[Resenhando-SP] Feira e Gala - Campo das Tribos VI



por Anamaria 


Campo das Tribos.... Gente, vocês não fazem ideia de há quanto tempo eu esperava para ir a este evento. Sempre ouvi falar e a curiosidade de estar em um evento exclusivamente voltado para o tribal era enorme. E finalmente ela foi saciada.Tive a oportunidade de, desta vez, estar presente para assistir ao Show de Gala e de levar um estande para a feira das tribos.

Enquanto achei que estaria solitária ao levar o estande do InFusion (meu ateliê), tive a felicidade de encontrar com as amigas do Espaço Thalita Menezes. Alegria dupla e muita bagunça.

Como eu estava em meu estande a maior parte do tempo, não pude ver as mostras, mas das pessoas que conheço que estavam apresentando, sei que era dança de primeira qualidade!
Mesmo tendo perdido esta parte, tive a felicidade de conhecer pessoalmente várias pessoas que conhecia apenas pelo Facebook e rever a turma que conheci no Shaman's Fest – Rachel in Brazil. Todas simpaticíssimas como sempre <3

Foi uma experiência ótima para mim que levei pela primeira vez o InFusion para a feira das tribos. Ver os trabalhos de pessoas talentosíssimas, e compartilhar com os visitantes um pouco do meu trabalho.

  • Na feira tivemos a oportunidade de ver o trabalho sempre lindo da Aline Muhana e seu Nataraja Designs, expondo peças de tribal ATS(r) e conjuntos de tribal fusion num estilo que me remeteu ao vintage;  
  •  Leidi Kitai, uma fofa, levando sua nova coleção Dark: tudo com uma simplicidade chique e ótimo acabamento. 
  • Maria Badulaques levou peças supercriativas com espelhos e algumas calças jaipur. Ela é uma pessoa com muito alto astral e sua mãe uma gracinha, chiquérrima com seu cabelo azul.
     
  • Simone Galassi também levou sua coleção de tribal fusion: um trabalho muito bem acabado e de bom gosto.
     
  • A Shimmie também levando camisetas e acessórios que toda bailarina quer para seu dia a dia!
     
  • Tinham mais outros dois estandes, que pra minha vergonha infinita não lembro o nome, mas lembro bem dos produtos: um mais voltado para o gótico e outro para o steam punk, peças lindas e criativas!

  • Além destes. os estandes com lanches, hummmm bolos delicioooooosos à venda, Mehandi e maquiagem profissional feitos na hora.


Uma dor imensa foi não ter dinheiro para comprar tudo o que eu queria.

O show, como tinha de ser, foi um espetáculo à parte.

Achei tudo muito bem organizado, estilos de dança variados e dosados na medida certa. A interação com o público, com a apresentação do Guigo foi ótima e rendeu uma boa diversão para a plateia.

Para não ficar chato, pois eu diria que foi um no geral dos melhores shows de dança que já assisti, vou listar algumas apresentações que me marcaram: 

- Nomadic ATS: figurinos e cabelo impecáveis lembrando o estilo dos Vikings; dança e música contagiante! Amei assisti-las!
- Rebeca Piñero com seu ragga: deliciosa apresentação. Alegre e divertida!
- Samra Hanan e Karina Leiro mandaram muito bem em suas apresentações também!
- Raphaela Petting cantando! Glamour total!
- Kristine Adams: Gente! Que técnica!! Essa mulher não existe!

Em suma foi uma noite LINDA!
Muito, muito obrigada mesmo à organização pelo carinho com o público!



***Para ler mais resenhas do Festival Campo das Tribos VI, clique nos links abaixo:***






Resenhando - Região Sudeste
_______________________________________
Coodenação Anamaria

Identidade Afro no Tribal Brasil

por Kilma Farias

Oxúm | Foto por Renata Chaves



              Dança dos Orixás, temas que trazem o terreiro como conceito central da coreografia, Maracatus, Cocos e Reisados são inspiração constante dentro do Tribal Brasil. Achei importante levantar pontos para reflexão sobre essa identidade africana dentro do nosso estilo em desenvolvimento.
             Desde a época da vinda dos primeiros escravos negros ao Brasil, os Bantus, oriundos da Costa Ocidental Africana a exemplo de Angola, Congo e Moçambique que um processo de construção de uma nova etnia se iniciou. Os Bantus acreditavam em dois mundos; o visível e o invisível, entendendo o homem como centro da criação, estabelecendo uma ética antropocêntrica que conflitava com os ideais do catolicismo em época da colonização em nosso país. Exímios dominadores do ferro e do marfim, produziam exóticos artefatos que hoje fariam brilhar os olhos das tribaldancers mais vaidosas.
            Para o Brasil também vieram escravos da África Central, os Jêjes, oriundos de Dahomé. De língua Fon e cultuando os Voduns, os Jêjes deixaram raízes no Maranhão. Danças como o Tambor de Mina e Tambor de Crioula guardam segredos desses guerreiros, sendo essa última de cunho mais profano, apresentada inclusive em festividades culturais, e também religiosas ligadas a São Benedito. Já os Iorubás, Nagôs, oriundos do Ketu, terra de Oxossi, estruturavam a construção de sua ética em quatro pilares: o indivíduo, a comunidade, a criação/natureza e o passado. Esse passado encontra ecos no Tribal Brasil, onde buscamos gerar o novo com as influências sócio-político-econômicas da nossa época, mas com um olhar sob o passado, trazendo-o ao presente de um modo relido, resignificado. São dos Nagôs que herdamos os Orixás que tanto nos inspiram.


         O Orixá inspira a construção de personagens dentro do Tribal Brasil por sua riqueza de características, movimentação e figurinos próprios dentro de uma estética que em muito se assemelha a do Tribal. A empatia é inevitável, assim como o envolvimento da musicalidade Afro, e traz uma atmosfera mística, construindo um espaço quase sobrenatural no palco para falar em gestos de uma cultura que se hibridiza em movimento.
            Com a mão de obra escrava predominante a partir do século XVII, a figura dos reis e rainhas negros do Congo se fazem presentes em cortejos dançantes em diversas expressões culturais. Nos cultos aos santos negros São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Ifigênia, articulações políticas e religiosas são tramadas no sentido de enfraquecer a cultura e religiosidade Africana, propondo uma efetivação da dominação colonial. Atualmente, as congadas são cortejos de música e dança sem necessariamente terem ligação com irmandades negras, como por exemplo, as Cambindas da Paraíba, mas ainda encontramos forte influência religiosa nos maracatus nação de Pernambuco.


            A temática do Maracatu é sempre bem-vinda no Tribal Brasil, assim como o arquétipo da Rainha Negra, como por exemplo, Nzinga, desenvolvida em coreografia de Jaqueline Lima para a Cia Lunay, dentro do espetáculo Axial (2012).


            As expressões culturais que possuem contexto dramático representam as guerras intertribais, chamadas de guerra justa entre africanos cristianizados e gentios. Na cultura portuguesa, as cruzadas são a primeira referência dessa guerra. Negros que aprenderam a ler e escrever em árabe, assim como foram convertidos, eram chamados de Malês. Os Malês também foram trazidos como escravos, vindo com eles traços de uma cultura africana hibridizada com a árabe. Em si, uma boa fonte de pesquisa para o Tribal Brasil.  O conflito entre cristãos e mouros aparece em folguedos como as cheganças, cavalhadas, congos e congadas. As brincadeiras de marinheiros, barcas, marujadas aparecem como dança dramática como, por exemplo, na Nau Catarineta. Todas essas expressões culturais que envolvem dança e batuques são heranças dos Negros trazidos da África, influente identidade na construção do brasileiro.        
Os batuques, à época da colonização portuguesa no Brasil, figuravam como o lugar dos excluídos, que não prestavam cultos às irmandades católicas, mas uniam dança, cantos e tambores em esferas reservadas, pejorativamente enquadrados como baderna e feitiçaria pelos colonizadores que temiam os ajuntamentos dos negros, pensando a força político-religiosa que poderiam vir a se tornar. Esses batuques foram proibidos e perseguidos; sua verdadeira natureza sempre escapou à compreensão dos brancos colonizadores. Dissimulando seus ritos na espiritualidade católica surgem o jongo, candombe e a capoeira. Outra forte presença da herança dos batuques são as danças de umbigada. O coco e a capoeira aparecem nas construções de Tribal Brasil, reconstruindo esse lugar de ajuntamento, de tribo. Será que o pensamento de militância contracultural do Tribal encontra na cultura africana dos batuques uma resistência e aí se identifica? Geralmente em roda, ou meia lua, devido à configuração do palco italiano, a capoeira já foi tema de improvisos e construções coreográficas em Tribal Brasil por diversos grupos e solistas.







            Entre 1768 e 1769 o então governador de Pernambuco, Dom José da Cunha Grã Ataíde manda proibir os batuques negros às escondidas em “Cazas e Roças” comparando-os com os Fandangos e Fofas europeias, condenando-os como danças “supersticiosas e gentílicas”. Jêjes, Nagôs, Malês e Haussás, Angolas e Congos reúnem-se em locais afastados para a prática de sua religião tradicional aos cultos africanos dos Orixás, Inkissis e Voduns. Surge assim os Candomblés, sendo resistentes redutos africanos. Um Brasil de Macumbas e Catimbós se estabelece, trazendo traços dos sincretismos religiosos e resistência africana de seus cultos, tão nossos. A Catimbozada foi retratada pela Shaman de forma majestosa, sendo apresentada em diversos eventos de Tribal no Brasil e exterior.


Os batuques inspiram grande parte dos praticantes de Tribal Brasil, a exemplo de Nadja El Balady e Jaqueline Lima, ambas construtoras de um estilo que bebe na fonte dos Orixás e de danças Afro de Trabalho.




            Pensar o Tribal Brasil a partir da identidade africana é pensar nossa construção de mundo através do processo de colonização, mas principalmente através dos nossos atuais processos de pós-modernidade. Como encontrar em nossa arte diálogos entre identidades – entre Negros, Índios, Norte-americanos e Europeus, Asiáticos, Indianos, e justamente por isso sermos tão brasileiros? No fazer do Tribal Brasil, em cada movimento que se reinventa, essa teia encontra possibilidades diversas de caminho, gerando uma complexidade étnica que não se pode falar em uma identidade, mas em múltiplas formas de se identificar com o(s) mundo(s). E o Afro é, certamente, uma força extrema de beleza e riqueza dentro e fora do Tribal Brasil.
http://aerithtribalfusion.blogspot.com.br/2014/03/tribal-brasil-identidade-no-corpo-por.html




Tribal Brasil - Identidade no Corpo
_______________________________________
João Pessoa, Paraíba




O ATS® com música ao vivo

por Raquel Coelho


Uma das experiências mais construtivas e interessantes em nossas andanças com o Nomadic Tribal sem duvidas são as oportunidades de dançar com música ao vivo. 

Através do nosso contato com musicistas descobrimos muitas vertentes musicais aonde podemos adaptar o ATS® e descobrimos também o quanto a dança improvisacional os agrada e muito, pois não existe a necessidade de ensaio prévio e nem muitas composições, o que permite o improviso do musico também! Normalmente, o repertório escolhido para a nossa participação é definido um pouco antes do show, justamente porque não precisamos nos preocupar com a interpretação do musicista (seus improvisos, floreios e experimentos) e nem eles com a nossa intervenção.  A nosso ver, este foi o ponto chave para que passássemos a acompanhar alguns grupos ate mesmo em lançamento de seus CDs. 


Se dançar com som mecânico é bom, dançar com música ao vivo é incrível! Música ao vivo envolve muito mais que um CD e uma bailarina, existe uma preocupação maior que é a de criar harmonia com os músicos e música, afinal de contas, quando contratadas estamos nos disponibilizando para acrescentar forma e cor a este grupo e seu espetáculo. A dança radicalmente ligada a música é um momento único onde música e bailarina tornam-se uma coisa só. São momento indescritíveis! O publico é sempre especial, mas com música ao vivo a troca de energia é bem diferente. O fervor, a recepção e atenção são distintas dos demais shows. Nestas ocasiões, deixamos de ser atração principal, e nos tornamos o momento especial do show.


Todo show é uma surpresa e cada um deles de alguma forma nos serviu como aprendizado. Eles nos ensinam como devemos nos portar com os músicos e publico (todos sempre diferentes), situações onde colocamos a prova nosso profissionalismo e organização. Isso serve também para aprendermos a “negociar” com os músicos, valorizando nosso trabalho com responsabilidade e bom senso. Acabamos por estudar mais as formas de aproveitarmos melhor o espaço destinado para nossa apresentação, de como abrir uma roda no meio do publico em uma pista de dança lotada, por exemplo, e de como lidar com rapazinhos e mocinhas mal educados!


Imprevistos sempre acontecem, e já nos deparamos com situações por exemplo, onde não pudemos tocar snujs. O show era uma gravação ao vivo, logo, snujs não microfonados tornariam a composição uma grande bagunça. Não tocamos, nos perdemos um pouco e era como estivesse faltando um pedaço de cada uma de nós, mas sobrevivemos e valeu muito a pena. Para que isso não aconteça novamente, estamos providenciando nossos snujs de madeira! Tudo para que a nossa participação torne o show destes músicos queridos muito mais bonito! Grand Bazar, Ikaa, Taberna Folk, Mutrib, Orkestra Bandida, Olam ein Soif, Mawaca, solistas...todos eles são grandes e verdadeiros professores e esperamos agregar em muitos outros shows!

http://aerithtribalfusion.blogspot.com.br/2014/03/ats-in-drops-por-nomadic-tribal.html




ATS in Drops
_______________________________________
São Paulo, SP

Notícia Tribal: Visions: A Night of Dark & Theatrical Belly Dance DVD





A produtora Lumen Obscura(sim, esse é o mesmo nome do evento de dança tribal ligado ao gótico e afins dos EUA), lança seu primeiro DVD: Visions: A Night of Dark & Theatrical Belly Dance.

O dvd conta com diversas personalidades do universo dark e theatrical fusion bellydance, entre eles: Aepril Schaile (capa), Deidre Anaid, Maureen, Marjhani, Katy Swenson, Paige Lawrence e muito mais!

Você pode encomendar seu dvd pelo Amazon.com





Reciclando o repertório na dança tribal

por Aerith Asgard

Olá pessoal!

Já faz um tempinho que não posto por aqui, não é mesmo? =)



Hoje trago um assunto para refletirmos um pouco sobre a cena tribal brasileira. Não quero criar confusões e sim levantar um questionamento como crítica construtiva.

Esse não é o primeiro post que falo algo sobre os eventos brasileiros(leia o outro post , clicando aqui!). Sobre a falta de reciclagem dos shows de galas. Não desmereço nenhum trabalho; considero todos profissionais e merecedores de estarem no gala mostrando sua arte. Porém, a realidade é que estamos tendo, todo ano, as mesmas pessoas dançando. Muda o nome do evento, mas não muda a cara, pois o conteúdo é o mesmo. Isso vem acontecendo com mais frequência de uns 4 anos para cá.  Acho que só tem dois ou três eventos que realmente variam o repertório, renovando as energias. Eu acho um pouco cansativo e saturado para um show, pois cai na mesmice, tornando-se previsível. Eu gosto de ver novidades, novos rostos, novos ares, novas propostas =D Acho isso saudável e enriquecedor para um espetáculo!

Enfim.

Eu acho que os eventos deveriam abrir mais suas portas. Para quê existem as mostras? Apenas para lucrar? Ou para divulgar os trabalhos realizados naquela região ou em  todo país(dependendo da proporção do evento)? Usemos as mostras como um caça-talentos! Como uma oportunidade para tais bailarino/as mostrarem todo seu potencial e o quão são  "capacitados" para participarem do Gala em uma próxima edição. Promova novas estrelas! Como é recompensador a um  produtor de eventos ter participado da divulgação daquele(a) bailarino(a), colaborando para que mais pessoas o conheça e também apreciem sua dança!Com certeza tal artista nunca se esquecerá de tal apoio. =)

Vejo em eventos internacionais que as mostras são realmente um mostruário e que seus produtores, mesmo não assistindo na hora, tem acesso as gravações de vídeos  e possuem o feedback do público sobre os bailarinos que se destacaram neste tipo de show. Muitos bailarinos,  após terem dançados no open stage/showcase do evento , são convidados para o show principal, tornando-se conhecidos no universo tribal.


Acho que seria bacana essa relação, em que a mostra seria uma oportunidade para o Gala, como uma extensão, dando idéia de continuidade e não de segregação. Os produtores devem atentar-se aos anseios de seu público. Não digo como uma voz  única. Eu estou aqui dizendo o que venho ouvindo de muita gente chateada ou insatisfeita. Muita gente que já falou que não vai mais dançar na mostra porque não vale a pena =(  E muita gente que é super talentoso(a) e merecia estar lá também abrilhantando o espetáculo. Consequentemente, o lucro também cai, pois tais pessoas buscarão por novas possibilidades.

OBS: Esse texto não se refere apenas à solistas, mas a grupos também.



Alguns exemplos de mostras de dança servindo como porta de entrada para artistas:




Bex (UK):


Alexis Southall (UK):




Bela Saffe (BRA):


Asharah (USA):



LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...