[Danças & Andanças] A dança na tela – Transportando o Espectador para o filme de dança pelo Efeito de Presença

 por Mimi Coelho


Estou muito feliz por retornar ao Blog Coletivo Tribal agora sob uma nova coluna que propõe o meu compartilhar sobre as “andanças” que a dança me leva pelo mundo real e cada vez mais pelo mundo virtual. Posso dizer com grande convicção que grande parte da minha vida foi e é conduzida consciente e por vezes, inconscientemente, pela dança. Ela me proporciona vivências únicas, especiais, uma trajetória que agora divido prazerosamente com vocês aqui.


Atualmente, vivemos um momento conturbado de mudanças repentinas e diárias. E para que possamos sobreviver enquanto artistas e seres criativos neste cenário tão dinâmico precisamos desenvolver nossa capacidade de adaptação rápida, abraçando novas estratégias e tecnologias.


Estamos sendo pressionados com tudo para dentro do mundo virtual, sejamos preparados ou não. A impossibilidade de se apresentar a nossa arte, que sempre foi vista como efêmera e presencial da maneira de costume, diante de um público físico em um espaço considerado de dança, estremece nossas estruturas e nosso sentir. E isto talvez se deva ao fato de dependermos enquanto artistas da troca de energia com a nossa audiência no ato da nossa performance.


Lidamos então com uma nova forma de apresentação (se pensarmos bem, nem tão nova assim, pois já existiam os filmes de dança previamente a tudo isso). Contamos agora com a possibilidade de criarmos através da tela um novo espaço para nossa dança.


Mas como fazer dessa experiência de dança uma vivência completa para o espectador? Como transmitir através da tela a energia, o “sentir do momento” que nossa arte proporciona quando temos a presença física tanto do artista quanto do público?


Essas questões impulsionam a reflexão sobre como queremos entregar a imagem de nossa dança. Isto é,  como gerar intencionalmente a percepção do espectador acerca do movimento pelo corpo e do seu desenho pelo espaço. E essa problemática ganha uma escala ainda maior quando envolvemos o processo criativo, ou seja, a concepção da dança com relação ao espaço cênico e ao entendimento do mesmo pelo público. Além de criar o movimento há agora a necessidade de se conceber também a forma de enquadramento das cenas no espaço de dança para que o público perceba a intensidade e sinta a sensação de estar presente no momento em que assiste à obra.


A ausência é absoluta, mas a presença tem seus níveis de intensidade”.

- Genette, 1972


Em outras palavras, a dança por ser uma arte viva se beneficia da presença física para transmitir a intensidade de seu efeito ao espectador. A fim de que a nossa audiência sinta essa sensação de presença ao assistir a dança pela tela, cabe ao artista criar possibilidades de enquadramento de cenas seja pela edição, seja pela forma de se posicionar a câmera e/ou seja pela maneira de se filmar (câmera móvel ou estática, múltiplas câmeras em diversos ângulos, dentre outros), aproximando, transportando o público para dentro da obra.


Estamos presentes onde nossa atenção está focada, seja um ambiente físico real, seja por meio de um dispositivo mediado. […] Nas artes ficcionais, a vivência da imersão em um mundo imaginário constitui um poderoso elemento atrativo da atenção do espectador, que envolve sua atividade mental. Quando a ação dramatúrgica de uma performance ou de um filme o seduz, sua atenção fica inteiramente absorvida pelo desenvolvimento ficcional dos personagens ou das situações que o tornam presente ao ato de espectatura”.

-René Bourassa, 2013


A maneira mais simples e previsível de se apresentar a dança pela tela ocorre através da utilização de uma câmera frontal estática que registra a coreografia através de um único enquadramento, um único ângulo de visão. Tal visão corresponde ao que as Artes Cênicas incluem nos conceitos de Quarta Parede e Palco Italiano. O espectador presencia a apresentação da obra como se esta se desse dentro de uma caixa, com um fundo e duas paredes laterais. Dessa forma, somente esta tela “chapada” configura a experiência de quem assiste como sem maiores interferências ou sensação de participação proporcionando em geral uma impressão de bidimensionalidade (não há percepção de texturas ou profundidade, somente do plano com altura e largura). Há alguns recursos cênicos, no entanto, que podem enriquecer esta perspectiva e até trazer uma ideia superficial de textura e/ou de profundidade. 



Neste vídeo produzido por Illan Rivière, percebemos diversas camadas no plano ainda que este seja somente um. Illan utilizou diferentes formas de iluminação e luzes presentes no espaço cênico  como uma forma de criar profundidade. Além disso, a disposição de elementos cênicos e de um cenário nas paredes laterais e as plantas no proscênio cria não só a ideia de várias camadas na tela, mas também traz a sensação de textura para as imagens, o que faz transparecer uma profundidade maior, chegando a quebrar a ideia de bidimensionalidade que este tipo de enquadramento único concebe. Estas são estratégias relevantes quando consideramos esta alternativa de filmagem.


O Efeito de Presença é o sentimento de um espectador de que os corpos ou objetos percebidos por seus olhos (ou por seus ouvidos) realmente estão ali, no mesmo espaço e no mesmo tempo nos quais se encontra, mesmo sabendo que eles estão ausentes.  - Josette Fèral, 2012


Outras estratégias que possibilitam um maior efeito de presença na audiência envolvem as ideias de amplificação e aproximação. Ou seja, ao se criar uma proximidade artificial utilizando-se planos fechados e multiplicando os pontos de vistas, a presença pode ser recuperada. Os planos fechados inspiram uma intimidade física com o artista que está sendo filmado.

Os enquadramentos aproximados reduzem a distância entre o local do filme e o seu público. Ainda, a mediação do artista/diretor/produtor (que em grande parte dos casos somos nós mesmos, os dançarinos), no intuito de provocar uma participação ativa por parte da plateia do filme, pode incluir efeitos de simulação, os quais deslocamentos em geral, entradas e saídas por exemplo, criam a ligação que uma continuidade de enredo requer. A mediação e edição também permitem que se conceba uma montagem capaz de reproduzir a imediatez de elementos/momentos surpresas (Highlights/ high points – clímax, momento alto, ápices). Esta "sensação de imediato" enriquece o fluir, o desenrolar do filme, proporcionando nuances, texturas e movimento à retórica do mesmo.


Dessa forma, destaca-se a relevância em se alterar a perspectiva por duas principais razões. Primeira: o envolvimento efetivo na ação pelo espectador do filme, que está ausente da presença material dos artistas, depende da aproximação virtual. A presença, então, pode ser recuperada de duas formas:


  • pela proximidade artificial que a câmera proporciona;
  • pela multiplicação dos pontos de vista.

Segunda: a diversidade das escalas de planos garante uma composição plástica que proporciona volume à bidimensionalidade da imagem, reforçando a ilusão de tridimensionalidade. A profundidade do campo, obtida por meio da perspectiva, busca produzir um espaço imaginário em conformidade com a percepção óptica do mundo real. Isto se refere à possibilidade de criação de um extracampo, uma ideia que vai depender da referência artista e local estabelecida em diferentes planos e escalas e até mesmo pela utilização de uma câmera móvel.


Em outras palavras, quando estabelecemos diversos pontos de filmagem, ainda que estáticos, há a possibilidade na edição de se elaborar uma colagem que transporte o espectador para a cena. Ele consegue perceber noções de profundidade, acompanhar ângulos diferentes da movimentação e diferentes formas  que o movimento desenha no espaço conforme as perspectivas diversas disponíveis. O público do filme consegue se transportar para o local de filme e recupera a presença.



No vídeo da Ebony Qualls, pode-se notar esta utilização de múltiplas câmeras estáticas, assim como a edição com alteração de foco o que evidencia este efeito de presença mencionado acima. A aproximação ganha o efeito esperado pelas diversas escalas e camadas em cada enquadramento escolhido. O uso de elementos cênicos e composições específicas de cenário, como a parede de espelhos, auxilia na criação de um extracampo e o espectador consegue relacionar o local, como um meio real, para além do fictício. O público do filme consegue se transportar para o ambiente de dança e o efeito de presença, e a  impressão de certa tridimensionalidade são alcançados.

É claro que nem todos nós temos condições de viabilizar um espaço cênico e múltiplas possibilidades de filmagem. Na maioria dos casos, somos os produtores e artistas do filme. Entretanto, com a prática e o planejamento de algumas estratégias, ainda pode ser possível a garantia do efeito de presença e uma colagem resultante que conduza o público pela energia e enredo desejados.

O vídeo acima é uma produção minha (longe de ser uma superprodução, viu gente? E sim, muitos erros e também muitos acertos podem ser percebidos). Eu tinha um enredo em mãos, os elementos de cena específicos (dentre eles a plataforma com água), além da estrutura coreográfica que compreendia os efeitos e os momentos altos. Estes foram intencionalmente filmados em ângulos e enquadramentos específicos em diversas tomadas. Como resultado, consegui  de certa maneira conduzir o espectador pelos movimentos, proporcionando uma aproximação maior da obra artística. Houve a possibilidade de entendimento do espaço de dança, das texturas e das diversas camadas que possuía. Como complemento de efeitos, integrei também o som ambiente do vento, da água e do bebê ao fundo, para obter um toque de realidade. Tudo isso seguindo o objetivo de se produzir um efeito de presença mais próximo do real. No entanto, foi impossível evitar a mudança de luz durante todo o período de filmagem (filmei no fim do dia e a luz altera muito e rapidamente com a proximidade do pôr do Sol). Isto porque não possuo equipamento completo com diversas fontes de iluminação e múltiplas câmeras. Conclusão, tive que assumir a diferença de luz, descontinuidade no balanço das plantas pelo vento e por aí vai. 


Um outro exemplo bem interessante para se analisar é o vídeo “Day Dreams”, produzido pelo Variat Dance Collective. Há claramente um enredo, um roteiro seguido que se compõe de uma parte teatral e uma parte de movimento de dança. Utilizou-se na edição elementos cênicos que apoiam a história e também estabelecem efeitos de texturas e camadas. O espectador participa da dinâmica em que se constrói a retórica do filme e o uso de filtros de cor na edição colabora com a sua imersão no local de dança. A utilização de uma câmera móvel, alterando os enquadramentos e os focos, evidenciando-se os planos fechados, aproxima e torna o espectador parte do movimento. O público vivencia uma proximidade que inspira uma intimidade física com as artistas. A colagem de enquadramentos das cenas se dá de forma harmoniosa com momentos altos definidos. As artistas comunicam-se diretamente para câmera como se convidassem a audiência a participar da obra. Há não somente o efeito de presença, como também a sensação de se relacionar diretamente com as artistas pelo movimento, o que significa a ruptura da Quarta Parede e a produção da ideia de tridimensionalidade. O espectador se transporta para o ambiente de dança e sente o movimento como se interferisse ativamente no mesmo.

São tantos e diversos os elementos que interferem na qualidade da dança na tela. A combinação estratégica de alguns destes juntamente à ideia de se planejar os enquadramentos das cenas, associados às intenções de criação da obra artística, possibilitam a produção de filmes de dança impactantes e com profundidade. Lembrando que a aproximação e a amplificação colaboram para que o efeito de presença seja gerado e, assim, a experiência do espectador torna-se mais interessante e dinâmica. O público dos filmes de dança quer sentir o movimento no espaço da obra e isso é extremamente dependente da forma que você irá conduzí-lo pelo sua visão de foco. O público verá aquilo que você evidenciar e sentirá também pela forma que você o conduzir. E no final, é só tentar se divertir e se armar de disposição para errar e aprender. Todo esse produzir artístico é uma jornada!

Pra finalizar, eu produzi este vídeo especialmente para este artigo. Nele eu utilizei a câmera móvel que permite o espectador participar mais intimamente da movimentação. Essa variação dinâmica de enquadramentos e proximidade produz o efeito de presença e a ideia de um espaço real. Há o diálogo direto com a câmera, o que convida a participação do público e implica na quebra da Quarta Parede, além de permitir que haja a percepção de tridimensionalidade. E aqui eu favorito a minha opção atual de filmagem, diversos enquadramentos, câmera móvel e edição dinâmica. Tento priorizar também as camadas e as texturas de imagens e de sons para que o ambiente esteja bem próximo, real, quase ao alcance dos dedos do espectador.


Referências


ANDES, Anna. The Instability of Suspending Audience Disbelief: Filming Productions at The Globe and The National Theater. In: SIMÉON, Sandrine; ALCAYAGA, Agathe Torti. Coup de Théâtre. Paris: Radac, 2017. P. 83-101. 

BAZIN, André. Théâtre et cinéma. Esprit, Paris, v. 19, p. 232-253, Août 1951. 

BAZIN, André. Qu’est-ce que le cinéma? Paris: Editions du Cerf, 1981. 

BOURASSA, René. De la présence aux effets de présence: entre l’apparaître et l’apparence. In: FÉRAL, Josette; PERROT, Edwige. Le Réel à l’Èpreuve des Technologies. Les Arts de la scène et les arts médiatiques. Rennes: Presses universitaires de Rennes, 2013. P. 129-148. 

FÉRAL, Josette; PERROT, Edwige. De la présence aux effets de présence. Ecarts et enjeux. In: FÉRAL, Josette. Pratiques Performatives, Body Remix. Rennes: Presses universitaires de Rennes , 2012. P. 11-26.


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Danças & Andanças

Mimi Coelho (Portland-OR, EUA | Belo Horizonte-MG, Brasil) , formou-se em Artes Cênicas pela UFMG e foi a primeira brasileira a se formar como professora do Datura Style™, sendo única no país com esta formação. Atualmente, faz parte de 3 companhias de dança: Variat Dance Collective (companhia de fusão experimental de dança do ventre), Baksana Ensemble (companhia de dança e música ao vivo, inspirada nas danças egípcias, turcas e balcânicas) e  a PDX Contemporary Ballet (companhia de Ballet contemporâneo) . Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 


[Estilo Tribal de Ser] Búzios

  por Annamaria Marques


Olá, pessoal!

Hoje vamos de búzios!

Rachel Brice 


Sim, esta conchinha linda que vemos em vários acessórios étnicos, esteve muito presente nos figurinos de nossa dança e, com frequência, volta à moda mainstream seja ao natural, seja de metal ou outros materiais.

As conchas que mais vejo em figurinos são estas:

Monetaria moneta              |            Monetaria annulus


O que conhecemos genericamente como búzio é uma espécie de molusco marinho ( e dizem que existem mais de 180 espécies desta família!) chamada Monetaria (Monetaria moneta Monetaria annulus, no caso) e sua concha era usada como meio de troca em várias partes do mundo. Encontrei indícios deste uso como “dinheiro”  na África, Ásia e Oriente Médio e, posteriormente, trazida pelos colonizadores às Américas. Com a sua desvalorização e substituição dos meios de troca, as conchas passaram de dinheiro a decoração em roupas, joalheria, em instrumentos musicais, etc.

Além deste uso, as conchas também são usadas como método de adivinhação em algumas religiões africanas (e de matriz africana) e na astrologia hindu.


Por Malcolm Lidbury (aka Pinkpasty) - Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=15765346

Prasnam – astrologia hindu

Exemplos de usos como decoração por diversos grupos étnicos:

Enfeites Amazigh

Adorno Kalbelya

Chapéu Kalash


Cinto Hamar -  Turmi, Ethiopia. 

Gonzuk, do grupo Ersari

Pingente Banjara (Índia)

Em nossa dança, os búzios são incorporados em  acessórios vindos destes grupos ou inspirados em acessórios étnicos originais. 


Misha Bellydance (EUA)

Morgana (Espanha)



Sharon Kihara (EUA)

Cibelle Souza (RN)



Cinto para dança Fusion ou FCBD®

Colar indiano


Não encontrei referências de como são criadas esses moluscos ou se são pescados, mas acho pouco provável que não seja predatório, visto que é algo comercializado em grandes quantidades. Vale a pesquisa.


Bibliografia:

The Tribal Bible: Djoumahna, Kajira. The Tribal Bible, Exploring The Phenomenon That Is American Tribal Style Bellydance . Black Sheep Belly Dance. Edição do Kindle.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Monetaria_moneta

https://en.wikipedia.org/wiki/Monetaria_annulus

https://en.wikipedia.org/wiki/Shell_money

astrologer.swayamvaralaya.com/prasnam

Oficina sobre figurino Kalbelya com Gulabo Sapera (jun 2020)

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Estilo Tribal de Ser



Annamaria Marques (Belo Horizonte-MG)
 é bailarina, professora, produtora do festival Tribal Core, dona do atelier InFusion e diretora da Trupe Andurá de ATS® e da Tribo Dannan de Tribal Fusion de Minas Gerais.Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 


[Corpo & Dança] Tribal Fusion x COVID

por Jossani Fernandes 

 

Então gente hoje decidi quebrar um pouco da sequência que eu estava levando com a coluna, mas por uma causa que julgo ser importante principalmente devido a fase atual que estamos vivendo. Na verdade, confesso que estou utilizando esse período de pandemia para trazer essa informação, que a muito tempo grandes estudiosos já vem se esforçando para desvendar, mas somente agora tal assunto começou a sair na mídia. Porém me incomoda muito começamos a dar importância às coisas que nos fazem bem apenas após aparecerem em fontes que nem sempre são confiáveis.

Digo isso, pois é necessário colocar em mente e dar, nem que seja um pouco mais de importância, ao fato de que nós somos sensacionais haha. O primeiro ponto que quero abordar é:

1.    O que a dança representa de fato?

Agora vamos esquecer um pouquinho dos nossos sentimentos rsrs, pois sei que a primeiro momento ela possui uma representação afetiva, mas antes de tudo a dança é um exercício físico!

2.    O que é exercício Físico?

Nada mais é que uma pratica de exercícios estruturada, ou seja, ou que nós professoras fazemos para nossos alunos e o que nós alunos nos submetemos cerca de duas vezes por semana.

Nessa perspectiva, o colégio Americano de Medicina da Saúde (ACSM, 2002) estabelece que as recomendações de exercícios podem ser realizadas com exercícios de 30 a 60 minutos intensidade moderada (cinco dias por semana) ou 20 a 60 minutos de intensidade vigorosa (três dias por semana), totalizando pelo menos, cerca de 150 minutos de exercícios moderados por semana.

Ok... Falei bastante, não sei se entenderam, mas não precisam ficar preocupadas em gravar o parágrafo acima. O importante mesmo é o fato de que nós contribuímos fortemente para melhorar a saúde das pessoas e sem perceber, da nossa, com aquele treininho de 20 minutos em períodos aleatórios  do dia, aquelas aulas 2 vezes por semana e aquele momento que unimos com nossas amigas para treinar a coreografia da professora ou até mesmo nas lives que nos jogaram para cima nessa quarentena e não nos deixaram desistir.

Ambos, simbolizam saúde, significam sair do percentual da população que se encontra na escala de sedentarismo que vem matando duas vezes mais que a obesidade. Desse modo, podemos dizer que o exercício físico é como umaa medicação diária para combater as mazelas da saúde, sejam elas físicas ou emocionais.

E por que eu citei o nosso novo normal?

O que tem haver o período de pandemia com a dança?

Tem tudo haver! Como já falei, quando dançamos, não somos felizes atoa, liberamos diversos hormônios através no nosso sistema nervoso e acima de tudo estamos em movimento. Estar em movimento, dançar, demanda uma série de contrações musculares, nossos músculos se alongam, trabalham o tempo inteiro para sustentar cada pose nova que decidimos experimentar e enquanto isso indiretamente estamos produzindo hormônios também através dos nossos músculos.

Todos já ouviram falar que o exercício auxilia a melhorar o sistema imune, não é verdade? E um dos fatores responsáveis por esses mecanismos é o próprio movimento, o tecido muscular é capaz de produzir e liberar substancias na corrente sanguínea, ele produz e libera mediadores que quando agem em outros sistemas e tecidos, mantendo a atividade funcional deste.

A Irisina é um desses e sua ação consiste em modificar o metabolismo do tecido adiposo branco, favorecendo o gasto energético. No quesito COVID – 19, ao analisar dados genéticos de células adiposas, os pesquisadores observaram que a substância tem efeito modulador em genes associados à maior replicação do novo coronavírus dentro de células humanas.

Por isso meu conselho é não tenham medo de se exercitar, se cuidem, mas continuem dançando, pois sim exercício é um santo remédio e a nossa dança nem me fale! Até a próxima tribo...

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Corpo & Dança: Um olhar sob nosso Palácio Industrial


Jossani Fernandes (Belo Horizonte-MG)
 é professora e bailarina de danças orientais, profissional de educação física, atua na área como personal trainer e pesquisadora da área da flexibilidade, é apaixonada por anatomia e por tudo que diz respeito ao corpo humano e toda a sua complexidade.  Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

[Resenhando-RS] Dura Máter - 2019 & 2020

 por Anath Nagendra



Hoje lhes trago uma resenha do recém premiado DURA MÁTER, da escola Al-Málgama, de Porto Alegre!

Fotografia de Clovis Dariano

O espetáculo rolou em 2019, com direito à instalação artística fora do palco, mas as demais temporadas foram canceladas por conta da pandemia. Ainda assim, a escola disponibilizou o vídeo na íntegra neste ano! Infelizmente não pude comparecer na estreia, mas posso afirmar que, mesmo assistindo virtualmente, os arrepios não foram poucos!

Fonte: Facebook Al-Málgama



Confira a sinopse divulgada:

"O Espetáculo Dura Máter é um show de dança tribal, que através de uma perspectiva feminista tem como objetivo retratar a trajetória da mulher na sociedade ao longo da história. O espetáculo trata sobre como a consciência da mulher em relação ao meio social faz com que seja possível vislumbrar a busca por equidade. A necessidade de falar sobre feminismo e o que ele representa urge cada vez mais forte dentro de todas e todos que acreditam em um futuro igualitário, e é com essa força que o espetáculo traz à tona aquilo que atinge e machuca mulheres diariamente na sociedade, mas principalmente, mostra a beleza de poder contar com outras mulheres para resistir e persistir na luta diária."

Fotografia de Lau Baldo


Com o mito de Pandora como um dos temas-chave, o show recebeu oito indicações em categorias do Prêmio Açorianos, um dos mais conceituados do Rio Grande do Sul! São elas: Espetáculo do ano; Produção e Cenografia (Al-Málgama); Direção e Coreografia (Bruna Gomes); Bailarina (Taís Schneider); Iluminação (Leandro Gass) e Figurino (Loraine Santos)!

Mas até mesmo a premiação foi postergada, e somente em setembro deste ano soubemos dos ganhadores, através de uma cerimônia on-line. DURA MÁTER foi premiado em três categorias: Espetáculo do ano, Produção e Figurino, além de terem levado o Destaque de Dança do Ventre!


Não sabemos se haverá alguma temporada que envolva toda a produção e instalação artística novamente após a pandemia ser controlada, mas, por ora, apreciem o espetáculo!

 

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Resenhando-RS



Anath Nagendra (Esteio-RS) é bailarina, professora, coreógrafa e pesquisadora de Danças Árabes, Raja Yoga e, em especial, Tribal Fusion e suas vertentes. Hibridiza sua arte e percepção com grandes doses de psicologia, espiritualidade e ocultismo. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >>

[Resenhando-SP] Tribal Beach Online - A Pedra da Feiticeira

 Por Kayra Nataraja  (Santos-SP)
Colaboração especial para coluna Resenhando-SP
Coordenação: Irene Patelli



Quem visita a praia do Itararé, em São Vicente, observa uma pedra grande, solitária, na beira do mar. Em cima dela uma escultura revela a imagem de uma mulher, erguendo aos céus uma oferenda. A história por trás da obra é uma alusão a uma lenda, que habitou o imaginário dos moradores da região ao longo dos séculos. Conta-se que uma mulher misteriosa, de cabelos desgrenhados e mal vestida era vista por alí. Falava sozinha, acenava para o mar, fazia fogueiras e às vezes, exausta, adormecia sobre a pedra. O motivo de tanta dor seria uma marinheiro português, com quem tivera um caso de amor. O marujo partiu, deixando-a grávida e com a promessa jamais cumprida de que voltaria para buscá-la.

Praticar dança tribal aqui em São Vicente tem umas particularidades deliciosas. A primeira delas é a liberdade que temos para criar e vivenciar nossas inspirações. Todos os nossos dons são aproveitados. Há espaço para diversos talentos. Assim como há espaço para todos que queiram descer a serra. O grupo vai aumentando, trazendo pessoas de várias cidades e esses momentos são apaixonantes. É mágico olhar em volta e se perceber cercada por pessoas tão interessantes e sensíveis… todos unidos para deixar no mundo sua pincelada de arte!


E assim, nessa atmosfera leve, veio a ideia do Marcelo Justino, de criar um espetáculo inspirado nesta lenda. E a responsável por caçar nossos talentos e fazer a coisa acontecer chama-se Dayeah Khalil. Falar dessa mulher requer um capítulo à parte e, sem dúvida, vou me rasgar em elogios. Porque o que ela faz é absolutamente incrível. Com suas palavras sempre doces e olhar afinado ela sabe exatamente o que “puxar” de cada uma de nós. Nos guia na dança e nos permite ir além… assim cantamos, declamamos poemas, tocamos instrumentos e podemos viver o êxtase de se entregar a arte sem os cruéis parâmetros do “esteticamente perfeito”.  

Em Fevereiro desse ano estávamos lá, na Concha Acústica de Santos. Todo o roteiro pronto, músicas e poemas na ponta da língua, instrumentos afinados, coreografias ensaiadas, figurino impecável. Entramos no palco… e começou a chover… Espetáculo adiado para data a ser remarcada. Daí o corona vírus entrou em cena… sem previsão de terminar seu show dantesco. Atire o primeiro rivotril quem não pirou nessa quarentena. Mas esse vírus maléfico “não contava com a astúcia” da  Dayeah… pensa que ela sossegou??? Não conhece essa mulher… Ela seguiu com as aulas em formato virtual e botou todo mundo para estudar.


Aproveitando nossa tradição do Tribal Beach, Outubro é o mês do Dark. E esse lance de feiticeira andando na praia descabelada, chorando e falando sozinha casa bem com a data. E assim, no meio de um isolamento social imposto, começou o processo de reorganizar o espetáculo, para que ele se encaixasse no formato virtual.  Cada uma trouxe suas percepções, que foram somadas ao todo. Conseguimos exercitar aspectos artísticos muito variados: narrar a história, ilustrar o enredo, cantar, tocar, declamar, fotografar… e dançar! Os cantinhos de nossas casas foram transformados em palcos, estúdios de gravação, ateliês… Todas as contribuições alinhadas ao roteiro.


No dia 29 no Outubro o vídeo foi lançado no Youtube, mantendo a tradição de ter perto de nós tanta gente incrível, mesmo que estivéssemos longe. Podemos ver alí o trabalho de cada um em vivenciar detalhes do mito, temperando tudo com sua verdade e beleza.

Talvez, o que estejamos construindo por aqui seja algo que vai além da dança tribal, embora ela seja o cerne de tudo. É sobretudo um trabalho de valorização das nossas expressões artísticas e de sororidade. O presente que a Dayeah nos proporciona com sua liderança é um carinho tão bom na nossa auto estima que sempre queremos mais. Nossa inspiração está sempre alerta e dançar com essas mulheres faz a gente se sentir mais uma loba da alcateia. Quer saber como é? Só vem!

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Resenhando-SP


Kayra Nataraja (Santos-SP) , transitando pelo universo da auto descoberta através da dança desde 1999, aluna da professora Dayeah Khalil. Conduz, em parceria com Samaa Hamraa rodas de dança meditativa na força do Sagrado Feminino.
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Irene Rachel Patelli (São Paulo-SP) é técnica em dança formada pela Etec de Artes/SP, coreógrafa, bailarina/dançarina, performer, professora de tribal fusion, dark fusion e ATS. Formação em yôga, pesquisadora de ghawazee e zaar. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >>

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