Estamos
de volta cheios de entusiasmo para compartilhar cada vez mais conteúdo de
qualidade com vocês!
Hoje
a coluna “Estilo tribal de ser” traz um pouco sobre as coroas que vem sendo
usadas nas apresentações de Tribal e fusion bellydance.
Um
dos estilos de coroa que consegui identificar foi o das tiaras russas chamadas Kokoshnik.
Tiana Frolkina
Segundo
o site do El país, a tiara era confeccionada com materiais nobres e
pedraria, este caro acessório era parte do dote das noivas.
A
palavra kokóshnik foi detectada pela primeira vez em documentos do século XVII
e vem do termo Kokosh, que significa "broche de galinha". Essa diadema, faz parte
da vestimenta tradicional russa (junto ao traje chamado sarafan) e geralmentefeita por mestres artesãos com materiais finos e pedras preciosas, foi
inicialmente usado por mulheres casadas, como um caro acessório das roupas de
festa e fazia parte do dote das noivas.
Mulheres ainda solteiras usavam uma versão um pouco mais simples do kokoshnik, chamada povyazka.
Em
sua ânsia de modernidade, o czar Pedro I proibiu o kokóshniki, assim como
outras vestimentas tradicionais russas. Nos tempos de Yekaterina II, eles foram
resgatados como um acessório para os trajes da corte e, com Nicolás I, no
século 19, eles voltaram para o guarda-roupa das mulheres. Seu momento de
estrela chegou em 1903, no baile de fantasias dedicado ao 290º aniversário da
dinastia Romanov, realizada no Palácio de Inverno em São Petersburgo.
Os estilos do acessório podem variar no formato, mas existem um consenso de que o
formato esperado seja o de uma tiara alta, podendo ter um formato como de flor
ou nuvem e amarrado atrás da nuca com um laço de fita.
A parte frontal pode ser pesadamente decorada,
bordada com pedrarias e fios de ouro ou ter um aplique simples de bodado
floral. E a parte que cobre a testa é costumeiramente decorada com uma rede de
pérolas.
Versões
estilizadas e ainda mais rebuscadas são vistas com frequência em dançarinas do
leste europeu. Citando apenas algumas como Kira Lebedeva (que usa o acessório
como assinatura), Tiana Frolkina (mostrada no começo do artigo) e Veszna Zorman
(Ambrosia Art in Motion).
Kira Lebedeva e grupo
Kira Lebedeva
Grupo Art in Motion
Que
tal se inspirar e criar seu próprio acessório? É possível utilizar a base desta
maravilha como inspiração para coroas e fulgores. O que acham?
Annamaria Marques (Belo Horizonte-MG) é bailarina, professora, produtora do festival Tribal Core, dona do atelier InFusion e diretora da Trupe Andurá de ATS® e da Tribo Dannan de Tribal Fusion de Minas Gerais.Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >>
Desta vez vamos viajar pelo mundo da tatuagem de henna ou mehndi !!
Segundo Rosaa Araújo, uma das melhores (se não a melhor)
artista de Mehdi do Brasil, “O mehandi, ou mehndi, é como se
chama na Índia a própria planta (Lawsonya Inermis) com a qual é feita a
pasta, de mesmo nome, para a execução da arte de decoração corporal, que também
se chama assim. Ou seja, a planta, a pasta e a arte possuem o mesmo
nome. Henna é seu nome de origem persa.
Sua origem exata é muito difícil de afirmar, pois, sendo
uma arte efêmera e mais relacionada ao universo feminino, não houve muitos
registros, ou poucos deles restaram, para que possamos ter precisão histórica.
No entanto, os artefatos históricos mais antigos que remetem
ao mehandi datam de 6000 a.C. nas regiões onde são hoje a Turquia,
Síria e Ilhas Gregas.
Sabe-se que a henna foi o primeiro cosmético
usado na humanidade, mas a origem de seu uso também está relacionada às suas
propriedades medicinais, sendo usada como antisséptico natural e fortalecedor
da pele, unha e cabelos, uma vez que estimula a produção de queratina nas
células.
O propósito do uso da henna, na verdade, é bastante amplo, e varia muito
de cultura para cultura e de época para época. Está relacionada ao mundo
feminino, aos ciclos menstruais, à autoestima, à natureza passageira e cíclica
da própria vida, a rituais de purificação, a ritos de passagem, à celebração da
vida, à beleza, alegria e troca de afeto. ”
No meu caso e, acredito eu, no caso de muitas pessoas, um
dos primeiros contatos com os desenhos corporais e tatuagens é com esta tintura
temporária antes de se fazer uma tatuagem definitiva. Um alerta importante fica para todos: muitos tatuadores usam
tinturas não apropriadas para o mehndi, tintas que podem causar alergias
graves!
Henna Marroquina
A bela cor marrom avermelhada da henna deixa a arte com um
tom de exotismo super característico e eu considero bem vindo para adornar o
corpo de nós do tribal para enriquecer ainda mais o aspecto oriental da dança. O grupo Zaman, do
Rio de Janeiro tem feito um uso muito legal desta arte em suas apresentações
nas feiras medievais locais. Vale conferir!
Henna Árabe
Existem muitas diferenças nos tipos de padrões dos desenhos,
de acordo com o país e com o
propósito/evento em que ele é feito: tatuagens indianas tendem a ser
mais rebuscadas e tem padrões que remetem a folhagens, flores, e, nos
casamentos, podem ter inclusive imagens dos noivos. As marroquinas, já tendem a
ser mais geométricas, com muitos triângulos e linhas retas, por exemplo.
Henna Indiana
Tem havido também um movimento no ocidente de se tornar
estas tatuagens permanentes, usando as técnicas contemporâneas de tatuagens em
studios. Muitos são fiéis aos desenhos tradicionais, outros se inspiram e
acrescentam, de forma criativa, novos elementos à arte.
Neste artigo trago para vocês uma curiosidade e espero que gostem!!
Na China, nos idos da dinastia do imperador Songwudi (363AD-422AD), havia uma princesa chamada Pingyang (ou Shouyang dependendo da versão). Diz a lenda que, ao dormir sob uma ameixeira do jarim, uma pétala de flor desta árvore caiu em sua testa. Ao acordar, achou que a marca deixada pela flore era muito bonita e passou a reproduzir o efeito para ficar ainda mais bonita e outras jovens decidiram seguir a moda.
Este ornamento na testa é conhecido como Huadian e, na verdade, não tem relação nenhuma com o bindi indiano. É um desenho exclusivamente decorativo e foi muito popular na dinastia Tang, quando houve um boom econômico e de grande prosperidade após um período de caos nacional.
Os desenhos normalmente lembram pétalas de flor e eram feitos de tinta, plumas, folhas de ouro, mica ou papel.
Quando desenhado nas bochechas, o ornamento é chamado Mianye
Nossa entrevistada do mês de Abril é a bailarina Annamaria Marques, de Belo Horizonte, Minas Gerais. Annamaria nos conta sobre sua trajetória na dança tribal, o desenvolvimento dos seus dois grupos, Tribo Dannan e Trupe Andurá, projetos para 2018 e muito mais! Vamos conhecer quem faz partes da nossa tribo? Boa leitura!
BLOG: Conte-nos sobre
sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como e quando você descobriu o
tribal fusion e porquê se identificou com esse estilo?
Comecei a
fazer aulas de dança do ventre em 1997, com a bailarina Sâmara Gamal. Eu, com
16 anos na época, achava tudo lindo! As roupas, a música... foi um momento de
grande crescimento e descoberta para mim, descobrindo a mulher que eu viria a
ser. Em seguida fiz aulas de dança do ventre com a bailarina Amany Ab-Haila,
neste ponto houve um salto no meu aprendizado. Ela sempre teve muito conteúdo
para nos ensinar. Neste momento também foi a primeira vez que fiz parte de uma
Cia. de danças.
Anos depois, depois
de formada pela UEMG (Bacharel em Design Gráfico), voltei a procurar as aulas
de dança do ventre, mas neste ponto descobri o Tribal Fusion. Assistí a um
vídeo da Rachel Brice no Youtube e fiquei louca! Queria ser como ela! E em 2009
comecei a fazer aulas de tribal fusion com a bailarina Nanda Najla, a primeira
em Minas a ensinar o estilo. Eu estava nas alturas! Me reencontrei enquanto
artista, descobri novas formas de me expressar pela dança graças a ela. Ela
trouxe muito conteúdo na área e sempre foi uma grande estimuladora, querendo mesmo que cada uma de nós descobrisse sua própria expressão. Graças a ela tive
oportunidade de estudar pela primeira vez com professoras estrangeiras (em 2009
ou 2010.... no evento da Belefusco, quando vieram Mardi Love, Sharon Kihara e
Ariellah Aflalo), com outros estilos (o dark fusion da Renata Violanti e o
Tribal Brasil da Kilma Farias), em fim, um universo se abriu. Tive a grata
oportunidade de participar da Cia. Kalua Fusion, pioneira do estilo em Minas
Gerais. Uma Cia. com pessoas lindas e com muita chance para o desenvolvimento
pessoal técnico e criativo.
Quando a Nanda se
aposentou da dança, procurei seguir estudando sozinha, mas tive a grande
felicidade de conhecer a bailarina Surrendra Bellydance e a ter novas experiências com a Cia de dança dela, a Ansatta Bellydance, e a produzir meus primeiros
eventos com ela. Em um destes eventos decidimos trazer a bailarina Natália
Espinosa para nos ensinar ATS®, um estilo que nos idos de 2013 ainda era um
pouco misterioso para nós.
Em 2013 comecei a
dar aulas de Tribal Fusion no núcleo de danças onde eu estudava e foi um novo
momento de crescimento, afinal a expectativa é outra. Conheci muitas pessoas
boas, outras nem tanto, mas venho aprendendo muito com cada uma. Na busca por
mais conhecimento para dar melhores aulas, fui fazer uma oficina da bailarina
Carla Michelle. Ela tem um estilo bem diferente do meu e achei importante o
aprendizado. Nesta vivência começou a nascer o Coletivo Conexão Tribal comigo,
Carla Michelle, Surrendra e Natália Espinosa, e a base de tudo era proporcionar mais experiências no estilo Tribal Fusion e ATS® para os alunos de Belo
Horizontee região. Fizemos 5 edições, se
não me engano, antes da Carlinha ir para os Estados Unidos. O projeto está em stand by, mas devemos retornar com novidades!
Neste meio tempo, criei 2 cias de dança: Tribo Dannan de tribal fusion e Trupe
Andurá de ATS®. Venho focando meu trabalho nestes dois estilos e com minhas Cias
criamos o festival Tribal Core, para dar mais oportunidade para os baiarinos do
estilo de mostrarem seu potencial.
BLOG: Quais foram as professoras que
mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
Todas as que citei acima foram
minhas mestras principais, cada uma que alavancou meu desenvolvimento de uma
forma ou de outra. Tenho uma gratidão imensa por tudo o que me proporcionaram.
Uma menção especial vai para uma professora com quem fiz um curso de dança do
ventre terapêutica, Carla Barrio, ela me ensinou a ir além dos limites do corpo,
ao mesmo tempo a respeitá-lo e ser grata por ele. Ela, com algumas limitações físicas, dançava lindamente, um encanto que só vendo!
BLOG: Além da dança tribal você já fez
ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Comecei pela Raks Sharqi (a dança
do ventre) e foi meu foco por muito tempo. Mais tarde, me aventurei por alto
pela dança de rua, dança indiana, dança cigana Kalbelia e folclore árabe.
BLOG: Quais foram suas primeiras
inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Minhas professoras sempre foram
minhas principais inspirações.
Atualmente busco me inspirar em
profissionais de vários estilos, mas as principais são mesmo no Tribal: Mariana
Quadros, Cia Shaman, Tiana Frolkina, Rachel Brice, Mardi Love, Kae Montgomery e
Ariellah Aflalo estão sempre na minha lista.
BLOG: O que a dança acrescentou em sua
vida?
A dança me trouxe principalmente
grandes amizades! Comecei como uma
adolescente absurdamente tímida e neste universo conheci muita gente boa,
outras vieram só de passagem, mas sinto que amadureci muito desde que comecei a
dançar e posteriormente comecei a dar aulas. Adquiri muito conhecimento de
mundo e das pessoas, e muito auto-conhecimento.
BLOG: O quê você mais aprecia nesta
arte?
Aprecio a capacidade que a dança
tem de aproximar as pessoas e de dar a cada uma a possibilidade de se expressar
das mais diversas formas.
BLOG: O quê prejudica a dança do
ventre e como melhorar essa situação? Você acha que o tribal está livre disso?
Desinformação é uma coisa que
prejudica muito. Acredito que ainda temos um mercado cheio de "achismos"
e donos da verdade (diplomados ou não).
BLOG: Você já sofreu preconceitos na
dança do ventre ou no tribal? Como foi isso?
Preconceito, acho que não. Mas já
passei por situações onde o público fazia piadas, seja lá por qual motivo, do
trabalho que estávamos fazendo, não vendo aquilo como o que deveria ser: arte.
Ou o clássico momento embaraçoso em que alguém da platéia acha que somos
objetos de exposição...
BLOG: Houve alguma indignação ou
frustração durante seu percurso na dança?
Muita! Como artista, nunca fico
plenamente satisfeita com meu trabalho. Sempre quero ser melhor. Acho que neste
ponto eu falho, pois cada uma tem sua corporeidade, e ainda estou tentando
respeitar a minha.
BLOG: E conquistas? Fale um pouco
sobre elas.
Minhas maiores conquistas na dança
sempre foram os degraus que fui vencendo contra a timidez. Seja para me
apresentar, seja para lidar com outras pessoas. Ir dominando meu próprio
excesso de cobrança e rigidez, e a avidez por saber tudo sobre tudo.
BLOG Você foi uma das primeiras
bailarinas do Brasil a se envolver com o estilo tribal. Como eram as
informações sobre o estilo na época em que você começou a pesquisar? Como era
visto a dança tribal naquela época e como hoje ela vem se apresentando na cena
brasileira? Na sua opinião, o quê precisa ser melhorado, aperfeiçoado e, até
mesmo, mudado no comportamento da(o) tribalista(o) brasileira (o)?
Quando comecei a me interessar pelo assunto, por
volta do 2009, só havia o que era visto pelo youtube e nós aprendíamos meio sem
filtro o que era visto. Um "copia e cola" das bailarinas que
achávamos que eram as melhores, sem saber muito da técnica em si e fundindo
tudo com a nossa bagagem da dança oriental.
Naquela época havia um misto de admiração e
repulsa pelo tribal e suas adeptas, como se fossemos aquela turma da escola que está sempre isolada dos alunos populares: os subversivos e deslocados. Mas acho que isso é
natural, quando surge algo muito diferente do tradicional.
Hoje eu vejo que o tribal está tentando se consolidar
como estilo e tem sido cada vez mais respeitado no meio da dança oriental e
criando seu próprio nicho. Acredito que se deve ao fato de ser algo
relativamente novo e começando a ter as definições dos parâmetros do que define
o estilo. Como toda dança, ele evoluiu, vem ganhando novas caracterísicas a
cada ano, mas o que mais amo é todas as vertentes podem (ou poderiam mais)
conviver harmonicamente, sem que o estilo se desmembre ou descaracterize.
Com relação ao comportamento, eu observei muito
ao longo da minha carreira como profissional, inclusive fazendo parte de bancas
avaliadoras. Vi que tende a existir um "complexo de artista" nos
bailarinos de Tribal Fusion: "se a banca me avalia mal, é porque ela não
tem sensibilidade para entender minha arte". Muitas vezes, as bancas não estão mesmo
preparadas para enteder o que é o Tribal Fusion e vão julgar conforme suas
bagagens. A nós como competidores, cabe atentar às regras e acetá-las, ou não
participar de tal concurso.
Neste ponto, até acho válido mencionar que não
sou a favor de competições do estilo Tribal Fusion, menos ainda do ATS®. Para
mim, não condiz com o espírito de sororidade que eu acredito que deveria ser o
coração do Tribal.
BLOG: Como é o
cenário da dança tribal de Minas Gerais? Pontos positivos, negativos, apoio da
cidade/estado, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de
dança do ventre/tribal? O mercado da dança oriental em Minas é grandemente voltado para o Raqs Sharki e algumas destas se aventuram no tribal e agora, no ATS®, mas a maioria mantém a dança do ventre como atividade principal e, sendo assim, vigora o conceito que não se tem tempo ou dinheiro para investir em aulas e figurinos de Tribal.
É um cenário que vem mudando aos poucos, mas ainda é bem forte. O estilo tem ganhado mais adeptos e o público também tem se interessado mais pelas apresentações e shows específicos de Tribal, seja Fusion seja ATS®.
BLOG: Além de colunista do blog com a
coluna “Estilo Tribal de Ser” em conjunto com a bailarina Surrendra, você
também é colunista da revista “Tribalizando”. Como é ser blogueira? Como você
seleciona os temas a serem abordados nessas duas plataformas e como os desenvolve? Descreva um pouco sobre
sua participação como colunistas.
Escrever é um belo desafio e uma
grande responsabilidade! O objetivo com o material que escrevo é colaborar com
o enriquecimento em material teórico sobre o tribal e tudo que pode estar
envolvido com ele. No caso da coluna "Estilo Tribal de Ser" foi de
buscar a origem do que chamamos de figurino Tribal e mostrar também que ele
pode fazer parte do nosso quotidiano. Até então este tem sido o foco da coluna:
resgatar e registrar em português a origem das peças que fazem parte do nosso
dress code.
No caso da revista Tribalizando, o
foco é o Dark Fusion, que é um assunto que me encanta imensamente e sempre rende
longas conversas.
Em ambos os casos, definido o tema
(figurino ou algo que seja o meu foco de estudos no Dark Fusion naquele momento
- ou até algo pedido pelas diretoras dos blogs), procuro ler o máximo de
informações possíveis, de fontes físicas e virtuais, vejo vídeos, converso com
outras bailarinas e bailarinos, tudo depois é digerido e formatado para o
artigo produzido. Dá trabalho, mas é recompensador ver o produto final e mais
ainda, quando sei que pessoas estão lendo e enriquecendo sua bagagem como que
produzo.
BLOG:Você é a criadora do InFusion Atelier destinado a figurinos para dança Tribal. Como
surgiu a ideia ou oportunidade de formá-lo? Como é o processo criativo para as
linhas e suas inspirações para a composição das mesmas? Há alguma curiosidade a
respeito do nome do ateliê?
Comecei o Ateliê InFusion bem
timidamente quando comecei a fazer aulas na escola da Nanda Najla. Eu sempre
tive gosto por produzir artesanatos e neste momento surgiu a oportunidade de
complementar a minha renda e fazer algo agradável. Eu produzia várias peças
menores e acessórios para os festivais da escola e eventualmente decidi
formalizar o ateliê. Passei a produzir peças maiores, conjuntos e a pegar
produções mais ousadas, com figurinos criativos para 3 escolas daqui. Mas
quando me tornei professora de dança, decidi que seria melhor focar nesta
atividade, então passei a produzir poucas peças sob encomenda pelo ateliê e a
importar bijuterias e saias indianas de Jaipur e Sari.
Eu trabalhava sempre de acordo
com a demanda. Sou bacharel em design gráfico, então sempre uso esta bagagem
para a conceituação das peças e também para adequar à bailarina ou conceito da
coreografia.
Tudo que já criei tem esta
influência e eu procuro também acrescentar materiais mais incomuns como algas e
folhagens (ou eram incomuns quando comecei rsrs), e mistura de metais, tecidos,
pérolas. Algo meio romântico e delicado, meio tribal e rústico.
O nome do ateliê carrega um
pouco de mim pois InFusion (infusão) remete aos chás que é algo que gosto muito
e também um pouco à ícones alquímicos, xamânicos, mágicos; minha veia bruxa, eu
acho.
BLOG:Em 2015, o InFusion
Atelier participou da 14ª edição do
Desfile Moda & Atitude
produzido por Mattos Nilton.
Conte-nos como foi essa experiência e como os figurinos de dança tribal foram
recebidos pela comunidade de Moda e seu público.
O Nilton é uma pessoa incrível
e um excelente professor e diretor de modelos fotográficos e de passarela.
Ele tinha uma parceria com a
escola onde trabalho e me convidou para levar um material diferente para o
desfile que ele produz, a formatura dos alunos do curso de modelo.
Foi uma experiência incrível
passar pelo processo de selecionar as modelos, distribuir figurinos, dar
pequendas dieções de poses.... ver
minhas peças vestidas por modelos de passarela e de estar na passarela também
foi emocionante!
BLOG: Você é produtora do eventos Conexão Tribal BH desde 2015 e do Tribal Core desde 2016, os quais se
destacam na cena de dança tribal mineira. Conte-nos como surgiram as idéias de
cada evento, suas propostas, objetivos, organização, realização e diferenças
entre si, bem como suas repercussões do mesmo para a comunidade tribal quanto
para seu público.
O Conexão Tribal BH começou da vontade de trazer possibilidades de estudo em Tribal Fusion e ATS® com maior frequência e a preços
acessíveis para a comunidade mineira.
Por afinidade, nos juntamos com ente
propósito eu, Carla Michelle, Surrendra e Natália Espinosa. Cada uma com sua
especialidade, com muita vontade de estudar umas com as outras e de trazer mais
um evento cultural de qualidade para Minas. No momento, a Carlinha está nos
Estados Unidos estudando, então demos uma pausa na produção, mas logo votaremos
com toda força! ♥
O Tribal Core veio para dar oportunidade para minhas duas Cias de dança de
estarem por dentro de uma produção de evento. Juntas nós conceituamos e
produzimos tudo para o Festival Tribal Core. Para todas nós é um momento
especial produzir e dançar em um evento onde estivemos envolvidas com todo o
processo e a meta é crescer sempre mais e contribuir com a formação de um
público apreciador do Tribal Fusion e ATS® como já existe para outras danças.
BLOG: Você já foi membro
da Cia Kalua, dirigida pela bailarina
Nanda Najla. Como foi participar do
mesmo e adequar seu estilo a esse grupo?
Cia Kalua
No tempo
em que estive na Cia Kalua, ainda estava desenvolvendo meu estilo e ali era
campo fértil para isto, pois a Nanda sempre nos incentivava a trazer trabalhos
inusitados e criativos e este era o foco da cia. Ela sempre foi muito rígida e
isto nos obrigava a nos empenhar muito e resultava em trabalhos muito bons!
Fora a amizade que tenho com todas até hoje. Foi um tempo muito bom!
BLOG: Anteriormente,
você era membro do Ansatta Bellydance,
dirigida pelo bailarina Surrendra.
Como foi sua participação no grupo nesse período?
Ansatta Bellydance
Estar no
Ansatta foi outro desafio, pois sempre que fazemos parte de um grupo, devemos
nos adequar ao formato da coreografia e técnicas da coreógrafa. Mais uma vez
foi um período de muito crescimento pessoal e profissional. A Surrendra é
também uma grande incentivadora e me ensinou a fazer acontecer. Com ela comecei
a ver como era produzir
um evento, no caso a Hafla Tribal Night. isso em 2014. Graças ao incentivo dela
também, me tornei professora.
BLOG: Atualmente,
você possui dois grupos de dança tribal: a Trupe
Andurá e a Trupe Dannan.
Conte-nos um pouco sobre cada um desses grupos: como surgiram, a etimologia da
palavra, seus integrantes, qual estilo marcante em cada um, suas diferenças e
propostas, e se eles sofreram alguma mudança estrutural ou de estilo desde
quando foram criados até agora. Como é o processo de introdução de novos
integrantes?
Tribo Dannan
Formei primeiro a Tribo Dannan,
com minhas alunas de Tribal Fusion. Como nós temos gostos em comum, isto acabou
se refletindo no conceito do grupo um Tribal Fusion focado em elementos dark e
folk. E daí veio o "Dannan"
dos Tuatha dé Danann, da mitologia irlandesa e escocesa.
Na Trupe Andurá, focamos no
ATS®, e decidimos ter uma orientação mais voltada para a cultura brasileira.
Tanto que procuramos ao máximo usar composições nacionais para dançar. Foi uma
decisão do grupo como um todo, também por afinidade. O nome foi escolhido
unindo a ideia da ATS® family tree e o
elemento de brasilidade. Andurá é, em contos indígenas, uma árvore sagrada que
se inflama à noite. A lenda conta que ela guarda todo o fogo que destruiu
florestas e aldeias.
Trupe Andurá
Para ambos os grupos, procuro
manter um número máximo de integrantes de forma a facilitar a interação e a
comunicação entre as integrantes, bem como a qualidade do trabalho. Até então,
não tivemos alteração no número de bailarinas.
Nosso norte é um trabalho
integrado e de suporte mútuo. Cada uma faz o melhor pelo grupo e pelas colegas
para que todas possas crescer juntas enquanto bailarinas.
BLOG: Conte-nos
um pouco sobre suas principais coreografias. O quê a inspirou para a formulação
da parte conceitual e técnica das mesmas, assim como seus processos de
elaboração dos figurinos e maquiagens. Como essas coreografias repercutiram na
cena tribal?
Todos os meus trabalhos vem de
algo que é muito significativo para mim: uma música que gosto muito, algo da
infância, um tema que aprecio. Sempre há algo que tem eco no meu íntimo, que
tem um significado emocional.
Daí é que eu tiro o conceito, e
é de onde parte a escolha da técnica usada e do conceito para o figurino e
maquiagem. Cada gesto e peça de figurino
deve estar em consonância com o conceito do trabalho. Para todos, busco
refletir harmonicamente com ângulos, texturas, expressão, contrastes de
movimentos (sinuosos/ritmados, rápido/lento, suspenso/fluido) o conceito que
estou trabalhando.
BLOG: Qual a
importância que você vê no ATS®? Como é
fazer parte de um grupo de ATS®?
Para mim,
o ATS® é a raiz do meu estudo. A minha bagagem é da dança do ventre e folclore árabe, mas vejo cada vez mais o reflexo do estudo constante do ATS® na melhora
da minha postura e formas de trabalhar minha dança e com os meus grupos
(tecnicamente e também com a busca pelo espírito de cooperação mútua).
Fazer
parte de qualquer grupo não é um mar de rosas, mas vejo que há ressonância no
grupo, que tenta incorporar estes conceitos dentro e fora da sala de aula e na
interação com outros grupos. Estamos crescendo muito com a experiência. Cada
vez mais vejo que há sintonia entre nós e isto faz-se ver nas apresentações.
BLOG: Dentro do ATS®, você vem e se destacando no
dialeto de skirtwork no Brasil. Conte-nos um pouco sobre a origem deste
dialeto. Como surgiu o interesse pelo estudo deste? Quais foram os principais desafios em
estudá-lo? Como você vem desenvolvendo essa proposta com seu grupo e workshops?
O
Skirtwork ou Dialeto de saias para ATS® foi desenvolvido pela bailarina Sister
Studio Krisztina Naz-Clark. Ela tem uma cia. chamada Czigany World Fusion Dance e tem grande influência do trabalho de saias da dança cigana.
O interesse surgiu por parte das minhas alunas que são também
bailarinas de dança cigana. A pedido delas comecei este estudo e me encantei
completamente. Estudei pelo vídeo lançado pela Krisztina e busco melhorar a
execução do dialeto enquanto ensino para minhas alunas e para a Cia. O desafio
maior foi adaptar a memória muscular que já sabia o movimento original e
precisava adaptar à leitura com o jogo de saias.
Com meu grupo, procuro mantê-las com o repertório sempre bem
compreendido e estudado, pois acabou se tornando uma marca do nosso trabalho. Ao
mesmo tempo que é necessário deixar bem claras as adaptações nas sequências do
ATS® para o Skirtwork, percebi, nos worshops e aulas, que fazer a relação entre
duas formas e apontar as diferenças também colabora para uma melhor memorização
dos passos e é uma forma divertida de aprender. As alunas saem muito felizes
tendo visto o que são capazes de fazer com as saias e com o efeito visual que
elas geram.
BLOG: Hoje contamos
com diversos recursos de estudos. O próprio FCBD® vem lançando materiais muito
bons nos últimos anos. Em relação ao estudo de ATS®, que dicas você daria para
aqueles que ainda não podem estudar com uma professora do estilo, mas que
gostariam de aprender mais sobre o mesmo, tanto na teoria quanto na prática?
Os DVDs do Fatchance Bellydance®e a Tribal Bible ainda são as fontes mais confiáveis de estudo do ATS®, no mundo
virtual (sem a professora presente). Acho que nada substitui uma professora em
tempo real e, preferencialmente, presencialmente. Existem dezenas de vídeos no
youtube e outras plataformas (datura, powhow), ótimos para começar os estudos.
BLOG: Você considera
a dança tribal uma dança étnica contemporânea? Por quê?
Este é um tópico que considero
polêmico. É contemporânea, mas étnica de quem? Não acho que ela seja uma dança
que represente nenhuma cultura em particular, apesar da forte base da dança
árabe.
BLOG: Em sua opinião,
o quê é tribal fusion?
O Tribal Fusion é uma dança
que abriu muito as possibilidades de expressão e de inovação no meio da dança
oriental.
BLOG: Sob sua óptica, o quê é dark
fusion?
Para mim, o Dark Fusion é
uma forma de expressar sentimentos e situações que normalmente não são bem
aceitos: raiva, tristeza, luto.... mas que são parte de todas as pessoas.
Encará-los é se aceitar como humano, é trabalhá-los para que sejam um fardo
menor, é compartilhar com a platéia a sua história e ter de volta o reconhecimento da humanidade em cada um.
BLOG: O quê você mais gosta no tribal
fusion?
A liberdade que tem para nos expressar da forma
como nosso coração realmente fala.
BLOG: Como você descreveria seu
estilo?
Lírico. Gosto da suavidade e sinuosidade dos
movimentos ultra-lentos e bem desenhados.
BLOG: Como você se expressa na dança?
Como eu mencionei em outra questão, busco
dançar aquilo que faz sentido para mim.
Independente do conceito. Tudo que danço faz parte da minha história.
Annamaria e Surrendra
BLOG: Sobre sua
carreira, qual/quais seu momento tribal favorito ou inesquecível?
O momento mais marcante foi no início, a
primeira vez que a Surrendra me convidou para fazer um dueto com ela. Me achei
tão pequena e ao mesmo tempo tão importante!
BLOG: Quais seus projetos para 2018? E
mais futuramente?
Para 2018 estou estudando bastante o ATS®, estou
trabalhando com minha Trupe para a formação de um dialeto ♥ Aguardem
novidades.
BLOG: Improvisar ou coreografar?
E por quê?
Tento fazer um pouco dos dois. Ambos são
importantes para o desenvolvimento do repertório da bailarina e para sua
expressividade. Ultimamente não tenho tido muita oportunidade para coreografar
para mim mesma, e aproveito a oportunidade para desenvolver minhas técnicas de
improviso.
A bem da verdade, gosto muito de improvisar,
sinto que há uma conexão muito maior entre mim e a música e sei que o público
percebe isso e também embarca nas minhas"viagens". Às vezes me sinto
quase em transe.
BLOG: Você trabalha somente com
dança?
Por muito tempo, enquanto dava aulas de dança,
tive o trabalho com o ateliê, mas eventualmente houve a necessidade de
enfatizar um ou outro e a dança foi a escolhida. No momento, além de dar aulas
de dança, também sou instrutora de Hatha Yoga.