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O 'poder' de cativar


por Aerith


Esse é um tema que já comentei indiretamente em outros posts meus. Mas volto a falar mais explicitamente sobre ele, pois é um assunto que ando pensando nesses últimos meses.




Acredito que todos temos pré-disposição a determinados estímulos. Assim, tendemos para determinados gostos e nossa forma de ser e agir é formada. Contudo, para que isso ocorra, precisamos ter um parâmetro pré-inicial, o qual é adquirido com o nosso mundo  ao redor mais próximo , em um primeiro instante. Com esse primeiro mundo que temos contato, experimentamos o que gostamos e o que não gostamos e, através dessa “seleção” inconsciente, nossa personalidade começa a ser delineada ou demonstrada. Crescemos e somos apresentados a diversos estímulos diferentes; se tivermos pré-disposição àquilo, seremos despertados, se não, tal acontecimento passará despercebido.



Todavia, tem coisas na vida que acontecem totalmente inesperado e fora da rota “programada”. Às vezes podemos nos deparar com algo totalmente inusitado e mágico! Algo que nos desperte o interesse de forma tão estrondosa, como se tivesse chocalhado seu ser inteiro pelo avesso. E isso se deve a pessoas com dons especiais. Pessoas com o dom de cativar. Cativar significa plantar uma sementinha que, muitas vezes você nunca teve pré-disposição àquilo, que nunca esteve no seu círculo de interesses durante sua formação como pessoa. Pessoas cativadoras conseguem transformar sua realidade. Conseguem levá-la a um mundo de sonhos que você nunca conseguiu encontrar por conta própria, pois você não tinha a chave para abrir aquela porta. Porém, essa pessoa abriu a porta para você e lhe apresentou aquele universo totalmente diferente! E não só isso, aquela pessoa conseguiu tocar seu âmago. Nem todas as pessoas tem o dom de cativar. Você pode talvez ser apresentado àquela mesma situação diversas vezes na vida, mas nunca nenhuma dessas pessoas conseguiram fazer você enxergar um mundo fantástico que estava por detrás daquela porta. Apenas um tinha a chave.




Toda essa metáfora é para contar a relação que hoje tenho com a dança e quem me cativou. Sim, sim, foi a minha primeira professora, Kristinne Folly. Com certeza! Mas  o que quero contar não é sobre o fato da minha professora, como tantas outras, fazerem suas alunas entrar para esse universo ludibriante da dança do ventre.

Quem consegue cativar alguém é um artista! Quando se cativa, a pessoa que recebe isso guarda para sempre esse presente.  Sabe, no meu caso, hoje vejo que, se eu tivesse tido aula com qualquer professora de dança do ventre da minha cidade ou de qualquer lugar, provavelmente, eu não estaria mais na dança. Não estou dizendo de dança, de passos e de técnicas. Esses agora pouco importam e não são elas que mantém uma aluna na sala de aula ou uma bailarina dentro do palco. No fundo, pare, pense e reflita: o quê a mantém viva na dança? Qual é a chama que mantém seu ser dançante acesa?



Quando eu penso nessas perguntas, lembro-me da minha professora. Simplesmente porque foi ela quem me cativou! Se não tivesse sido ela, provavelmente nenhuma outra teria conseguido tocar e despertar meu ser da dança tão intensamente e ter mantido minha chama acesa até hoje! Com certeza  eu já teria enjoado da dança do ventre e já teria desistido dela há muito tempo atrás.



Cada um tem uma maneira de ser cativado. Há coisas que vão chamar atenção mais de umas do que outras pessoas. E isso é de acordo com o gosto pessoal de cada um, pois depende de como cada um foi criado, com que conviveu, como foi educado, ou seja, depende de como todo o seu meio externo agiu e interagiu com você.



Minha professora, antes de conhecer e se identificar com o tribal, já fazia fusões. E eu a conheci ainda nessa época (anterior ao seu envolvimento com o tribal fusion). Se ela não tivesse me mostrado esse outro  lado da dança do ventre, ter aberto meus olhos para essa outra possibilidade de poder  fazer fusão da dança do ventre com o seu estilo próprio, com seus gostos, sejam eles estéticos, musicais,etc, eu não estaria na dança, eu não teria levado a dança a sério. Sabe por quê? Porque eu não seria plena; eu não estaria completa. Eu não poderia ser eu na dança; eu não poderia  me expressar como sou e com todo o meu ser, pois a fusão me permite isso; e a dança do ventre por si só não me daria essa realização.



Então, com as fusões mais exóticas na dança do ventre foi que me apaixonei! Poder dançar com metal pesado, ou uma música celta, etc, usar um figurino medieval, ou mais gótico, ou mais roqueiro/metaleiro. Poder usar uma maquiagem mais pesada e uma expressão mais fechada, me deixava mais confortável, pois eu sempre tive dificuldades em sorrir. Tudo isso era tão maravilhoso! Me sentia tão livre e feliz de poder colocar meus gostos na dança e ser apenas eu! A dança não passa de uma forma, um veículo de expressão, portanto, estaria “falando” como sou para as pessoas. E esse fato me trazia uma satisfação e realização interior.

Portanto, sou aquilo que me cativaram! Permaneço nesse caminho da Arte por causa das pessoas que souberam me mostrar um mundo a parte. Um mundo de mágica, um mundo de criação, de espontaneidade e de liberdade que não tenho no “mundo real”. Se não fosse por essas pessoas, não estaria fazendo Arte, pois não teria sido despertada para isso. E não só isso, muitos gostos que tenho, formados durante a vida, devo a professores, amigos e parentes que souberam fazer-me abrir os olhos para àquilo, pois me transmitiram-no com tanto entusiasmo, ou com tanto carinho , com tanta paixão, que essa energia conseguiu , de alguma forma, me cativar.



Quando é cativado, você toma gosto pela coisa, você sai da sua rota e traça uma nova jornada. Quando se é cativado,  a sua chama interior é alimentada por toda uma eternidade. Quando se é cativado, você nunca se esquecerá de quem lhe cativou e motivou-lhe a estar nesse caminho. Quando se é cativado você vê a importância de fazer aquilo que gosta, pois tudo flui melhor e você se torna feliz. Quando você é cativado você entende que cativar é um dom que poucos têm e que poucos transmitem. Na dança, uns transmitem esse cativar apenas com sua dança, outros com sua história, outros com suas palavras, outros com seu estilo, etc. Quem cativa é aquele que dá o ponta pé inicial ou que lhe apresenta a um novo conceito e não necessariamente uma referência ou inspiração; às vezes podem ser a mesma coisas, mas em outras situações, são coisas distintas. Porém, quem cativa deixa uma marca e acende uma brasa em nossos corações, alimentando nossos sonhos. E somos o que somos, estamos onde estamos e continuamos nesse caminho porque alguém trouxe aquela única chave capaz de abrir a porta certa.




Então, venho aqui apenas para dizer aos professores: não sejam apenas aqueles que transmitem o conhecimento. Mas sejam cativadores. Façam aquilo que fazem com todo seu ser, com todo seu entusiasmo e paixão, pois isso com certeza tocará seus alunos e farão eles acreditarem naquilo que você ama também. Não tenha vergonha em se expressar! Não tenha vergonha em fazer o que gosta da forma que achar melhor, sem se prender a rótulos ou parâmetros pré-estabelecidos. Não se acanhe! Ouse! Desconstrua para construir. Seja apenas você, mesmo que isso seja estar contra a maré; porém,um dia,com certeza você encontrará sua tribo. Inove, renove, revolucione o seu ser e seja feliz. E lembre-se: vocês não terão sido responsáveis apenas por ensinar, mas serão responsáveis na formação de vida daquela pessoa e serão, portanto, lembrados para sempre em cada coração que cativou.

Entrevista #1: Kristinne Folly


Nossa primeira entrevistada é a bailarina Kristinne Folly, que dançou por muito tempo em Nova Friburgo-RJ e é grande adepta das fusões exóticas, como gótico,medieval e metal.


BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre;como tudo começou para você?
KRISTINNE FOLLY: Comecei em 1995, minha mãe sempre escutava música árabe, era um disco de vinil que ela tinha, chamado Port Said, e eu gostava muito. Sempre achei uma dança feminina, sensual e difícil que exige muita coordenação e os movimentos são lindos e marcantes.
Comecei com a professora Janaína Waldeck, em 1995, no Círculo Militar da Praia Vermelha, quando eu morava na Urca. Nem contei ao certo o tempo que tenho de Dança, mas desde 1995.

BLOG: Além da dança do ventre você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
KRISTINNE FOLLY: 
Quando eu era criança fiz Jazz e Ballet infantil, nem lembro o tempo rsrs eu era bem pequena.

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
KRISTINNE FOLLY: Primeira inspiração foi minha própria professora e logo depois foi Nayma Akef uma bailarina antiga que já morreu. Inspirações atuais são Rachel Brice, Ariellah Aflalo, Asharah, Zoe; as de tribal em geral.


BLOG: O quê a dança acrescentou em sua vida?
KRISTINNE FOLLY: Auto estima, confiança em mim mesma, serve como uma terapia e um ótimo exercício físico.

BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
KRISTINNE FOLLY: Os movimentos ,os benefícios que são muitos, os trajes e as músicas.

BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
KRISTINNE FOLLY: Sim, tem que correr muito atrás pra realizar algum evento; gasta muito dinheiro sem retorno; as bailarinas não se valorizam muito; dançam de graça ou por muito pouco, então é complicado levar isso como profissão. Outro problema são intrigas exageradas que sempre acontecem por causa de inveja ou pessoas soberbas.

BLOG: E conquistas?Fale um pouco sobre elas.
KRISTINNE FOLLY: Fiz vários trabalhos legais: fui representante da Colônia Libanesa em Nova Friburgo, participei da Festa da Arte (Nova Friburgo), Cadima Líbano, diversos Shows no Hotel Gamela (Cantagalo); não lembro aqui de todos os lugares que dancei, mas o que mais levo em conta foram minhas alunas que foram pessoas maravilhosas que conheci e até hoje sou amiga de algumas, a amizade foi a maior conquista.

BLOG: Você já sofreu preconceitos(na dança do ventre, fazendo fusões ou no tribal)? Como foi isso?
KRISTINNE FOLLY: Somente algumas professoras mais tradicionais falaram de mim por eu aderir esse estilo, mas não me recordo de algo mais.

BLOG:O quê prejudica na dança do ventre e como melhorar essa situação?Você acha que o tribal está livre disso ainda?
KRISTINNE FOLLY: As intrigas, inveja que muitas bailarinas tem de outras, competição entre as meninas! Na verdade eu não sei muito bem o que fazer pra melhorar isso, mas o ideal é sabermos respeitar o espaço de cada colega profissional e ter em mente que cada uma tem seu estilo e cada estilo agrada de uma forma, então se fossem todas iguais não haveria graça, sendo assim existirá um grupo de admiradores para cada uma e isso não deve gerar inveja em ninguém.

Eu acho que o Tribal não está livre disso, sempre vai existir uma que se julgue superior e pessoas invejosas sempre vão existir! Se na vida normalmente existe isso, imagina na dança que é muita mulher se misturando, e as mulheres são muito ligadas a " massagear o ego" mais que os homens, na minha opinião!

BLOG: Quando e por quê você começou a fazer fusões na dança do ventre?
KRISTINNE FOLLY: Em 2006, porque acho que a dança combina com outros tipos de música mesmo não sendo árabes nem egípcias e certas musicas mexem tanto comigo que seria um desperdício não dança-las como as medievais, celtas, metal em geral e clássicas.

BLOG: Como surgiu o Grupo Asgard?
KRISTINNE FOLLY: Em 2006, como me interesso por Mitologia Nórdica passei para Asgard o nome do grupo, foi também o período que comecei a fazer fusões.

BLOG: Como  e quando você descobriu o tribal fusion e porquê se identificou com esse estilo?Quando começou a praticar o tribal fusion?
KRISTINNE FOLLY:Acho que descobri por volta de 2006 / 2007 com algum vídeo da Rachel e gostei muito porque pude misturar minha técnica com minha personalidade.
A primeira apresentação de tribal foi no Hotel Fazenda Gamela na época da novela Caminho das Índias.

BLOG: O que você mais gosta no tribal fusion?
KRISTINNE FOLLY: Os movimentos robóticos, marcantes, as ondulações, as marcações, serpenteados, o mistério e a possibilidade de poder juntar a técnica a minha personalidade.

BLOG: O que você acha que falta à comunidade tribal?
KRISTINNE FOLLY: A mesma que a Tradicional: humildade, honra, amor ao próximo, respeito e união.

BLOG: Como você descreveria seu estilo?
KRISTINNE FOLLY: Um estilo marcante, o oposto de sutileza e suavidade. Geralmente meus movimentos são grandes e meio exagerados.

 BLOG: Como você se expressa na dança?
KRISTINNE FOLLY: De forma dramática, exagerada e marcante.
BLOG: Improvisar ou coreografar?E por quê?
KRISTINNE FOLLY: Cada um tem uma preferência, mas eu particularmente prefiro improvisar porque posso fazer o que sinto na hora, sentir melhor a música;quando faço uma coreografia me sinto presa.

BLOG:  Você trabalha somente com dança?
KRISTINNE FOLLY: Agora a dança nem chega a ser uma profissão e sim uma terapia. Estou trabalhando com Estética e também sou formada em Processos Gerenciais pela UCAM.

BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.
KRISTINNE FOLLY: A dança é muito boa, massageia nosso ego, levanta a auto estima, mas não podemos nos tornar soberbos!

Contato:
(21)7970-3284
 kfolly@gmail.com







Para conhecer mais os trabalhos desta bailarina, acesse seu canal no Youtube!

Kristinne Folly






Bem, eu devo 50% do meu amor a dança, minha continuidade na dança do ventre e minha entrada no tribal graças a ela, minha primeira professora de dança do ventre, Kristinne Folly.

Acho que um post sobre ela é necessário nessa minha empreitada nas danças do ventre. hehehe Acho que vai ficar quase um depoimento, né! Mas eu tenho que começar com esse assunto pelo início,não é mesmo? Rsrs

Bom, se não fosse pelo estilo totalmente inusitado e ousado que essa pessoa sempre defendeu em seu amor à dança eu acho que não teria continuado. O meu amor pela dança do ventre cresceu quando eu descobri que era possível você dançar conforme o seu coração bailava; conforme sua alma gemia e seu corpo trepidava. Você pode ser capaz de dar forma e cor a dança! Você pode dar o seu nome a dança e ser você independente do que os outros pensam. Você literalmente dança um poema com o ventre( e essa palavra você deve pensar metaforicamente como algo mais profundo, como o início do universo, e o âmago do seu ser).

E isso que aprendi com a Kristinne. Não que ela tenha me dito isso alguma vez em suas aulas. Na verdade ela nunca me disse isso, mas ela me ensinou isso; e ensinar é muito mais do que você "falar"; é você "sentir" também. E ensinar o "sentir" das coisas é muito mais difícil...pois nem todas as pessoas entendem que você está ensinado isso, pois está nas entre-linhas.



O estilo da Kristinne, desde a aparência, uso de muito preto, cabelo pintado(quando conheci era ruivo), roupas medievais e góticas, adornos também, gosto por metal pesado. Achei muito legal o estilo , mas o mais legal foi ela trasnportar isso para a sua dança do ventre, e não se importar se isso ia ou não agradar os outros! E por causa dessa ousadia que achei mais legal! Por causa disso acho que ela já tinha a essência tribal mesmo dançando dv com fusões.

Hoje, além de ser minha professora, ela é minha amiga e inspiração^^ E ouso dizer que ela , para mim, é uma das melhores bailarinas de tribal do Brasil!HOHOHOHO

O que mais gosto da dança dela: o uso de muita técnica, há muitos quebrados

O que mais gosto do estilo dela: a mistura com gótico, medieval/celta e metal pesado.

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