por Janis Goldbard
No dia 30 de Outubro de
2015 começou o 1º Seminário de Dança do Acre, o “Seminário História da Dança no
Acre”, que foi até o dia 07 de novembro.
A história da Dança no
Acre é muito antiga como todos podemos imaginar, já que o homem através de sua
relação com a natureza dançava em busca de uma aproximação com as divindades.
Apesar de a dança já estar
estabilizada como um segmento organizado e representado desde 2008, somente se
separou das Artes Cênicas na câmera setorial a dois anos. Nesse meio tempo até
a data presente, o movimento foi agregando a todos os bailarinos, professores e pesquisadores da dança para se
unirem e tomarem mais consciência das ferramentas possíveis e disponíveis para
poderem elevar a um grau cada vez mais alto a dança do estado.
Link da entrevista- globo:
A programação foi extensa
e foram nove dias de trabalhos: palestras, mesas redondas, apresentações e
oficinas; tudo voltado para os amantes, estudantes da dança e para aqueles que
possuem intenção de se aproximar das políticas públicas que possam auxiliar a
realizar um projeto de dança.
E por falar nisso, esse
projeto foi resultado do Prêmio Klauss Vianna de 2014 o qual Valeska Alvim, em
sua generosidade, transformou-o em um prêmio coletivo e idealizou esses nove
dias de muita informação e que com certeza será um divisor de águas na história
da Dança no Acre. Profissionais renomados de
outros estados estiveram presentes nas mesas redondas, representantes da área de cultura do estado,
representantes do MODA (Movimento de Dança do Acre), incluindo a classe de
artistas presentes debatendo para buscar soluções, caminhos e melhorias para valorização de uma dança mais representativa no Brasil.
Entre eles:
Karla Martins - Diretora Presidente da Fundação Elias Mansour de comunicação;
Neyla Maria – Representante do Minc no Acre;
Elderson Melo - Historiador e doutorando da USP;
Rodrigo Forneck – Presidente da Fundação Garibaldi Brasil;
Fabiano Carneiro - Coordenador de dança de dança da Codança Funarte;
Regina Cláudia - Historiadora e pesquisadora em dança;
Valeska Alvim - Professora da UFAC e doutoranda da UNB;
Christian Morais - Bacharel em Arte Cênicas e professora da Rede Pública
O seminário vem também com
uma proposta de engajar pesquisas e investigações que visam, além de reunir
pessoas que fizeram e fazem parte da história da dança no estado, aproximar os
municípios e organizar para que a capacitação e a profissionalização da Dança
aconteça o quanto antes.Esse processo todo visa
também “compor afetos, traçar alianças e descobrir caminhos” para que a Dança
do Acre seja vista, estudada e registrada.
“Registro e memória” foram
um dos temas abordados durante o seminário e há pouquíssimos registros da dança
feita aqui no estado; e se há, ainda está disperso. Em algumas modalidades
quase não se sabe nada além de não ser encontrado nada em bibliotecas ou em
museus.
No caso da dança do ventre, apesar do grande número de imigrantes do Líbano e da Síria terem se
estabelecido no Acre no final do século 19, não se tem registro de nenhum(a)
descendente dando aulas ou mesmo se apresentando, o que é ,no mínimo, curioso. Há restaurantes árabes e
libaneses, mas bailarinas dançando? Nenhuma! Não há registrado nenhuma
bailarina/dançarina que tenha feito algo artisticamente para ser mostrado em público o que me leva a
imaginar que somente entre eles se dançava e a dança não era vista como um meio
de expor a arte e a cultura deles como meio de aproximação com o povo e a
cultura local, ao menos aqui no Acre.
Entre as minhas colegas
Professoras que nasceram aqui ou que estão aqui a um tempo em se tratando de
registros da Dança do Ventre, há muitas informações vagas e nenhum registro e
ou pesquisa feita. Uma pena por um lado, mas, por outro, um campo rico e vasto
para pesquisadores e investigadores.
Uma pesquisa séria da
Dança do Ventre feita aqui na região é um assunto urgentíssimo a se tratar. Por que se faz necessária
essa pesquisa? Resposta: para o reconhecimento
da dança do ventre no Acre, para uma organização e uma melhoria no nível da
dança, o que vai ser bom para todo mundo não somente para as professoras.
Na
verdade, eu penso que no caso aqui do
estado, seria melhor ainda para as praticantes que almejam se profissionalizar
ou mesmo melhorar sua técnica na dança, pois, como em toda cidade pequena, as
possibilidades de se atualizar na própria modalidade é mínima e quando não,é
caríssima ou se tem de fazer cursos a preços elevados quando alguém de fora
ministra ou se tem de viajar para fora. Em alguns casos se para de
dançar ou fica estudando sozinha como muitas que vejo; e ainda há aquelas que se
sentem a vontade fazendo a mesma coisa a vida toda com a mesma professora, mas
isso teria de ser opção da bailarina e não imposição, como acontece em lugares
que não se tem um curso profissionalizante de dança.
Na proposta da Mostra de
Pesquisa Coreográfica que aconteceu no
dia 31 de outubro,
às 19:00h, foram convidados
alguns representantes das modalidades existentes e que possuem representatividade
no estado, como Dança Contemporânea, Balé, Dança de Salão, Popping dance, break
dance e Dança do Ventre.
Como trabalho com a
expansão, estabilização e pesquisa do Tribal
Fusion desde 2012, através de oficinas, worksopps e aulas regulares, fui convidada a representar a Dança do Ventre com o Tribal Fusion , pois se
entende entre meus companheiros de dança, que Tribal Fusion também é Dança do Ventre.
A minha proposta foi
juntar alguns fragmentos de coreografias baseadas na minha pesquisa antes da
minha viagem a Índia e pós-Índia. Processo maravilhoso, cada
vez me encanto mais com a dança indiana e meu sonho é poder estudar dança
indiana clássica e bollywood. Então foi prazeroso, gostoso, divino e gostei da
composição porque eu tenho sim um grau de criticidade que todos nós temos de
ter, mas, além de tudo, eu sei como é difícil dispor de tempo, disciplina, aulas
regulares, elementos facilitadores como uma boa sala, espelho, ar condicionado
e etc para construir e criar uma dança de nível elevado.
Nome Coreografia: Índia em
4 Tempos
Coreografia: 1ªparte –Janis , 2ªparte- Janis, 3ªparte – Sharon kihara e 4ªparte- Janis
Coreografia: 1ªparte –Janis , 2ªparte- Janis, 3ªparte – Sharon kihara e 4ªparte- Janis
- A 1ª parte escolha da introdução veio por insight. Eu tinha planejado outra introdução, mas essa combinou melhor com a proposta; além de mostrar que é possível dançar algo brasileiro colocando elementos de dança indiana.
- A 2ª parte foi experimento com técnicas de kuchippudi, dança clássica indiana que aprendi na Índia; claro que transportado de certa forma para o fusion, já que a técnica ainda está sendo aprimorada.
- Na 3ª parte resolvi colocar um pedaço da coreografia da Sharon Kihara porque ela é uma inspiração pra mim e essa coreografia dela é simples e complexa ao mesmo tempo. Eu senti que ela me deu uma firmeza no meu propósito e uma leveza pois sempre quando a estudo ela está sorridente e leve.
- A 4ª parte e última foi a minha primeira coreografia inspirada na Índia as quais usei recursos que já estavam em minha maneira de sentir e fazer dança, claro que pesquisei, mas sabe quando captamos um movimento espontaneamente? Foi assim, tentei lembrar todo movimento que eu gostava e sabia fazer, depois coloquei na coreografia.
Foram várias as fontes de pesquisa desde
Bollywood, kuchippudi, katak , jazz; além de aulas regulares no projeto
“Expressões Contemporâneas” criação e visibilidade que vem transformando minha
maneira de criar, de dançar e de pensar dança.
Como eu pontuei, “Dançar
é só o começo”, pois o estudo e a pesquisa vem logo em seguida. Todas as grandes
bailarinas do ventre e/ou de outros estilos que eu conheço possuem isso
fortemente arraigado em suas criações, pois de outra forma só seria um corpo que
balança.
A história da Dança no
Acre vem de muuuuuito longe, mas aqui estamos nós (tribalistas) fazendo nossa
parte, agregando valor e novas maneiras de se pensar a Dança do Ventre no
Acre.
Pesquisa:
siria-e-libanesa