Existe
dentro de mim uma admiração profunda pelo estilo de Piny Orchidaceae. Há alguns
anos que venho investigando a linguagem artística dela, a partir de pesquisas
em materiais desenvolvidos através de suas próprias teorias e processos
criativos dentro da contemporaneidade. O pressuposto cálculo da companhia da
Piny visa entender que toda relação estética deve dialogar com o ensino e
aprendizagem para que haja uma transformação em palco. De fato, isso me torna
sempre curiosa e expecta de seu trabalho.
Poder
trabalhar ao seu lado despertou em mim um enorme entusiasmo. Após o contrato
assinado para apresentar meu trabalho no TribaLX 2017, iniciou-se uma
realização profissional sem tamanho.
Eurotrip
Embarco
desta vez com meu marido par uma deliciosa viagem. Não é sempre que se pode ir
a Europa, portanto, nada mais justo que aproveitar a ida para Portugal e
conhecer os países vizinhos. Despedimo-nos de nosso verão aqui no Brasil para
passarmos dias congelantes em Amsterdam.
“Amsterdam
é a capital de almas perdidas em busca da liberdade”. Uma cidade singela com propostas que registram
a soberania e iniciativa independente. Ter a oportunidade de conhecer Amsterdam
me manteve acesa e inspirada por todo o restante da trip. Após quatro dias
partimos para Bruxelas (Bélgica) e na sequencia Paris (França). Tentar resumir
Paris é algo impossível. Ela é pecuniosa em arte e cultura. Uma cidade de
muitas descendências e etnias. Pudemos aproveitar bastante à viagem, porém,
digo a quem quiser que cinco dias em Paris não são suficientes. Enfim
iniciamos a viagem para Lisboa (Portugal) e chegamos ao nosso destino; meu
coração palpitava e meu corpo já sentia sede de dança.
The Meet & Greet
A
primeira noite do evento foi reservada para um jantar de confraternização entre
artistas do festival. Meu primeiro contato com Piny foi realmente especial; ao
chegar ao restaurante Royal Palace, fomos recebidos por Silvia e Cris, ambas,
professoras da companhia Orchidaceae. Piny então surpreendeu me abordando pelas
costas, e me fazendo atuar com ela em uma exibição divertida no palco que havia
neste restaurante. Levou-me para o camarim e lá nos produzimos com figurinos
engraçados; subimos no palco com a música “I Will Survive” e criamos uma
brincadeira improvisada de forma a levar o espectador cair na gargalhada.
Entre
bons “papos” com Piny, Cris, Sophia, Kenzi, Leo, Moony e Mat Jacob, pude
esclarecer melhor minha visão sobre esta comunidade (Elas são demais)! Logo mais me convidaram a sentar ao lado de
April Rose, Gudrun Herold e Mell Tribal Bounce em uma mesa reservada para as
quatro bailarinas internacionais. Uma mesa enérgica e cheia de expectativa com
experiências fantásticas; ainda nesta mesa participamos de uma breve entrevista
feita por Ricardo Duto.
Ensinamentos com April Rose
Concluindo
a noite receptiva retornei ao hotel, empolgada para o segundo dia do festival. Na
manhã de sexta-feira, April deu início às primeiras aulas e com sabedoria nos
revelou histórias aprofundadas partindo de várias referências e acervos que
foram analisadas através de um powerpoint. Apresentou-nos fundamentos, gerações
e nos indicou diversas fontes de estudo, nos oferecendo conexões e
possibilidades infinitas. “Sabemos que o campo da dança é vasto e que devemos
nos comunicar em diferentes direções.” A partir do vocabulário de April minha
cabeça entrou em órbita tamanha dedicação que esta mulher tem para alimentar
seus ensinamentos.
No dia seguinte tivemos mais um encontro com April, sendo uma aula tranquila sem divisões de níveis. O processo de atividades eram compostas por sequências coreográficas conduzidas de uma forma equilibrada. Cada elemento interligava-se a processos criativos, desencadeando linguagens em ferramentas necessárias para o meu vocabulário.
Durante o período da tarde aconteceram outros workshops, no entanto, preferi retornar ao hotel para me recompor e me organizar para a mais esperada noite do evento.
A Banca
Este foi um
dia excitante para mim, me considero uma pessoa extremamente viciada em dança
tribal e em tudo que gira em torno dela. Na noite de sexta-feira aconteceu a
competição e o hafla pelo qual fiz parte da banca de análise ao lado de April,
Gudrun e Mell. Eu amo assistir aos haflas e observar evoluções decorrentes de
esforços, apreciar a perspectiva de cada dançarina e mergulhar na concepção do cenário,
figurino e interpretação. Alunas dividiram seu espaço de dança para diluírem
suas experiências e interesses artísticos. Notava-se ainda que algumas quebravam
barreiras enquanto outras saíam da zona de conforto para se desafiarem; à vista
disso tive um panorama de dançarinas com muita auto confiança.
O
estilo moderno contemporâneo trazido da região explorou variedades, contrastes
e unidade de composições que tornaram a noite muito interessante. Além de
instrumentos percussivos, a competição ofereceu dinâmicas pertinentes. O mais
admirável foi constatar que todas as dançarinas se apresentaram com um preparo
íntegro, assim como no hafla.
Mooni Orchidaceae foi a primeira
colocada na competição desta memorável noite conseguindo destacar uma linguagem
madura. Analisar um corpo sensível em transformação técnica me fizeram repensar
e me auto criticar enquanto professora.
O Espetáculo
O gala show compõe de artistas
com identidades formadas que influenciam positivamente alunos e expectadores.
Entender tecnicamente como se produz um espetáculo de dança, deve-se no mínimo
exercer contribuições e parâmetros que resultam em um bom trabalho. A equipe
Orchidaceae garantiu ao expectador uma produção devidamente correta, mostrando
seus valores e ética de forma profissional.
Nos bastidores não poderia ser
diferente, aliás me emociona falar de instantes como este. Momentos de troca
num processo de desafio particular no entanto, todos com objetivos incomum.
Muito profissionalismo também entre artistas que se concentram coletivamente em
prol do espetáculo. “É realmente incrível estar envolvida nessa energia.” Cada
minuto dentro de um camarim resulta em mais uma bagagem nos meus propósitos de
dança que me auxiliam tanto como educadora quanto aluna. O capricho é notável
em todos os detalhes entre produção cênica, luzes, som... E as dançarinas com seus
figurinos, maquiagens e adornos. Procedendo então em uma obra de arte que é um
espetáculo de dança.
A Aula
Enfim, o dia do meu workshop
chegou. Acordei com muita alegria e contando os minutos para lecionar a prática
das minhas vivências. Meu workshop baseava-se em uma aula sequencial com o
objetivo da qualificação técnica para reestruturar novos combos. Abordei nesta
aula a leitura corporal simétrica para laborar um transporte técnico nos demais
conjuntos de movimentos. Gosto de aulas dinâmicas e trabalhos em coletivo, no
final da aula formei pequenos grupos para desenvolver alternativas de
movimentos, novas estratégias, cooperação, comunicação, planejamento e
raciocínio lógico. Foram duas horas de trabalho, respeito, evolução e cautela
que permitia a linha de aprendizado de cada indivíduo.
Enquanto professora e educadora
gosto de frisar que devemos ser observadoras não apenas com os alunos(a), mas
observar o que nós mesmas temos a oferecer para o aluno de acordo com sua
necessidade. O processo de aprendizado requer oportunidades para ampliar seu
desenvolvimento, portanto é necessário estabelecer diálogos entre o aluno e o
professor.
Ao longo desta deliciosa viagem à
Europa pude desfrutar de muitas culturas e artes que me deixaram entusiasmada.
Participar internacionalmente como professora é uma jornada relevante na minha
carreira e sou eternamente grata a Piny Orchidaceae por acreditar no meu
trabalho e tornar possível esta experiência. Obrigada Lisboa por me despertar
novos âmbitos.
Dia de Los Muertos foi o tema
escolhido por Mariáh Voltaire, a organizadora deste evento super temático e
divertido.
O tema caracteriza a celebração
do dia dos mortos. As festividades atuais são relacionadas à “La Catrina” na
cultura popular mexicana, é a representação humorística do esqueleto de uma
dama da alta sociedade. Com muita maquiagem e acessórios para compor seus
figurinos, de fato todas as dançarinas do hafla estavam caracterizadas
lindamente de caveira mexicana.
Mariáh Voltaire
O local onde aconteceu o hafla
foi no jardim do espaço onde a Mariáh ministra suas aulas. Neste local tem uma
árvore bem grande no jardim de maneira que pôde pendurar luzes para colorir a
festa. Mariáh colocou muitas velas e luzes de natal criando um ambiente
aconchegante para o cantinho especial das apresentações.
Zabai
Quando cheguei lá, tinha comidinhas
mexicana para beliscar, eu achei um mimo bem legal e que por sinal caracterizou
mais ainda a festa. Não só a decoração e comida, mas todo o capricho e amor
depositado em cada detalhe da festa. Não posso deixar de citar também a parceria
entre as dançarinas, uma maquiando a outra e dividindo materiais. Todas
cooperando para que tudo ficasse com forme o tema da festa.
O clima estava agradável e as
apresentações irresistíveis. Mariáh levou algumas surpresas para a festa como a
pirofagia executada por Livia Sudare, o atelier de Palenque Design
e também seu professor de dança Zumba que deu show no “rebolation” animador
Wilson Mariano.Mariáh fez uma apresentação com suas alunas usando uma das coreografias
que marcou história no Damballah (Caravana da Tribo), uma dança alegre e
expressiva.
Quero citar com importância os
nomes de cada dançarina desta noite, pois cada uma trouxe consigo a destreza, a
prática, a técnica, o empenho, a dedicação e a disposição:
Aline Elena (Tribal), Betty
Damballah (Tribal), Cris Farah (Dança do Ventre), Drica Neumann (Dança do
Ventre), Giulia Nicz (Tribal), Geanine Ressetti (Dança do Ventre), Joana
Rosella (Tribal), Josi Assis (Dança do Ventre), Josiane Aparecida (Tribal), Katiúscia
Oimpio (Tribal), Lena Hage (Dança do Ventre), Nayara Oliveira (Tribal), Paola
Perotto (Tribal), Franciele Shams (Dança do Ventre), Triana Ballesta (Dança do
Ventre), Tati Macedo (Tribal) e eu, Sara Félix (Tribal).
Sara Félix
No final das apresentações todas
se juntaram no palco para fechar a noite tão especial com um ritual chamado
“Zaar”, uma dança que espanta qualquer espirito do mal. O 'bate cabelo" dessas
meninas energizou a todos que estavam ao redor. Sai do hafla com gostinho de
quero mais e louca para ver as fotos e vídeos dessa magia toda.
Zaar
Bellydancer na empresa Sara Félix, artista e professora na empresa Tribal Art Company e diretora do espetáculo Fusion Art Festival. Formada em Educação Física pela PUC- PR, atuante na área da dança desde 2008.
Se existe uma coisa que posso dizer é que, “a persistência te leva à conquista”.
Essa viagem a Tokyo foi imprevisível!
Numa bela manhã de terça – feira no ano de 2013 recebo um e-mail com o convite de Tori Halfon para apresentar- me no gala show do The Tribal Massive Spectacular, um evento aclamado por bellydancers do mundo todo.
Eu por vez me organizei com tudo e perto da partida para Las Vegas (EUA) meu visto americano foi negado, uma surpresa decepcionante. Por mais três anos consecutivos inúmeras tentativas de vistos foram negados. Gastos incalculáveis nas idas e vindas para São Paulo, sem falar nos desgastes e traumas passados na cabine do consulado americano. Algumas pessoas tentaram inclusive me desencorajar, mas definitivamente eu não poderia aceitar que a proposta do Massive chegasse ao fim.
Sendo assim, Tori Halfon imediatamente transferiu minha participação do gala show e o curso pelo qual eu buscava para me instruir. Só que dessa vez em Tokyo, uma cidade tecnológica no outro lado do mundo.
Naquele instante uma mistura de sentimentos borbulhou dentro de mim e eu pude enxergar uma viagem absurdamente fantástica. The Mini Massive in Tokyo é um evento tão importante quanto o de Vegas, porém em uma forma reduzida na grade de professores sendo cinco dias de curso totalizando 40 horas de estudos.
TOKYO AÍ VOU EU...
Sorte a minha ter uma aluna e amiga tão aventureira quanto eu. Katia Iwanowski foi minha companhia durante toda a viagem. Em poucos dias, sem traçar roteiro algum, agilizamos o visto para o Japão, as passagens aéreas e hotel tudo por nossa conta.
Foram 14 horas de São Paulo até Abu Dhabi e mais 10 horas de Abu Dhabi até o Japão, contabilizando, com as esperas na salas de embarque, o total de 2 dias de viagem. Amanhecia, anoitecia e a gente não descia do céu! Depois desse “chá de cadeira”, finalmente chegamos. Tokyo é uma cidade acolhedora com costumes de dar inveja! Uma cidade organizada, limpa e principalmente educada. Uma cidade regrada e que realmente funciona. Muitas coisas nos chamaram a atenção: desde a linha do metrô pontual nos milésimos de segundos até a generosidade das pessoas em deixar as escadas rolantes com espaços livres no lado direito para os que tivessem pressa, passar; bem como a educação dos pedestres no trânsito ao atravessar somente quando abre o sinal mesmo que não esteja passando veículos. O mais curioso foram os hábitos alimentares... Cada dia que saíamos para comer achávamos coisas inusitadas, todas as refeições ficavam expostas em vitrines para fora do restaurante e até macarrão com pão eles colocavam na vitrine. Nós comemos muito peixe cru e algas de todas as espécies possíveis, procurei experimentar de tudo mesmo não gostando de alguns.
Escolhemos o hotel em um bairro próximo ao local do curso (Nishi Shinjuku). Neste bairro tinham excelentes restaurantes e pudemos saborear de muitos pratos exóticos. Chegamos alguns dias antes e aproveitamos para conhecer museus, parques, templos, zoológicos, feiras e shopping. O que realmente valeu a pena de comprar lá, foram roupas e cosméticos com preços bem acessíveis. O mais divertido de tudo foi que todos esses passeios nós fizemos nos deslocando de metrô. Acredito que dessa forma a gente vivenciou realmente o cotidiano da cultura japonesa. Com o mapa da cidade, o mapa da linha de metrô em mãos e um pouco de inglês a gente conseguiu se virar tranquilamente. Agora posso dizer que não tenho medo de viajar para lugar nenhum mais desse mundo; a experiência é sábia!
No primeiro dia de curso fomos muito bem recebidas, Aco Yamazaki, uma das organizadoras e anfitriã do evento, recebeu-me com um abraço carinhoso e apertado, que me transmitiu segurança e aconchego. Neste primeiro dia tive o prazer de conhecer também Kelli Li, Camew Megumi, Binita Haria, Tida Naomi, Emiko Asano e Maki Arai, todas alunas do grupo profissional de Aco, com o qual dividimos espaço em sala de aula com o mesmo objetivo. E finalmente tive o prazer de conhecer Amy Sigil e o seu fantástico trabalho. Amy tem a capacidade de energizar positivamente a todos que estão a sua volta, uma pessoa extremamente humilde e brincalhona. Ela gosta muito de trabalho em conjunto e isso foi um ponto forte para meus estudos, suas dinâmicas são sempre muito divertidas e interessantes. Uma das atividades exploradas em sala de aula foi a construção de movimentos acrobáticos em solo e em grupo. Pesquisamos formas de construir uma coreografia e nessa aula me dei conta que não sei nada sobre dança. A didática de Amy abriu minha mente e me fez enxergar que as formas mais simples são as mais complexas. Amy aplicou em no terceiro e quarto dia o ITS (Unmata), um sistema desenvolvido por ela desde o ano de 2002. Esse sistema é como um jogo que te faz interagir em equipe e ficar conectada com o grupo do início ao fim da música. Se não prestar atenção... Baila! Eu amei de mais fazer aula com ela, saia todos os dias esgotada e ansiosa para o próximo dia.
Já as aulas de Jill Parker foram basicamente repertórios de shimmies. Eu pude compreender melhor a leitura de cada movimento. Jill aplica suas aulas com tranquilidade e clareza nos deixando descontraídas durante a aula toda. Durante todos os dias de curso com ela, estudamos movimentos básicos e avançados, snake arms, improvisação e muitos deslocamentos.
Tive a honra de apresentar uma coreografia construída ainda em sala de aula juntamente com Jill Parker e algumas alunas do curso na noite de Gala, abrindo o show com esta apresentação. No backstage tive uma crise de nervos... (Risos...), pois o rapaz da iluminação me perguntava qual a melhor luz para minha apresentação, mas ele só falava em japonês. A gente não se entendia e o tempo de passagem de palco se esgotava. Foi um sufoco e eu tremia de nervos. Emiko Asano foi uma das bailarinas que me deu suporte no camarim, pois ela era a única no momento que falava mais ou menos o inglês.
Engraçado como a gente aprende se “ferrando”. No camarim todas as bailarinas japonesas tinham seu próprio espelho com suporte de mesa para a make, diferente daqui do Brasil que todas já contam com camarins iluminados e com espelhos. Pra falar a verdade, até pensei em levar um espelho maior, mas como a viagem é longa e entre despachos de bagagens no aeroporto, achei melhor não levar para não correr o risco de quebrar na mala. Maquiei-me apenas com o pequeno espelho do estojo do blush, inclusive coloquei os cílios postiços com a ajuda deste espelhinho. Enquanto todas estavam no glamour com seus espelhos com suporte, eu “me ferrava” com um micro espelho na mão e me maquiava com a outra. Mas no fim tudo deu certo, levei comigo na bagagem um jeitinho brasileiro (Risos...). Apesar de estar um pouco nervosa acho que para minha primeira apresentação internacional eu me “dei bem”, consegui estar pronta e executar minha coreografia como deveria. Desci do palco extasiado de emoção e com sensação de missão cumprida.
Hoje me sinto realizada por ter participado de um elenco de tão alto nível, principalmente em ter o reconhecimento por parte deles. Explorei muito do curso e muito da cultura japonesa e só posso dizer obrigada pela oportunidade Tori Halfon, obrigada pelo aprendizado Tokyo. Foi majestosamente incrível!
Bellydancer na empresa Sara Félix, artista e professora na empresa Tribal Art Company e diretora do espetáculo Fusion Art Festival. Formada em Educação Física pela PUC- PR, atuante na área da dança desde 2008.
No dia 28 de novembro de 2015 aconteceu a primeira edição do Fusion Art Festival, em Curitiba-PR, no Teatro Cine Glória, realizado por Sara Félix e o Tribal Art Co. O evento contou com a participação de Aerith, Mariáh Voltaire, Trio Taksim, Gabriela Miranda (RS) e Yoli Mendez (SP).
O festival foi realizado com muita dedicação e carinho, percebendo isso pelo afinco da anfitriã pela passagem de som, de palco e dos mínimos detalhes para que estivéssemos acolhidas . Chegando ao camarim, todas bailarinas lindas se arrumando com seus figurinos e adornos; além disso, havia aperitivos para ninguém entrar em cena como estômago vazio! Chegando a hora do espetáculo, Sara reuniu todas para uma confraternização pré-show, direcionando a palavra à convidada Gabriela Miranda do Rio Grande do Sul. Gabi decide, então, realizar o Puja, ideologia elaborada e realizada pelo ATS®. Pedi autorização a Gabriela para reproduzir os dizeres do Puja que ela mencionou no dia. Caso você o utilize, não deixe de dar crédito à Gabi pelo texto: O Puja ou Pranam é uma homenagem a uma das danças que compõem o Tribal, o estilo clássico Indiano. É chamado também de "Moving Meditation" (meditação em movimento) e é usado principalmente para se concentrar antes de dançar. Não é uma prece nem algo religioso de forma alguma, é apenas uma maneira de reconhecer os elementos necessários para que nossa dança aconteça com gratidão e amor. Do fundo de nossos corações agradecemos: - O espaço que dançamos; - a flor de lótus, que nasce da sujeira, linda e brilhante, como uma metáfora para nos lembrar que tudo bem cometer erros, faz parte do processo de aprender a dançar e também viver ; - o chão onde dançamos; - a música que dançamos; - as professoras que nos ensinaram; - os ancestrais que vieram antes de nós; - começamos e terminamos com o namastê (o Deus que habita em mim reconhece e reverencia o Deus que habita em você ).
Tribal Fusion Art entra em cena para uma abertura de empoderamento feminino! Lindas, poderosas e prontas para mostrar todo seu potencial na dança!
Logo em seguida entra o Sis Tribal, composto pelas bailarinas Gabriela Miranda (RS) e Yoli Mendez (SP). O ATS® sempre evoca o lado mais transcendental e primitivo da dança. Sempre saio arrepiada e emocionada por tanta energia.
A primeira aluna de Sara a solar é She Rocha, com a coreografia Sopro,fazendo uma apresentação com muitos arabesque e piruetas, muita influência do ballet e jazz.
A turma iniciante de Sara Félix veio com uma apresentação dramática e ritualística. Eu acompanhei os ensaios e pude ver de perto o talento dessas meninas! The Cult traz a essência obscura dos rituais sob a forma de dança e utilização de elementos cênicos.
Nayara Oliveira, aluna de Sara, trouxe uma apresentação exótica, irreverente, forte e técnica ao som do dubstep. O título da coreografia Elephant in Collorsfoi bem utilizado por Nayara em seu figurino, como os brincos lembrando as presas de elefante, o cinza do sutiã remetendo a cor do animal; além da calça colorida, dos dreads e pinturas nos braços remetendo ao país nativo dos elefantes, a África.
A seguir, Gabriela Miranda (RS) tomou conta do palco. A última vez que vi Gabi dançando foi em 2012 e, depois disso, apenas acompanhando seu trabalho virtualmente. Três anos depois e vejo o quanto Gabi se tornou um ícone para a cena tribal brasileira. Com certeza uma profissional completa em técnica e expressão. Gabi me emocionou muito por cada palavra que seu corpo transmitia com sua dança, cuja coreografia se chama Ghost Town. Um corpo que fala, que grita e nos faz quebrar em um ebulir de sensações.
Sara Félix e Katita Iwanowski realizaram a apresentação Sublime, disponível no Youtube (clique aqui para assistir). O duo foi bem intenso e hipnótico.
Jessy Lais, aluna de Sara, mostrou uma apresentação muito rica de passos e transições com a coreografia Star Angel.
Em seguida, eu estaria no palco. Infelizmente não posso dizer muito sobre minha apresentação. Minha pressão caiu durante a execução e perdi a direção. #bad =( Enfim, espero poder ter outra oportunidade de apresentar essa performance posteriormente.
Logo depois veio a grande Mariáh Voltaire com sua coroa tribal linda(e como pesa!) e que chamava atenção pelo design. Ela ganhou o palco e o público com um figurino super rico e reluzente. Super técnica e despojada, Mariáh destruiu tudo com seus breaks e shimmies com a coreografia Cholera(clique aqui para assistir!).
Sobe ao palco a turma intermediária do Tribal Art, bem estilo balkan, com a coreografia Garnet Blue enchendo o palco com muita animação e beleza.
Em seguida, a aluna Thea Bellator vem com uma explosão de energia e alto astral, com a coreografia Chà Moui Tatak.
O trio Taksim, composto pelos músicos Bia Cervellini, José Manrique e a bailarina Rosa Carina fizeram uma apresentação tocante. A música ao vivo sendo desenhada pelos movimentos da bailarina tomavam forma de poesia para quem apreciava a essa apresentação.
A seguir, o duo Gabriela Miranda (RS) e Yoli Mendez (SP) entram em cena com a apresentação Desire (clique aqui para assistir!)desenvolvida para o enredo do Gothla Brasil. A apresentação é de muita entrega, conexão e sincronia.
A seguir, a dupla Marlen Mirta & Thea Bellator veio ao palco com uma energia muito gostosa através da coreografia Opethara. O público conseguiu sentir como elas estavam a vontade e felizes de estarem dançando entre si. Uma apresentação muito rica pela diversidade de movimentos apresentados!
Encerrando o espetáculo, Sara Félix nos hipnotiza com sua presença. Movimentos bruscos, técnicos, misturando-se com a suavidades dos leques de pluma e a sensualidade da performance Essence!
Desta forma, o Fusion Art Festival fecha suas cortinas deixando-nos com "gostinho de quero mais" pela qualidade dos trabalhos apresentados, entrando, com certeza, na rota dos eventos nacionais do estilo de dança tribal.
Sara Félix lançou recentemente seu novo registro coreográfico, mas dessa vez realizando dueto com Katia Iwanousk.
O duo de dança "Sublime" oferece uma reflexão sobre “mulheres obstinadas”. Partindo de um lugar pessoal, as questões vão sendo compartilhadas, tornando-se universais. A transitoriedade dos sentimentos no decorrer do tempo, o conflito entre aquilo que é perpétuo e efêmero, o arquétipo e o real, o que ainda é e o que deixa de ser.
A composição possui como principal desafio a ausência de uma estrutura coreográfica pré-estabelecida, trazendo para a cena um corpo atualizado e presente. Diferentes linguagens se juntam com o corpo que dança, dando ao duo um aspecto contemporâneo.
Nossa entrevistada de fevereiro é a bailarina Sara Félix, de Curitiba-PR. Sara conta-nos sobre sua trajetória no tribal fusion, sobre o convite para o The Massive Spectacular, sobre profissionalismo , projetos futuros e muito mais! Boa leitura!
BLOG: Conte-nos sobre
sua trajetória na dança do ventre/tribal; como tudo começou para você.
Minha trajetória teve início desde o meu primeiro
contato cênico, aos 12 anos, quando iniciei com jazz. Comecei a dançar porque
procurava algo para ocupar o tempo. Em 2006, ingressei no mundo oriental
influenciada por minha querida mãe Marlen Mirta a fazer dança do ventre no
estúdio Flor de Lótus, onde conheci Lua Arasaki, esta pela qual dividi muitas informações
sobre dança tribal. Eu e Lua iniciamos um estudo árduo em vídeos e obras sobre
a dança tribal e criamos o primeiro grupo de estudo no ano de 2008.
Da direita para esquerda: Sara Félix, Sil Neves e Lua Arasaki (2009)
- Teatro Fernanda Montenegro
Um ano
depois recebi o convite para participar de uma coreografia de Ana Fávaro,
somando então mais uma experiência na minha carreira. Mais tarde me propuseram
algumas aulas para eu aplicar, mas a experiência foi negativa, porque não haviam
alunas e ainda não havia procura por este tipo de dança. O motivo lógico era o
conhecimento restrito da cena tribal na cidade. Percebi, por um instante, que
ingressar como professora não teria lógica sem uma disseminação desta linguagem. A partir deste
momento passei a buscar meus próprios conceitos e minha maneira de estudar,
incluindo métodologias e processos técnicos através de minhas viagens. Procurei
me aprofundar e, de alguma forma, me envolver na linguagem alternativa, criando
experimentos cênicos. Neste caminho até esqueci que queria ministrar aulas...
Relacionei-me tanto com meu próprio corpo que eu apenas queria dançar, estudar
e dançar, estudar apenas para mim. Idealizei obras e estabeleci laços com
grandes artistas e foi assim que tudo começou...
Sara e Samantha Emanuel
BLOG: Quais foram as
professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
Bella Pedroso e
Suzi Ribeiro foram minhas primeiras professoras de dança do ventre. Meu impulso
para este mundo dançante. Mesmo longe, Suzi sempre me apoiou e me incentivou
dando coragem para saltar. Porém, não poderia deixar de ressaltar duas
dançarinas internacionais pelas quais sou apaixonada: Samantha Emanuel - considero
uma professora de grande porte, sua leveza e agilidade me inspiram muito e tive
o privilégio de estudar com ela em um workshop extenso em Natal-RN, no ano de
2012; Heather Stants - pela sua didática de aula, esta aproveitei cada minuto em Buenos
Aires-ARG, em 2013.
BLOG: Além da dança
tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Tribal
fusion já estudo a 7 anos, dança do ventre estudei por 3 anos, jazz por 1 ano e
atualmente estou iniciando o ballet. Creio que um bom dançarino não deve ser
julgado pelo seu tempo de dança, mas pela sua experiência com dança. Dizer que
fiz 10 anos de dança não me vale nada se eu não mantiver meus estudos
atualizados.
BLOG: Quais foram suas
primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Sinceramente, a arte ampla me
inspira. Tudo que está ligado à música me inspira; produtores e platéia me
inspiram. Um simples dia de sol me inspira. Zoe Jakes continua sendo minha maior influência. Ela é a
razão pela qual eu ingressei nesta viagem, porém, tenho me espelhado em
artistas fora desta área, procuro não bitolar em um padrão ou gênero... Mas
estar de bem com a vida é minha atual inspiração. Isso me refresca, me estimula
e me concentra.
BLOG: O quê a dança
acrescentou em sua vida?
Nossa!
Tantas coisas boas... Amizade é uma delas; poucas, mas boas. Pessoas e artistas
passaram na minha vida de uma forma marcante. Amo tudo e todos que agregam e
acrescentam de alguma forma as minhas obras. Mas acrescentou mesmo um
aprendizado sem tamanho, aprendi que o mundo é para todos, aprendi a buscar
meus sonhos.
BLOG: O quê você mais
aprecia nesta arte?
A
adrenalina enquanto nosso corpo se move sem dúvidas me excita... A diversidade
e a amplitude, a liberdade de criação e expansão. Aprecio artistas livres de
paradigmas com processos artísticos redobrados.
BLOG:O quê prejudica a
dança do ventre e como melhorar essa situação? Você acha que o tribal está
livre disso?
Competitividade fragiliza
qualquer rotina de arte. “Quanto mais o artista se preocupa com a arte alheia,
menor será seu processo criativo, menos produção e mais tempo perdido.” Creio
que explorar estudos e sair da zona de conforto leva o artista a imersão de
seus próprios conceitos, tornando a construção de suas próprias condições. A
questão é ramificar a arte em conjunto de maneira que estimule aberturas para
dialogar com outros corpos e relacionar a linguagem.
BLOG: Você já sofreu
preconceitos na dança do ventre ou no tribal? Como foi isso?
Me lembro de um episódio quando
um garoto me abordou minutos depois de eu descer do palco me perguntando se eu
fazia uso de entorpecentes para dançar. Então eu me pergunto será que é porque a dança tribal coleciona tatuagens e
movimentos hipnóticos ou porque talvez a dança tribal quebrou os padrões?
(Risos!!!)
BLOG: Houve alguma
indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Uma grande decepção aconteceu no
ano de 2013 quando tive meu visto americano negado. Um sonho palpitou meu
coração quando recebi o convite de Tori Halfon para participar do The Tribal
Massive Spectacular em Las Vegas. Um evento emblemático pelo qual dividiria
palco com grandes estrelas do Tribal e ainda participaria das duas semanas
intensivas de curso. Infelizmente aconteceu! Estou na terceira tentativa, no
entanto, nada mudou. Vejo muitas pessoas torcendo por mim, estou correndo com os
papéis, porém sabemos que isso só depende da boa vontade de quem te entrevista.
Agradeço a compreensão de Tori Halfon, por esperar o tempo que me for
necessário, o convite já está feito e minha vaga está garantida.
BLOG: E conquistas? Fale
um pouco sobre elas.
Ter recebido o convite para
participar do Gala The Tribal Massive Spectacular por Tori Halfon, já é uma
conquista, me sinto vitoriosa por isso. Participar de um evento de grande porte
é mais que uma conquista. Receber um convite como este não tem preço!!!
BLOG: Como é ter um estilo alternativo dentro da dança? Conte-nos um
pouco sobre isso.
Um estilo,
democrático digamos... kkk, um estilo que quer ser tudo ao mesmo tempo! Gosto
disso, porque me faz criar, combinar, fazer e desfazer. Gosto do diferente e da
imponência que o figurino trás; gosto de confundir os olhos de quem vê. O
estilo alternativo trás a possibilidade de mesclar várias culturas, formando, assim, sua referência. O conjunto de tatuagens combinados com figurinos
arrojados e modernos criam uma característica estilizada.
BLOG: Como você encara a
cena alternativa inserida no tribal e suas fusões? Na sua opinião, por quê
pessoas com um estilo de vida alternativo têm optado mais pela dança tribal,
desde a sua criação nos EUA, do que a dança do ventre?
Enquanto
dançarina, penso que é um tanto subjetivo. A dança tribal se associa com gêneros
subculturais que misturam peças de infinitos conceitos. O visual é irreverente
e peculiar, traduzindo aos gostos de quem pesquisa este estilo, tanto estético
quanto artístico.
BLOG:Como
é o cenário da dança tribal no Paraná? Pontos positivos, negativos, apoio da
cidade/estado, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de
dança do ventre/tribal?
Vejo um cenário pouco ramificado,
mas vejo muita sede da arte daqueles que a apreciam. A cidade reverbera com o
incentivo da Secretaria do Esporte e Lazer em
parceria com a Fundação Cultural de Curitiba. Um programa com o intuito de
fornecer a arte da dança para a comunidade, bem como difundir a dança com o meio
sócio-cultural. Eu particularmente atingi um público um pouco diferenciado dos
demais estilos de dança aqui em Curitiba, este pelo qual capturei dentro das
festas de música eletrônica. O retorno foi absurdo... Acertei na mosca!
(Risos!!!)
BLOG: Conte-nos como surgiu o Tribal Art Company, a etimologia da
palavra, seus integrantes, qual estilo marcante do mesmo e como é o processo de introdução de novos
integrantes.
Helinson Palmonari
Tribal=
Tribo / Art= Arte. Tribal Art surgiu de um pequeno projeto criado juntamente
com meu marido Helinson Palmonari. Este projeto foi testado uma única vez e ,por
azar, estamos sem registro! Um projeto com o intuito de improvisação dentro das
produções artísticas de Helinson.
Tribal Art Co.
Anos depois tive a oportunidade de abrir as
portas de uma grande realização: o Tribal Art Company, em março de 2014. Ainda
ressente e em processo de construção. Busco fortalecer Curitiba espalhando e
refinando a arte da minha maneira e no meu estilo.
BLOG: Como surgiu a oportunidade de dançar na Zoominimal e
como foi a experiência? Além desse evento marcante, você também participou, em
2011, do Wood Castle. Conte-nos um
pouco sobre esse evento também. A proposta deles é semelhante ou diferente?
Como um público grande encara o tribal fusion e qual a sensação de saber que
você pode ser a primeira vez que aquelas pessoas teríam
conhecimento da existência e contato com a dança tribal?
Zoominimal 2012
Ahhh, gosto muito de falar sobre
esta passagem na minha carreira! “Com certeza foi um tiro ao alvo.” Helton
Barbarini e Johnnie Barbarini, produtores da Zoominimal, ainda no início de suas
carreiras apostaram em uma experimentação de uma das minhas obras favoritas
“Subversos”. Não imaginávamos que seria tão enriquecedor. O retorno foi tão
positivo e excitante que logo em seguida produtores de outras festas já me
contrataram. Com certeza foi um impulso considerável para meu reconhecimento.
Tive a oportunidade, ainda no mesmo ano, de me apresentar na Wood Castle, em
Marilândia do Sul.Neste dia me lembro da pista vazia minutos antes de eu
subir no palco... Cada balanço de meus
movimentos eu observava centenas de pessoas curiosas se aproximando, isso me
inspira até hoje. Amo tudo isso!!! A proposta da maioria dos festivais são as
mesmas.
Wood Castle (2011)
Neste meio artístico pude estabelecer laços e experiências distintas com
grandes artístas. Any Mello é uma vj que levou loops e gráficos de minhas imagens
em grandes festivais do Brasil. Muitas pessoas conheceram esta arte através de
minhas composições apresentadas neste meio artístico de raves. Por um instante
eu me pergunto como eu encaro um público tão grande?! Ambos os lados são
emocionantes e dosados com muita adrenalina. Sempre tive um retorno positivo
do público e hoje ganhei muitos fãs deste meio.
Se for contar a história de
cada edição da Zoominimal, talvez então eu não finalize a história, pois cada
uma teve sabores e sensações indescritíveis... Não me recordo de qual foi a
mais especial, porque todas foram especiais. Hoje como bailarina residente da
Zoominimal, recebo e divido carinhos de fãs e amigos na pista de várias
festas.
BLOG: A partir de 2012,
você vem registrando suas coreografias através de vídeos profissionais, os
quais fizeram muito sucesso no Youtube, tanto pelo talento da bailarina quanto
pelos recursos de imagem. Nos conte como surgiu essa idéia. Na sua opinião, os
vídeos com alta qualidade podem ajudar ou favorecer a dança?
Hummm... Não digo uma idéia, mas
uma necessidade! O capricho de um bom material indica o quão profissional você
é. Vejo muitas bailarinas querendo reconhecimento sem se quer investir. Para
tudo exige esforço ou investimento, mas quando usados juntos o resultado é
melhor ainda. Infelizmente estamos plantados em uma sociedade exigente.
BLOG: Conte-nos um pouco sobre suas principais
coreografias. O quê a inspirou para a formulação da parte conceitual e técnica
das mesmas, assim como seus processos de elaboração dos figurinos e maquiagens.
Como essas coreografias repercutiram na cena tribal?
Não tenho uma coreografia
principal, todas têm suas relevâncias específicas, talvez possa citar a predileta: Collision, produzida em 2013 baseada em cinematografias artísticas de Theda
Bara “Cleópatra”, uma épica atriz dos anos 20. Para a formulação de qualquer
obra, preciso sentir-me honesta em minha dança, gosto de criar pequenos trechos
improvisados e gravando. Meu processo criativo se inicia a partir da música,
sem uma ordem eu idealizo através de novos desafios para amadurecer meus
conhecimentos. Nesta etapa alinho meus pensamentos e busco apenas o que me
pondera. Meus figurinos posso dizer que são retratos das minhas coreografias, todos
foram idealizados por mim. Já usei peças de cozinha, de material de construção e
até adereços achados em lojas de antiguidade. Já os tecidos, algumas vezes
picoto roupas velhas, dou a elas uma segunda vida. Divirto-me muito customizando algumas peças, porém, o que precisa ser feito na máquina Janil Luz faz
muito bem por mim. Amo colecionar figurinos e posso dizer que existe um carinho
considerável por cada peça.
BLOG: Em 2013, você participou ministrando
workshop e dançando no evento internacional Opa Fest, na Argentina. Como
foi sua participação e que repercussão você teve pelo público argentino? Quais
aprendizados e/ou vivências você adquiriu dançando e estudando nesse evento?
Buenos Aires tem pessoas muito alegres e fui
muito bem recebida naquela cidade. Tudo se encaminhou de maneira muito simples, exatamente como deveria ser. Gostei muito da organização do evento, desde o
espaço para o work como a recepção de todos na porta do evento. O show em um
local muito agradável e mágico, sinceramente gostaria de achar algo parecido
aqui no Brasil. Sim cada viagem é um grande aprendizado, muitos a gente anota
no caderno e outros apenas na memória... Esses são os melhores.
BLOG: Você é formada em educação física, certo?
Como a consciência e conhecimento corporal podem influenciar na dança? Quais são os benefícios da sua formação
acadêmica para o tribal fusion e vice-versa?
O curso de Educação Física contempla uma
formação humana, científica, técnica, filosófica, anatômica e ética. Sou grata
por ter buscado esta área. Muitos conceitos trago até hoje comigo. Tive a
oportunidade de instruir-me sobre o corpo humano que através de contato direto
e indireto preparei-me para certos cuidados. O que beneficia é estar segura em
relação a consciência corporal.
BLOG: Como você
define seu estilo?
Prefiro não rotular um estilo, já
que a dança está em constante transformação. Eu particularmente prefiro passear
nos estilos experimentando distintas linguagens.
BLOG: O quê você acha
que falta à comunidade tribal?
Esforço.
BLOG: Como você se
expressa na dança?
Expressar apenas na dança me
restrita, expresso a dança fora e dentro da dança! Simplesmente respiro dança
em tudo que vejo e faço. Até para subir a escada de casa subo dançando...
(Risos). Mas enquanto bailarina gosto de manter conexão com o público revelando
brincadeiras.
Expresso o resultado de meus sentimentos.
Dançar é conexão de sintonias e melodias, é pulsação de dentro para fora, explosão
sem limite. É a minha máxima expressão... Inspiro música e expiro movimentos.
BLOG: Quais seus
projetos para 2015? E mais futuramente?
Primeiramente tentar o novo visto
americano para conseguir estar presente no The Tribal Massive Spectacular em 2016. São
tantas as idéias, porém fica difícil dizer quais eu cumprirei exatamente em
2015. Produzir espetáculo está nos meus planos para este próximo ano.
BLOG: Improvisar
ou coreografar? E por quê?
Gosto do processo construtivo, pois força-me
a estender minhas habilidades. Viver a liberdade do improviso me deixa
acomodada, prefiro a sensação de um trabalho completo.
BLOG: Deixe um recado
para os leitores do blog.
Aproveite a arte,
ela te concede possibilidades...
Bitolar em um único estilo
é simplesmente limitar o seu acervo. Passear por eles faz você ampliar
conceitos e descobrir um mundo jamais vivido.