no qual recebi muitos elogios e reconhecimento de pessoas que até então nem conhecia, e pra mim isso é muito gratificante ser do nível básico e ter conseguido criar algo que tocou pessoas, com isso, pretendo seguir em frente na minha arte e aperfeiçoa-la cada vez mais.”
Assim encerro minha resenha deste mês, com o coração alegre, falando para semearmos sonhos e deixá-los florescer e dançar.
Pan Lira, natural de (Belém-PA), professora, pesquisadora e dançarina Tribal Fusion, Danças Ciganas e Dança Oriental, apaixonada por fusões, e desenvolve pesquisa em danças regionais nortistas e das danças afro-religiosas das Yabás, desenvolvendo sua própria de fusão com danças Paraenses chamado "Dança Etnica de Fusão Amazônida". Graduanda em Licenciatura em Dança pela UFPA, ensina as modalidades étnicas que estuda desde 2014.Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >>
Abro o meu cantinho aqui explanando sobre o Tribal Fusionem Belém/PA, na cidade de minha origem e que resido, na Região Norte, mais especificamente sobre a Dança Étnica de Fusão Amazônida1, desenvolvido por mim e experienciado na composição coreográfica da Trupe Irupé com o Lundu Marajoara,para o VIII festivalTribalCore: Veritas, edição virtual, idealizado por Annamaria Marques, tendo ocorrido a partir do dia 31 de maio as postagens de vídeos feitos para o festival pelo instagram, e a Trupe Irupé fazendo sua estréia no grupo do dia 3 de junho. Este festival impulsionou o repensar de que forma e como desenvolver uma performance “mergulhando em si”, e pensei em uma estilização com uma verdade intrínseca, buscando minha essência e de quem dançaria ali comigo, afinal, esta era a temática: a verdade (“veritas” do latim), haveria muitas maneiras de se fazer fusões étnicas, mas o Irupé foi levado a movimentar uma identidade mais amazônida e é sobre isto essa resenha.
da conhecida planta aquática amazônica Vitória Régia.
Irupé porque mostra nossa raiz amazonida,
cabocla, indigena também, nortista e tudo que nos compõe…
Irupé porque é flor que nasce nas água, da lama,
nascemos em meio ao caos que está o mundo…
e tão resistente e tão bela, seja dia ou noite,
como estrelas que despontam nos rios,
que nasce flor única de beleza ímpar,
que dança nas sinuosidades das águas
e juntas se tornam fortaleza e inspiração para quem busca.”
(Poesia de Pan Lira para suas alunas em uma conversa virtual para inspirar o grupo)
2º encontro/ensaio na Estação das Docas
Antes de iniciar a própria resenha em si, e explicar todos os elementos que compõe desde o nome da performance a escolha de “nossa verdade”, faço um preâmbulo importante de agradecimento e contextualização de como essa coreografia se desenvolveu: inicialmente agradeço às mulheres que participaram comigo dessa experiência, minhas tribaleras de nível iniciante/básico que se permitiram à sua primeira apresentação: Dayane Macedo, Luciana Oliveira, Mayra Faro e Sidna Farah. Necessito ressaltar sobre a união de mulheres, neste caso pela arte, pela sua (e nossa) saúde física, mental e emocional nesses momentos instáveis nacionalmente e mundialmente, em que encontramos na dança e no Tribal um refúgio, por optarem pelo seu aprendizado e também valorizarem meu trabalho, pois elas estavam em seus primeiros meses iniciando o estilo Tribal Fusion, quando a cidade de Belém/PA entrou em lockdown e foi oferecido a elas a opção de suspenderem as aulas ou manterem de forma on-line, fizeram a segunda opção, e projetando que o lockdown fosse breve (menos de um mês), nossos encontros virtuais tomaram o eixo que nos facilitaria a compor uma coreografia em conjunto, já que além da necessidade do afastamento físico, eram pessoas que faziam aulas em locais diferentes comigo. Inicialmente, perguntei a elas quais movimentos que praticavam em aula, gostavam de sentir e fazer, quase unânime os movimentos sinuosos e deslocamentos foi exaltado – preciso ressaltar que em aula busco trazer uma nomenclatura abrasileirada, adaptada para algo que crie acessibilidade e familiaridade: círculo duplo, passo grego com variação de braços, camelos, redondos de busto/quadril, fogueira, floreios nas mãos e flor de lótus, compunham a variedade do repertório que usaríamos.
Trupe Irupé - Movimento de saia
A pesquisa desenvolvida acerca do Irupé, primeiro foi relacionada ao que fariamos e porque fariamos: Um vídeo-dança como resultado da vivência on line de aulas? Sim, a proposta seria esta, já que por hora era nossa única opção para apresentar-nos. Teria uma temática mais generalista (o Tribal Fusion e seus fundamentos), ou teria uma identidade mais restrita? Definimos pela segunda opção, conectando ao Tribal Fusion à nossa raiz amazonida, para se encaixando na proposta do festival TribalCore para nos apresentarmos. Em virtude dos movimentos escolhidos em conjunto, e já experienciando solos e estudos com danças populares paraenses, decidi pela fusão com o Lundu Marajoara, ritmo e dança afro-brasileira paraense, de negros bantos que foram escravizados na Ilha do Marajó, que hoje faz parte do repertório de grupos de dança parafolclóricos1do Pará. A musicalidade e a dança do Lundu é historicamente manifestada em todo Brasil, “segundo Vicente Salles (2003, p. 163), essa dança é uma ‘espécie de samba de roda, dança e canto comum em todo o Brasil, desde o século XVIII’”2, porém no município de Soure, no Marajó, o modo de dançar se torna único, é trazido o rebolar mais marcado no corpo de quem dança, homem ou mulher, em movimento mais sinuoso e marcados dos quadris, giros e troca de olhares entre quem dança, como um cortejo, a ponto de também ser uma musicalidade que em performance de dança-teatro conta a lenda do Boto. As mulheres trajam saias muito rodadas e longas de tecido de chita com fundo de cor única e flores estampadas e a blusa de renda branca longa ou curta, flores presas na lateral do cabelo e adornos como colares, pulseiras e brincos vistosos, geralmente de sementes, e esta foi a inspiração para a estilização da roupa da Trupe Irupé: usariamos saias muito rodadas e longas, de tecido de chita, as flores nos cabelos, presos na lateral, adornos e blusa que harmonizassem com nossa proposta, pois o objetivo era fazer fusão!
Trupe Irupé - Irupé Régia na selva de pedra
Optamos pela utilização sem mixagem ou alguma estilização que alteraria o ritmo do lundu marajoara, trazendo a musicalidade étnica “pura” tocada pelos grupos parafolclóricos. A união dos movimentos sinuosos do repertório Tribal com os movimentos envolventes de sinuosidade similar dançada no Lundu Marajoara, seria fácil, o maior trabalho se deu para encaixar os movimentos de saia com os giros, devido ao vento na Orla da Universidade Federal do Pará, onde gravamos, mas que fomos agraciadas pela presença de uma inesperada plateia de um boto-tucuxi, o encaixe de movimentos de deslocamento no ritmo da música em conjunto também foi desafiador, afinal, houve apenas dois encontros presenciais, além dos ensaios virtuais, antes da gravação do vídeo pela produção de Tereza & Aryanne. Queriamos em nossa dança, trazer uma essência que nos fizesse sentir em casa, nos trouxesse o movimento das águas, dos rios abundantes da nossa região, de nossa encantaria como a sinuosidade da cobra grande, a beleza da vitória-régia, qual foi decidido pelo nome em tupi-guarani “Irupé”, o “Régia” foi por uma pressa de logo se associar à planta aquática, qual também trouxemos com o mudra da flor de lótus. Assim, desenvolvemos nossa performance de fusão étnica com nossa essência, como cheiro do Pará.
Trupe Irupé - Mulheres Amazonidas
Preciso ressaltar que há uma escassez de representantes sejam professores ou dançantes de Tribal Fusion na região Norte, a produção artística acerca desta dança ainda é pouca, e pouco conhecida, divulgada, procurada até mesmo pelas pessoas da região, entretanto, especialmente em virtude do espaço virtual nos tempos de hoje, o contato pode ser mais presente e frequente e a visibilidade do Estilo Tribal e seus desdobramentos na Região Norte maior, mas na época que iniciei minhas práticas tribaleras, em 2010, havia apenas duas professoras do estilo em minha cidade, perpassando sempre através da estética e nomenclatura da Dança do Ventre, criando um déficit maior em relação aos outros regiões que produzem o Estilo Tribal, assim como o desenvolvimento do aprendizado também poderia ser por vídeos ou quando nos deslocavamos em viagem para entrar em contato com outros profissionais do estilo, e me refiro a viagens nacionais (!), e essa necessidade também se observa com quem pratica Dança do Ventre/Dança Cigana, em minha região. Historicamente a região Norte sempre foi vista apenas como base de matéria-prima para o Brasil, criando um isolamento e tendo um acesso mais difícil acerca de conhecimentos mais específicos, assim também como desenvolvendo dentro do mesmo espaço, um mercado de consumo que se retroalimentaria, e trazendo esta colocação à esfera artística, uma produção popular local, que por mais que houvesse certa influência externa, seria mais ligada aos países da região Caribenha do que ao Brasil em si, desenvolveríamos danças e ritmos próprios e étnicos como os mais conhecidos: carimbó, lundu marajoara, marujada, siriá e os populares contemporaneos como o brega marcante, melody, technobrega, guitarrada, calypso. Essa contextualização se faz necessária, para discorrer sobre algumas discrepâncias em aprendizados dançantes que temos, ainda que hoje, na era virtual de 2021, tenha a possibilidade de ser mais consonante com o globo. Sempre vi o Estilo Tribal comouma porta que pode se desdobrar em uma teia de significados, ideias e inspirações, fosse coletivamente ou em solo, inclusive trazendo a vasta identidade brasileira, pois também me levou a conhecer outros horizontes, histórias e culturas, a admirar, respeitar e honrar. Agora encerro por aqui, agradecendo extremamente à Aerith pelo espaço que sou fã desde meus primeiros anos de tribalera e claro, a equipe de produção de Tereza e Aryane, e apoio de Gabriel, a você leitor e especialmente às minhas tribaleiras.
Trupe Irupé - Flores das águas por Tereza Marciel
Assista o víde-dança “Irupé-Régia”:
Referências Bibliográficas:
1PARAFOLCLORICO: “No sentido de se aproximar com o prefixo “para”, na gramática da língua portuguesa, quer dizer: próximo à, perto de, parecido, semelhante e “em oposição a” como: paranormal, parafonia. É com o sentido de proximidade com o folclore que os grupos parafolclóricos trabalham as suas produções coreográficas, pois esses grupos se caracterizam de certas organizações, fundamentadas no estudo do folclore e transmitidas de modo espetacular .” (AZEVEDO, 2004, p. 11).
2 AZEVEDO, Maria Ana Oliveira de. LANDUM, LANDU, LONDU, LUNDUM OU LUNDU: MATRIZES CULTURAIS DE UMA DANÇA MARAJOARA. p.2.
Pan Lira, natural de (Belém-PA), professora, pesquisadora e dançarina Tribal Fusion, Danças Ciganas e Dança Oriental, apaixonada por fusões, e desenvolve pesquisa em danças regionais nortistas e das danças afro-religiosas das Yabás, desenvolvendo sua própria de fusão com danças Paraenses chamado "Dança Etnica de Fusão Amazônida". Graduanda em Licenciatura em Dança pela UFPA, ensina as modalidades étnicas que estuda desde 2014.Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >>
Pan Lira, natural de Belem/PA, professora, pesquisadora e dançarina Tribal Fusion, Danças Ciganas e Dança Oriental, apaixonada por fusões, e desenvolve pesquisa em danças regionais nortistas e das danças afro-religiosas das Yabás, desenvolvendo sua própria de fusão com danças Paraenses chamado "Dança Etnica de Fusão Amazônida". Graduanda em Licenciatura em Dança pela UFPA, ensina as modalidades étnicas que estuda desde 2014.
Esther Demoneah, maranhense nascida em São Luis. Mora desde muito
pequena em Porto Velho
no Estado de Rondônia. Esther foi apresentada ao mundo da dança ainda criança. Começou a tocar piano dos 6 aos 15 anos; além de ser integrante de uma banda de Black Metal. Estudou balé clássico, Jazz, sapateado e
encantou-se com a dança do ventre na adolescência, porém, sabia que esta ainda
não era a sua grande paixão e algo lhe faltava.
Por causa de problemas familiares, Esther se viu obrigada a guardar na gaveta o sonho de dançar, mas, as coisas foram mudando
. Começou a fazer aulas de Zouk, Bolero e Bachata, mas, apesar de amar estes três estilos tão
distintos, ainda sentia que faltava alguma coisa. E foi durante um workshop de
Tribal Fusion que descobriu que esta seria sua grande paixão. Apesar de já ter assistido e lido bastante sobre este estilo, não existem professores do estilo em sua cidade. Depois de participar do workshop de Tribal Fusion ministrado
pela bailarina Janis Goldbard, começou a estudar mais a fundo tudo o que podia
sobre o assunto e a cada estudo, a cada ensaio pode perceber o quanto o Tribal Fusion completava-lhe tratando de estilo musical e dança.
Em Porto Velho, há carência de profissionais
que trabalham exclusivamente com Tribal Fusion. Por conta disso, Esther disponibilizou-se para dar aulas e, desta forma, ela acredita que poderá ensinar e aprender mais, além de ajudar a divulgar o estilo e contribuir para o crescimento do Tribal Fusion na Região Norte, conhecendo novas adeptas que também estejam dispostas a espalhar essa
semente, crescendo como bailarinas e como futuras professoras.
Seu grande sonho é que haja união entre as bailarinas
de todas as vertentes, de todos os estilos e de todas as academias e que haja
muitos grupos de Tribalistas dispostas a compartilhar o amor por esta arte e colocar nossa região
no mapa como uma região com bons
profissionais que se destacam em seus trabalhos.
Aconteceu
dia 10/12/2015, na cidade de Porto Velho no estado de Rondônia, o espetáculo de
danças da Academia Berenice Simão. Fui convidada pela professora e coreógrafa
Valéria Carvalho, que ministra aulas de dança do ventre nesse espaço, para
mostrar um pouco do que estou estudando sobre o Tribal Fusion.
Para
este evento, preparei uma apresentação de metal
fusion, mostrando um pouco do que tenho estudado e praticado. Escolhi uma
música que gosto muito, de uma banda da Grécia chamada Rotting Christ.
Estudando,
pesquisando e sempre me esforçando muito, espero alcançar muitos resultados
positivos no meu trabalho e ajudar a difundir esta arte na minha região.
Agradeço
imensamente às professoras, coreógrafas e dançarinas; à Berenice Simão e à Valéria
Carvalho pelo convite e pela satisfação de compartilhar um pouco do que venho
aprendendo. Aproveito também para dar os parabéns pela iniciativa, pois é assim
que vemos a nossa cidade e os nossos artistas em geral sendo valorizados.
Berenice
Simão é professora há mais de 20 anos. Uma das fundadoras da Fundação Cultural da
Cidade de Porto Velho. Trabalha com estilos variados de dança ministrando aulas
de: balé, jazz, sapateado, dança afro, dança de salão e dança flamenca.
No dia 30 de Outubro de
2015 começou o 1º Seminário de Dança do Acre, o “Seminário História da Dança no
Acre”, que foi até o dia 07 de novembro.
A história da Dança no
Acre é muito antiga como todos podemos imaginar, já que o homem através de sua
relação com a natureza dançava em busca de uma aproximação com as divindades.
Apesar de a dança já estar
estabilizada como um segmento organizado e representado desde 2008, somente se
separou das Artes Cênicas na câmera setorial a dois anos. Nesse meio tempo até
a data presente, o movimento foi agregando a todos os bailarinos, professores e pesquisadores da dança para se
unirem e tomarem mais consciência das ferramentas possíveis e disponíveis para
poderem elevar a um grau cada vez mais alto a dança do estado.
A programação foi extensa
e foram nove dias de trabalhos: palestras, mesas redondas, apresentações e
oficinas; tudo voltado para os amantes, estudantes da dança e para aqueles que
possuem intenção de se aproximar das políticas públicas que possam auxiliar a
realizar um projeto de dança.
E por falar nisso, esse
projeto foi resultado do Prêmio Klauss Vianna de 2014 o qual Valeska Alvim, em
sua generosidade, transformou-o em um prêmio coletivo e idealizou esses nove
dias de muita informação e que com certeza será um divisor de águas na história
da Dança no Acre. Profissionais renomados de
outros estados estiveram presentes nas mesas redondas, representantes da área de cultura do estado,
representantes do MODA (Movimento de Dança do Acre), incluindo a classe de
artistas presentes debatendo para buscar soluções, caminhos e melhorias para valorização de uma dança mais representativa no Brasil.
Entre eles:
Karla Martins - Diretora Presidente da Fundação Elias Mansour de comunicação;
Neyla Maria –
Representante do Minc no Acre;
Elderson Melo -
Historiador e doutorando da USP;
Rodrigo Forneck –
Presidente da Fundação Garibaldi Brasil;
Fabiano Carneiro -
Coordenador de dança de dança da Codança Funarte;
Regina Cláudia -
Historiadora e pesquisadora em dança;
Valeska Alvim - Professora
da UFAC e doutoranda da UNB;
Christian Morais -
Bacharel em Arte Cênicas e professora da Rede Pública
O seminário vem também com
uma proposta de engajar pesquisas e investigações que visam, além de reunir
pessoas que fizeram e fazem parte da história da dança no estado, aproximar os
municípios e organizar para que a capacitação e a profissionalização da Dança
aconteça o quanto antes.Esse processo todo visa
também “compor afetos, traçar alianças e descobrir caminhos” para que a Dança
do Acre seja vista, estudada e registrada.
“Registro e memória” foram
um dos temas abordados durante o seminário e há pouquíssimos registros da dança
feita aqui no estado; e se há, ainda está disperso. Em algumas modalidades
quase não se sabe nada além de não ser encontrado nada em bibliotecas ou em
museus.
No caso da dança do ventre, apesar do grande número de imigrantes do Líbano e da Síria terem se
estabelecido no Acre no final do século 19, não se tem registro de nenhum(a)
descendente dando aulas ou mesmo se apresentando, o que é ,no mínimo, curioso. Há restaurantes árabes e
libaneses, masbailarinas dançando? Nenhuma! Não há registrado nenhuma
bailarina/dançarina que tenha feito algo artisticamentepara ser mostrado em público o que me leva a
imaginar que somente entre eles se dançava e a dança não era vista como um meio
de expor a arte e a cultura deles como meio de aproximação com o povo e a
cultura local, ao menos aqui no Acre.
Entre as minhas colegas
Professoras que nasceram aqui ou que estão aqui a um tempo em se tratando de
registros da Dança do Ventre, há muitas informações vagas e nenhum registro e
ou pesquisa feita. Uma pena por um lado, mas, por outro, um campo rico e vasto
para pesquisadores e investigadores.
Uma pesquisa séria da
Dança do Ventre feita aqui na região é um assunto urgentíssimo a se tratar. Por que se faz necessária
essa pesquisa? Resposta: para o reconhecimento
da dança do ventre no Acre, para uma organização e uma melhoria no nível da
dança, o que vai ser bom para todo mundo não somente para as professoras.
Na
verdade, eu penso queno caso aqui do
estado, seria melhor ainda para as praticantes que almejam se profissionalizar
ou mesmo melhorar sua técnica na dança, pois, como em toda cidade pequena, as
possibilidades de se atualizar na própria modalidade é mínima e quando não,é
caríssima ou se tem de fazer cursos a preços elevados quando alguém de fora
ministra ou se tem de viajar para fora. Em alguns casos se para de
dançar ou fica estudando sozinha como muitas que vejo; e ainda há aquelas que se
sentem a vontade fazendo a mesma coisa a vida toda com a mesma professora, mas
isso teria de ser opção da bailarina e não imposição, como acontece em lugares
que não se tem um curso profissionalizante de dança.
Na proposta da Mostra de
Pesquisa Coreográfica que aconteceu no
dia 31 de outubro,
às 19:00h, foram convidados
alguns representantes das modalidades existentes e que possuem representatividade
no estado, como Dança Contemporânea, Balé, Dança de Salão, Popping dance, break
dance e Dança do Ventre.
Como trabalho com a
expansão, estabilização e pesquisa do Tribal
Fusion desde 2012, através de oficinas, worksopps e aulas regulares, fui convidada a representar a Dança do Ventre com o Tribal Fusion , pois se
entende entre meus companheiros de dança, que Tribal Fusion também é Dança do Ventre.
A minha proposta foi
juntar alguns fragmentos de coreografias baseadas na minha pesquisa antes da
minha viagem a Índia e pós-Índia. Processo maravilhoso, cada
vez me encanto mais com a dança indiana e meu sonho é poder estudar dança
indiana clássica e bollywood. Então foi prazeroso, gostoso, divino e gostei da
composição porque eu tenho sim um grau de criticidade que todos nós temos de
ter, mas, além de tudo, eu sei como é difícil dispor de tempo, disciplina, aulas
regulares, elementos facilitadores como uma boa sala, espelho, ar condicionado
e etc para construir e criar uma dança de nível elevado.
Nome Coreografia: Índia em
4 Tempos Coreografia: 1ªparte –Janis , 2ªparte- Janis, 3ªparte – Sharon kihara e 4ªparte- Janis
A 1ª parte escolha da
introdução veio por insight. Eu tinha planejado outra introdução, mas essa
combinou melhor com a proposta; além de mostrar que é possível dançar algo
brasileiro colocando elementos de dança indiana.
A 2ª parte foi experimento
com técnicas de kuchippudi, dança clássica indiana que aprendi na Índia; claro
que transportado de certa forma para o fusion, já que a técnica ainda está sendo
aprimorada.
Na 3ª parte resolvi
colocar um pedaço da coreografia da Sharon Kihara porque ela é uma inspiração
pra mim e essa coreografia dela é simples e complexa ao mesmo tempo. Eu senti
que ela me deu uma firmeza no meu propósito e uma leveza pois sempre quando a
estudo ela está sorridente e leve.
A 4ª parte e última foi a
minha primeira coreografia inspirada na Índia as quais usei recursos que já estavam
em minha maneira de sentir e fazer dança, claro que pesquisei, mas sabe quando
captamos um movimento espontaneamente? Foi assim, tentei lembrar todo movimento
que eu gostava e sabia fazer, depois coloquei na coreografia.
Foram várias as fontes de pesquisa desde
Bollywood, kuchippudi, katak , jazz; além de aulas regulares no projeto
“Expressões Contemporâneas” criação e visibilidade que vem transformando minha
maneira de criar, de dançar e de pensar dança.
Como eu pontuei, “Dançar
é só o começo”, pois o estudo e a pesquisa vem logo em seguida. Todas as grandes
bailarinas do ventre e/ou de outros estilos que eu conheço possuem isso
fortemente arraigado em suas criações, pois de outra forma só seria um corpo que
balança.
A história da Dança no
Acre vem de muuuuuito longe, mas aqui estamos nós (tribalistas) fazendo nossa
parte, agregando valor e novas maneiras de se pensar a Dança do Ventre no
Acre.
Tribal Fusion Na Região Norte Resenhando
Tribal Fusion no II EITA - Encontro Beradêro em Dança - 22.08.15
O "Encontro Beradêro em Dança"
aconteceu entre os dias 21, 22 e 23 de setembro de 2015 no teatro do SESC em
Porto Velho, a capital de Rondônia. Várias companhias de dança de estilos
variados compareceram para mostrar seus trabalhos bem como para prestigiar seus
colegas.
Este vídeo apresenta a minha participação
mostrando um pouco dos resultados de estudos e práticas que foram iniciadas
nesse mesmo ano a partir do workshop de Janis Goldbard.
Nesse
evento, estive representando a "CIA de Dança Kaká Ferreira" a convite
do meu professor e mestre da academia
Kaká Ferreira, local em que também faço aulas de zouk e bolero. Como foi
meu primeiro solo neste estilo e a primeira coreografia criada inteiramente por
mim, reconheço que minha atuação ainda é algo a ser muito polido e melhorado.
O processo de criação até que foi rápido para
uma iniciante. Como fiz balé desde pequena e toquei piano a vida toda,
tenho um pouco de intimidade com os ritmos e quando ouço uma música já me
passam várias sequências de passos na
cabeça. A parte difícil obviamente é
colocar em prática para ver se aqueles movimentos imaginados se encaixam bem na
música, além de, é claro, praticar bastante para "limpar" os
movimentos.
Ainda não tenho muita bagagem e, por conta
disso, ainda não sou boa em improvisar, portanto, o que me resta é
continuar estudando para aprender cada
vez mais. Amei a experiência e tenho em mim uma certeza que só cresce de que
não vivo mais sem a dança e principalmente sem o Tribal Fusion.