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[Entrando na Roda] FCBD®: Novos rumos

por Natália Espinosa


De alguns anos para cá, tudo sob o nome FatChanceBellyDance® tem passado por algumas mudanças. Da própria trupe ao estúdio e o formato de aulas, tudo borbulha com novidades!

Este post traz algumas atualizações sobre a nossa querida nave-mãe.

Já faz algum tempo que o FatChanceBellyDance® deixou de ser somente o nome de uma trupe – o melhor, A trupe – de ATS® e do estúdio de Carolena Nericcio. Dos cholis e camisetas a um dos primeiros sonhos de consumo de muitas dançarinas de AT®S Brasileiras, os lindos e enormes snujs com a inscrição FatChanceBellyDance nas bordas, o caráter de marca do FCBD® vem se fortalecendo cada vez mais. Neste ano tivemos a mudança do estúdio e do site fcbd.com: tanto o endereço físico quanto o virtual não abrigam mais apenas o estúdio de dança, agora estão presentes também o Bessie Design Studio e a loja da Nakarali, os três negócios reunidos sob o nome Studio San Francisco.

Choli Dress


A marca Bessie (assim nomeada para homenagear a mãe da Carolena Nericcio-Bohlman, Bessie Nericcio)  compreende criações de Kathleen Crowley em colaboração com Carolena. A ideia é produzir roupas elegantes, bonitas e simples com um apelo especial para dançarinas – boa parte dessas crianções pode até ser usada nos palcos, como o maravilhoso Choli Dress, os xales de assuit e o headwrap, aquele paninho de cabeça que dá para trançar.  O FCBD® subiu no palco do Tribal Fest 14 usando Bessie skirts, aquelas saias em formato sereia com botões que possuem mil e uma formas de usar. Além de vender roupas, o Bessie Design Studio oferece oficinas de costura onde é possível aprender a fazer o básico do nosso dresscode: cholis, saias, calças gênio... Uma atividade super gostosa que incentiva as pessoas a fazerem seus próprios figurinos.

A loja da Nakarali, parceria de Colleena Shakti e Carolena, conta com acessórios em prata e latão vindas da Índia e regiões próximas. Algumas peças são verdadeiras relíquias, antiguidades que chegam a custar mais de mil dólares. Existem itens mais em conta na loja, mas a maioria é realmente questão de economizar por um bom tempo.

Nakarali
O estúdio do FCBD® continua oferecendo as aulas, vendendo seus produtos (DVDs, snujs, camisas, garrafas de água etc). Porém a verdadeira mudança ocorreu no time de instrutoras e nas dançarinas!

Recentemente, Wendy Allen anunciou sua saída do FCBD®. Ela informou que continuará dançando ATS® e dando aulas, porém não mais sob o nome FCBD®. Isso marca o fim de uma era para a trupe, pois Wendy fez parte dela por mais de 10 anos e passou por muitas fases de sua evolução.

Kristine Adams finalmente retornou de sua viagem ao redor do mundo e voltou a dançar regularmente com o FCBD®. Da “velha guarda” temos ainda Anita Lalwani, Sandi Ball e Marsha Poulin.

Wendy Allen
As novidades vêm com Jesse Stanbridge, Janet Taylor, Michiyo Salisbury, Juhay Ahn e Yuka Sakata. Jesse, Janet, Michiyo e Yuka fazem parte da Tessera Tribal, uma trupe do Estúdio FCBD® que desenvolve um trabalho impressionante. Inovadoras, sem perder a estética e natureza improvisacional do ATS®, suas performances são dinâmicas e apresentam sempre variações interessantes ao que estamos acostumados a ver.


Essa lufada de ar fresco que acompanha as demais mudanças no FCBD® veio em excelente hora: com o ATS® Homecoming, o Tribal Pura, o programa de educação continuada para Sister Studios e o crescimento do ATS® ao redor do mundo, mais e mais pessoas estão buscando sua expressão única e pessoal dentro deste estilo de dança. O surgimento de novas professoras com ideias diferentes e, ao mesmo tempo fiéis ao estilo, ajuda o ATS® a crescer de forma robusta, sem se diluir.

Esta popularização e demanda pelo ATS® impulsionou a transformação do FCBD® em um negócio de grandes proporções e em uma marca, de fato. Porém, quem entra no estúdio ou vai aos eventos, ainda sente aquela atmosfera aconchegante de um negócio pequeno e local, onde tudo é muito acessível.

Nossa nave-mãe soube ir em frente sem desviar de sua rota. Sorte nossa que podemos colher os frutos dessa mudança bem-vinda. 

Bessie Skirts




[Passo a Passo] Vídeos de Esclarecimento do FCBD®

por Natália Espinosa



Estudantes e professores de ATS®, vocês vão concordar comigo quando eu digo que não é raro encontrar pequenas discrepâncias entre os ensinamentos de Sister e Brother Studios a respeito da execução dos passos, especialmente dos detalhes – e se todos foram formados pela Mama C, por que isso acontece?

Embora tenha um formato bem definido (e até registrado), o ATS® ainda é uma forma de dança em evolução e construção.O estilo ainda é uma criança! Dessa forma, é nosso dever enquanto educadores e disseminadores desta arte buscarmos sempre o que há de mais atualizado, não nos agarrando ao que aprendemos, sabendo que só temos a ganhar sendo desapegados da noção de que já sabemos tudo. Não sabemos, não!

"-Ai, Natália, mas aí complica! Eu não tenho dinheiro pra fazer curso lá fora ou mesmo aqui todo ano! Como eu faço para acompanhar essas mudanças e resolver discrepâncias?"
Calma, pois eu lhes apresento os VÍDEOS DE ESCLARECIMENTO DO FCBD®!!!!

Isso mesmo! No seu computador, no youtube, sem nenhuma taxa adicional. É só estudar!

Vou falar de um por um, para ficar mais fácil ainda. Vamos lá?

1- Esclarecimento das finalizações do Propeller turn, Reverse turn e Medusa.
O primeiro vídeo que apareceu foi esse da Wendy demonstrando os passos:


Porém, muita gente não conseguiu entender bem a diferença entre a finalização do Propeller e do Reverse.

Então apareceu essa lindeza aqui (com a minha música lenta favorita, a propósito):


Daí, observamos que:

  • No propeller turn, o braço direito junta com o esquerdo na posição média ao subir, abrindo como quem puxa um arco pela frente até a postura alta;
  • No reverse turn, o braço direito sobe desenhando uma linha reta pela frente até a postura alta;
  • No medusa (ATS®), a finalização é bem parecida com a do propeller, só que um pouco mais aberta, mais ampla.

2- Isolamentos com Kae


Bem, esse não é exatamente um esclarecimento, mas eu gostei de ver alguns isolamentos lentos, não muito comuns: ribcage rotation com braços subindo e altos; headslides com caminhada;  arm undulations sem o taxeem; e finalização do reverse turn com caminhada.

3- Esclarecimento sobre o Single Bump Half Turn



Bem, basicamente: no half turn, o pé direito viaja pra dentro e pra fora, e não para frente e para trás como quando o movimento é feito parado e, aparentemente, no giro contínuo.
O giro acontece no pé direito, que é onde fica o peso.

4- Esclarecimento sobre o Barrel Turn


Neste vídeo, a Carolena fala da importância do trajeto dos braços e do que a sua cabeça faz durante o giro, pra onde você olha. Ela também fala da importância de fazer formas bem visíveis, como o círculo do início e a linha reta ao liberar o braço esquerdo, quando você estiver de costas.

Ela diz para treinarmos tocando os dedos na postura alta ao começar o giro para garantir essa forma circular. Vemos algumas dançarinas tocando os dedos também quando viram de costas.

Por enquanto é isso que está disponível, mas mais vídeos serão feitos com as dúvidas mais comuns. É só ficar ligado! E outra coisa. não é vergonha, deslealdade com seu professor ou demérito nenhum aprender com outros professores e colegas, ainda mais se eles tiveram acesso a informação mais atualizada por meio de cursos, viagens, etc. Precisamos nos fortalecer como comunidade e caminhar juntos, certo? Só não esqueçam do nosso telhado, do nosso escudo protetor: o respeito!

E vamos estudar!

Beijão e até o próximo mês!

[Entrando na Roda] Classificação do Vocabulário ATS®

por Aline Muhana




Olá pessoal! 

No post deste mês vamos falar sobre as classificações de vocabulário do ATS®. 

Nosso formato pode ser organizado de diversas formas diferentes para atender a diversos propósitos de estudo.  A classificação de vocabulário  “Classic” e “Modern” foi desenvolvida inspirada na série de vídeos didáticos Tribal Basics criada por Carolena Nericcio-Bohlman em 1993 e que está sendo desenvolvida até hoje.  “Classic” seriam todos os movimentos apresentados até o volume  4: Embellishments and variations , que compreendem os movimentos mais antigos do vocabulário do ATS®; e “Modern” seriam todos os movimentos apresentados à partir do volume 7: Creative Steps and combinations.  

Nota da Autora: Os volumes 5 e 6 da série Tribal Basics (Cues and transitions e Improvisational Choreography) não apresentam passos novos, porém são indispensáveis para entender  a mecânica da Improvisação coordenada porque apresentam as ferramentas para o entendimento desta metodologia. Assistam com muita atenção!



Este é o formato utilizado oficialmente para a formação General Skills: Classic and Modern. Os movimentos que surgiram depois são considerados Movement Dialect como vamos explicar mais a diante.

Movement Dialect foi um conceito criado para explicar um fenômeno bastante comum às trupes e companhias de dança: Dentro de cada grupo  passos e sequências nasciam espontaneamente,  através das mais variadas experiências (sequências coreografadas que se tornaram populares, erros durante uma performance que foram bem gerenciados, variações de passos que foram bem aceitas, etc). Isso acontecia até mesmo dentro do FCBD®, e Carolena notou esta tendência se delineando ao assistir performances de diversos Sister Studios.

Prevendo que a expansão do formato seria inevitável,  Carolena lançou o DVD número 9 de sua série Tribal Basics: Anatomy of a Step, onde convida mais 3 sister studios (Megha Gavin – Deviany Dance Co., Devi Mamak – Ghawazi Caravan e Jennifer Noland – Tamarind)  a demonstrar e divulgar novos passos e sequências que seriam exemplos de como prosseguir com as novas criações. O DVD foi uma grande sucesso entre a comunidade ATS®  e os passos novos caíram nas graças da maioria das Sisters. O uso do Movement Dialect é considerado opcional do repertório básico do ATS®, assim como o Floorwork.


A classificação dos passos por níveis foi criada também por Carolena Nericcio-Bohlman como o conteúdo programático de seu curso oferecido no Studio San Francisco, e conta com uma  ordem de apresentação bem diferente.  Em meados de 2015 este conteúdo foi atualizado com a inserção dos passos do volume 9: Anatomy of a step  e a extinção do quarto nível na escala de aprendizado do estúdio.  Atualmente os níveis de aprendizado vão do 1 ao 3. Nesta nova apresentação os passos novos  são apresentados juntos aos passos clássicos e modernos, separados apenas pelo nível de dificuldade requerido para cada nível.

Carolena deixa bem explícito em seu blog (onde divulga estes e outros comunicados oficiais) que estas mudanças são opcionais, deixando a cargo de cada uma de nós decidir se quer ou não incorporar este novo material.

Fora estas classificações ainda temos outras opções como a divisão entre lentos e rápidos e  famílias de passos (como apresentadas no Flowchart).  O importante é manter o foco em uma base técnica sólida, refinando os passos básicos e a postura sempre que possível. Na minha experiência profissional como instrutora posso afirmar que estas classificações dão ótimos temas para aulas e ajudam as alunas a entenderem melhor como o sistema funciona.

Bons estudos!




[Entrando na Roda] O que podemos aprender com a meditação da gratidão (ou Puja)

por Natália Espinosa


Uma das coisas que considerei mais interessantes da mudança no formato das aulas do FCBD® (não está sabendo? Corre lá em http://fcbd.com/class-format/) foi a mudança de nome do famigerado Puja. Todo mundo que estuda o ATS® conhece esta linda sequência de gestos. Alguns de nós fazemos todas as aulas, sempre antes de uma performance ou até mesmo durante algumas performances.  Eu não conheço ninguém que seja indiferente ao Puja: todo mundo acha lindo. Talvez porque dê um aspecto sagrado e devocional à dança. 

Porém, nosso Puja não tem o mesmo significado que o Puja das danças clássicas indianas. O nosso Puja não é direcionado a nenhuma deidade ou panteão, não se tratando de uma prece. 

O que ele é de fato está perfeitamente resumido em seu novo nome: uma meditação de gratidão, um momento para se voltar para dentro de si mesmo e listar os motivos que você tem para ser grato, agradecer aos responsáveis por quem você é hoje e a quem ajuda a sua dança a se concretizar.

A cada etapa da meditação da gratidão, reconhecemos o efeito positivo de elementos envolvidos em nossa dança e agradecemos por eles. Vamos recordar os gestos dessa meditação, refletindo mais profundamente sobre cada um deles?



1-Trazer as mãos juntas na altura do coração e reconhecer, abrindo o braço direito e depois o esquerdo, o espaço em que se dança, tocando novamente os dedos na altura do coração ao fim do gesto: 
foto por The Dancers Eye/2016 | Modelo: Wendy Allen
Reconhecer o espaço onde dançamos é ser grato também por estarmos em um lugar onde podemos dançar e oferecer nossa arte a quem lá estiver, mesmo que essa pessoa seja apenas nós mesmos. Poder estar em um ambiente onde nossa dança é bem-vinda parece a nós, dançarinos, algo corriqueiro. Às vezes reclamamos da estrutura do lugar onde vamos nos apresentar – e com razão, também, mas é importante lembrarmos que, caso nenhuma porta se abrisse para nós, nossa arte e nossa alegria não se consumariam. O lugar não precisa ser uma casa de shows, uma escola de dança, ou um palco. É possível sentir gratidão a uma cidade que abriu as portas para sua apresentação ou aula, a um parque público onde se é possível dançar e estar com as amigas de dança, além de compartilhar a arte com públicos que não conhecem sua forma de dança, etc. Pode ser até mesmo o próprio planeta, se buscarmos uma visão mais holística da coisa. É importante ter onde se expressar, e mesmo se dançarmos somente em casa, pela nossa própria casa podemos ser gratos: é muito bom ter um teto sob o qual sua dança é sempre bem-vinda.


2- Fazer o gesto da Flor de Lótus subindo até acima da cabeça e descendo de volta:
foto por Kristine Adams | Modelo: Carolena Nericcio-Bohlman
A flor de Lótus é muito importante em diversas culturas do Oriente, e uma das características mais interessantes desta nobre flor é que ela nasce da lama. A lama nutre sua semente e seu broto enquanto ela abre seu caminho na água em direção à luz. Quando ela chega à superfície, não apresenta nenhum resquício de lama ou água lodosa em suas pétalas, embora do lodo tenha obtido as ferramentas necessárias para crescer até seu potencial total. Mas mesmo quando já está desenvolvida o suficiente para passar os dias fora da água, recebendo a luz do Sol; à noite esta flor se fecha e retorna à lama, onde ficará até o dia seguinte clarear e ela enfim exibir suas pétalas imaculadas novamente. 



É fácil entender por que a Lótus é uma metáfora perfeita da condição humana, mas, às vezes nós como dançarinos, não conseguimos perceber que é impossível passar a vida inteira ao Sol: a noite inevitável virá, e deveremos neste momento retornar à lama, ao escuro e profundo; às vezes até ao desagradável. Ocorrerão decepções, ocorrerão momentos em que não nos sentiremos bons o suficiente, cometeremos erros, vai bater aquele choque de realidade de que precisamos melhorar muito, receberemos críticas duras, chegaremos a becos sem saída com nossa técnica e a hiatos criativos. Mas se soubermos tirar alimento e força dessas situações, novamente retornaremos à luz do Sol.

No ATS®, temos nosso momento de estar no coro e estar no centro, temos nosso momento de liderar e seguir. E temos nosso momento de brilhar e nosso momento de lidar com nossas próprias limitações. 

Saber transitar graciosamente entre esses momentos é a sabedoria que buscamos, tanto na vida quanto na dança.   

3- Ajoelhar e tocar o chão:
foto por The Dancers Eye/2016 | Modelo: Kristine Adams
O chão onde pisamos é muito importante. Quando eu toco o chão no puja, é o momento em que eu penso em mais coisas. Reconhecemos o espaço antes, no início da meditação, mas o chão é AQUELE espaço específico onde estou. Eu agradeço pelo meu equilíbrio, por poder pisar onde outras pessoas passaram antes de mim, penso na própria terra enquanto provedora de alimentos e na Terra planeta; às vezes penso até que do chão não passo se eu cair. Embora o chão seja o nível mais baixo, algo que não nos damos conta de que está lá, é primariamente através dele que nos conectamos com esse planeta. E metaforicamente, precisamos ter nossos pés no chão. Precisamos ter noção, consciência e humildade. Pode parecer muita viagem o que eu disse, e é mesmo. Mas faz sentido para mim... Pode ser que faça para vocês, não é? 


4- Tocar as orelhas reconhecendo a música ao som da qual dançamos: 
foto por Mar Morena | Modelo: FCBD

Neste momento da meditação, começamos a sair de dentro de nós mesmos e reconhecer e agradecer às outras pessoas envolvidas em nossa dança. Cada outra pessoa é todo um universo diferente, e é isso que torna a dança em grupo tão especial.

A música é essencial para nossa arte. Eu sinto como se dançar fosse cantar a música com o corpo. Quando estamos dançando, usamos o universo particular dos músicos como estrada para a expressão da nossa própria arte! Ser grato às pessoas que fazem arte que pode somar à nossa é o mínimo. 

Uma forma de expressar essa gratidão, a meu ver, é comprando as músicas. Seja o CD, seja o download, mesmo que você não possa comprar hoje a música que você quer dançar e acabe baixando ilegalmente, organize-se para comprar e apoiar a arte dos músicos. Ficamos muito chateados quando dançamos e não recebemos um tostão, não é? Se queremos que nos valorizem, precisamos nós também valorizar os artistas. Os músicos que dançamos em geral são independentes, não vendem milhões de discos, não fazem turnê internacional. Podemos contribuir comprando nem que seja uma música só, que custa 5 reais. 

Agradecer aos músicos é uma excelente forma de começar a reconhecer que nosso sucesso na dança depende do esforço e suor de outras pessoas. Na vida é a mesma coisa.


5- Tocar o chão novamente, e trazer as mãos juntas à testa, na altura do “terceiro olho”:
foto por The Dancers Eye/2016 | Modelo: Carolena Nericcio-Bohlman


Esse gesto é para nossos mestres. 

Um mestre é a pessoa que compartilhou conhecimento com você, que se preocupou com a assimilação desse conhecimento por você, que se propôs a ser paciente e corrigir seus erros. Seu mestre esperou seu tempo, mas soube te motivar. Seu mestre não escondeu conhecimento de você, e desejou não somente que você chegasse ao nível dele, mas que você o ultrapassasse. Seu mestre quis que você atingisse todo seu potencial, vibrou com suas vitórias como se fossem dele, porque foram.  

Muitas vezes temos professores que não são mestres – esses também merecem reconhecimento e gratidão, claro. Mas mestres são especiais. É muito difícil e solitário aprender e lapidar uma arte sem um mestre. 

A cultura oriental valoriza muito o professor e o mestre, mas aqui no Brasil eu testemunho muita falta de respeito em relação a quem ensina uma arte. Simplesmente não sabemos ser alunos ou pupilos. Somos acostumados a contratar um professor como um mero veículo para nosso objetivo, isso produz alunos desleais, maledicentes, mimados e egoístas, que não percebem que o professor está recebendo dinheiro não para te dar um produto, mas para segurar a sua mão e te ajudar a passar por um processo. Alunos pulam de estúdio em estúdio falando mal dos professores que passaram por suas vidas, não creditam quem tanto fez por eles para sobressair e se colocar em posição mais elevada, ignoram os conselhos e recomendações do professor mas não se esquecem de culpá-los quando algo dá errado. E o pior: esquecem que os professores são humanos, sujeitos a tudo o que ser humano acarreta.

Algo ruim também acontece com o professor: infelizmente, em algumas áreas precisamos ser professores para conseguir viver. Isso acontece no meio acadêmico, no meio da música e também na dança. A pessoa que gosta de apenas de se apresentar e ser o centro das atenções vai precisar dar aulas se quiser viver disso. O que acontece é que esse professor vai querer ser o centro das atenções também em sala de aula, preocupando-se mais com produzir um exército de clones do que artistas (amadores ou profissionais) livres e distintos. Ele vai desrespeitar seus alunos, falar mal deles para outros alunos e outros professores, e se sentirá ameaçado quando um aluno atingir o nível profissional. 

Não há nada mais urgente, a meu ver, que lançar um novo olhar à relação professor-aluno, ou, como prefiro chamar, facilitador-dançarino em formação. Um olhar não de análise crítica, mas um olhar de coração, um olhar emocional, como o olhar que lançamos a nossos familiares e provedores quando somos crianças, ou como o olhar que lançamos sobre uma vida pela qual em parte nos responsabilizamos. É com amor, respeito e MUITA gratidão. Essa parte da meditação precisa ser sempre reforçada, pois nunca chegamos a lugar nenhum sozinhos. 

Eu particularmente penso assim, nessa hora: tudo o que sou hoje, devo a meus mestres e aos mestres dos meus mestres. Sou meramente uma ponte dessa corrente de aprendizado para novos dançarinos que escolherem dançar comigo, seja por uma hora, seja por uma vida.  
  
6- Trazer novamente as mãos na altura do coração: 

foto por The Dancers Eye/2016 | Modelo: Carolena Nericcio-Bohlman
Esse gesto é para nossos antepassados, para nossos ancestrais.

Eu acredito que este gesto seja muito parecido com o gesto anterior. Enumerar e reconhecer quem te trouxe até aqui e quem abriu os caminhos para que você pudesse passar é um excelente exercício de poda de ego.

Não somente nossos familiares podem ser nossos ancestrais, mas também aqueles que vieram antes de nós na família dançante. Aqueles que ousaram abrir as portas, mesmo que nem as vejamos mais ao passar por elas. Nossos Pilares. Gostamos muito de sentir que estamos fazendo algo único, e isso é especial. Inovar, quebrar barreiras, desconstruir padrões... Como artistas, sonhamos com isso. Mas não podemos deixar de reverenciar quem nos mostrou que isso é possível: os pioneiros. Existe um legado, ignorá-lo é o primeiro passo para fazer arte vazia. A arte é uma construção em si, é um trabalho de várias mentes e corações ao longo do tempo. Podemos escolher deixar nossa contribuição nesse grande monumento ou fazer um castelinho de areia só nosso que desaparecerá assim que não estivermos mais ativos. 

7- Reconhecer, com o mesmo gesto do item 1, as pessoas com quem dançamos e para quem dançamos:


foto por The Dancers Eye/2015 | Modelo: Lisa Allred


Às vezes torna-se difícil praticar o conceito mais simples do ATS®, que é priorizar a beleza do grupo e não a beleza do indivíduo. Ainda mais em nossa sociedade, onde mesmo em grupo estamos preocupados em “fazer o nosso”. Julgar a dança ou a personalidade da pessoa que está dançando com você, comparar dançarinos, querer estar sempre no centro ou na liderança... Tudo isso é bem normal no tipo de sociedade centrada no indivíduo dentro da qual nascemos. 

Só que nossa dança – e, PASME! Nosso mundo! – só funciona através do esforço coletivo, e seu companheiro de dança não deveria estar ali para te colocar em uma situação desconfortável e sim para trabalhar em conjunto por um objetivo comum. 

Objetivos em comum são assustadores. Você não tem controle sobre todas as etapas do processo. Você vai enfrentar opiniões diferentes da sua, modos de lidar com as coisas diferentes do seu. Você terá a quem culpar se sentir que tudo deu errado, da mesma forma que alguém poderá se sentir no direito de culpar você . Ou seja, tudo pode dar errado. Mas quando dá certo, ah... que maravilha!

A boa notícia é que NO ATS® SEMPRE DÁ CERTO, mesmo quando algo sai “errado”. Não tem o esperado, não tem coreografia. Você tem lindos movimentos, pessoas com vontade de  dançar esses movimentos e as ferramentas para transformar isso tudo em um espetáculo, compartilhando essa alegria com um público espectador. Vai dar certo, e você só tem a agradecer a quem topou entrar nessa loucura com você. Tenha sempre um sorriso e um carinho no coração para quem compartilha a dança com você. Isso é íntimo e especial. 

Da mesma forma, precisamos ter a consciência de que o público que vai nos ver é o receptor da nossa mensagem. Tudo o que fizemos, nossas roupas, nossas aulas, ensaios, música, tudo se traduz nesse momento de comunicação. No final das contas, essas pessoas escolheram receber a nossa mensagem, mesmo sem saber o que vamos falar. Essas pessoas deram tempo de suas vidas, e talvez dinheiro, para receber o que temos a oferecer. Essas pessoas nos devolvem toda a nossa energia investida. Por conta disso, essas pessoas são merecedoras de toda nossa gratidão.   



8- Levantar-se, juntar tudo e trazer novamente as mãos na altura do coração.
Foto de Marcelo Justino |Modelo: Natália Espinosa
Esse é o momento de pegar toda essa energia gerada pela reflexão sobre gratidão, internalizá-la e dançar com muito mais consciência e clareza. Com um coração renovado e aberto para todos os elementos da aula ou performance, diminuímos a pressão criada por expectativas e demandas do ego, por julgamentos em relação aos outros, por autocrítica exacerbada. É hora de trocar energia, de criar conexões. Que as vias estejam limpas e desbloqueadas. Que seja simples e natural.

Embora essas reflexões estejam no contexto do ATS®, eu estou convencida de que podemos levá-las para até os aspectos mais corriqueiros de nossas vidas. Sugiro começarmos cada dia com uma meditação de gratidão, talvez uma criada por nós mesmos, mas que abranja todos os pontos que às vezes passam despercebidos por nós.

Obrigada a todos vocês por lerem e trocarem energia e conhecimento comigo! 

Beijos e até a próxima,




[Resenhando-USA] Sexta-feira no ATS® Homecoming e muitos workshops incríveis!

por Maria Badulaques

Fonte: ATS®Homecoming Fan Page


Neste tipo de evento você tem vários workshops para escolher porque pode ocorrer simultaneamente 4 aulas no mesmo dia. As opções são incríveis e você fica louca para ir em todas;mas não dá (snif).

O dia começou, para quem comprou o pacote completo (como eu) no Yoga com Anita Lawane (como não sou muito fã, não fui). Depois veio Mamma com o tema "Touch the Music with Carolena"; sempre muito marcante dançar com ela, sei lá, é inexplicável. Uma amiga com quem conversava disse: "Vejo Carolena como uma pessoa comum. Beijo ela quando tenho vontade, falo e trato normal". Fiquei ouvindo e pensando "Affff, fico nervosa, tensa, ansiosa e tremo que nem vara verde, mesmo com todo carinho que ela tem por mim" ( a coisa é tensa kkk). Qualquer dia acostumo com a ideia que ela é uma pessoa. Nem vou falar como foi conhecer Masha, porque Carolena eu admiro e Masha é aquele lance de paixão. Já viu, né?!

Bem, as opções de aulas a tarde, sempre 2 horas de workshops, foram:
  • Transitions with Kristine
  • We like to move it, move it! with Megha
  • Power up your Spin with Kae
  • Tribal Counsel with Carolena
Fonte: ATS® Homecoming Fan Page



Advinha? Spinnnnnnnnnnns!!!!
Gente, a Japa é crazy!!! Já adianto para quem tá matriculado na aula que o aquecimento já mata e depois de morto é spin no além atéééé você entender o conceito e técnica. Ela nos ensinou todos segredinhos de um spin limpo e sem níveis. Eu simplesmente ameiiiiii. Quem tá matriculado nas aulas de Spin de Kae sairá maravilhado, tenho certeza, porque todos adoram spins e fazê-los de forma limpa e consistente não é assim tão fácil. Ah e o feedback é individual, não é ótimo???

Segundo bloco de estudo:

  • Classic ATS®, a Practical Study with Wendy
  • Breathing life into your dance with DeAnna
  • Coaching & Motivational Techniques with Anita
  • Connect the Dots with Jesse
Fonte: Terri Allred

Queria ter uma experiência com a Wendy, porque adoooro sua presença de palco. Tinha visto a apresentação exclusiva do FatChance BellyDance® na noite de terça e não hesitei em ter um pouco mais dela, então fui experimentar. A aula consistia em conseguir dançar somente usando taxeem, bodywave e reverse. Depois drills de rápidos com passos limitados, OU SEJA, como disse Wendy, não se trata de usar todos passos de ATS®, mas saber se virar e tornar atraente uma apresentação com pouco e com o básico.

Algo que ficou muito claro: elas amam o básico!!! Todas instrutoras com quem fiz aulas, o básico era reverenciado como a verdadeira arte de dançar o ATS®...sem firulas. Acredito que a única aula onde passos muito complexos e drills bem elaborados foram tópico do início ao fim foram os 3 dias de intensivo, pré-Homecoming, no mais, a arte consistia no básico feito com beleza, desenvoltura e criatividade.

Definitivamente, voltei pensando diferente. Deve ser o resultado de uma semana dançando diariamente e verificando que estou bem no comecinho da minha jornada (sim...olho aquelas mulheres incríveis dançando e a conclusão é uma só: tou no comeciiiiinho), dedicação e tudo mais...Estudar o básico com carinho, reinterpretá-lo, usá-lo com criatividade, eis o que se tornará meu estudo nos próximos meses.

Pausa pro café.

A noite teve performances, mas isso tratamos em outra conversinha :)






Destaque Nacional ATS/ ITS 2015 - Categorias Ilustrativas

Indicações da Etapa 1, Sugestão do Público, da enquete Destaques Tribais 2015.


Amanda, Carol Freitas e Raisa Latorraca (DF)




Coletivo Amora (SP)



Espaço de Danças Thalita Menezes (MG)




Gira Ballo Tribal (SP)




Imadamah ATS® (SP)




Loko Kamel Tribal Dance (RJ)





Melíade Tribal ITS (SP)





Natália Espinosa/Juliana Santos/Natane Circe/Andréa Elektra (SP)




Nomadic Tribal (SP)





Pashmina Tribal (SP)



Sis Tribal (RS)





Trupe Tribal Turquesa ATS® (SP)




Zaman Tribal (RJ)



Invalidados:

Tribal Rock 2015 - Maria Badulaques & Heli Luiza;
. Nomadic Tribal ATS® 2014


Remanejados:

Sem remanejamentos nesta categoria.


Caso queira reivindicar a situação de invalidação ou remanejamento, escreva uma justificativa (por escrito da solicitante) embasada para ser avaliada pela Comissão Avaliadora do Destaques Tribais 2015 desta forma, poderá resgatar sua participação à etapa seguinte. O pedido deverá ser enviado por e-mailpara aerithtribalfusion@gmail.com até o dia 31/01Justificativas enviadas após o prazo não serão analisadas! 



A Etapa 2 (Votação) começa a partir do dia 27/01! CLIQUE AQUI PARA PARTICIPAR!


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