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[Resenhando Internacional] The Massive Spectacular 2018

por Joline Andrade


Quando tudo começou...
Esta foi a minha quarta participação no Tribal Massive e Massive Spectacular (já pude desfrutar desse evento nas edições de 2013, 2015 e 2016). A oportunidade surgiu quando recebi um e-mail de Tori Halfon, diretora do evento, em meados de 2012 me convidando para fazer parte das aulas e do show principal. Neste e-mail ela relata que me contatou após acompanhar meu desempenho nos vídeos postados na internet e que gostaria de ter o meu trabalho entre os outros do lineup. Fiquei surpresa e muito lisonjeada com o convite e, desde então, participo sempre que posso.

A primeira edição em que estive presente, em 2013, foi a mais emocionante de todas. Por ter sido minha estreia no intensivo de aulas e no show, muitas sensações tomaram conta de mim: um mix de nervosismo e alegria me acompanharam do início ao fim, afinal era a primeira vez que eu dividia o palco e a sala de aula com profissionais tão renomados e talentosos. Fui muito bem recebida e acolhida por todos (diretora, professores e colegas) o que me fez querer fazer parte daquilo mais vezes. Nas edições de 2015, 2016 e 2018 me senti completamente ambientada e pertencente àquela comunidade de dança e o nervosismo deu lugar ao entusiasmo e a segurança.


Tori Halfon e Joline Andrade

Preparação
Em todas as edições que estive presente concorri a projetos de financiamento de intercâmbio de artistas da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e do Ministério da Cultura. Fui contemplada em 2 deles, o que me permitiu participar de 2 edições com as despesas totalmente custeadas. Nos outros 2 em que não tive projeto contemplado em editais precisei reunir fundos particularmente.

Sempre animada com o conteúdo programático das aulas e ciente do necessidade de preparo para poder fazer 8 horas de práticas diárias no período de uma ou duas semanas consecutivas, frequentei aulas de Vinyasa Flow Yoga meses antes do evento para harmonizar o corpo em todas as suas esferas físico-psicológicas agregando resistência muscular e equilíbrio emocional em uma só prática.

Desafios e expectativas antes do evento
Eu já imaginava que minhas expectativas seriam superadas a cada edição do Tribal Massive e, na medida que eu conhecia mais profundamente o trabalho de cada profissional, me permiti confiar e entregar de corpo e alma às propostas técnicas e laboratoriais. Tinha receio de encontrar professores dogmáticos e fundamentalistas, com verdades absolutas, mas o que acessei ali foi o trabalho de artistas que buscam renovar e inovar cada vez mais as próprias produções e estimular os seus seguidores criativamente para tornar a comunidade de dança mais democrática e diversificada em suas fusões, o que me fez cair de amores por cada uma delas.






Novidades da edição de 2018 
Uma mudança que tenho observado no decorrer de cada edição é a opção da diretora/curadora Tori Halfon de oferecer um elenco mais enxuto de professores com carga horária de trabalho mais extensa. Em 2013, por exemplo, eu fiz aulas com Zoe Jakes, Kami Liddle, Sharon Kihara, Mira Betz, Lady Fred, Sera Solstice, Jill Parker e Heather Stants. Já em 2018 as aulas foram ministradas apenas por Zoe Jakes, Kami Liddle, Mira Betz e April Rose. Por um lado, com o elenco mais concentrado os participantes podem desfrutar mais profundamente das pesquisas de cada professor, permitindo um aproveitamento maior dos conhecimentos compartilhados em sala (qualidade). Por outro lado, um elenco maior dava a oportunidade de estudar uma pluralidade de conteúdos com mais profissionais, mesmo que de maneira mais breve (quantidade).

Além disso, observo uma forte tendência das professoras em trabalhar FUSÕES com outras técnicas de dança como também uma retomada no estudo da dança do ventre tradicional (um profundo mergulho nas tradições das danças do Oriente Médio), dando-nos subsídio para descobrir formas de expressão heterogêneas e consistentes e para buscar uma voz interior, um estilo pessoal. Eu estou contente de ver que esta comunidade está evoluindo e cada vez mais aberta ao estudo de novas linguagens de dança sejam elas contemporâneas, modernas ou tradicionais. Essas mudanças estão nos permitindo expandir, como alquimistas, as possibilidades de experimentação nos garantindo uma ascensão como intérprete-criadores.


Percusso para o evento
Esta foi a primeira edição que estive numa casa alugada através do AirBnb, junto com outras colegas. Nas edições anteriores me hospedei no Boulder Station Hotel & Casino. Foi a melhor estadia de todas por dois grandes motivos: o primeiro por poder compartilhar a rotina com outras dançarinas e o segundo por estar num ambiente mais saudável, longe da atmosfera “down” e pesada de um casino. Diferente das experiências que tive no Boulder Station (barulho, cigarro e bebidas 24 horas por dia no térreo), o cotidiano da casa era maravilhoso. Me senti como se estivesse na universidade novamente, numa residência artística. Éramos 6 pessoas numa casa de 4 quartos: eu, Sundari (Croácia), Kerima (Suíça), Stacey (EUA), Austine (EUA) e Rachel (EUA). A casa tinha uma super estrutura e nos acolheu muito bem. Cozinhamos, brindamos, conversamos, trabalhamos e dançamos muuuuito juntas (havia uma sala enorme e empurramos os móveis para ensaiarmos os nossos solos). A casa ficava a 5min do estúdio de dança e juntas pegávamos o Uber diariamente para ir e voltar.

Infra-estrutura do evento
A infraestrutura do estúdio onde as aulas do Tribal Massive ocorrem e do teatro que recebe as performances do Massive Spectacular é exemplar. O Backstage Dance Studio tem salas amplas, com espelhos, piso, iluminação e controle de temperatura ideais para um prática intensa e prolongada de dança. Em 2018, o Massive Spectacular ocorreu em um teatro diferente das edições anteriores. Desta vez dançamos no Sam’s Town Live, um espaço ainda melhor com equipamentos de luz e som mais profissionais, palco mais amplo e camarins mais confortáveis. Neste ano, inclusive, podíamos assistir todo o show através da transmissão em tempo real em TVs nos camarins. Esta super produção, dirigida por Tori Halfon, me faz ter certeza que participar deste evento é um grande investimento, pois de fato a estrutura oferecida gera um verdadeiro aproveitamento de todas as experiências que podem ser vividas alí.


Workshops
  

Tori e professoras oferecem a opção de turma Profissional com apenas 18 dançarinxs selecionadxs. Mesmo tendo o aval delas para estar nesta turma, em 2018 optei mais uma vez por participar da turma Avançada/Profissional, com 40 dançarinxs, pois fazer parte do grupo reduzido aumentaria a minha inscrição em $500USD (cerca de R$1800,00 a mais). As turmas PRO e ADV/PRO têm o mesmo conteúdo programático, com os mesmos professores. Há uma pequena diferença na carga horária com um e outro professor: na ADV/PRO temos 4 horas a mais de aula com Zoe enquanto na PRO há 4 horas a mais com Mira. No cronograma de aulas da ADV/PRO começamos as aulas com Zoe e Kami, no início da semana, e finalizamos com April e Mira, sendo o turno matutino com uma professora e o vespertino com a outra.


Curso com Zoe Jakes

As primeiras aulas são ao mesmo tempo estimuladoras e muito exaustivas. Como eu não tenho o hábito de praticar 8 horas de dança diariamente o meu corpo passou a responder melhor aos exercícios somente no segundo dia quando pude ultrapassar o ponto de fadiga muscular e atingir uma resistência e melhor propriocepção. Após superar esta condição física, as informações puderam ser melhor processadas e aproveitadas.

Os temas de aula possuem uma diversidade muito grande e cada um contribuiu significativamente em minha formação com suas especificidades. 


Joline e Zoe Jakes

Zoe está cada vez mais dedicada as técnicas circenses e aos exercícios de layerings. Suas aulas apresentam os conteúdos mais intensos tecnicamente e eu adoro isso. Além disso, Zoe trouxe muitos dos movimentos do tribal old school, todos baseados no formato de Jamila Salimpour, numa proposta laboratorial de composição, estrutura de aula que também costumo aplicar em meus cursos.



Joline e Kami Liddle

Kami Liddle apresentou este ano suas novas pesquisas com dança contemporânea e foi ótimo revisitar alguns métodos que já estudei na universidade com o olhar e mecanismos de fusão de Kami. Os aquecimentos feitos através de técnicas do Buti Yoga e a aula de imersão em shimmies também foram muito estimulantes. 


Joline e April Rose

April nos fez mergulhar novamente no estudo rítmico e de movimentos da dança do ventre clássica erudita, dando-nos um aporte teórico profundo e cheio de complexidade, como de praxe (como acadêmica, April também faz um excelente trabalho). 

Joline e Mira Betz

Por fim, Mira Betz ministrou aulas teórico-práticas de sua nova pesquisa em otimização do sistema neuromuscular, além dos laboratórios de experimentação e jogos teatrais que fazem parte do seu repertório.

Para mim o maior desafio deste ano foi dedicar total energia nos 9 dias de aula, com carga horária extensa e intensa, sem deixar de manter o foco no show Massive Spectacular que ocorreu, diferentemente dos outros anos, no último dia da programação do evento. A exaustão física, psíquica e emocional tiveram que ser severamente combatidas para que o meu desempenho na apresentação do solo, no nono dia da programação, pudesse ser do nível que eu almejei. Mesmo diante deste desafio, estou satisfeita com o resultado.

Na minha opinião, não houveram cobranças nem tampouco postura autoritária por parte dos professores. Havia um desejo de presença (prontidão física e mental) e correspondência aos exercícios propostos, principalmente os laboratoriais.


Curso com April Rose



Fission X The Massive Spectacular

Fission é o espaço que as participantes têm para apresentar seus trabalhos. Neste show a formação do elenco é por livre demanda, isto é, a oportunidade de apresentar é dada para cada dançarina envolvida no evento. As incríveis coreografias criadas nos Intensivos com Amy Sigil e Jill Parker também foram apresentadas no Fission.

O Massive Spectacular é um show que tem a curadoria de Tori Halfon (ela seleciona os artistas que irão compor o elenco). Geralmente as professoras levam seus trabalhos de grupo e solos, como também outros grupos e solistas renomados são convocados para participar. Nesta edição, o show foi divido em 2 atos. Meu solo foi apresentado ao final do segundo ato, junto com Zoe e seu grupo Coven, Kami Liddle, April Rose, Amy Sigil, Jill Parker, Michelle Sorensen, Claudia Carbone, Sera e seu grupo Solstice Tribe, Kelli Li e Kimberly Larkspur.

Apresentações favoritas


Zoe Jakes & Coven (EUA):




Mira Betz (EUA):




Jill Parker (EUA): 





Claudia Carbone (Itália):



Michelle Sorensen (EUA):






Performance & Experiências

Joline com Aco Yamazaki, Hannah Lily, Antonella Sciahinna,
 Kerima Edmond, Sundari Sunchi, Michelle Sorensen e Kami Liddle


Joline, Sundari, Antonella Sciahina e Hannah Lily 

Joline e Sera Solstice 
Joline e Serena Spears



Joline e Christina Hidalgo 

Joline e Claudia Carbone

Joline e Jill Parker

Partilhar do palco, bastidores e da sala de aula com toda essa gente talentosa e inspiradora é um sentimento indescritível. Estar ali é o resultado de um trabalho cotidiano, duro e envolto de amor. Carrego desde jovem uma energia que me move adiante, que não me faz estagnar, mas acredito muito que parte das minhas conquistas veio do estímulo que tenho das minhas alunas, colegas e familiares. Quero então aproveitar o ensejo para agradecer cada uma das pessoas que me acompanham, colaboram e alimentam o meu trabalho e dizer que participar do Tribal Massive e Massive Spectacular, às vezes como única brasileira, às vezes como a única Latina, é também uma conquista motivada por vocês! Muito obrigada por fazerem parte disso!!!



O novo solo chamado "Soprano Dance" é uma fusão do meu repertório de tribal fusion com dança clássica e moderna. Foi a quinta vez que apresentei este trabalho num palco (já havia dançado em Maceió, Fortaleza, Buenos Aires e Camaçari). Soprano Dance é dividido em duas partes: a primeira com a música lenta e dramática The Host of Seraphim (conduzida pela voz da fantástica soprano australiana Lisa Gerard e a banda Dead Can Dance) e a segunda mais explosiva e estimulante com uma versão eletrônica da música Syla Doli (da soprano ucraniana Solomiya Krushelnytska) tendo mais velocidade e drama, causando intimidação para o público. É um solo que traz uma atmosfera etérea, fluida e delicada e, ao mesmo tempo, densa, escura e intrigante. O figurino tem uma estética clássica/vintage e esvoaçante: tutu preto romântico e top de renda confeccionados pela estilista Jacqueline Teixeira (minha mãe), e uma coroa prateada do atelier venezuelano MaMa Desings.

Tive excelentes feedbacks das professoras e colegas de classe. Após assistirem ao solo passaram a me chamar de "Black Swan" no backstage. Rs! Creio que pude tocá-las de alguma forma e espero que o público em geral tenha uma boa receptividade quando o vídeo for lançado.

Sem dúvidas pretendo participar novamente das próximas edições! Tive os melhores e maiores aprendizados de uma comunidade que se apoia, respeita, inspira e estimula!






Mitos e verdades sobre o festival

É um festival feito para muitos! O nível ADV/PRO e os intensivos que ocorrem paralelamente ao programa principal apesar de possuírem pré-requisitos, têm uma flexibilidade em relação a prática dx dançarinx, podendo ser elx experiente em dança do ventre e/ou tribal. Em minha visão, dançarinxs com experiência a partir de 3 anos poderão aproveitar bastante e ter um bom rendimento nas aulas. É ideal para quem gosta de ser desafiado, seja técnica ou criativamente.

Pontos positivos

O Tribal Massive e Massive Spectacular oferecem os conteúdos e produções artísticas mais atuais do universo da dança tribal e sua fusões. É um ambiente provocativo e germinador de fusões autorais e bem embasadas.

Pontos negativos
O único ponto negativo é a localização do evento. Eu, particularmente, não gosto da cidade de Las Vegas, do ambiente dos casinos e atmosfera de festas e entretenimento artificial 24 horas por dia. Porém como estamos imersos nas atividades do festival, essas questões não afetam potencialmente o seu desenrolar.



Inspirações para a comunidade brasileira
Gostaria de ver mais eventos brasileiros dedicados a fusões do tribal com outras linguagens de dança. Que xs dançarinxs locais expandissem seus estudos buscando outras técnicas, métodos, fontes de inspiração, assim como artistas competentes de outras linguagens pudessem colaborar com as misturas interculturais que esse tipo de fusão demanda. Criaríamos uma rede de profissionais ainda mais competentes e multifacetados!

Dicas e conselhos
Junte suas economias e faça esse favor a si mesmo! Este é o tipo de festival libertador que propicia um real intercâmbio com artistas de todo o mundo que compartilham da mesma frequência: aprender, criar e evoluir!



[Danças & Andanças] JamBallah NW 2017


por Mimi Coelho

Um festival de danças do Oriente Médio e Fusão Americana

Seguindo com minhas histórias na dança por terras estrangeiras, hoje contarei um pouquinho desse festival tão apaixonante que é o Jamballah NW! Mais especificamente, compartilharei minha experiência na edição de Agosto de 2017 neste festival que é palco para vários estilos e grande incentivador para a criatividade em fusões. Se você se interessa por festivais que oferecem workshops e performances criativos, da dança oriental tradicional à dança contemporânea, incluindo fusões, teoria e prática musical, dentre outros estilos maravilhosos, vem comigo porque o Jamballah pode lhe oferecer tudo isso e muito mais!


O JamBallah NW é organizado por Elise Morris, grande produtora de eventos em dança, embaixadora da dança pela Dance Wire PDX, presidente da Portland Bellydance Guild e linda performer de dança oriental e fusões, sendo também integrante da Allegro Dance Company.

Elise consegue reunir neste evento profissionais de diversas áreas, construindo um ambiente acolhedor, criativo e, sobretudo, incentivador da dança em geral. O trabalho dela ressalta pela atenção aos mínimos detalhes, pela organização primorosa desde ao primeiro abrir portas do festival ao último número de dança no Showcase. Dessa forma, as pessoas que comparecem ao evento, sejam estudantes de dança, professores ou admiradores da arte, vivenciam agradáveis momentos de muita leveza, festividade e principalmente inclusão.

A edição de 2017 contou com a presença de professores dos mais variados estilos, destacando-se Mardi Love, Rachel Brice, Ashley Lopez, DeAnna, Baksana, Serena Spears, Sarah Ebert, Nazaneen e Khadijah. Foram três dias de festival intensos que ocorreram no teatro Artists Repertory Theater, onde os participantes puderam desfrutar dos workshops, da feira e exposição de artesanatos, além das mostras de dança e dos showcases noturnos.

Um dos pontos mais altos do Jamballah NW 2017 foi a oportunidade de contatos diversos com profissionais nem sempre tão conhecidos no meio da dança, mas que possuem muita bagagem de qualidade para compartilhar.

Os Workshops

Em festivais de curta duração como este é muito difícil escolher e conciliar todas as suas preferências de aulas, conforme o foco de estudo que você desenvolve no momento. Dessa forma, priorizei o meu grande interesse nas bases e fundamentos do tribal, bem como no refinamento técnico e na teoria e prática musical na dança. Ou seja, desfrutei de aulas com Mardi Love, Rachel Brice e Baksana. Entretanto, confesso que fiquei extremamente curiosa com relação às aulas de Serena Spears (técnicas de fusão com danças latinas, técnicas de fusão com Hip Hop), Ashley Lopez (flexibilidade e prevenção de lesões) e Sarah Ebert (alma da dança contemporânea).

As oportunidades de estudo com Mardi Love são limitadas (não é sempre que ela ensina nos festivais), então sempre que aparece uma possibilidade acessível corro para me inscrever. Ela ofereceu três cursos no JamBallah: um mini-intensivo de seis horas, “Ode ao Twist e aos Giros” e Nova Coreografia.

“Vocês estão perguntando se eu me increvi nos três cursos? Sim, eu me inscrevi nos três cursos!” Isto porque, na minha opinião, a Mardi traz em seu repertório de dança movimentos clássicos do estilo que eu reconheço como Tribal Fusion (e novamente enfatizo que isto é uma visão minha, Mimi Coelho!). Ela incorpora em seu vocabulário a forma mais simples de fusão com a dança oriental em combinações brilhantes (muitas vezes inimagináveis) e ainda adiciona doses extras de elegância, força e até humor. Ao apresentar esse repertório de passos que seriam a base do Tribal Fusion para mim, Mardi consegue criar uma qualidade singular em sua execução, com doses extras de musicalidade e descontração. Além disso, outra característica que me atrai na dança dela é a fusão vintage”, o uso de movimentos originais do Charleston, Jazz e Swing, que já representa sua marca pessoal.

A cada encontro com a Mardi Love aprendo mais sobre a importância dos movimentos lentos e do refinamento na execução dos mesmos, o que traz uma elegância incomum para a dança. Os movimentos de braços e mãos evidenciam os isolamentos no corpo e compõem a beleza estética do todo. Por isso, sempre saio de suas aulas me sentindo mais alta e ampla. A sua forma de trabalhar a musicalidade também é muito particular, tenho a impressão de que Mardi canta a música com o corpo de forma sempre inesperada. Quando lento, ela prefere ressaltar o extremo dos movimentos, quando rápido, sua agilidade ao precisar cada isolamento deixa claro que o menor é sempre o mais aparente e belo. Não há exageros na movimentação, mas a autenticidade ao se criar o simples. E como sempre foi um deleite presenciar o quão suave e orgânico ela cria o movimento em dança. Mardi cultua a beleza continuamente em suas composições.


Além das aulas de Mardi Love, participei também do curso de "Giros Cintilantes e Específicos" para dançarinos experientes ministrado por minha professora Rachel Brice. Eu gosto sempre de aproveitar as chances que tenho para  aprimorar a minha técnica na execução do vocabulário do Datura Style e, claro, receber o direcionamento daquela que escolhi como minha mestra de dança.

Provavelmente, vocês estão me perguntando: “Por que não escolheu outras experiências de aprendizado e se inscreveu para uma aula que a Rachel ensinou algo do vocabulário do Datura Style, se você já é uma professora certificada do estilo?”

E a resposta para isso é: a maestria na execução da técnica exige tempo, prática e direcionamento. Acredito que todo estudante de dança, ainda que profissional, necessita de um guia, aquela pessoa em quem confia para lhe direcionar pelos caminhos do aprendizado/crescimento e da arte (devemos eleger nosso mestre principal, aquele a quem sempre recorremos em períodos de dúvidas ou crises). Dessa forma, cada aula, cada lição em classe é uma nova oportunidade de absorção de conhecimento e entendimento do movimento no seu corpo. Ou seja, ainda que eu tenha participado de muitos cursos e aulas com Rachel, tento estar presente no máximo de oportunidades para aprender com minha professora (lembrando que ela não ministra aulas regulares no Studio Datura).

Dito isso, no curso foi apresentado a sequência de giros que conhecemos como “Tsifti Spins” e o “Camel Walk Double Turn” do vocabulário Datura Style. O primeiro trabalha giros inspirados na dança clássica indiana Kathak e por isso são executados nos calcanhares dos pés. O segundo possui um “hook turn” seguido de “crossover turn” em tempo rápido. Ambos apresentam um grau elevado de dificuldade e Rachel nos guiou pelo passo a passo dos mesmos de maneira divertida, técnica e eficiente! A Elise postou um vídeo público do final do curso em que realizamos estes movimentos, o qual compartilho com vocês abaixo.

Giros e improviso no workshop de Rachel Brice


O último workshop do qual participei foi ministrado pelo grupo Baksana e me impressionou muito. Eles desenvolveram um método de notação musical para “finger cymbals” (snujs), possibilitando a leitura e a criação de partituras para as composições de dança. O método requer estudo aplicado para aqueles que planejam absorver e utilizar a técnica, uma vez que desenvolveram diversas formas de toques para os quais se produz diferentes sons. Além disso, eles também ensinam combinações destes toques que criam diferentes padrões para os diversos ritmos musicais. Segundo o que eles ensinaram e demonstraram, após o domínio das técnicas é possível criar dinâmicas de improviso entre os praticantes, quase como em uma dinâmica de roda de capoeira.


Improviso com Snujs, método Baksana, Baksana Bellydance

Essa experiência com certeza foi uma das mais desafiantes que já tive com relação ao tocar snujs. Para nos auxiliar em estudos posteriores, eles publicaram um livro sobre o método e toda a pesquisa que estão desenvolvendo sobre os nossos amados “finger cymbals”.


Isso não deixa a gente super animado para aprender mais? Vocês podem adquirir o livro deles online no site: https://baksanastore.ecwid.com/Baksanas-Finger-Cymbal-Notation-Vol-1-p89911740 e acompanhar o trabalho desse lindo grupo pelo site https://baksanabellydance.com/ . A fim de ilustrar melhor o quão desafiante e divertido é o método, compartilho com vocês um dos meus vídeos de minha participação do Desafio de Finger Cymbals que eles lançaram em fevereiro.


Challenge Finger Cymbals Awereness Month

A Exposição de Artesanatos – Feira

Como todo bom e tradicional festival da nossa comunidade, o JamBallah também organizou a tão amada feira. Os mais variados e enlouquecedores adereços, jóias, artigos pra dança, peças de roupas e figurinos foram expostos ao longo do hall e corredores do teatro. Muita cor, diversidade e opções para acariciar os olhos dos admiradores. Para nós brasileiros sem dúvida é dolorido ver tanta coisa linda, diferente e não poder comprar (bom pelo menos no meu caso), pois ainda que ofereçam preços atrativos, o valor do dólar dificulta muito a aquisição dessas belezas. Entretanto, é sempre divertido passear, conhecer pessoas e encontrar os amigos da dança pela feira! Afinal, os melhores papos acontecem pelos corredores das exposições!



Festival Show e JamBallah Showcase

O JamBallah realiza o Festival Show que simboliza e celebra a reunião de todos os dançarinos participantes procedentes dos mais diversos lugares do país e do mundo. Desde que o dançarino participe de pelo menos um workshop, ele pode se inscrever previamente e, então, apresentar-se no grande palco do festival. Para possibilitar a apresentação de todos, o JamBallah desenvolve uma prática interessante de limitar quantas vezes uma mesma pessoa dança em palco, a depender do interesse de participar com um solo, duo, trio ou grupo. Há a preocupação por parte do festival em se garantir a oportunidade para todos mostrarem seu trabalho, independente de técnica ou reconhecimento geral.

O Festival Show teve a duração de duas horas e foi realizado em todos os dias do evento durante as tardes. Foi maravilhoso acompanhar tantas performances diferentes e criativas, tantas formas de movimentação e composições ricas em expressão. Eu realmente aprecio as mostras de dança, pois são surpreendentes e inspiradoras. Sempre saio dessas experiências com vontade de criar!

Além disso, o JamBallah organiza seu próprio showcase, onde os instrutores do festival, os grupos e performers de Portland se reúnem em um produzido espetáculo, que ocorre nas primeiras duas noites. Não há restrição de estilo e sim uma composição interessante de experiências e linguagens.

Tive o imenso prazer de presenciar fusões diferentes e inesperadas, porém fundamentadas e compostas brilhantemente. Ressalto a composição apresentada pelo Allegro Dance Company, que está estabelecendo um novo rumo para a fusão local e quem sabe internacional também.

“La Follia a la Allegro” , Allegro Dance Company



O solo Indian Fusion de Sedona Soulfire me tocou profundamente e é realmente uma pena não ter um vídeo para mostrar pra vocês, foi um dos pontos altos de expressão dos showcases. O improviso de snujs realizado pelo Baksana sem outro acompanhamento musical impressionou pela técnica, agilidade e perfeição. As composições coreográficas de Bevin Victoria também foram ricas em expressividade. Sem contar é claro na performance de Mardi Love que como sempre preencheu o espaço com classe, expressão e contentamento.


Mardi Love




Serena Spears




DeAnna with Jesse and Sofia




Ashley Lopez



Scarlet Thistle





Gostaria de detalhar sobre cada um, mas infelizmente ficaria longo demais. Deixarei para uma troca posterior, seja escrita ou quem sabe pessoalmente?


Finalizando, o JamBallah me proporcionou vivências maravilhosas tanto como estudante quanto como apreciadora da arte, tudo em um ambiente inclusivo e acolhedor, característico de uma comunidade que incentiva a dança, seus praticantes e profissionais. Acredito que é um festival que crescerá em linhas não tradicionais com o histórico dos festivais de fusão, pois sua organizadora, Elise, tem o objetivo de incentivar a dança como um todo. Dessa forma, busca variar os estilos oferecidos e os profissionais instrutores convidados. Acho que isso é o que mais me atrai neste festival.



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