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[Entrando na Roda] ATS® ou FCBD® Style? Uma experiência pessoal.

 por Natália Espinosa

Quando foi anunciada a mudança de nome do nosso estilo de improvisação coordenada, muitas pessoas (eu, inclusive) foram contra. É realmente muito complicado para nós, que estamos tentando viver do estilo, sustentar uma cena ainda muito recente, mostrar para nossas alunas e colegas novas o quanto vale a pena mergulhar nessa forma de dança, viver ao sabor das decisões da comunidade estadunidense, que funciona sob outras dinâmicas. Por ser uma dança vinda dos EUA, nossa comunidade brasileira, respeitosa, humilde e ainda insegura, sente que é preciso acatar tudo o que vem de lá, questionando apenas timidamente.

A verdade é que muitas de nós não recebemos essa notícia como algo positivo, seja por razões de mercado, seja por razões mais íntimas. De minha parte, eu me manifestei contrária à mudança por entender que o nome “tribal” é muito importante para entendermos as origens de nossa dança e o que estamos fazendo. A resposta de Carolena foi: “se a mudança ainda não funciona no seu contexto, você pode continuar usando o nome ATS e fazer a mudança no seu tempo”. Dessa forma, assim como algumas colegas, eu insisti no nome ATS. Mas uma conversa com minha professora Mariana Quadros me fez repensar esse nome por outra luz.

O nome American Tribal Style foi criado pela dançarina Morocco e descrevia essa nova forma de fazer dança do ventre que estava surgindo nos EUA. Antes do formato de Carolena se estabelecer e vir a ser a primeira forma de dança oficialmente chamada de Tribal, grupos que foram influenciados pelo Bal Anat de Jamila Salimpour se descreviam como “tribal”, “California tribal” ou “American tribal”. Não havia ainda a característica altiva e os braços fortes emprestados do flamenco ou a presença da influência das danças indianas no corpo das dançarinas, mas a estética dos figurinos e da disposição e desenhos de palco eram distintas do “cabaret belly dance”.

Ao final dos anos 80 e no início dos anos 90, as trupes de ex-alunas de Carolena e de pessoas influenciadas pelo FCBD também chamavam seu estilo de ATS, embora o formato de improvisação específico de cada grupo pudesse diferir do formato do FCBD. Como exemplos, podemos citar o BlackSheep Bellydance (antigo United We Dance) de Kajira Djoumahna e o Gypsy Caravan, de Paulette Rees-Denis. Foi apenas mais tarde, por volta dos anos 2000, que Carolena passou a expressar com mais intensidade seu desejo de que o nome ATS se referisse apenas ao seu formato, o que se consolidou com o registro do nome, e todas as trupes que dançavam um formato diferente do FCBD precisaram encontrar outro termo para definir seus trabalhos. O termo que acabou sendo abraçado pela comunidade foi ITS.


Levando esses pontos em consideração, tirando o protagonismo da polêmica em torno do nome “tribal”, realmente faz mais sentido nomear o formato do FCBD como “estilo FCBD®”. Porque é isso o que o formato é, e é esse estilo que é o mais disseminado no Brasil. Quase não conhecemos quem faça improvisação coordenada em grupo fora dos moldes do FCBD aqui em nosso país.

Entendo que o estilo feito pelo FCBD é parte do ATS, mas que nem todo ATS seria esse estilo, historicamente. Por isso resolvi adotar a mudança, embora ainda use a palavra “tribal” para definir a estilização de dança do ventre que pratico.

E você, aderiu à mudança ou não? Compartilhe suas ideias com a comunidade, é muito importante estabelecermos uma comunicação eficiente para que a cena brasileira cresça!

Beijinhos e até mês que vem!

 

*foi minha escolha não usar o ® em todas as vezes que os nomes ATS e FCBD apareceram.


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Entrando na Roda

Natália Espinosa (Campinas-SP) é dançarina e professora de Estilo Tribal de Dança do Ventre e ATS®.Tornou-se Sister Studio FCBD® em 2013 e está cursando o programa The 8 Elements™ de Rachel Brice. Natália orienta o Amora ATS ® e participa do TiNTí, grupo profissional de ATS® composto por sua professora Mariana Quadros e por Anna Pereira. Sua grande paixão é ensinar e seu palco é a sala de aula.  Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 


[Entrando na Roda] Senhas fantásticas e onde habitam

por Natália Espinosa
Foto por Carrie Meyer – The Dancers Eye – Grupo das Brasileiras no ATS® Homecoming 2017. Na foto: Kelsey Suedmeyer, Rebeca Piñeiro, Mariana Esther e Ana Asch.

É muito comum uma aluna nova com alguma ideia do que é o ATS® chegar em minha aula cheia de questionamentos sobre as senhas/chaves/sinais (ou “cues”, em inglês) do ATS®, me perguntando quais são, se tem que decorar, dizendo que quer aprender todas.

Sempre acho curiosa essa ansiedade em relação a algo que deveria vir para ajudar, facilitar e tranquilizar. Cheguei à conclusão de que muita gente não entende bem para que servem as senhas e a que ponto devemos nos preocupar em conhece-las. Por isso dedico este artigo a destrinchar seu uso e não-uso e também informar quais são as principais, para ajudar!

O ATS® é uma dança de IMPROVISAÇÃO COORDENADA EM GRUPO. Isso significa: mais de uma pessoa dançando de improviso de uma forma harmônica, executando movimentos quase sempre iguais. Ainda não existe um mecanismo com eficácia comprovada para leitura de mentes, então só existem duas formas de saber o que a/o líder vai fazer: prestando atenção na angulação do seu corpo e observando suas costas, braços e cabeças para ver se ela/e dá algum sinal de que executará determinado movimento (esse sinal é a senha, a cue). Giros complexos e movimentos rápidos que não são contínuos precisam desse indicativo, em geral. Mas não são todos os movimentos que possuem uma senha específica, e isso dá nó na cabeça do aluno. Que professora/professor nunca recebeu um olhar confuso ao responder que a senha do movimento é entrar nele? 

Chegamos a um dos principais pontos a serem abordados aqui:
MOVIMENTOS CONTÍNUOS NÃO PRECISAM DE SENHA.


Movimentos como um giro ou caminhada com o taxeem, com o bodywave, arm undulations ou chest circle não precisam ser sinalizados. É possível perceber, através da observação da/o líder com a visão periférica, que o corpo está mudando de angulação. Essa seria a sinalização. Outro exemplo é o Torso Twist: apenas de adotar a postura característica do movimento é possível entender que ele será executado. Sua postura inicial é uma senha em si. Movimentos rápidos com essa característica são: egyptian, pivot bump, shimmy, arabic hip twist, sunanda, box step, single e double bump, arabic shimmy with arms (o giro tem uma senha, mas antes do giro é só entrar na postura), double back, reach and sit, resham-ka.  Você pode pensar que existe a senha e que a senha é assumir a postura do movimento entre o contratempo entre um compasso e outro e a contagem de 1 do compasso. Mas não há uma mão, um movimento de braço ou uma cabeça que vá indicar uma mudança – se você pensar, MUITOS movimentos no ATS® não têm senha! 

Alguns movimentos possuem senha de cabeça, que consiste em olhar para um lado ou para o outro na contagem de 1. Essa senha precisa ser bem evidente pra quem segue. Movimentos que possuem senha de cabeça: triple egyptian (direita), egyptian sevillana (esquerda), arabic hip twist flourish, alabama twister, double back ½ turn. Você pode pensar que o turkish ½ turn e o arabic hip twist ½ turn possuem cabeça porque olhamos para o lado pretendido 1 tempo antes de virarmos o corpo, mas isso se mantém durante todo o tempo que executamos o movimento então eu, particularmente, não considero uma senha.
Senhas de braço são muito comuns. Pode ser levando os dois braços do plano alto pro médio (mantendo, como no arabic 1-2-3, ou descendo e subindo, como no arabic with double turn, corkscrew turn e Strong arm variação 3), levando o braço direito do plano alto para o médio com uma flexão leve de punho e descida (propellor turn, zipper petal, medusa ATS®) ou do plano alto para médio com retorno (water pot), levando o braço esquerdo do plano alto para o plano médio e voltando (Strong Arm variação 2). Existem também as senhas de erguer os braços, como no TSWAT, turkish shimmy ¼ turn, roundhouse.

Algumas senhas eu defino como mudança de ângulo de corpo. Penso nisso para quase todos os outros passos, os que a senha é “entrar no movimento”, mas algumas são bem importantes: no egyptian temos a famosa senha do ½ turn, na qual você lateraliza levemente sua angulação nas contagens de 1 e de 3, e o full turn no qual você repete a senha já estando no ½ turn; o pré-giro do ASWAT, a antiga senha do Egyptian sevillana antes de existir a senha da cabeça... essas são senhas dentro do movimento para uma abordagem progressiva de execução. Justamente por isso o segundo e último ponto que quero destacar é:

ATENÇÃO TOTAL À/AO LÍDER UTILIZANDO SUA VISÃO PERIFÉRICA, SEMPRE!!

Entrar no movimento é a senha mais comum, então é importante que estejamos cientes de como o corpo de nossa/o líder está se movendo e que, se formos líderes, precisamos ser claros mais nessas entradas de movimento do que em senhas fáceis, como as de braço e mão. Precisamos fazer aquela diagonalização do box step, não entrar num chico depois de um pivot bump pra não confundir, saborear a etapa de preparação de cada passo complexo com giro no lento pra dar tempo de todo mundo pescar o que será feito a seguir.

O ATS® é principalmente sobre conexão e atenção. As senhas estão aí para facilitar, mas é necessário praticar esse olhar compartilhado entre o público e o corpo de quem lidera. Essa é a forma mais fácil de executar uma dança limpa, natural e fluida!



[Entrando na Roda] O fim do ATS® Homecoming e a criação do ATS® Reunion

por Natália Espinosa



O ano de passado foi financeiramente difícil para muita gente, e para a nave-mãe do ATS® não foi diferente. Foi o ano em que foi anunciado o fim do ATS® Homecoming.

Sim, isso mesmo. 2017 foi o último ano de ATS® Homecoming.

Mas calma! Não se desespere. Primeiro, vamos entender o que era o ATS® Homecoming e, principalmente, o motivo deste nome.

O ATS® foi criado e desenvolvido em San Francisco, California. Trata-se de uma cidade com uma borbulhante vida cultural e nichos alternativos, onde várias tribos se sentem à vontade e onde há relativa aceitação à diversidade - um contexto bem condizente com a comunidade do ATS®. O também extinto FCBD® Studio se localizava em SanFran. Por todos esses motivos, a cidade foi eleita o cenário ideal para uma conferência internacional anual de ATS® e o nome, ATS® Homecoming (traduzido como Retorno ao lar, Volta pra casa, um conceito bem solidificado entre os americanos) parece ter surgido naturalmente.
Nos anos de 2015, 2016 e 2017, este evento foi uma oportunidade para dançarinos de ATS® do mundo inteiro conhecerem o berço do ATS®, entrarem em contato com Carolena e o FCBD®, confraternizarem, estudarem e reciclarem seus conhecimentos e vivenciar o estilo de vida ATS®. O ATS® Homecoming foi uma experiência maravilhosa para todos os que tiveram a oportunidade de vivenciá-lo. Eu estive lá nas edições de 2015 e 2016, e posso dizer que foi um bálsamo para minha relação com minha dança e com a comunidade tribal.


Em novembro de 2016, no entanto, foi publicado um pequeno texto na página do evento, traduzido aqui em sua maioria por mim:

“É com tristeza que anunciamos que 2017 será nosso ultimo ano em San Francisco realizando o ATS®® Homecoming.  Nós gostamos muito de celebrar o American Tribal Style® em seu berço.  Porém, após muito deliberar, Carolena e Terri decidiram que é simplesmente caro demais fazer uma conferência em San Francisco.

Nós realmente amamos a comunidade e a oportunidade de celebrar anualmente com todos vocês. Então, de 18 a 21 de janeiro de 2018, nós trazemos a você o ATS®® Reunion (n.t.:Reunião).  O tema do primeiro ano é “Home is Where the Heart Is” (n.t.:“O Lar é Onde Está o Coração”) porque, indepentente de onde nos reunamos, o Lar é onde encontramos uns aos outros. O ATS®® Reunion ocorrerá no KCI Expo Center no Kansas, Missouri.  Nós teremos o KCI Expo Center só para nós e seu hotel com mais espaço para participantes, expositores e festas!

O fim de semana ainda oferecerá excelentes professores, expositores maravilhosos, shows incríveis e uma comunidade fantástica. Apenas será chamado por um nome diferente e ocorrerá em um local diferente.


Ou seja, o evento ainda ocorre! Só não faz mais sentido chama-lo de retorno ao lar porque o lar, San Francisco, não sediará o evento todo ano – o que não significa que em algum momento ele não poderá ser a sede do ATS® Reunion. É claro que ir a San Fran fazia parte da graça do Homecoming para quem vem de fora, mas com os preços mais baixos como atrativo e com a promessa de manutenção da qualidade do evento, ainda podemos desfrutar de uma conferência anual digna da comunidade do ATS®, sempre devotada e ávida por conhecimento.

As inscrições para o ATS® Reunion já estão abertas e podem ser feitas na página oficial do evento: http://atsreunion.com/

Vejo vocês lá!

| Fotos do ATS® Homecoming 2017, por The Dancer’s Eye: http://www.thedancerseye.com/


[ Entrando na Roda] Apropriação cultural e o ATS®

por Natália Espinosa

Este artigo foi escrito em sua totalidade por Natália Espinosa e de forma alguma reflete as opiniões de Aerith Asgard e Aline Muhana.

Maria Fomina, da Ucrânia, utilizando traje de ATS® com diversos elementos étnicos.

Um assunto que tem estado muito em voga ultimamente (ainda bem) é a questão da apropriação cultural. O que seria apropriação cultural? Basicamente, trata-se de uma cultura privilegiada utilizar elementos de culturas de povos oprimidos sem imprimir a eles o devido significado e sem sofrer as represálias e preconceitos sofridos por quem é oprimido. Alguns exemplos bem conhecidos do tribal seriam o uso de dreads e turbantes tranquilamente por pessoas brancas como acessórios de moda, sendo que quando os mesmos são utilizados por pessoas negras levam a uma interpretação pejorativa.


Quando consideramos o dress code do ATS® e até mesmo do tribal fusion e da dança do ventre praticada no Bal Anat, é inevitável nos depararmos com essa questão. Turbante, choli, jóias étnicas, bindis, harquus (aquelas tatuagens faciais que fazemos com delineador ou lápis de olho, muitas vezes sem nem conhecer o significado daqueles símbolos) e até mesmo os dreads são parte de nosso dia-a-dia e a grande maioria das bailarinas, tanto aqui quanto no exterior, são brancas ou lidas como brancas na sociedade em que estão inseridas, ou seja, são pessoas que não sofrem preconceitos devido à percepção do que seria sua “raça”. Nos EUA, onde essas fronteiras são bem delimitadas, essa questão tem sido bastante abordada pelas dançarinas de Tribal Fusion. Kami Liddle puxou essa discussão em seu facebook no ano passado, e muita gente (inclusive eu) participou do debate. Algumas bailarinas escolheram não utilizar mais alguns elementos étnicos em seu vestuário e houve até quem escolhesse não dizer mais que faz dança tribal por crer que essa nomenclatura seria desrespeitosa aos nativos norte-americanos, coisa com a qual eu, Natália Espinosa, discordo completamente. Mas vamos voltar ao ATS®.

O nome American Tribal Style, Estilo Tribal Americano, já está registrado e até agora não há nenhum tipo de esforço no sentido de alterar o nome. As praticantes do estilo nos EUA, brancas ou não, não parecem se engajar muito nessa discussão – pelo menos não na internet. Talvez seja por causa se alguns fatores que eu gostaria de enumerar aqui:

  1. O dress code do ATS® não representa nenhum povo específico – como mistura elementos de diversas culturas, não constitui uma fantasia, um estereótipo de nada. A imagem que associam ao nosso dress code é apenas, talvez, a de uma dançarina de ATS® 😊
  2. Embora Jamila Salimpour, Masha Archer e Carolena Nericcio-Bohlman sejam brancas, o ATS não é uma dança das maiorias privilegiadas. É uma dança inclusiva, realizada por mulheres e, mais recentemente, também por homens de diversas etnias e na qual a tolerância e aceitação são estimuladas. A própria história do ATS® está ligada à necessidade de uma dança do ventre que abraçasse as mulheres fora do padrão.
  3. Nenhum dos elementos do dress code é utilizado levianamente. A ideia de Masha Archer, ao definir o figurino que viria se tornar o dress code do ATS®, era devolver a dança às mulheres, destacar o ventre sem erotizar a bailarina e proporcionar um ar régio e confiante. Masha buscou re-significar elementos étnicos, sem esvaziá-los de importância ou apagar sua relevância em sua cultura original.


A própria dança do ventre poderia ser considerada apropriação cultural, se vista por esse prisma. O que é realizado no ocidente com esse nome é, na verdade, uma amálgama de diversas danças com propósitos e significados diversos, muitas vezes desconhecidos das dançarinas ocidentais. Deveríamos então parar de dançar dança do ventre ou tribal?

Minha opinião é a de que não podemos limitar a arte e sua evolução. Com o acesso à internet e a globalização, isso se tornou, arrisco dizer, impossível. Em relação ao ATS® e tribal fusion, temos que ter em mente que são danças ocidentais com influências étnicas, e não são originalmente de nenhuma cultura de minoridades. Utilizamos seus elementos, mas a maior parte de nós o faz com respeito e busca estudar de onde vem, sua história, seu significado. Por isso o estudo teórico se faz tão importante, para que não haja um esvaziamento de culturas tão ricas e para que nosso contato com esses povos através de tais elementos aumente o respeito e colabore para, de alguma forma, diminuir a opressão e o preconceito que sofrem.

Outras leituras relacionadas:



[Entrando na Roda] Acessórios no ATS®

por Aline Muhana

Olá pessoal! 

No nosso Entrando na Roda desse mês vamos falar sobre a utilização de acessórios no American Tribal Style®.

Espadas, cestos, véus, saias , leques e até pandeiros tem aparecido nas apresentações de ATS® em dezenas de vídeos, provenientes dos mais diversos países. Afinal, como conjugar a técnica do ATS® com a utilização de um objeto em sua dança?

É necessário levar em consideração diversos pontos relevantes da sua performance: a música será rápida ou lenta? Você gostaria de tocar snujs e segurar o objeto? Como entrar com este acessório em cena? Qual a natureza deste objeto?

Depois de responder a todas estas perguntas ( e certamente outras ainda surgirão), é necessário descobrir até que ponto o objeto será incorporado na técnica do ATS.  Eu, Aline Muhana,  gosto de classificar em 3 níveis de Modificações:

    Nivel 1 – Objetos em equilíbrio

(Basicamente espadas e cestos). Neste nível de Modificação a interferência na técnica é mínima. O objeto estará a maior parte do tempo  equilibrado sobre a cabeça, portanto o máximo de mudanças necessárias para manter-se fiel à técnica seria modificar a altura dos braços quando necessário. Como as mãos ficarão livres por boa parte do tempo é possível até mesmo tocar os snujs (quando possível e apropriado).

   Nível 2 – Incorporando os objetos aos movimentos

Neste próximo estágio a Modificação é mais intensa, dispensando o uso dos snujs, pois o objeto estará em mãos praticamente  todo o tempo. O desafio neste estágio é incorporar totalmente o objeto às movimentações do ATS® fazendo Modificações mínimas nos movimentos, porém incorporando  o objeto em movimento quando for necessário. (Por exemplo, segurar a saia durante os “calibrated spins” ou fazer a movimentação completa de um “propeller turn” com a espada nas mãos)


   Nível 3 – Criando movimentos específicos para cada acessório  

Ao chegar neste nível novos movimentos serão criados para melhor demonstrar  toda a potencialidade do acessório, mas sempre respeitando os limites dos Movement Dialects (passos que são criados em conformidade com a estética, técnica  e a corporeidade do ATS®). Neste ponto um novo vocabulário de movimentações pode ser criado  e executado por uma instrutora ou um grupo, como uma linguagem particular destas pessoas.




     Existem instrutoras e companhias de dança que inclusive já gravaram DVDs didáticos com suas próprias interpretações sobre o uso de acessórios, todos eles com a aprovação de Carolena Nericcio-Bohlman.

Alguns deles seguem abaixo: 

Terri Alred, Dawn Ruckert e Super Beth:
ATS with Props DVD: Veil, Fan and Basket

Davina Tribal Collective: ATS with an Edge  (descontinuado)

Krisztina Naz-Clark
Work that skirt: Instructional 2 DVD Set

Lembrando que qualquer pessoa ou grupo  pode criar seu próprio vocabulário, o uso dessas técnicas é totalmente opcional.

Particularmente gosto de apresentar os  acessórios para minhas alunas em aulas especiais e workshops, abertos inclusive a praticantes de outras danças.

Dúvidas, sugestões ou idéias? Escreva aqui pra gente nos comentários!

Grande beijo e até o próximo Entrando na Roda!


[Entrando na Roda] A última aula do Studio SF

por Aline Muhana

by Arica Rust


Olá tribalistas! 

Neste mês preparamos uma entrevista especial para nos contar como foi a última aula do Studio San Francisco, Nave-mãe do Fatchance Bellydance®. Kelsey S. Suedmeyer, assistente de Carolena e Megha na sua visita ao Brasil em 2015, compartilhou conosco sua experiência nesta última atividade do estúdio, e fala um pouco também de suas expectativas sobre o futuro.

Aline Muhana: A última aula do Studio SF foi uma aula de Flow, certo? Como foi o clima geral desta  aula? Aproximadamente quantas pessoas estiveram presentes? Você gostaria de compartilhar suas expectativas sobre esta nova era para o FCBD®?

Kelsey S. Suedmeyer:  


by Arica Rust


Sim, a última aula no estúdio do FCBD® foi uma aula de Flow, mas desta vez, ao  invés de apenas uma professora liderar o tempo todo (como é o usual) fomos agraciadas com uma seleção. Sete professoras diferentes do FCBD®, atuais e ex-professoras, se revezaram na liderança por algumas músicas de sua escolha. Eu não tenho certeza absoluta de quantas pessoas vieram, mas acredito que entre 20 e 25 participaram.

O clima da aula foi de alegria e celebração, para honrar o espaço que chamamos de casa por tantos anos. Havia uma certa tristeza velada no lugar, e eu fui levada às lágrimas algumas vezes, mas a intenção geral era de apreciação e gratidão pela variedade de lembranças que adquirimos naquele estúdio.

Seguir as professoras na improvisação foi uma experiência única e extremamente divertida porque pude perceber que cada uma colocou sua alma em cada interpretação das músicas escolhidas. As variadas escolhas musicais nos levaram a uma experiência empolgante, e todas dançamos como uma só, nos entregando alegremente ao ritmo que cada professora imprimia.

Eu não sei o que esperar desta nova era em que estamos ingressando. Como as professoras já expressaram em fóruns online, existem muitas coisas que elas ainda não sabem sobre o futuro, e eu acredito que mesmo Carolena não saiba. Como foi anunciado, as aulas voltarão no início de Julho no número 672 da rua South Van Ness, que é o estúdio de Salsa ao lado. Eu estou bastante ansiosa para o retorno! O que posso, é falar com propriedade sobre as minhas expectativas neste momento. Tenho intenção de continuar meus estudos como uma dançarina de ATS®, continuando a aprender, crescer e a frequentar as aulas com professoras do Fatchance Bellydance®. É um sonho que tenho desde que entrei no estúdio em 2009, me tornar professora de ATS® do Fatchance Bellydance®. Este sonho ainda está vivo em mim, mesmo que eu não faça ideia de quando poderá acontecer, se é que um dia acontecerá. Eu não posso acelerar esse processo ou forçar para que aconteça. O que posso fazer é estar presente e continuar me divertindo, aproveitando esta dança.


by  Ju Hay Ahn




Obrigada por compartilhar seus pensamentos e experiências Kelsey!!

Nos vemos no próximo Entrando na Roda.


[Entrando na Roda] Modernizar ou Morrer!

por Aline Muhana



Nesta última terça feira (10/05/2016) Carolena Nericcio-Bohlman fez um anúncio de extrema importância para todos os amantes do ATS® que sonhavam conhecer a “Nave-Mãe” (o nome carinhoso pelo qual muitas pessoas começaram a chamar o Studio San Fransciso, casa do FCBD®): o estúdio fechará suas portas no dia 30 de junho deste ano.

O Studio SF, assim como muitas pessoas e estabelecimentos comerciais sofrem com a valorização imobiliária extrema em San Francisco, gerada pelas grandes empresas de tecnologia que se instalaram na cidade nos últimos 10 anos. Google, Facebook, Apple, Pixar e várias outras empresas forçaram o mercado imobiliário além do limite do aceitável para a classe média e a categoria artística (que fez a fama da cidade desde antes da época da Contra-cultura e dos Hippies) e hoje em dia ameaça até mesmo a centenária comunidade oriental de Chinatown, com a desapropriação de vários imóveis e despejo de centenas de pessoas, para alocar os novos funcionários das grandes empresas. Até mesmo o patrimônio arquitetônico sofre, com prédios vitorianos característicos da cidade sendo derrubados para a construção de novos condomínios.



A comunidade artística se defende como pode, se mudando para outras cidades e estados, e fixando novas raízes em comunidades economicamente viáveis.

Em seu pronunciamento, Carolena anuncia que apesar do fechamento da sede, três novos endereços do FCBD® estão sendo planejados:  um novo endereço em San Francisco, em outro bairro,  mais um espaço em Oakland (lado leste da Baía)  e outro em Half Moon Bay (ao sul de San Francisco). Enquanto os novos endereços não são inaugurados, as professoras do FCBD® continuarão dando suas aulas em outras academias de dança da cidade, e a loja continuará funcionando on-line.  O Homecoming 2017 não sofre nenhuma alteração porém a ATS® Magazine versão impressa será descontinuada. Apenas a versão on-line continuará a ser editada. O novo lema, segundo a própria Carolena, é “Modernizar ou Morrer!” em um esforço para acompanhar as atualizações do mercado e da economia.


Para as poucas de nós que tiveram a oportunidade de conhecer o estúdio é o fim de uma era. O estúdio já havia sofrido uma remodelação total em 2015, substituindo as tapeçarias e relíquias étnicas que forravam todas as paredes da recepção e das salas anexas por um visual modernoso e clean. A nova sede, rebatizada de Studio SF abrigava o showroom da Nakarali (boutique de joias étnicas da parceria Carolena e Colleena Shakti)  e o atelier de costura da linha Bessie Designs.  O que nos resta são as lembranças de uma porta vermelha que nos levava para o coração da história da dança que tanto amamos.  Que as novas gerações encontrem este mesmo fascínio nas novas filiais da Nave-Mãe. Um brinde a novos tempos!



[Entrando na Roda] FCBD®: Novos rumos

por Natália Espinosa


De alguns anos para cá, tudo sob o nome FatChanceBellyDance® tem passado por algumas mudanças. Da própria trupe ao estúdio e o formato de aulas, tudo borbulha com novidades!

Este post traz algumas atualizações sobre a nossa querida nave-mãe.

Já faz algum tempo que o FatChanceBellyDance® deixou de ser somente o nome de uma trupe – o melhor, A trupe – de ATS® e do estúdio de Carolena Nericcio. Dos cholis e camisetas a um dos primeiros sonhos de consumo de muitas dançarinas de AT®S Brasileiras, os lindos e enormes snujs com a inscrição FatChanceBellyDance nas bordas, o caráter de marca do FCBD® vem se fortalecendo cada vez mais. Neste ano tivemos a mudança do estúdio e do site fcbd.com: tanto o endereço físico quanto o virtual não abrigam mais apenas o estúdio de dança, agora estão presentes também o Bessie Design Studio e a loja da Nakarali, os três negócios reunidos sob o nome Studio San Francisco.

Choli Dress


A marca Bessie (assim nomeada para homenagear a mãe da Carolena Nericcio-Bohlman, Bessie Nericcio)  compreende criações de Kathleen Crowley em colaboração com Carolena. A ideia é produzir roupas elegantes, bonitas e simples com um apelo especial para dançarinas – boa parte dessas crianções pode até ser usada nos palcos, como o maravilhoso Choli Dress, os xales de assuit e o headwrap, aquele paninho de cabeça que dá para trançar.  O FCBD® subiu no palco do Tribal Fest 14 usando Bessie skirts, aquelas saias em formato sereia com botões que possuem mil e uma formas de usar. Além de vender roupas, o Bessie Design Studio oferece oficinas de costura onde é possível aprender a fazer o básico do nosso dresscode: cholis, saias, calças gênio... Uma atividade super gostosa que incentiva as pessoas a fazerem seus próprios figurinos.

A loja da Nakarali, parceria de Colleena Shakti e Carolena, conta com acessórios em prata e latão vindas da Índia e regiões próximas. Algumas peças são verdadeiras relíquias, antiguidades que chegam a custar mais de mil dólares. Existem itens mais em conta na loja, mas a maioria é realmente questão de economizar por um bom tempo.

Nakarali
O estúdio do FCBD® continua oferecendo as aulas, vendendo seus produtos (DVDs, snujs, camisas, garrafas de água etc). Porém a verdadeira mudança ocorreu no time de instrutoras e nas dançarinas!

Recentemente, Wendy Allen anunciou sua saída do FCBD®. Ela informou que continuará dançando ATS® e dando aulas, porém não mais sob o nome FCBD®. Isso marca o fim de uma era para a trupe, pois Wendy fez parte dela por mais de 10 anos e passou por muitas fases de sua evolução.

Kristine Adams finalmente retornou de sua viagem ao redor do mundo e voltou a dançar regularmente com o FCBD®. Da “velha guarda” temos ainda Anita Lalwani, Sandi Ball e Marsha Poulin.

Wendy Allen
As novidades vêm com Jesse Stanbridge, Janet Taylor, Michiyo Salisbury, Juhay Ahn e Yuka Sakata. Jesse, Janet, Michiyo e Yuka fazem parte da Tessera Tribal, uma trupe do Estúdio FCBD® que desenvolve um trabalho impressionante. Inovadoras, sem perder a estética e natureza improvisacional do ATS®, suas performances são dinâmicas e apresentam sempre variações interessantes ao que estamos acostumados a ver.


Essa lufada de ar fresco que acompanha as demais mudanças no FCBD® veio em excelente hora: com o ATS® Homecoming, o Tribal Pura, o programa de educação continuada para Sister Studios e o crescimento do ATS® ao redor do mundo, mais e mais pessoas estão buscando sua expressão única e pessoal dentro deste estilo de dança. O surgimento de novas professoras com ideias diferentes e, ao mesmo tempo fiéis ao estilo, ajuda o ATS® a crescer de forma robusta, sem se diluir.

Esta popularização e demanda pelo ATS® impulsionou a transformação do FCBD® em um negócio de grandes proporções e em uma marca, de fato. Porém, quem entra no estúdio ou vai aos eventos, ainda sente aquela atmosfera aconchegante de um negócio pequeno e local, onde tudo é muito acessível.

Nossa nave-mãe soube ir em frente sem desviar de sua rota. Sorte nossa que podemos colher os frutos dessa mudança bem-vinda. 

Bessie Skirts




[Entrando na Roda] Classificação do Vocabulário ATS®

por Aline Muhana




Olá pessoal! 

No post deste mês vamos falar sobre as classificações de vocabulário do ATS®. 

Nosso formato pode ser organizado de diversas formas diferentes para atender a diversos propósitos de estudo.  A classificação de vocabulário  “Classic” e “Modern” foi desenvolvida inspirada na série de vídeos didáticos Tribal Basics criada por Carolena Nericcio-Bohlman em 1993 e que está sendo desenvolvida até hoje.  “Classic” seriam todos os movimentos apresentados até o volume  4: Embellishments and variations , que compreendem os movimentos mais antigos do vocabulário do ATS®; e “Modern” seriam todos os movimentos apresentados à partir do volume 7: Creative Steps and combinations.  

Nota da Autora: Os volumes 5 e 6 da série Tribal Basics (Cues and transitions e Improvisational Choreography) não apresentam passos novos, porém são indispensáveis para entender  a mecânica da Improvisação coordenada porque apresentam as ferramentas para o entendimento desta metodologia. Assistam com muita atenção!



Este é o formato utilizado oficialmente para a formação General Skills: Classic and Modern. Os movimentos que surgiram depois são considerados Movement Dialect como vamos explicar mais a diante.

Movement Dialect foi um conceito criado para explicar um fenômeno bastante comum às trupes e companhias de dança: Dentro de cada grupo  passos e sequências nasciam espontaneamente,  através das mais variadas experiências (sequências coreografadas que se tornaram populares, erros durante uma performance que foram bem gerenciados, variações de passos que foram bem aceitas, etc). Isso acontecia até mesmo dentro do FCBD®, e Carolena notou esta tendência se delineando ao assistir performances de diversos Sister Studios.

Prevendo que a expansão do formato seria inevitável,  Carolena lançou o DVD número 9 de sua série Tribal Basics: Anatomy of a Step, onde convida mais 3 sister studios (Megha Gavin – Deviany Dance Co., Devi Mamak – Ghawazi Caravan e Jennifer Noland – Tamarind)  a demonstrar e divulgar novos passos e sequências que seriam exemplos de como prosseguir com as novas criações. O DVD foi uma grande sucesso entre a comunidade ATS®  e os passos novos caíram nas graças da maioria das Sisters. O uso do Movement Dialect é considerado opcional do repertório básico do ATS®, assim como o Floorwork.


A classificação dos passos por níveis foi criada também por Carolena Nericcio-Bohlman como o conteúdo programático de seu curso oferecido no Studio San Francisco, e conta com uma  ordem de apresentação bem diferente.  Em meados de 2015 este conteúdo foi atualizado com a inserção dos passos do volume 9: Anatomy of a step  e a extinção do quarto nível na escala de aprendizado do estúdio.  Atualmente os níveis de aprendizado vão do 1 ao 3. Nesta nova apresentação os passos novos  são apresentados juntos aos passos clássicos e modernos, separados apenas pelo nível de dificuldade requerido para cada nível.

Carolena deixa bem explícito em seu blog (onde divulga estes e outros comunicados oficiais) que estas mudanças são opcionais, deixando a cargo de cada uma de nós decidir se quer ou não incorporar este novo material.

Fora estas classificações ainda temos outras opções como a divisão entre lentos e rápidos e  famílias de passos (como apresentadas no Flowchart).  O importante é manter o foco em uma base técnica sólida, refinando os passos básicos e a postura sempre que possível. Na minha experiência profissional como instrutora posso afirmar que estas classificações dão ótimos temas para aulas e ajudam as alunas a entenderem melhor como o sistema funciona.

Bons estudos!




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