O Egyptian Sevillana se inspira
na Sevillana (se pronuncia Sevilhana), dança originaria da baixa Andaluzia
(região ao sul da Espanha), derivada de um tipo de canção espanhola chamada Seguidillas
manchegas, típica das atuais comunidades autônomas de origem castelhana (Castilla-La Mancha, Comunidad de Madrid e o sul de Castilla y León (provincias de Segovia, Ávila y Burgos) e adaptadas à cidade de Sevilla. As
sevillanas podem ser vistas na Feira de Sevilla, nas romarias, ou em locais
onde se reúna um grupo de pessoas, até mesmo na balada, em bares e boates. A
sevillana é originalmente dançada aos pares, geralmente homem e mulher, mas é
recorrente ver duas mulheres dançando. É possível variar as formações
principalmente quando a sevillana é levada para o palco, variando entre pares,
círculos, blocos, filas, etc.
As sevilhanas habitam a tênue
linha entre o folclore andaluz e o flamenco e trazem em si a essência popular
junto com a expressividade do flamenco.
As sevillanas tem 4 coplas,
denominadas segundo a ordem em que são dançadas; a primeira a segunda, a
terceira e a quarta. Do ponto de vista da dança, as coplas podem ser explicadas
como quatro pequenas danças dentro de uma mesma música e a estas quatro danças
em conjunto, chamamos sevillanas.
As sevillanas variam segundo as
suas origens ou ao local onde são cantadas e dançadas: as rocieras são cantadas
nas romarias da Virgem del Rocio; as de feria são cantadas nas feiras e festividades
populares; as corraleras são as dos “currais” ou pátios das casas da
vizinhança, onde eram dançadas antigamente.
Do ponto de vista da dança,
existem muitas versões diferentes de sevillanas, os passos podemos variar de
uma para a outra, além do espaço para improviso. Sendo a
estrutura musical das coplas sempre a mesma no que diz respeito à métrica, qualquer
das versões da dança vai caber nas coplas de qualquer música de sevillanas,
independente do seu canto ou melodia. Apesar das diferenças entre as versões,
há recorrências em todas elas que permitem identificar qual das coplas está
sendo dançada. Por exemplo, a terceira copla é a do sapateado, a segunda é a da
roda, etc. Passos como paseos, remates e passadas são comuns a todas as coplas
e versões.
O Egyptian Sevillana foi
provavelmente inspirado nas passadas, passo presentes nas 4 coplas (porém mais
repetido na primeira) onde o par troca de lugar. As pessoas dançando uma de
frente para a outra, trocam de lugar entre si, de maneira em que uma vai ocupar
o lugar da outra e então voltam a ficar de frente na posição inversa à que
estavam anteriormente.
“Trago comigo uma bagagem de lembranças
históricas, que posso alimentar por meio de conversas ou de leituras – mas esta
é uma memória tomada de empréstimo, que não é a minha.” (HALBWACHS, 2003, p.
72)
Partindo
do pensamento do historiador Halbwachs, faço um paralelo com a bagagem de
memórias que adquirimos no Tribal ao assistirmos vídeos de bailarinas da Índia,
Estados Unidos, Japão, Egito, etc., ou ao lermos sobre danças étnicas diversas
do mundo, apreciarmos fotografias, etc. Trata-se de uma bagagem de memória
tomada de empréstimo quando não estivemos nesses lugares vivenciando dada
realidade, mas que acessamos nas nossas composições em dança.
Juliana Garcia - João Pessoa-PB
“[...]
uma memória [...] que não é a minha.” E que faz com que nosso produto final em
dança chegue ao palco como se também não fosse nosso. Porque falta a nossa
memória vivida. Somos feitos de tempo e espaço, e das lembranças que, de modo
consciente ou inconsciente, essa relação gera em cada um de nós.
O
caminho que percorremos de casa ao trabalho, o supermercado que frequentamos, a
praia, o cinema, a sala de aula, nossa casa, nossa rua, as viagens que fizemos,
as pessoas com quem cruzamos diariamente ou uma única vez na vida, tudo isso
faz parte da nossa memória vivida – colabora para o que cada um de nós é hoje.
E nos modifica. É na relação com os espaços que as experiências acontecem e as
múltiplas identidades dão lugar à coletividade, a uma visão de mundo, um ethos.
Nesse
sentido, um dos pontos que tenho abordado no Curso de Formação em Tribal Brasil
é a relação da bailarina com sua cidade, com o conceito de lugar e suas
implicações afetivas trazidas pela memória. Essa ação tem o intuito de trazer à
tona uma memória corporificada, que confira verdade à dança – porque vem plena
de vivências do dia-a-dia.
Dayeah Khalil - Guarujá - SP
Em uma das atividades desenvolvidas, peço para que a aluna aproveite um momento de
caminhada rotineira para observar o mundo que a rodeia, o “lá fora”: os sons,
aromas, formas, cores. Apenas observar o ambiente que anda influenciando-a,
muitas vezes de modo inconsciente. E partir daí essa vivência é registrada no
“diário de bordo” do curso – uma espécie de diário onde a bailarina registra de
modo artístico, livre ou sistematizado, através de poesia, desenho, pintura,
colagem, texto, fotografias, suas experiências ao longo do curso, suas relações
com o que estão descobrindo, etc.
E
a partir disso compõe-se uma pequena partitura em dança que passa a ser
registrada em vídeo, de modo livre – seja videodança, videoarte, documental,
videoclipe, etc. E, nesse fazer, podemos apreciar as diferences nuances e
impressões que a cidade nos provoca e o quanto ela modifica nossa dança. Não
precisamos deixar de fora tudo o que nos influencia no nosso cotidiano para
dançar Tribal. Às vezes ficamos tão maravilhados com a alteridade, com o que
nos é exótico – o que vem da Índia, Egito, etc. – que calamos nossas beleza,
riquezas e singularidades: nossa brasilidade.
Selecionei
algumas atividades das alunas do Curso de Formação para compartilhar nesse post e faço um convite a você também. Da
próxima vez que sair na rua, observe os relevos, construções, pessoas, aromas,
formas, relações, afetividades. Traduza em palavras, imagem, desenhos ou
pintura a sua percepção, como esse mundo vivido por você te afeta. E, num
segundo momento, traduza para o corpo, para o movimento, buscando as relações
com o seu fazer Tribal. Se puder viver essa experiência em um lugar da sua
cidade que signifique para você, melhor ainda. E se resolver registrar em
vídeo, compartilha comigo. Vou adorar conhecer um pouco mais sobre o Brasil que
você vive e sua relação com a cidade.
Shafiqah La Copta foi aluna da primeira bailarina de Dança Oriental egípcia, Shooq. Ela nasceu em 1851 em "Shobra", subúrbio do Cairo, em uma família conservadora e modesta. Há relatos de que tenha fugido de casa à idade de 12 anos. Outras pessoas relatam que sua família ficou escandalizada quando ela começou a pensar em dançar e que aos 19 anos de idade saía de casa escondida dos pais para ter aulas com Shooq, dizendo que ia a Igreja. Seus pais morreram quando ela ainda era jovem. Depois casou-se, e viveu por um tempo sob circunstâncias pobres, tentando melhorar dançando nos clubes. Sua primeira apresentação foi em festivais folclóricos. Depois começou a dançar em casas noturnas. Era muito bonita e talentosa e alcançou a fama dançando na boate "El Dorado".
Em 1871, ela dirigia um grupo de músicos e bailarinas. Em 1917, participou da primeira Feira Internacional, em Paris, onde se classificou como primeira colocada.
Shafiqah La Copta já era uma lenda em seu tempo, na década de 1920, e tornou-se a dançarina mais famosa e rica do Egito após o falecimento de sua mestre, Shooq. Seus fãs lançavam moedas de ouro egípcias a seus pés. Foi dito que ela chegou a usar pares de sapato de ouro e brilhantes.
Shafiqah La Copta inseriu na dança acessórios de equilíbrio, como o candelabro e bandejas. E não só isso, ela abria espacates durante a dança! Entre seus muitos admiradores havia ministros e outras pessoas de influência.
Trecho do filme sobre Shafiqa La Copta
Este período marcou o início da era de dançarinos famosos no Egito. Bailarinos bem sucedidos começaram a abrir seus próprios clubes. Shaafiqa abriu a casa "Alf Leyla", também conhecida como "1001 noites".
Sua influência não se limitou ao mundo da dança. Durante a revolução de 1919, colaborou com revolucionários opositores ao domínio inglês.
Shafiqah La Copta tornou-se extremamente rica, mas seu sucesso não trouxe só dinheiro. Ela também gastava muito e tornou-se viciada em cocaína. Morreu desamparada, em 1926.
O filme "Chafika el Kebteya" ou "Shafika o copta" de 1963, dirigido por "El Hassan IMAM" relata a história desta lendária bailarina oriental. O filme conta com a participação de Rostom Hind, Hassan Youssef, Zizi El Badrawi.
Trecho do filme sobre Shafiqa La Copta
O nome dela você poderá ver escrito de diversas formas: Shafiqah Alqebtieah, Shafiqa Al-Qibtiyya, Shafie'a Qebtiyya, Chafika el Kebteya, Shafiqah al-Qutubiah, el Koptiyva ou Shafika o copta.
Butoh (bu=dança e toh=passo) é um estilo de dança (arte
dramática - teatro japonês em forma de dança com mistura de mímicas e expressão
corporal). Também denominado “Ankoku Butoh” - “Dança
das Trevas”, o Butoh é uma forma primal de dança que se origina
no agora e no muito antes, sem começo, meio ou fim, onde a vida
borbulha e instiga o autoconhecimento, extrapolando, assim, a força dos gestos,
movimentos ou plasticidade do palco.
Surgiu no Japão pós-guerra, em 1959, e ganhou o
mundo na década de 1970. Criada por Tatsumi
HijikataeKazuo
Ohno.
Dance of Darkness - Documentário sobre a dança
Butô:
A dança butoh nasceu
a partir de performance Kinjiki (Cores Proibidas) interpretada por Tatsumi Hijikata e Yoshito Ohno, e baseada nos escritos de Yukio Mishima. Na época , o butoh escandalizou o público, pela violência e
contestação à linguagem formal, e porque a peça apresentada fazia alusão à zoofilia.
Para muitos, o butoh não
é uma dança, mas uma encenação teatral.
“Butoh é uma das mais arrojadas formas de dança contemporânea, única do
Japão. Expressa ao mesmo tempo tantas idéias diferentes que é impossível
defini-la. Ela somente choca e surpreende”. Ohno
O butoh conecta
a consciência com o inconsciente. O movimento não é ditado pelo que está fora,
mas aparece na interação entre exterior e interior do mundo. A essência do butoh baseia-se no mecanismo em
que os dançarinos deixam de ser eles mesmos e tornam-se outra pessoa ou coisa.
Nessa arte, o importante não é a transformação em alguma coisa, mas a
transformação em si mesma, o fato de mudar-se. Somente assim pode-se trazer o
corpo de volta para seu estado original.
Corporalmente, a linguagem Butoh buscou sempre como elemento essencial
a força dos pés e do quadril, partes que mantêm contato direto com a terra como
que para sugar a energia vital através dela. A civilização distancia cada vez
mais a terra do corpo.
A idéia de corpo morto (bastante difundida dentro do butoh) sugere um
corpo e uma alma vazia, livre, leve, sem empecilhos que o impeça de
expressar-se.
A ideia do “olho de peixe” que lembra os olhos de um cadáver, sem vida
e estático, porém, assim como o peixe, extremamente vivo e pronto para reagir.
O Butoh expressa o que é universal, expressa o que é o ser humano e a
sua verdade. Assim, tanto para o butoka quanto para aqueles que o vêem dançar,
as máscaras sociais são arrancadas e a verdade de cada um é brutalmente
desvendada causando, consequentemente, uma espécie de alvoroço interior que nos
obriga a sair de nossas estaticidades e conformações em busca do nosso
verdadeiro eu.
Em butoh, o corpo pode “ver com a pele, respirar com o ventre”. Nesse
sentido, o interior do corpo permanece vedado ao órgão da visão, aberto por uma
faculdade do “sentir”, de um território incomum, de estados singulares de
percepção.
Os dançarinos de Butoh quase não usam
vestimentas, para eles a roupa veste o corpo e o corpo a alma. E é através da
alma, das emoções, da vivência de cada um é que são criadas as sequências gestualísticas que formam o Butoh.
A maquiagem melancólica, o branco sobre todo o corpo, faz com que os músculos
sejam realçados, e suas formas expressivas delineadas em movimentos essenciais,
se valorizem pela ausência de pêlos.
O Butoh recupera a vitalidade e a força do
corpo, de um corpo domesticado pelas atividades cotidianas e esmagado pelas
regras estabelecidas. O desenho de cada gesto é simbólico. Ele estimula idéias,
associações e emoções tramando uma visibilidade: As intensidades, os afetos que
atravessam os corpos, a música, os movimentos, são expressos através dos
gestos.
“Entre ruídos, gemidos, sons e gritos movem-se homens e mulheres - seus
rostos estão distorcidos em esgares alucinantes, os olhos revirados para
dentro, as línguas penduradas, a saliva escorrendo. A movimentação é lentíssima
como se cada mover não fosse apenas muscular, mas custasse cada órgão do corpo
dos bailarinos. O primeiro impacto é de terror. [...] Existe algo naqueles
quase-monstros que os toca de forma singular. Essa ‘deformidade’ explícita, que
não é externa, é interna, liga o "butoh" ao homem universal. O caos
representado é o caos do século XX, não importa oriente ou ocidente...” (Solange Caldeira)
Para Saba Khandroma:
“o Butoh
é hoje em dia a linguagem em que eu existo profundamente, eu não o escolhi, mas
ele sempre foi parte de mim e eu o encontrei novamente. É a transformação de um
corpo que não é corpo. Também é a liberdade e a extinção do “Eu”. É a poesia e
o sutil, o pequeno gesto latente... Onde se busca com o espírito, onde dançam
as forças cósmicas... É um fluir constante.”
Segundo João Butoh:
“Todo artista está ligado de
alguma maneira a uma crença ou mesmo alguma forma de espiritualidade. Buscamos
atingir o divino o tempo todo. Buscamos o sublime, o perfeito. O Butoh assim
como qualquer outra arte deve estar isenta de padrões religiosos. Cada artista
a meu ver deve buscar a sua maneira de se conectar com o ser supremo que o
ampara e o ilumina.”
“Se o butoh é uma dança, e
dança a fazemos com o corpo, o mínimo que se espera de um intérprete é que o
mesmo tenha um trabalho corporal significativo. Que tenha conhecimento do
próprio corpo.”
“O Sentir deriva de
sentimentos, e eu sou só sentimentos. Não acredito que a arte esteja isenta de
sentimentos. Eu me preparo para estar completo em cena. Tenho uma paixão por
histórias. Paixão por histórias emocionantes, aquelas que tocam fundo na alma.
Está é uma característica da minha arte. Conto histórias por meio do butoh. É o
que me seduz na arte, proporcionar uma viagem emocionante durante alguns
minutos, e no final desta jornada, deliciar que o meu público está totalmente
entregue a esta doação. A arte como instrumento para emocionar as pessoas. Daí,
é um passo para a transformação do indivíduo. Sim, só a arte transforma!”
Como leitura, sugiro o trabalho
da Solange Caldeira e do João Butoh, grandes referências desta pesquisa:
Melissa Souza, bailarina, blogueira e graduanda em Jornalismo, está realizando uma pesquisa acadêmica para delimitação do tema de seu trabalho de conclusão de curso.
"A ideia é construir algo que seja aproveitado como objeto de estudo, informação e entretenimento pelas dançarinas-acadêmicas."
Participe registrando sua opinião no formulário abaixo:
Clique na imagem acima para acessar o formulário online
A bailarina Rafaella Chaves, de Campina Grande-PB, vem com uma proposta interessante e inovadora para a cena tribal brasileira: um portal aberto para professores de dança publicar suas aulas onlines e workshops. Contudo, para saber a melhor maneira de proceder, ela pede ao público tribal que dedique menos de 5 minutos do seu dia para responder o formulário de opiniões, ajudando, desta forma, a consolidar o projeto de uma forma mais consistente.
"Nossa ideia é criar um portal aberto a professores de dança que desejem publicar aulas online e aos alunos que tem interesse em aprender conceitos e técnicas de dança na internet.
Gostaríamos de saber as suas opiniões relativas a algumas características de funcionamento do portal, visando atender da melhor forma às necessidades dos professores e alunos que venham utilizá-lo no futuro."
Clique na imagem acima para abrir o formulário de pesquisa
Tenho me enchido de alegria ao perceber que nos últimos
anos cada vez mais brasileiras entendem a importância do estudo da técnica
específica de Tribal, para dançar esse estilo. Mais do que estudar isolamentos
afiados, fazer carão e executar perfeitamente movimentos de Dança do Ventre,
estudar o Tribal exige conhecer sua história, seu significado, seus conceitos,
seu repertório e técnica própria... E junto com esse estudo vem a constatação
de que a maioria daqueles movimentos que vemos nossas bailarinas preferidas
executarem tem um nome e um “pulo do gato” que somente estudado com uma
professora preparada irá ser entendido.
Infelizmente quando descobrimos o Estilo Tribal por aqui no
Brasil, importamos apenas a estética de início, e poucas bailarinas
compreenderam as técnicas e conceitos específicos do Tribal. Uma das coisas que
me alegra é que o número de estudantes regulares, tanto de Tribal Fusion quanto
de ATS®, aumentou muito nos últimos anos, e o de Sisters Studio também, além
das professoras de Tribal Fusion e Dark Fusion, facilitando o acesso à técnica
própria dos movimentos do Repertório específico do Estilo Tribal. Estudando o
Repertório Clássico e Moderno do ATS®, por exemplo, lançamos um olhar
aprofundado sobre aqueles passos que sempre sonhamos aprender e que amamos ver
nossas bailarinas referência – tanto do ATS® como do Fusion – executarem no
palco com tanta elegância. Me surpreende também ver pessoas que antes não se
interessavam pelo ATS®, agora descobrindo nesse estilo mais do que uma fonte de
estudo, mas uma forma de diversão e exercício de sororidade com amigas, colegas
e alunas. De verdade fico feliz de ver que as pessoas estão entendendo como o
estilo funciona e a amando suas particularidades.
Mas o mais importante de tudo isso, para mim, é saber que os CONCEITOS do Tribal
estão sendo melhor fundamentados. O que muitas de nós pregamos é justamente o aprofundamento
nesses conceitos que fundamentam nossa dança e que nos constituem como
bailarinas de Tribal, não apenas estudar os passos e repertório da dança que
for, da origem que tiver. O Tribal é um estilo conceitual em essência, então
por que reproduzir somente sua estética geral?
Seguindo esse sentimento, queria compartilhar um desses
conceitos fundamentais do Tribal, pelo menos para mim: a GRATIDÃO.
Um dos conceitos do American Tribal Style® que mais amo é o
Puja, uma homenagem à Dança Clássica Indiana, também conhecido como Moving
Meditation, Gratitude Meditation ou Pranam, que é uma meditação de gratidão em
movimento, mas não é uma oração ou prece, nem é religioso ou espiritual em
nenhum sentido, e serve para simplesmente agradecer e reconhecer os elementos
necessários para realizarmos nossa dança. Nós o fazemos antes de dançar, seja
em aula ou no palco, como forma de aterramento e concentração. Carolena explica
no livro “American Tribal Style® - Classic”, escrito por ela e Kristine
L.Adams: “Com nossos corações nós estamos agradecendo o espaço no qual
dançamos, a superfície onde dançamos, a música a qual dançamos, as professoras
que nos ensinaram, e nossos ancestrais que vieram antes de nós.” Resumidamente,
esse é o Puja. Eu digo resumidamente porque no próprio livro e nos ensinamentos
de nossas professoras, o significado do Puja é muito mais profundo... Desde o
sentido da flor de lótus desabrochando que desenhamos com as mãos para lembrar
que nossos erros fazem parte do processo de aprendizado, passando pelo
movimento de braços que inclui e agradece nossas colegas de aula ou
companheiras de grupo, o Puja nos leva à reflexão de que não estamos sozinhas,
de que precisamos umas das outras e do todo para sermos nós mesmas, para sermos
quem realmente somos. Estamos unidas pela dança e por muito mais que apenas
isso.
O Puja é muito inspirador para mim, já refleti muitas vezes
sobre seu significado e sobre a extensão do que estamos agradecendo... Deixo
aqui o link do Puja completo para quem quiser ver a parte prática:
Também pode ser visto em ação no inicio desses dois vídeos:
Eu acredito que a gratidão eleva nossos sentimentos como um
todo, nos direciona e amplia nossa capacidade de fazer e reconhecer o bem. Além
de ser um sentimento muito gostoso quando sentido verdadeira e profundamente!
Eu gostaria muito que o Tribal nos ensinasse a sermos mais gratas, realmente
gratas por tudo que temos, somos e compartilhamos... E que também nos tornasse
mais unidas, mesmo que discordemos e mesmo que sejamos muito, muito diferentes
das nossas colegas, professoras, alunas, amigas... Vamos ser gratas por tudo,
principalmente pelos ensinamentos recebidos dessa dança? Porque tudo sempre nos
ensina alguma coisa, se estivermos abertas para receber esse conhecimento.