No mês de setembro, nossa entrevistada é Yamê, bailarina de Ouro Preto(MG), mas que atualmente reside e dança em Nova Jersey, Estados Unidos. Uma entrevista muito completa em vários sentidos, mostrando um caminho desde iniciante à profissionalização; seu lado alternativo com o metal; parâmetros entre a dança do ventre no Brasil e EUA, e muito mais!! Vale a pena conferir!
BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre;como tudo começou para você?
Eu sempre gostei de dançar. Quando nova, sempre quis fazer aulas de ballet, pois todas minhas colegas faziam, mas por ter vários problemas ortopédicos eu era proibida de fazer ballet. Eu era de cidade pequena, então meu único contato com a dança do ventre deve ter sido quando pré-adolescente, pela televisão. Lembro que às vezes apareciam umas bailarinas de dança do ventre em alguns programas na Globo; e tinha também a Shakira, com o clipe "Ojos Asi." Eu sempre achei fascinante, mas nunca pensei em fazer e, de qualquer forma, naquela época eu provavelmente não teria encontrado aulas na minha cidade.
Eu me mudei pros Estados Unidos no ano 2000, com 13 anos de idade. Mas foi apenas com 20 anos que comecei a dança do ventre. Eu fazia faculdade e trabalhava e era viciada em World of Warcraft. Totalmente sedentária. Um dia eu parei de jogar World of Warcraft e isso me deixou com um tempo livre absurdo. Eu comecei a passar esse tempo assistindo vídeos no Youtube e por algum motivo comecei a procurar vídeos de dança do ventre. Fiquei obcecada... eu tinha que aprender. Então eu comecei a aprender pelo Youtube mesmo e depois com DVDs, enquanto procurava aulas.
Eu demorei alguns meses pra achar as aulas, mas praticava sozinha todos os dias e sempre assistia vídeos de apresentações de bailarinas profissionais. Minha primeira aula foi com uma professora chamada Ashtar, que dava uma aula meio estilo ATS®, mas não era oficialmente chamada ATS®, pois não era aprovada pela FatChance BellyDance. Basicamente o estilo era único, criação da própria Ashtar, mas inspirado no ATS®.
Eu fiz apenas alguns meses de aulas com ela até perceber que aquele não era o estilo que eu queria fazer. Eu gostava da estética do tribal, das roupas e tudo mais, mas, em termos da própria dança, eram os estilos orientais que me encantavam. Eu demorei mais alguns meses pra achar uma professora no estilo egípcio, então foi mais um bom tempo estudando sozinha. Acho que todo esse tempo estudando sozinha me ajudou a desenvolver uma certa disciplina e independência.
Nos próximos anos eu fiz aulas com várias professoras, mas sempre a aula era longe demais ou faltava alguma coisa. Fiz aulas com professoras que nunca mencionavam termos musicais, danças folclóricas, etc. Eu fui aprendendo todas essas coisas pesquisando sozinha. Demorei uns 2 anos pra encontrar minha professora atual. Agora, eu tenho mais ou menos 5 anos de dança.
BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
Com certeza a minha professora atual, Tashira. Estou com ela agora há 2-3 anos, ela é mais do que minha professora, é minha mestra e conselheira, minha amiga e minha segunda mãe. Ela foi (e ainda é) uma grande bailarina, das mais admiradas em Nova York nos anos 70, e viajou pelo mundo árabe dançando também.
A Ashtar também teve um grande impacto no meu aprendizado. Antes da dança do ventre, ela dançou ballet a vida inteira. Agora eu faço aulas de ballet com ela, que têm melhorado bastante minha postura, meus braços, minhas linhas, meus pés, coordenação, etc.
A Lulu (do Brasil) marcou demais. Eu fiz apenas uma aula particular com ela, mas essa aula valeu por mil. Ela é genial, e é um amor de pessoa. As correções e conselhos que ela me deu expandiram totalmente a minha visão da dança do ventre; abriram portas de expressão que eu nunca tinha imaginado. Eu até hoje me lembro e tento sempre aplicar. Se eu morasse no Brasil faria aulas com ela sempre.
BLOG: Além da dança do ventre você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Há uns dois anos eu comecei a fazer aulas de ballet. Várias bailarinas egípcias atuais têm algum treino em ballet, assim como as brasileiras, as argentinas, as russas e ucranianas, que também admiro muito. Fora isso, nunca fiz nenhum outro tipo de dança.
BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Minha primeiríssima inspiração foi a Ansuya. Também curtia bastante a Rachel Brice. Foram os vídeos delas que me convenceram que eu devia fazer aulas.
Atualmente minhas inspirações são as bailarinas egípcias. Gosto muito da Dina, Randa Kamel, Aziza do Cairo, Soraia Zaied (acho que já dá pra considerar ela egípcia, né?), adoro os workshops da Raqia Hassan. Também curto muito as orientais antigas: Tahia Carioca, Soheir Zaki, Fifi Abdu, Mona Said, Nesrin Topkapi e várias outras. Fora do oriente médio minhas preferidas são: Aida Bogomolova, Ju Marconato, Kahina, Saida, Lulu Brasil, Nur, Daria Mitskevich, e tantas outras.
BLOG: O quê a dança acrescentou em sua vida?
Atividade física, metas e objetivos, um canal pra expressão artística, uma conexão com o meu lado musical e, além disso tudo, eu fiz amizades que jamais teria feito fora da dança. Acima de tudo, o próprio ato (dançar) me deixa muito feliz.
BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
É difícil, mas sem ser elitista. Tem um lugar pra todo mundo nessa arte. Mesmo que nem todo mundo possa ser profissional algum dia, todo mundo pode dançar socialmente, ou fazer apresentações em festivais e eventos amadores,obtendo, assim, vários dos benefícios que essa dança pode oferecer ao corpo e à mente. Não importa a aparência, o peso ou a idade da pessoa. Tem alguma coisa pra todo mundo (que se interessa) nessa dança.
BLOG:O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação?
O que mais prejudica a dança do ventre são bailarinas com pouco treino e técnica ruim dançando profissionalmente, dando aulas, etc. Isso não me parece um grande problema no Brasil, mas também eu estou olhando de fora e não sei exatamente como as coisas são por aí. Mas aqui isso é um problema enorme, pois qualquer uma pode comprar um figurino bonitinho e sair por aí procurando trabalho em restaurantes, festas, etc, independente da competência da pessoa na dança. Às vezes o público não percebe, mas acho que na maioria dos casos as pessoas vêem aquilo e, se é o único contato da pessoa com a dança do ventre, ela pensa: "Nossa, que fácil, qualquer um consegue fazer isso!"; ou "Nossa, que vulgar, é só uma mulher semi-nua rebolando."
Onde isso é comum, não é algo que vai mudar da noite pro dia. O que a gente pode fazer é treinar bastante, tentar ser o melhor que a gente pode ser, ter padrões e expectativas altas pra nós mesmas e paras as pessoas ao nosso redor. Padrões altos são contagiosos. Quando a gente sabe que nossas colegas são críticas, a gente tem medo de apresentar um trabalho mal feito e faz mais esforço pra melhorar.
BLOG: Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou fusões? Como foi isso?
Não tem como agradar todo mundo o tempo todo. Sempre tem gente que vai achar que dança do ventre é vulgar, gente que não gosta da sua escolha musical, gente que não gosta do seu estilo, gente que não gosta do seu corpo, etc. Eu não perco tempo com essas pessoas. Tenho minhas metas e corro atrás delas, do meu jeito e dentro do meu tempo.
BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
É frustrante morar em um lugar com poucas professoras e poucas oportunidades, ter que viajar pra fazer workshops, pra trabalhar, etc. Mas eu não sou a única pessoa no mundo nessa situação, e podia ser pior, existem lugares bem mais remotos. A gente faz o que pode com os recursos que tem.
BLOG: E conquistas?Fale um pouco sobre elas.
Minha primeira apresentação, com apenas alguns meses de dança, foi minha maior conquista. Eu sempre fui ultra tímida, tinha muito medo do palco e nenhuma experiência me apresentando em público. Desde aquele dia eu venho aos poucos superando isso.
Ao longo dos anos eu recebi o apoio de membros de várias bandas (a maioria de metal), cujas músicas usei em vídeos que postei no Youtube, e de professores, bailarinos e bailarinas que admiro muito.
Em 2011 eu participei de um DVD instrucional com a Sarah Skinner, "The Belly Dance Shimmy Workout", uma experiência incrível logo no começo da minha carreira profissional.
Esse ano eu tive a oportunidade de dançar no restaurante mais prestigioso (em termos de qualidade de dança) no meu estado. Com certeza uma grande conquista pra mim.
BLOG: Quando e por quê você começou a fazer fusões com metal na dança do ventre? Como você encara essa fusão?
Eu comecei a dançar dança do ventre ao som de metal, quando eu comecei a fazer dança do ventre. Foi natural, pois eu estava começando uma dança nova e não conhecia música árabe. Eu escutava praticamente só metal, então era o que eu tinha pra praticar.
Dançar dança do ventre ao som de metal, na minha vista, não é uma fusão. Pra mim fusão é pegar duas (ou mais) danças e misturar elas de um jeito deliberado. Metal é um estilo musical e não um estilo de dança, portanto, não tem muito a ser fusionado, fora, talvez, a atitude ou um pouco de headbanging, mas não é isso que eu faço. Tudo que eu faço que lembra "headbanging" vem de outras danças ou rituais do oriente médio, como khaleegy, kawliya, chaabi marroquino e zaar.
Aos poucos eu fui conhecendo música árabe e hoje em dia amo vários estilos de música árabe, mas continuo amando os mesmos estilos de metal que eu curtia antes. Eu acho super importante conhecer as raízes da dança e não se limitar apenas aos gostos musicais de antes da dança. É válido fusionar, criar novos estilos, usar músicas diferentes, mas conhecendo nosso público e respeitando o contexto e tudo mais.
Em evento de dança do ventre, ou em festa, restaurante, etc, eu uso sempre música árabe. Em evento temático, alternativo, show de metal, etc, é que eu me sinto livre pra usar metal.
BLOG: Como as pessoas reagiram com suas fusões com metal?
Meus vídeos de metal foram muito bem recebidos. Na época que eu comecei a postar, quase não existiam vídeos de dança do ventre com metal, então era diferente. Recebi elogios de membros do Thyrfing, Asmegin, Orphaned Land, e até convites pra dançar em shows. Até hoje, apesar de raramente postar vídeos de metal, boa parte dos elogios e até oportunidades que eu recebo são por causa dos meus vídeos de metal, e não por causa dos "tradicionais."
BLOG: Como surgiu a idéia de criar um canal no YouTube para divulgar sua dança, principalmente o seu lado alternativo? Você acha que isso criou oportunidades? Por quê?
Eu nem pensei em divulgar nada. Eu criei o canal pra postar vídeos do World of Warcraft, antes de começar a dançar.Quando eu comecei a dançar, eu postava vídeos caseiros para ver como seriam recebidos. Eu pensei que ia receber muita crítica negativa, mas pelo contrário, recebi muito apoio e encorajamento. Sem isso talvez eu nunca teria a coragem de enfrentar o palco, mas pela reação que eu recebi no Youtube eu resolvi tentar superar o medo e a timidez.
BLOG: Você foi uma das primeiras bailarinas a publicar vídeos amadores com metal pesado na internet. Como era a receptividade desse material naquela época? E hoje em dia, você acha que isso mudou?
A receptividade na época foi bem maior do que eu tinha imaginado, mas hoje em dia acho que é maior ainda. Eu não tenho mais tempo pra fazer vídeos caseiros, e a maioria das minhas apresentações não são de metal, então é raro eu postar vídeos nesse estilo; mas julgando pelos vídeos de outras meninas que postam vídeos caseiros de dança do ventre com metal, a receptividade é enorme. Os vídeos caseiros dessas meninas também são bem melhores, gravados em espaços maiores e mais abertos, e com câmeras melhores, então são mais legais de assistir.
Metal tem muito fã no mundo inteiro. Mas ver clipe oficial de música, clipe da banda tocando ao vivo, clipe de montagem aleatória, etc, acaba cansando. A dança é um jeito adicional de expressar a música visualmente, e é legal de assistir.
Pra quem toca algum instrumento ou canta, o metal é um canal de expressão, mas pra quem não toca nada e não canta muito bem, ouvir música é gostoso, mas dá vontade de liberar aquela energia expressiva de alguma forma, e a dança é mais um canal pra fazer isso. Mais e mais pessoas estão percebendo.
Além disso, o Youtube vem ficando mais e mais popular, então a audiência hoje em dia é maior do que era há poucos anos atrás.
BLOG:Você chegou a se apresentar junto com a banda ou tem pretensão disso futuramente?
Ainda não, mas já fui chamada. Então é apenas uma questão de tempo!
BLOG: Você acha interessante bailarinas de dança do ventre se apresentarem com bandas de metal, como no caso de bandas como Epica e Therion que têm participações das mesmas com certa freqüência?
Eu acho ótimo!
BLOG: Como surgiu a oportunidade de participar do DVD Belly Dance Shimmy Workout For Beginners, com Sarah Skinner? Conte-nos sobre essa experiência.
Uma amiga dela viu meus shimmies e me recomendou. De todas as outras pessoas que queriam fazer parte do DVD, eu acabei sendo escolhida junto a uma das minhas melhores amigas, a Victoria. E eu nem sabia que ela ia participar, foi pura coincidência. Então foi ótimo, trabalhar com uma bailarina famosa e com uma grande amiga.
Os ensaios e a gravação foram feitos em Nova York, que é umas 2 horas daqui. Foi uma época pesada, pois eu tinha que correr para Nova York logo depois do trabalho para ensaiar, e eu chegava em casa de madrugada, e tinha que trabalhar no dia seguinte. Os ensaios em si eram ótimos, mas as 4 horas de viagem por dia foram osso. Ainda bem que não durou muito.
Mas no final, claro, valeu muito a pena. Eu pude trabalhar com a maior produtora de DVD’s de dança do ventre, aprendi bastante sobre todo aquele processo da gravação, produção e venda de DVD’s e conheci as pessoas por trás daquilo tudo. Foi uma experiência completamente diferente de qualquer coisa que eu já tinha feito antes, e foi ótima.
BLOG: Como é participar de um evento tão conhecido internacionalmente como Rakkasah East?
Rakkasah East é um festival bi-anual de dança do ventre bem no meu estado. Acho que é o equivalente do Mercado Persa, no Brasil. Quando eu comecei a dançar, eu ia lá assistir e ficava encantada com a coisa toda. Quando me senti preparada, dancei lá uma vez e depois disso virou tradição. Danço lá todo ano, 2 vezes por ano se puder. Lá tem de tudo: alunas iniciantes, intermediárias, avançadas;dançarinas profissionais, dançarinas famosas; tem homem, mulher, estilos árabes, turcos, americanos, fusões; tem troupes e solos, enfim, tudo. Tem umas apresentações muito loucas (digo isso como elogio e também como crítica).
Tem dezenas de mesinhas de vendedores vendendo roupas, acessórios, CDs; e dura 3 dias, com duas festas de noite, depois que o evento fecha. É bem divertido de passar o dia e a noite, quando é possível. Esse ano, infelizmente, não vou poder participar da segunda Rakkasah (em outubro), mas é por uma boa causa: estarei no Brasil em outubro!
BLOG: Você é brasileira, mas atualmente mora nos EUA. Conte-nos como é a dança do ventre neste país e o que você mais sente diferença com relação à dança oriental no Brasil.
Minha experiência com a dança do ventre no Brasil é muito pequena. Eu vou uma vez por ano e, quando posso, eu faço aulas particulares com dançarinas brasileiras que admiro bastante. Mas pelo que eu já vi daí, pessoalmente e pela internet, eu acho que a qualidade da dança do ventre no Brasil é infinitamente maior do que a qualidade da mesma aqui nos EUA. Acho que as bailarinas aí começam mais novas e, normalmente, com experiência em outras danças. Elas levam a dança mais a sério, fazem várias aulas por semana, estudam e se dedicam bastante. Várias fazem faculdade já pensando em como integrar a matéria com a profissionalização na dança. Talvez aí tenha mais mercado para dançar profissionalmente e viver apenas de dança, então as pessoas possam investir mais.
Quando eu vou na Khan el Khalili, eu acho incrível a qualidade da dança lá. É muito raro eu me impressionar tanto com os shows que vejo aqui. Claro, aqui existem bailarinas excepcionais também, mas são mais raras.
A pedagogia aí também parece bem melhor. Eu aprendi demais nas poucas aulas particulares que fiz no Brasil, cada vez com uma bailarina diferente. Elas enxergam os erros e defeitos com muita facilidade, sabem corrigir muito bem, trabalhar com suas dificuldades, explicar direito o que elas querem de você. Aqui é muito difícil encontrar professoras assim. Novamente, elas existem, mas são raras.
Por outro lado, uma grande vantagem de morar e dançar aqui é que existe gente de tudo quanto é país e dá pra aprender muita coisa indo pros restaurantes e clubes étnicos, como cliente mesmo, e dançando com o povo também. É como ter um pedacinho do Oriente Médio pertinho de casa. No Brasil tem algumas colônias árabes, mas não é como aqui. Aqui um dia você dança para ou com marroquinos, outro dia com egípcios, outro dia com sírios e libaneses, outro dia com emirados, ou com iraquianos, iranianos, turcos, etc. Tem que entender um pouco de cada cultura, música, e dança. Eles apreciam demais quando você conhece as músicas e danças deles, ou quando você está tentando aprender. É muito divertido.
E aqui é mais comum ter participação do público nas nossas apresentações. Com público americano nem sempre funciona muito bem, mas com público árabe/oriental é muito legal chamar o pessoal pra dançar no meio do nosso set. Eu acho isso legal, quebra um pouco o gelo, o clima fica mais casual e as pessoas ficam felizes por poderem participar.
Aqui também a cena de música ao vivo é bem maior, apesar de não ser nada em comparação ao que era nos anos 70. Não existem mais os clubes com música ao vivo e dança todas as noites, mas pelo menos existem alguns com música ao vivo e dança 1-3 vezes por semana. A música ao vivo é uma parte integral da dança do ventre, é uma pena que a gente vem perdendo isso ao longo dos anos. No Brasil parece mais rara do que aqui e, apesar de estar crescendo, a qualidade ainda não é a mesma.
BLOG: Como você descreveria seu estilo?
O meu estilo é algo entre o cabaré americano e o estilo egípcio. Não sou puramente um nem outro, mas minha tendência é mais egípcia do que americana. Meu jeito de dançar é mais clássico do que moderno, mas eu pretendo integrar mais elementos modernos no futuro, pra ser mais versátil.
BLOG: Como você se expressa na dança?
Quando eu danço, tento expressar a música através dos meus filtros. Não quero expressar apenas a história que a música conta, mas sim o que ela significa pra mim, e o que a música me faz sentir. O que eu expresso depende da música. A música sempre determina os movimentos, a expressão e a energia.
BLOG: Quais seus projetos para 2012? E mais futuramente?
Esse ano estou cheia de projetos. Pretendo dançar em restaurantes mais frequentemente e fazer parte de shows profissionais em palco, que é algo que eu não tive muito a oportunidade de fazer. Eu comecei uma dupla com uma amiga minha, Aasiyah, e vamos começar a fazer mais trabalhos juntas.
Estou continuando com minhas aulas e fazendo uns workshops ótimos esse ano. Tenho muito o que aprender ainda, muita técnica pra aprimorar. Nunca vou deixar de ser aluna. Por mais que eu esteja ocupadíssima, jamais abandono minhas aulas.
Mais futuramente quando todos esses projetos derem uma acalmada, vou começar a dar aulas semanais na minha área.
BLOG: Improvisar ou coreografar?E por quê?
Os dois.
O improviso é essencial na dança do ventre, pois a gente nunca sabe com certeza como vai ser nosso palco ou área de dança, como a platéia vai estar organizada, etc. Nós temos que saber como lidar com o imprevisto.
Aqui um set costuma durar uns 25 minutos. Se é música ao vivo, você não sabe que músicas vão tocar, ou se sabe, não sabe como vão tocar,tem que saber improvisar. Se for CD, você conhece exatamente o som, mas não dá pra coreografar 25 minutos de dança toda semana, ou várias vezes por semana. Não tem como.
Também é importante saber criar a conexão dançarina-música-platéia no momento. Aquela coisa que os árabes conhecem como "tarab." O tarab de verdade não existe em coreografia; tem como fingir tarab em uma coreografia, mas não é real se não está acontecendo no momento, se desenvolvendo como reação à energia daquela platéia em especial, à aquela música específica. E esse é um elemento importantíssimo da dança do ventre.
Por outro lado, hoje em dia também é essencial conseguir aprender e reter coreografias. Quase todos workshops, inclusive de bailarinas/bailarinos do Egito, são de coreografia. Pra dançar em grupo, tem que ser coreografia. Às vezes é até bom coreografar solos, porque hoje em dia o público quer ver danças mais e mais complexas e variadas, e é mais fácil criar danças complexas através de coreografia do que improvisando.
BLOG: Você trabalha somente com dança?
Não, eu tenho um emprego em uma firma de advocacia que me sustenta.
BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.
Aerith, muito obrigada por ter me convidado para fazer essa entrevista. Agradeço a todos que leram pelo interesse, apoio e paciência!
Contato
Tel/cel: 908 219 9263