[Resenhando-SP] Cena Tribal na Baixada Santista – Tribal Beach Pocket Show

por Karen Evangelista

Fotografia Dayeah Khalil - Organizadora do Evento by @dauramenezes
Tribal Beach foi um evento idealizado pela bailarina, coreógrafa e professora Dayeah Khalil em 2016.

Com formação nacional e internacional, Dayeah Khalil traz essa bagagem para a cena cultural da Baixada Santista. Possui um currículo de peso, tendo iniciado no mundo tribal em 2006 desde então não parou mais. Foi aluna de professores consagrados nacionais e internacionais de países como USA, Argentina, Egito, Chile, Itália, Espanha e Alemanha.
Participou de eventos internacionais importantes como Ahlan Wa Sahlan, festival no Egito; Roma Tribal Meeting, na Itália; Be Tribal, no México; e Opa Fest!, na Argentina. 

Dayeah Khalil ainda desenvolve aulas e eventos de dark fusion, ATS, Tribal Brasil, ATS com saia, derbake e outras modalidades, além da produção de eventos que trazem toda essa diversidade e riqueza para região metropolitana de Santos.

E não para por aí, Dayeah foi integrante da companhia de dança DSA (Dancers South America – Cia Internacional de Dança), Cia Lunay SP Capital. Participou ainda da Cia Pandora ATS® e do grupo do Grupo Tribal Elendälie – São Paulo. Confira sua fanpage e veja o histórico completo de sua carreira como profissional de dança: https://www.facebook.com/pg/dayeahk/about/?ref=page_internal

Criadora dos Grupos Art Fusion, Dark Ladies, Dark INfusion e Troupe Al Salam, Dayeah Khalil é considerada um dos mais importantes nomes da cena tribal da região.

Tribal Beach Festival 
A primeira edição do Tribal Beach aconteceu no Studio Al Salam, Santos-SP, e contou com a participação de bailarinxs e artistas das mais variadas regiões do estado de São Paulo.
E além da mostra de danças, contou com o Projeto Vídeo e Dança por Melissa Art, oficinas de Tribal Fusion por Fahir Sayeg e Tribal Brasil por Aldenira Nascimento. Confira um gostinho do festival que rolou em 2016 clicando no link:


Em março de 2017, Al Salam de Studio transformou-se em Empório e Dança, em São Vicente-SP. E sob direção de Hayla Al Salam e Jefferson Reis manteve a parceria com Dayeah Khalil. Al Salam Empório e Dança possui um ambiente aconchegante associado a culinária árabe, lugar perfeito para combinar dança, cultura e boa comida.

Dayeah Khalil criou um conceito de Tribal Beach Pocket Show desde o início de 2018, com uma proposta mais dinâmica e edições mensais. Sem dúvidas, um espaço acolhedor para bailarinas de dança tribal e outras modalidades, como dança do ventre, dança medieval e cigana.

Tribal Beach Pocket Show 1ª. Edição 

E assim nasceu o Tribal Beach Pocket Show, que ganha cada vez mais prestígio na região. TB, como carinhosamente o evento é chamado, já contou com temáticas variadas como "Baile de Máscaras", "Dark", "Steam Punk", "Brazuca" (dedicado ao Tribal Brasil), "Circo" e "Classic Noir".

Tribal Beach Pocket Show 9ª. Edição – Classic Noir
Em uma das edições, foi realizado um projeto de vídeo dança de Tango Fusion e Indian Fusion, que rendeu um clipe especial para cada um desses temas. Clique nos links a seguir e confira:




Nada define melhor o TB do que um espaço democrático, colaborativo e um grande laboratório para processos criativos das turmas de aulas regulares de Tribal Fusion, lecionadas por Dayeah. É desafiador para as alunas criar e transformar a dança incorporada aos temas em cada edição.

Fotografia by @dauramenezes
Além de apresentações solos e de grupos convidados, os participantes têm a experiência de dançar improvisos, dança circular e ITS. Garantindo assim muita diversão, descontração e aproximação das sisters, finalizado sempre com uma roda de música ao som de derbak.

Fotografia by @dauramenezes
Fotografia by @dauramenezes


E para completar, o show conta com os registros da fotógrafa Daura Menezes (também bailarina) que tem um olhar apurado a cada expressão e movimentação das apresentações. As fotos são lindas e marcam cada pedacinho especial do TB.

Confira alguns desses momentos registrados pela lente de Daura Menezes, fotógrafa especializada em dança.


A décima edição ocorreu em 14 de outubro e explorou as sombras do Dark October e todas as suas emoções. Contou ainda com workshop de "Butô" no Dark por Irene Patelli e "Dark Creations" por Dayeah Khalil.

O workshop de "Butô" proporcionou uma imersão nas emoções e suas expressões no corpo. Já no "Dark Creations" foram exploradas ferramentas de criação coreográfica em grupo utilizando-se dos contrates e características do universo dark.

Tribal Beach Pocket Show 10ª. Edição – Workshops Dark

Workshops Butô no Dark Fusion e Dark Creations, por Irene Patelli e Dayeah Khalil

O TB 10 contou com a participação de bailarinas da região e da capital de São Paulo, recheado de apresentações de ATS com Saia, dark fusion, ITS, ATS sisterhood, dança circular e roda de derbake.

Como destaques e convidadas especiais da capital, TB 10 teve a participação de Irene Patelli, Raquel Serafim, Shalah Noah, ainda contou com a presença das artistas regionais: Dayeah Khalil, Ana Lua, Kayra Nataraja, Karen Evangelista [eu!], Nivia Romig e Troupe Al Salam.


A 11ª edição ocorreu no dia 11 de novembro de 2018, explorando as brasilidades e seus encantos, permeando as matrizes brasileiras.

Tribal Beach Pocket Show 11ª. Edição - Brazuca

Confira a página do evento no facebook e participe!




[Folclore em Foco] A influência do folclore árabe na formação do Estilo Tribal - Parte 3: Ghawazee

por Nadja El Balady


Ghawazee” é plural da palavra “Ghazya” que significa originalmente “invasores”, posteriormente ganhando o significado “dançarinas” dentro do dialeto árabe egípcio, segundo inúmeras fontes. Segundo Mirian Peretz, no artigo “Dances of the “Roma” Gypsy Trail From Rajastan to Spain: The Egyptian Ghawazi Dance”, a origem da palavra designa grupamento de pessoas no Egito de origem das etnias Nawar, Halab e Bahlawan. Peretz dá destaque aos nawari que seriam um povo originário do Curdistão, tendo imigrado pelo oriente médio até o norte da África. Existem controvérsias entre os pesquisadores a respeito se seriam ou não considerados etnias ciganas. Como bem coloca o Dr. G.A. Williams em seu artigo “Dom of the Middle East: An Overview”, frequentemente se usa a palavra “cigano” para designar um estilo de vida comum de grupamentos étnicos que podem ou não ter uma origem comum comprovada. Dentro deste ponto de vista, estes clãs que imigraram para o Egito pertencentes a estas etnias seriam considerados ciganos por muitos de pesquisadores.

Os clãs de ciganos passaram séculos se deslocando e comercializando com outros povos nômades como Beduínos e Berberes. Desde a diáspora cigana, imagina-se que as tribos que desceram pelo Oriente Médio transitaram por alguns séculos até atingir o norte da África e por ali ainda se dividiram por diferentes regiões, como Egito, Argélia, Tunísia e Marrocos. Estes que imigraram para o Egito se estabeleceram em algumas regiões do território do país, principalmente na região delta do rio Nilo, no sul (região conhecida como alto Egito ou Said) e no próprio Cairo.


É de conhecimento público que para estes povos um meio de vida é também uma antiga tradição: A música e a dança. Se adaptando aos costumes locais onde vão, costumavam a se apresentar nas praças, em mercados, em casamentos e outras festividades familiares.

Tendo se tornado muito populares há alguns séculos, segundo o professor Khaled Eman, as vestimentas Ghawazee poderiam ser consideradas sinônimo de luxo pelo uso de jóias, moedas e metais em suas vestes que, segundo ele, seria a melhor maneira de carregar os próprios pertences.

Não se sabe bem se as Ghawazee levaram consigo para o Egito sua corporeidade típica ou se ao chegar ao Egito ali já encontraram as movimentações sinuosas e somando estas à sua própria maneira de dançar, criaram algo novo. Encontramos no texto de Edwina Nearing a opinião de Mulouk, que esteve em contato direto com algumas famílias desta etnia: Segundo a autora, os Nawar etnicamente são ciganos, ainda falam a língua Nawari, e em sua opinião "Se, através de sua jornada no Egito, um país de língua árabe, estes grupos preservaram algo de suas línguas nativas, eles devem também ter preservado algo de seu estilo nativo de dança.” (Mulouk apud Nearing)


O fato é que a dança das Ghawazee pode ser considerada o estilo originário da dança do ventre como a conhecemos, pois estas foram as primeiras bailarinas profissionais do povo egípcio. Suas apresentações em praça pública foram objeto das primeiras cartas dos soldados franceses a seus superiores durante a ocupação francesa em solo egípcio em 1798. Foram diversas vezes descritas como lascivas e obscenas para os olhos dos ocidentais cristãos. Segundo Claudia Cenci em seu livro “A dança da libertação” (2001), as descrições sobre o Egito feitas por estudantes e pesquisadores franceses “despertou um enorme interesse sobre o Oriente, dando início a era Orientalista que influenciou a produção artística ocidental dos séculos seguintes”.

No século XIX, o rei Mohammed Ali expulsou muitas famílias Ghawazee e proibiu suas apresentações no Cairo e em Alexandria. Mediante a proibição, os artistas sediados nestas cidades precisaram se mudar. Encontramos o seguinte trecho no livro “Folclore Árabe – Cultura, arte e dança” de Melinda James e Luciana Midlej: “Alguns grupos foram para o alto Egito, para Aswan, Luxor, Qena, Edfu e Esna, e outros foram para um local no centro da região felahi chamado Soumboti.”


A maioria imigrou para o sul, para a região do alto Egito, ou Said. Assim como a família Maazin, há muito estabelecida no sul. "Banat Maazin" - As filhas de Maazin - São ainda muito conhecidas por suas apresentações de música e dança típicas da região Said. Este grupo ficou muito famoso e internacionalmente conhecido, tendo feito participações em filmes e grandes festivais de cultura. Nos dias de hoje, são as mais conhecidas e ainda é possível contato com Khairiyya Maazin, descrita por Melinda James como “a última Ghawazee”, que ainda dá aulas de dança para dançarinas pesquisadoras em sua casa em Luxor.

A região do delta do rio Nilo conhecida como Soumboti abrigou (e talvez ainda abrigue) um clã de famílias ciganas. Música, ritmo, dança soumboti, se conectam com a expressão Ghawazee e segundo Melinda James e Luciana Midlej seu estilo sofre grande influência beduína, da cultura felahi caipira, do Cairo e de Alexandria, sendo uma dança ousada, enérgica e sensual.


À primeira vista a dança das Ghawazee pode ser considerada como que “sem acabamento”, por se tratar de uma dança popular genuína. Podemos listar alguns movimentos típicos conhecidos pela dança do ventre com twist, as batidas laterais de quadril, contrações pélvicas, shimmies de ombro, o shimmie conhecido pelas americanas como shimmie de ¾ e básico egípcio.


Faz parte do estilo o uso predominante dos snujs durante as apresentações e no caso de uma representação das Ghawazee do alto Egito, o uso de bastão ou bengala é opcional. Desde o século XIX encontramos diversos registros de vestimentas típicas: Grandes batas, saias longas, bolerinhos ou cholis, saias de babado na altura dos joelhos, calças bufantes. A Ghawazee moderna usa sempre galabia, que pode ser de asuit, bordada com pastilhas, paetês ou muitas franjas. A Ghawazee sempre usa muitos adornos como colares, brincos e pulseiras e sempre adornos na cabeça que pode ser uma tiara grande bordada, um lenço de moedas ou bordado com vidrilhos. O colar com as luas crescentes invertidas é uma marca dos adornos Ghawazee.



A dança Ghawazee e o Estilo Tribal Americano de Dança do Ventre

Little Egypt 
Os artigos que contam a história da dança do ventre nos Estados Unidos contam que a primeira apresentação se deu em 1893 na World’s Columbian Exposition em Chicago, uma feira organizada para a comemoração de 400 anos da chegada de Colombo à América e que contava com exibições culturais internacionais. Havia nesta feira uma área chamada “Streets of Cairo” onde aconteceram apresentações de dança de um grupo que seria de origem Ghawazee. Segundo Michelle Harper, o grupo foi levado para Chicago pelo empresário Sol Bloom, que teria visto a apresentação do grupo em 1889 em Paris na Paris Exposition Universelle. A partir do evento em Chicago, onde a sociedade americana ficou chocada com as apresentações, muitas dançarinas passaram a se apresentar pelos Estados Unidos usando o nome artístico “Little Egypt” dando origem ao “estilo cabaré americano de dança do ventre”.

Jamila Salimpour
É possível dizer que já no chamado “estilo pré-tribal” da dança do ventre de Jamila Salimpour, em seu grupo Bal Anat na década de 70, podemos encontrar muitas influências da dança e da música Ghawazee. Desde o uso massivo dos snujs, dos elementos usados para os figurinos até a formação do vocabulário técnico do estilo de Jamila com muitos movimentos de origem Ghawazee. É importante entender aqui que o estilo criado por Jamila Salimpour influenciou fortemente o American Tribal Style®. Podemos citar alguns movimentos muito marcantes da técnica de ATS® que tiveram influência direta do estilo Bal Anat e que têm na dança Ghawazee a sua origem: Shimmie Step, Egyptian Basic, Shoulder Shimmie, Reach and Sit, Doble back, Layback, Arabic, Circle Step, Body Wave, Taxeem e claro: Ghawazy Shimmie Combo, criado posteriormente. Diversos destes movimentos fazem parte também do vocabulário gestual de outras danças de etnias do norte da África como beduínos e berberes e foram largamente usados por Jamila Salimpour em suas coreografias. Este vocabulário técnico se tornou a marca da dança do ventre californiana que deu origem ao ATS®. Carolena Nericcio, criadora do estilo, trabalhou em cima destes movimentos ao longo dos anos incluindo movimentações de braço específicas, acrescentando a postura flamenca e criando novas combinações de movimento exclusivas para o ATS®, modificando o caráter popular dos movimentos. As músicas típicas Ghawazee também são bastante apreciadas para performances de ATS®.


Apesar da clara influência da movimentação no vocabulário de tribal, onde mais se percebe a presença da dança Ghawazee é na tradição do improviso. O American Tribal Style® é um estilo de dança criado para o desenvolvimento da chamada coreografia improvisada ou improvisação coordenada. A dança das Banat Maazin, por exemplo, era sempre dançada em grupo, como no ATS®. Uma das dançarinas tomava uma posição de liderança e as outras a seguiam, sendo esta liderança compartilhada com outra dançarina, como no ATS®. Assim como o vocabulário técnico, a formação do grupo e posicionamento das dançarinas foi modificado e estilizado sempre pensando no aspecto cênico da performance artística, na estética apresentada ao público.

Fat Chance Belly Dance
Acredito que apesar das estilizações, o Estilo Tribal carrega consigo algo universal, que é marca da dança Ghawazee e que faz com que esta tradição sobreviva por tantos séculos: A alegria da dança coletiva e espontânea. A beleza da diversidade, a sensualidade natural da mulher que é livre para se expressar através de seu corpo e de sua arte.



Fontes:

HARPER, Michelle “Hoochie Coochie: The Lure of the Forbidden Belly Dance in Victorian America” publicado no site https://www.readex.com

CENCI, Claudia “A dança da libertação”, Vitória Régia, São Paulo, 2001.

MIDLEJ, Luciana ; JAMES, Melinda “Folclore Árabe cultura, arte dança”, Kaleidoscópio de Ideias, São Paulo, 2017.

NEARING, Edwina, “The Gawazee Tradition”, publicado no site www.gawazee.com

WILLIMAS, A. “Dom of the Middle East: An Overview” publicado no site http://www.domresearchcenter.com

PERETZ, Miriam “Dances of the “Roma” Gypsy Trail From Rajastan to Spain: The Egyptian "Ghawazi" Dance” publicado no site http://www.domresearchcenter.com

MOHAMED, Shokry” La danza mágica del vientre”, Mandala Ediciones, Madrid 1995.

ALMEIDA, Isabela “Dança do Ventre: Transformações através do tempo”, Univercidade, Rio de Janeiro, 2009.



[Resenhando-SP] Tribal Fusion e as Danças Urbanas

por Irene Rachel Patelli


FICHA TÉCNICA:
Vídeo e voz: Irene Patelli
Edição: Diego Muñoz
Local: Centro Cultural São Paulo
Evento: Prática no CCSP (Que ocorre toda quinta a partir das 19h)
Idealização do evento: Popping Dil


[Resenhando-SP] O tribal em prol da causa animal.

por Irene Rachel Patelli


No dia trinta de setembro ocorreu o evento, na Vila Guilherme – SP, chamado AADC – Amigos dos Animais Dançam e Cantam, onde artistas se apresentam em prol da causa animal. Nele são recebidas doações de ração, remédios, materiais de limpeza e muito mais, que após o evento são repassados a cuidadoras como Vanessa Lovecats e a senhora Márcia, que são pessoas que sozinhas cuidam de mais de 100 animais entre gatos e cachorros.


Como nós sabemos, infelizmente ainda temos muitos animais sofrendo nas ruas. Mas essas pessoas se esforçam ao máximo para dar uma vida decente para esses seres inocentes que por vários motivos acabam indo parar nas ruas ou sofrendo maus tratos dentro do próprio lar.


As cuidadoras se doam de corpo e alma para esses pequenos e muitas vezes acabam em situação financeira desfavorável, pois os animais chegam machucados e doentes em sua maioria e precisam de cuidados veterinários que não são baratos.

Este evento vem para mostrar essa realidade e fazer as pessoas entenderem que, com um pouquinho de cada um de nós, podemos fazer muito. Cada saco de ração, cada remédio já ajuda e muito as cuidadoras. Não é preciso ser rica para ajudar aos animais e nem é preciso ter espaço em casa para adotar vários como é o problema da maioria das pessoas.



E em prol dessa causa já passaram pelo AADC várias apresentações de tribal fusion, dark fusion e ATS, com grupos como a primeira formação do grupo Romany de ATS, o grupo Ptah Tribe - Tribal e Dark Fusion com uma coreografia muito divertida, a dupla Jade Chrystal Jaci e Barbara Pelais, o grupo Sisterhood Project ATS que tem marcado presença já em algumas edições.


O evento é aberto a todo o tipo de arte como danças de todos os estilos, música, poesias, etc. Tudo que venha agregar a arte em favor dos pets.


Sisterhood Project ATS
Ptah Tribe – Tribal e Dark fusion
Jade Chrystal Jaci e Barbara Pelais



Para conhecer o projeto, ver mais fotos e vídeos ou até mesmo ajudar, segue a página do facebook:


Inclusive o AADC foi para a TV divulgar o trabalho com os pets e levou o tribal, sim, teve tribal fusion na TV Destaque no Programa Conexão Mulher onde a apresentadora Mhel Lancelotti amadrinhou a última edição desse ano de 2018.



Vídeo com a entrevista e danças:




[Folclore em Foco] Leitura Musical para ATS® - Parte 4

por Nadja El Balady– FatChance BellyDance Sister Studio


SOLOS DE PERCUSSÃO

Solos de percussão são músicas que são compostas para instrumentos percussivos e são tocadas exclusivamente com eles. Os arranjos podem ser feitos para diversos instrumentos, mas em geral temos um tambor líder, que nas músicas árabes ou turcas é conhecido como derbake ou darbuka ou tabla, podendo este ser o único instrumento da composição musical.

Solos de percussão são muito tradicionais em países de cultura árabe e turca. É muito comum encontrar este tipo de música em rotinas de shows de dançarinas de dança do ventre. Sendo a dança do ventre uma das influências primordiais do estilo tribal, naturalmente os solos de percussão foram incorporados ao leque de opções musicais para ATS® e Tribal Fusion.

Solos de percussão basicamente são compostos por ritmos e floreios em arranjos musicais que tendem a se repetir em contagem par. Por exemplo: Determinado ritmo será tocado por 8 compassos ou determinada frase será repetida 4 vezes.

Vejamos este exemplo da faixa “Drum Solo”, composto por Tobias Roberson, que você pode encontrar nos discos “Muse Melodic” e “Beginner’s Guide to BellyDance vol2”.


Nos primeiros 64 tempos (33 segundos) temos 3 arranjos percussivos diferentes. Cada arranjo significa uma frase musical com duração de 8 tempos cada. Elas se repetem, às vezes modificando a finalização. Após estes 64 tempos iniciais temos a entrada de um ritmo árabe, cujo compasso se conta de 2 em 2 tempos (2/2) que é o ritmo Soud. Este ritmo é a base para a próxima frase que acontece em 8 tempos e se repete em mais 8, totalizando 16. A partir daí o ritmo de base muda para o ritmo Malfuf (ou Laff), que também é um 2/2 e permanece como base de diversos arranjos até o final da música.

A primeira coisa que a dançarina de ATS® deve reconhecer no solo de percussão é quais momentos ela pode ler como rápidos ou lentos (ou dramatic slow, eventualmente).
Esta tarefa será simples nos momentos em que a música tem a base tocada com ritmos árabes, pois baseado no estudo dos ritmos você vai saber definir esta diferença tranquilamente.

As apostilas 1 e 2 de leitura musical para ATS® tem todas as dicas para você diferenciar lentos de rápidos baseado no tempo de contagem dos compassos e no andamento em que os ritmos são tocados. ( Clique para acessar o conteúdo: Apostila 1 | Apostila 2)

Veja neste vídeo da Sister Studio Mariana Esther, a mudança precisa entre lentos e rápidos de acordo com a mudança dos ritmos árabes tocados pelo derbakista George Mouzayek. Perceba que ele começa lento com o ritmo Tchifititelli (ou Wahda wo noz) e em 1:04 muda para Said, quando as dançarinas mudam a leitura para rápido.



Se a leitura para a base rítmica é fácil de identificar, por outro lado, nos momentos em que temos apenas arranjos percussivos ou rush, você precisará usar a sua sensibilidade para definir caso a caso se a leitura será lenta ou rápida.

Rush – Vibração veloz feita com os dedos sobre o instrumento de percussão, resultando em um tremido sonoro que causa a sensação de suspense. Usado antes de viradas impactantes ou finalização de músicas.


A leitura do momento rush da música poderá ser feita com shimmies, lentos ou giros, dependendo de como o arranjo musical é feito e do que vem antes ou depois deste momento, na intenção de criar contrastes.

No mesmo vídeo postado à cima, em 5:23 vemos as dançarinas dançando o rush com movimentos lentos e bem no finalzinho da apresentação, fazendo um círculo com o braço para indicar o final.

Neste outro vídeo, do grupo FatChance BellyDance, vemos uma leitura de rush diferente em 1:36: O rush está sendo tocado por cima de uma base rítmica e a dançarina líder começa a leitura com movimentos rápidos pequenos como Shoulder Shimmie Combo e Pivot Bump e em 1:51 muda para movimentos lentos, quando temos uma mudança na intenção em que o rimo de base é tocado, criando um contraste e preparando para o próximo momento da música.



Para a leitura de arranjos, de frases musicais, suas variações e repetições, você vai precisar avaliar o solo como um todo. Perceber quantas repetições de cada frase, onde a música pede mais impacto visual na movimentação, onde acelera, onde ralenta, onde você pode criar contrastes.

Faça um mapeamento do seu solo e conte quantas vezes cada frase se repete, a partir daí pense que movimentos ou combinações de movimentos podem combinar com as frases e suas transições.

Vamos pegar como exemplo este vídeo do Fat Chance BellyDance de 2016, a partir de 9:22, onde começa o solo de percussão:




Vejamos o mapeamento do primeiro minuto de música e as escolhas de leitura destas dançarinas que claramente estudaram a música muito bem:

1 - Ritmo Bambi tocado por 16 vezes. Ritmo 4/4 - 64 tempos.
Nas 8 primeiras repetições do ritmo (32 tempos) elas giram em roda, nas próximas 8 repetições fazem Turkish Shimmie.

2 - Entra ritmo fallahi com arranjo percussivo de 8 tempos, tocado por 4 vezes – 32 tempos
As dançarinas escolhem Chico Passing que se encaixa perfeitamente nos 32 tempos e tem a energia do arranjo.

3 - Ritmo fallahi, com arranjo percussivo trabalhado nos floreios em 8 tempos, tocado por 4 vezes – 32 tempos
Dançarinas escolhem fazer por duas vezes o Shoulder Shimmie Combo (descendo na repetição) para leitura dos floreios.

4 - Ritmo fallahi, porém com ênfase na batida forte no primeiro e terceiro tempos, tocado por 4 vezes – 32 tempos
Dançarinas escolhem Egyptian Basic, Calibrated Spins e Arabic with a Double Turn.

Da forma como fizeram a leitura, as transições foram precisas e as intenções da música foram muito bem representadas.

Um solo de derbake bem dançado prende a atenção do público e tem um impacto positivo na apresentação de ATS®, porém fazer escolhas interessantes sem se atrapalhar na leitura pede que as dançarinas conheçam muito bem a música e tenham bastante agilidade.
Tome cuidado para a leitura não ficar linear, parecendo que a música não proporciona variações.

Se for a primeira vez que você e seu grupo vão apresentar determinado solo, permita-se coreografar, se achar que é preciso, para ter a estrutura da música bem estudada e garantir que o resultado será satisfatório. O melhor é deixar para improvisar aquelas músicas que vocês já conhecem muito bem e quando as dançarinas já estão bem seguras dos movimentos e da agilidade para fazer as transições sem se preocupar.


Confira as demais partes da apostila:





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