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[Em Movimento] Para refletir...

por Melinda James


Quem faz aula de dança deveria refletir sobre este assunto. Não sou a primeira nem a última abordar, mas quem sabe juntos podemos iniciar um saudável debate. 

Para refletir...

Nestes últimos 2 anos fecharam umas 6 escolas conhecidas no Rio de Janeiro, digo somente sobre as de Dança do Ventre, o que nos mata de dor no coração e preocupação, pois o fechamento das escolas significa que o meio está minguando. É ruim pra quem fecha, é ruim pra quem fica, é ruim pra quem faz evento, para quem vende produtos relacionados, mas é ruim, principalmente, para os alunos.

O aluno precisa saber e entender que fazendo aula ou não a escola abre e paga as contas normalmente.

O aluno pode pensar que o problema não é dele, mas também é, pois no momento que as escolas especializadas em dança fecham, ele só poderá dançar em academias, onde o ritmo é muito diferente e o pensamento é totalmente comercial, geralmente voltado para o público leigo e iniciante.

Se torna difícil o crescimento artístico em locais com ritmo de academia, pois, no momento que os níveis começam a se separar, as turmas diminuem, o que não torna a atividade rentável para uma academia e o aluno terá que sobreviver em aulas mistas sempre voltadas para as pessoas que iniciam.

Você tem um professor, você gosta dele, respeita o trabalho dele, mas sempre que tem feriados você tenta pagar aula proporcional? Mesmo sabendo que a escola paga sempre integral seus custos? 

Reclama pra pagar a mensalidade inteira quando falta? 

Tenta negociar aulas que você faltou, mas o professor estava lá te esperando?

Seu professor pode não se sentir respeitado e, muito menos, querido. Ele administra e tenta esconder o quanto isso o magoa. Magoa realmente e principalmente os professores que montam a aula e estão sempre pensando em como fazer o aluno crescer.

Muitas vezes, ao trancar a mensalidade, outras colegas de dança também acabam trancando e, ao ver que seu tempo separado para aquela turma foi dispensado, o professor ou mesmo a escola busca outra atividade para colocar no lugar. E quando você resolve voltar, o horário não existe mais. O que o aluno faz? Reclama, se sente colocado de lado, substituído, uma visão unilateral muito comum em nossa área.

Dezembro tem festa de fim de ano e todo ano tem alguma aluna que reclama de pagar a mensalidade, alegando que estava “somente” ensaiando. O ensaio cansa triplamente o professor e ocupa o mesmo espaço físico da escola. Estar atento a limpeza dos movimentos, a ajudar o aluno, a fazer o grupo entrar na mesma energia, cobrar presença das alunas que faltam, e muitas vezes agendar muitos ensaios extras sem remuneração é um cansaço enorme. E no fim, o aluno alega que estava somente ensaiando?

Também existe uma eterna insatisfação por causa das taxas. No Rio as taxas são incrivelmente baratas e as locações dos teatros incrivelmente caras. Há uns anos atrás fazer shows era mais fácil, hoje em dia é um esforço enorme, um trabalho de amor e união entre as partes envolvidas. As escolas e os professores mal conseguem pagar os custos com a receita que totaliza Taxas + Ingresso. Se cada aluno vendesse 20 ingressos não precisaria existir taxa de ensaio, mas os que mais reclamam, não vendem, não divulgam, e eu fico pensando como é esta conta, imaginária? Como pagamos atores para costura, cenário, professores, equipe de apoio, lanche, teatro, luz, programas e divulgações?

Eu me sinto confortável em dissertar sobre isso por amar demais o que eu faço. Jamais trabalhei por dinheiro e nunca na vida um aluno para mim representou valores. Porém, gostaria que as alunas de dança do nosso meio pensassem no trabalho de sua escola e de seu professor, e quem sabe em 2018 possam refletir e mudar o padrão de algumas atitudes.

[Folclore em Foco] Temperos e Temperamento

por Melinda James

Ao estudar um povo devemos estar atentos às coisas que eles fazem diariamente. Ações simples e vitais são as que fornecem as informações mais preciosas para nossos estudos.

Como fruto de minhas experiências locais passei a estabelecer um padrão para o estudo de forma a obter maior absorção, tentarei descrever para vocês. 

Se alimentar pode ser um bom exemplo de uma ação simples e vital, então, dentro deste exemplo, vamos abrir nossos horizontes...


Observe as comidas mais típicas, vá aos restaurantes populares, se for convidada para comer em casa de família seria melhor, mas na falta de um convite, vá aos restaurantes e estude o cardápio. Alguns pontos merecem atenção:



Especiarias
A quantidade de pimenta usada: os povos mais quentes e fortes consomem muita pimenta; no passado, a pimenta servia também como antisséptico e estimulante.  Imagine um estado brasileiro que consome bastante pimenta... Bahia?  Como você define o temperamento local? Eles são quentes, dançantes, animados, gingados, totalmente temperados.

No Egito é marcante a presença do cominho, tudo tem gosto de cominho e sentir o aroma do cominho me transporta para o Oriente. O cominho era usado no Egito antigo também para embalsamar os faraós além de reinar na culinária Greco romana (eis mais um sinal de intercâmbio cultural).

Consumo excessivo de carboidrato e gordura trans
No Egito existe uma fartura no consumo de carboidrato. Em alguns pratos bem típicos o carboidrato chega a substituir a proteína e é misturado a outros carboidratos. Quantos pratos achamos que são recheados de carne e, na verdade, são recheados de pão temperado e banhado com molho de tomate. O tradicional 'Cochari' consiste em macarrões de vários tipos com arroz e Lentilha. O motivo deriva também do baixo poder aquisitivo,pois pratos com carne são bem mais caros do que os com carboidratos somente. Devido a isso o Egito tem uma incidência altíssima de diabetes.

Não existe uma  tentativa de equilíbrio alimentar ainda, se consome muita gordura trans, os óleos são sempre reaproveitados. O resultado desse tipo de alimentação no corpo é visto como saúde, como no Brasil há alguns anos atrás. A alimentação influencia muito na estética local, as mulheres mais "cheinhas" são tidas como mais "vistosas".

Nos lugares mais afastados você não encontra nada Diet ou Light, em verdade só se encontra em hotéis e restaurantes 5 estrelas e você pode notar um ar de espanto ou até desprezo ao pedir adoçante ou uma coca zero.



O que se encontra naturalmente em cada região?
Quais as frutas de cada região? Elas trazem toda uma cultura de agricultura, muitas regiões de oásis tem um forte cultivo de azeitona, tâmaras e tantas informações culturais giram em torno destas fazendas.

Outras regiões são ricas na produção do algodão, o grande algodão Egípcio, conhecido mundialmente por sua colheita  ter inspirado muitos passos de dança núbia. 

Outro orgulho do povo egípcio é o suco de manga, pois é o melhor do mundo; e o bom e velho Karkadê, que seria nada mais nada menos do que o chá do Hibisco.


Carne
Locais muito longe das cidades possuem a melhor comida da região, tudo é fresco. A temperatura é muito alta e poucos lugares tem geladeira, como resultado, temos as carnes mais gostosas e frescas do Egito.

No Egito muitas casas tem aviário onde se cria pombo, que faz parte do cardápio local; e não existem pombos nas ruas.Este animal inspirou muitas movimentações de danças folclóricas, assim como o carneiro que é consumido em grande escala;  já o porco, por motivos religiosos, não é consumido por nenhum Muçulmano.

Tem muito gato no Egito e, embora haja muita miséria, não se come gato. Eles amam os gatos, animal que foi venerado no Egito antigo representando a Deusa Bastet, hoje após milênios, o povo não tem mais este costume politeísta, mas continua gostando e alimentando os gatos das ruas.



Os subprodutos retirados destes pratos.
O couro do carneiro é muito bem aproveitado no Egito, na confecção de bolsas, roupas, instrumentos de percussão locais; e os ossos de diversos animais também são usados em bijuterias.

O ritual 
A forma como eles comem, a aura que envolve todos neste momento é outro fato inspirador. 

No Egito  comer é o mais importante fator de união da família, eles alimentam as pessoas que amam.Alimentam-se uns aos outros, com pratos  comunitários, algumas colheres e o uso das mãos, inicia-se quase um ritual. Como gesto de amor os familiares separam a carne do osso e colocam na boca uns dos outros, de forma natural, conversando e rindo, enquanto se alimentam, confraternizam, cuidam uns dos outros,  uma verdadeira comunhão entre os entes queridos.Comer junto, sem pressa, partilhando com todos os familiares, e comer muito, isso é um fator de sucesso para o dono da casa. 

Neste ponto entendemos a  estratégia cultural de venda Egípcia, um bom vendedor sempre te oferece algo para comer ou beber para te mostrar que você é bem vindo, eis a boa e velha  'Lei da reciprocidade', você come e bebe e tem vergonha de sair sem comprar nada. Mas coma e beba mesmo se quiser enfim uma negociação amistosa, isto é importante para eles e no Egito comer junto aproxima as pessoas.

Agora se pergunte por quê? Questione o povo local. Faça perguntas simples e você terá respostas simples, que cruzadas nos levam a uma trança complexa que representam a essência cultural latente. Esta  é a parte mais rica do nosso estudo de folclore, aquela que tanto buscamos aprender em workshops infinitos, a qual nos motiva e nos leva a criação de danças para o palco.

Onde isso te levará? Como estas informações te farão dançar?  Acredite, farão! Talvez não na hora que você vivencia isso, mas todas estas informações clareiam a mente do artista sobre a identidade do povo que será representado e cada informação vivida se manifesta artisticamente depois de um tempo.Eu penso que esta experiência pode se estender as pessoas que não tem a oportunidade de viajar, é só um pouco mais difícil e acaba exigindo maior disciplina.





[Folclore em Foco] A estilização de um traje folclórico

por Melinda James


O traje de cada povo, a forma de usá-lo e as ocasiões demonstram influências culturais importantes. Na roupa, podemos notar a proteção contra o sol, a chuva, o frio, o calor, definindo assim o clima da região.
Os acessórios e trajes preparam a pessoa para o clima, vegetação e solo local, além de demonstrar em seus costumes os padrões de beleza  e a forma que cada povo reage a isso, sendo mais ou menos tradicionalistas e rigorosos em seus decotes (ou na ausência deles).
O estilo do tecido também é fundamental, pois ele torna o visual mais rústico ou mais elitizado, ele pode dar peso ou deixar a dança mais leve.

A maioria dos adornos e bijuterias são símbolos ancestrais, eles têm um bom motivo para fazer parte do figurino. Também é importante saber a relevância do material que são feitos, alguns lugares se usa mais ouro, outros prata e alguns povos variam o material de acordo com a ocasião.

Traje de cerimônias (foto Wikipédia)

Muitas danças folclóricas têm suas roupas próprias, que já são estilizações de trajes populares para o palco, eles não costumam ser iguais aos trajes reais, mas são desenhados por artistas locais de forma que não descaracterize o povo que está sendo representado.  

Citarei aqui alguns problemas de trajes de folclore no nosso meio, mas não se assustem, eu também cheguei a estes pontos da pior forma: errando, logo, não fiquem tristes caso venham a se identificar com algumas destas questões,  elas  também fazem parte do meu caminho de aprendizado.

Traje de Dança Núbia do Reda Troupe
Traje Núbio do Museu de Aswan

Mulheres Núbias nas ruas da Vila Núbia | Foto de Melinda James

Homens Núbios | Foto de Melinda James

O maior problema é quando a estudante de folclore se inspira nas roupas já estilizadas e insere sua licença poética... Segue abaixo os pensamentos que acontecem durante a elaboração do traje folclórico que acabam nos levando a grandes problemas na caracterização do figurino, você pode se identificar com alguns deles:

"Darei uma apertadinha ali... Posso abrir uma nesga aqui... Vamos aumentar o decote?"
"Vou tirar este sapato usual e colocar um mais alto..."
"Ahhh um tecido com brilho fará o maior efeito..."
"Que tal mais paetê? Posso deixar mais curto pra ficar sexy?"  
"Um tecido transparente não fará mal (afinal coloco meu sutiã)..."
 "Não tenho os adornos originais, então compro algo grande e dourado no centro da cidade e servirá bem..."
"Tenho aqueles colares do outro folclore (com os símbolos de outro povo, mas ninguém vai notar)..."


Como resultado:

  • A representação do clima já se perdeu, em alguns locais só se usa determinados tons por causa do sol.

  • O Nível de conservadorismo será impossível medir nos decotes, nesgas, mangas, altura de saia e modelagens ocidentais.

  • Os símbolos das joias se foram e não representam mais o objetivo principal.

  • A ginga foi embora, pois o salto altera na forma de pisar no chão (geralmente rústico) o que sobrou? Nada

  • A professora ou bailarina ainda visualiza em seu traje claramente a referência estudada e ninguém mais consegue absorver isso, nem mesmo o público consegue sentir a influência folclórica que deveria estar sendo representada. 

Algumas destas alterações até podem ser bem vindas, mas devem ser feitas com muito critério, em alguns folclores podem funcionar e já em outros modificará totalmente a energia da dança em questão. 

Desenho antigo de mulher beduína Egípcia (Foto printerest.com)

O segundo maior problema é a busca desenfreada das “receitas de bolo”. 

Existem as danças que não tem traje específico, mas não quer dizer que se pode usar qualquer coisa, e sim que existem várias opções. Na falta de conhecimento, a profissional necessita criar regras para ela mesma, tentando concluir o estudo sem muita base real e estas regras saem erradas, pois foram criadas por professoras ocidentais e não por conhecedores da cultura de cada povo. 

Dar uma opinião sobre um assunto que te contaram em uma frase é muito fácil, porém, quanto mais detalhes você souber de determinado conflito, mais difícil para você será emitir uma opinião. Isso que acontece com assuntos complexos, logo, criar uma regra em folclore é fácil quando não se conhece muito. O ideal é aprender profundamente as manifestações populares para montar sua performance com cautela, baseada em informações seguras.

Posso citar as ghawazee: existe uma infinidade de trajes que foram utilizados em épocas diferentes e por clãs diferentes; tem que se levar em consideração a localização do clã, a história de peregrinação, a questão temporal, como também as ferramentas acessíveis em cada lugar para confecção de roupas.  O cigano absorve a cultura local e trará para sua arte muitas influências do local onde vive, levando em consideração todas as tradições das áreas circundantes. O estilo do traje ghawazee deve estar de acordo com o estilo de música escolhido, pois os dois juntos devem definir a região do povo que está sendo representado.

Estilos de trajes ghawazee Maazin e clãs antigos
(Fotos Gieldserpent, printerest.com e Wikipédia)

(Foto Farida Fahmy)




O terceiro e último problema que precisamos ficar atentas é investir em um traje folclórico como investimos em trajes de Dança do Ventre. 

Criou-se um conceito de que a roupa folclórica tem que ser mais barata, talvez pela ausência de bordados ou por ser menos comercial, porém, conseguir um modelo perfeito com as bijuterias e acessórios de acordo, necessita do mesmo tipo de investimento, você não pode reaproveitar tudo que tem no armário e achar que está fazendo uma roupa típica, pode até conseguir em alguns casos, mas em algum momento isso te trará problemas, pois cada povo tem suas peculiaridades. 

Então, o que fazer?

  • Começar a estudar a cultura antes da dança, para conseguir expressar a cultura no palco. Você precisa saber o que é importante realmente nesta região, quais as prioridades do povo, precisa conhecer a roupa local verdadeira, que é usada hoje e as que foram usadas no decorrer dos tempos. Sua performance folclórica deve seguir uma lógica temporal e cultural.
  • Fotografe ou pesquise fotos no Google dos trajes usados no decorrer das décadas do povo em questão, estude as variações de traje de acordo com o poder aquisitivo, trace um paralelo entre as roupas folclóricas usuais; se pergunte como a roupa evoluiu para as roupas de palco que você conhece, exclua os trajes que você não obtiver as respostas.

Tenho certeza que após uma pesquisa profunda você chegará a um lugar mais seguro dentro dos seus estudos.

Ouled Nails (Filhos de Nails, ciganas Argelianas) | (Foto www.pinterest.com)


[Folclore em Foco] O estudante de Dança Oriental dentro das danças folclóricas, populares e dança teatro

por Melinda James




Diferente da Dança do Ventre, o Folclore Árabe é ainda muito pouco divulgado no mundo todo, porém, é impossível estudar Dança Oriental e não se encantar com as Danças Regionais. Vou até mais fundo nisso: é impossível estudar e conhecer realmente Dança do Ventre sem estudar folclore.

E qual o motivo disso?

A Dança do Ventre que estudamos é uma dança muito jovem, uma dança que nasceu no século passado com a abertura dos cabarés no Egito e foi divulgada pelos meios de comunicação que ganhavam o mundo (cinemas, teatros, rádios). Antes disso, existiam, sim, as danças regionais, folclóricas ou populares que, de forma pura, traduziam a cultura do povo.



A Dança do Ventre atual evoluiu das danças folclóricas regionais, teve influência do balé (que entrou com toda a força no Egito no século passado) e se utilizou de intercâmbio cultural agregando movimentos de danças de outras partes do mundo. Por isto, ao estudar o folclore árabe, a estudante de Dança do Ventre passa a compreender de forma mais clara a origem dos passos e suas aplicações.

As Danças Folclóricas são danças muito antigas que estão diretamente ligadas ao cotidiano do povo árabe, geralmente são passadas de pais para filhos com muita naturalidade. Para estudar folclore árabe você tem que conhecer o clima, os temperos, a vegetação, o dia a dia de cada povo e de cada região, para entender, assim, o surgimento das gingas e dos movimentos essenciais de cada estilo. As músicas também são distintas e são a expressão artística mais pura do povo, traduzindo em seus ritmos quentes e em seus instrumentos rústicos, os sentimentos que as palavras não conseguem traduzir.


O que se entende como “danças folclóricas árabes” aqui no Brasil tem um conceito equivocado, pois com a mesma nomenclatura encontramos : “Danças Folclóricas” de fato, “Danças Populares” e “Dança Teatro”.

A Dança para ser folclórica “deve fazer parte da tradição e do rito do povo”  e segue uma série de critérios estipulados por estudiosos, como exemplo: tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade, aceitação coletiva, anonimato da criação, entre outros.


As Danças populares são aquelas que estão presentes no dia a dia do povo por um determinado tempo e que vão mudando ou até sumindo de acordo com os acontecimentos; são sujeitas a modismos por não terem todos os critérios exigentes para se tornarem folclóricas. Elas surgem muitas vezes inpiradas em um artista específico da moda e assim como qualquer manifestação artística, mudam de acordo com o tempo. Uma dança popular não traz problemas ao estudante de Dança Oriental no momento que o estudante aprenda a respeitar os conceitos temporais e esteja atualizado para entender as mudanças constantes do povo, caso o contrário, o estudo de danças populares poderá seguir uma linha equivocada.



Dança Teatro são danças que se inspiram em características populares e folclóricas mas são desenvolvidas em função da licença poética de seu autor. Elas não precisam ser fiéis aos dados reais e podem ser construídas de forma atemporal, pois estão influenciadas pela fantasia e criatividade  de quem as cria.  Utilizada pelos principais corpos de baile  egípcios.
As danças teatro, por terem uma força da mídia, muitas vezes são as que chegam mais rápido nas mãos dos estudantes; e por ter um trabalho coreográfico focado no encantamento, beleza e  fantasia, conquistaram o mundo.


No momento que o estudante não consegue separar a identidade artística do autor do folclore aplicado ou do povo que inspirou o trabalho artístico, este estudo pode ser levado a um trabalho equivocado, não pelos grandes autores, que são grandes mestres e sempre foram muito claros dentro do objetivo de suas criações, mas sim pelo entendimento de alguns estudantes que tem acesso ao material. Os estudantes passam a entender a identidade artística e manifestação pessoal dos autores como o folclore em questão e isso é um dos grandes problemas para o estudo da dança folclórica hoje.

Isolar a identidade artística de seu professor do folclore em questão é necessário para o seu crescimento e entendimento.


Como fazer isso?

Estudar folclore na fonte é a melhor forma, sair das metrópoles do país em questão e  ir aos cantos onde se encontram as minorias étnicas. Se isso não for possível, fazer muitas aulas do mesmo tema com bons professores locais, desta forma você irá conseguir isolar o que estava  presente em todos eles e  isso será a raiz  mais pura folclórica  dentro de sua pesquisa.


Folclore em Foco por Melinda James

Folclore em Foco
Nadja El Balady, Rio de Janeiro - RJ Brasil

Sobre a Coluna:

Nesta coluna abordaremos a respeito do folclore raíz e povos locais.



Colunista convidada anterior:

Comecei meu caminho na Dança Oriental em 1997, com uma professora no Rio de Janeiro, abri mão de todos os meus estudos anteriores como faculdade e trabalho na área de Administração para me dedicar por Completo, hoje, tenho uma escola que é referência em qualidade de Dança Oriental do Rio de Janeiro e pratico intercâmbio Cultural com os principais centros de dança do mundo. Desenvolvo pesquisas de Campo constantes no Egito, buscando professores locais para estudar danças folclóricas e Dança Oriental de forma original.

Nos últimos 3 anos fiz pesquisas de Campo no Egito, ao menos duas vezes ao ano, nestas pesquisas de campo consigo manter meu trabalho atualizado e conhecer a verdadeira cultura árabe que não é difundida aqui no Brasil. 

Neste meio do Caminho tive a oportunidade de conviver com as revoluções, e com isto, precisei sair do modo turístico, assim convivi com o povo, fiz amigos, comi da verdadeira comida e descobri a verdadeira dança, a arte do povo tem mudado muito porque o povo está mudando e tem sido extremamente enriquecedor artisticamente poder vivenciar isto de perto.

Melinda James é Bailarina, Coreógrafa, Produtora de Eventos e Diretora Artística do Grupo Al Qamar.


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