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Bailarinas do mesmo ventre



Avisos:

1-O texto é muito grande, com 6 páginas no Word, então leia se você realmente tiver tempo e interesse pelo assunto.

2- Eu não dividi o texto em partes porque a pessoa pode não ler as demais partes, por isso, se preferir, divida a leitura conforme o seu ritmo ou entusiasmo pela mesma =)

3- Essa é a minha opinião e não a verdade absoluta, eu estou aberta a diferentes perspectivas e,sim, posso mudar de opinião caso eu veja que o embasamento apresentado é coerente. Mas,por favor, vamos manter a cordialidade e uma discussão saudável, no intuito de aprendermos e nos completarmos uns com os outros .

Esse texto foi  escrito em função da seguinte  indagação da bailarina Natália Espinosa:  “O quê é o Tribal Fusion?”

 
Falar sobre o que é o Tribal Fusion requer sair da "zona de conforto", sem indagações e contestações, para colocar nossas mentes para refletir e tentar raciocinar diante do tema, que não é tão simples assim, principalmente no Brasil. Primeiro, porque não moramos nos Estados Unidos, particularmente, na Califórnia, que foi o berço da dança. Conhecer o local, entrar em contato com sua cultura e “respirar o mesmo ar” é importante para começar a entender todo esse processo. Há de se pensar também no processo  histórico, político, sócio-cultural para entender tudo isso. Ou seja, é bem mais complicado para entendermos  do que as norte-americanas. Talvez, isso esteja na mesma proporção delas entenderem o samba e todo o processo que este também possui na nossa cultura. Segundo, como já dito anteriormente, a dança entrou faltando peças, aqui no Brasil. Faltou explicarem sobre o ATS® e que este era a base do Tribal Fusion. Ou seja, faltou uma parte bem grande a ser explicada. Quando conseguiram encaixar essa peça na cena, a dança já estava enraizada e, com ela, seus vícios, suas disfunções e carências. Mas houveram bailarinas engajadas em recuperar tudo isso e reconstruir  tudo isso. A dança tribal ainda é recente no país e , por mais que o acesso as informações e professores tenha sido aumentada, a comunidade de dança do ventre ainda não entende o que é o Tribal. Tudo isso eu já disse em um post anterior, que você pode ler aqui, caso tenha interesse.

Na minha opinião, o Tribal Fusion faz parte do grupo de danças do ventre. Danças essa que não é só a dança do ventre com “glamour” ocidentalizada que estamos acostumados a ver em cima dos palcos. Pensar em Tribal Fusion é  pensar no que é a própria Dança do Ventre. É tentar sistematizar as idéias para que essas tenham coerência entre si.  De forma bem simples(resumida), conhecemos a Dança do Ventre:


  • Tradicional -libanesa, egípcia,etc; 
  • Clássica - bases no ballet clássico, como giros, postura elegante, meia-ponta,etc;
  •  Moderna  tem um visual mais flexível,músicas mais parecidas com ocidentais mantendo-se os ritmos árabes,etc;
  •  Folclore Árabe - Ghawazee, Khaleege, Hagalla,Fellahi,Núbia,etc;
  •  Fusão - fusão da base de passos da dança do ventre com outras danças, como indiana, flamenca, africana,etc. 



Todos esse conjunto de dança faz parte das danças “do ventre”. Claro, muitas delas fazem referência à dança ligado originalmente ao arquétipo feminino, à celebrações cotidianas ou estacionais das diferentes épocas do ano, da fertilidade, gestação e maternidade. Essas danças tem em comum muito gingado ,movimentos acentuados nos quadris, ondulações e vibrações abdominais. Sim, existem as danças árabes que são masculinas, mas estamos entrando apenas no mundo feminino, pois é o enfoque em questão. 

As danças folclóricas árabes são de diferentes lugares do Oriente Médio( “um termo que se refere a uma área geográfica à volta das partes leste e sul do mar Mediterrâneo. É um território que se estende desde o leste do Mediterrâneo até ao golfo Pérsico.” ) e Norte da África. Eu aprendi que estudar dança do ventre requer deixar a preguiça de lado e olhar todo o contexto em si. Então, para nos situarmos, temos que procurar um mapa geográfico e visualizar os países que fazem parte do:

·         Oriente Médio (Afeganistão, Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Chipre, Egito,Emirados ÁrabesUnidos,Lémen,Israel,Irã,Iraque,Jordânia,Kuwat,Líbano,Líbia,Omã,Palestina,Qatar,Síria,Sudão e Turquia);

·         Norte da África(Egito, Líbia,Sudão, Argélia, Marrocos e Tunísia).

Ouled Nail
A partir daí,temos que conectar às danças folclóricas que conhecemos.Por exemplo, o Hagalla é uma dança beduína, encontrada no Egito e Líbia.Dança Núbia é originária da Núbia, região entre o  Egito e Sudão ao longo do Rio Nilo.Fellahi é no Egito, uma dança de agricultores. Khaleege é uma dança do Golfo Pérsico( Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Quatar, Bahrein , Kuwait, Iraque, e Irã.). As ghawazee são denominadas ciganas egípcias que,provavelmente, imigraram do Norte da Índia. Na Argélia temos as Ouled Nail. Enfim, essas são algumas danças típicas e suas regiões de origem.

Agora vamos nos voltar para a dança tribal. Sabemos que o Tribal tem três principais bailarinas que participaram do seu desenvolvimento: Jamila Salimpour, Masha Archer e Carolena Nericcio. A partir disso, podemos pensar em cada uma delas separadamente para depois juntá-las.

Pensei primeiro: “O quê é Jamila Salimpour?” Quais suas inspirações, influências? Como foi criado o Bal Anat? Eu não vou desenvolver tudo isso, pois isso daria outro enorme post. Então, de uma forma sucinta vou tentar colocar as respostas e esquematizar aqui. 

1)Anteriormente, Jamila foi dona de uma casa noturna, Bagdad Cabaret, no Broadway. E isso é um fator importante no contexto da dança tribal por dois motivos, na minha opinião: 


  • por ela ter estado em contato com diferentes bailarinas do Oriente Médio, conhecendo diferentes passos e catalogando os movimentos, criando um rico repertório de passos; 

  • para a construção de uma dança de entretenimento, uma dança performática.
Bal Anat

 
2)Na década de  60, o Bal Anat nasceu no contexto do Renaissance Faire, sendo um grupo bem circense, devido a sua bagagem como acrobata, havendo  apresentações acrobáticas, show de mágica, música ao vivo e representação de  fusão com danças  folclóricas do Egito, Marrocos, Argélia e Turquia de forma teatral e através de licença criativa/poética alteravam tais danças, ao introduzir alguns movimentos modernos, porém,  de forma a aparentar que eram representativos  ao arquétipo antigo para o público.Logo, a primeira geração tribal nasceu da fusão entre  as danças folclóricas de tais regiões. O figurino do Bal Anat era baseado no Norte de África e do Mediterrâneo Oriental, assuit escuros, uso de máscaras, cobras e espada(sim, Jamila também foi a criadora da dança com a espada e com a cobra na dança do ventre). Assim, este tipo de tribal é chamado como Tribal Folclórico, termo que John Compton utilizava para descrever seu próprio grupo, Hahbi ' Ru, que é uma linha bem forte do Bal Anat.
 
Hahbi ' Ru

Nosso segundo pilar foi Masha Archer,aluna de Jamila e professora de Carolena Nericcio. Masha tinha uma óptica diferente da dança do ventre, ela queria valorizá-la, trazendo-a para cima dos palcos, tirando-a da marginalidade que ela vinha sendo tratada em bares e restaurantes. Masha formou, nos anos 70, o San Francisco Classic Dance Troupe, cujo estilo era denominado “Tribal Art Nouveau”, pois ela utilizava figurinos em tons pastéis, joalherias pesadas de tribos e peças antigas tanto do Oriente Médio quanto da Europa, fazendo alusão a Arte Européia;além do uso de outras músicas além das tradicionais folclóricas, mas músicas clássicas e óperas, o que compunha todo uma visão de uma dança que lembrasse pinturas européia.

San Francisco Classic Dance e Masha Archer(à direita)

O terceiro pilar e o fomentador do estilo Tribal, é Carolena Nericcio. No final da década de 80, ela cria o seu grupo, o FatChance BellyDance(FCBD). Carolena teve muita bagagem herdada por Masha, mas a distribuição das bailarinas no palco teve influência de Jamila: forma de coro em meia-lua, havendo momentos de destaque entre um pequeno grupo de duas ou três bailarinas que depois retornavam ao coro principal. No figurino há o uso de calças bufantes, xales,cholis ,sutiã de moedas e uso de adornos étnicos e flores e muitas jóias étnicas.  Ao figurino foi acrescentado turbantes, saia rodada, bindis e cinturões com pom-pons, além de ser um figurino mais sério, com  mais uso do preto e cores vivas.Carolena resgata as raízes folclóricas  do Norte da África e do Oriente Médio, acrescentando a postura , projeção do tórax, braços e alguns passos da dança flamenca, e o Kathak, dança do Norte da Índia, também foi acrescentando, através de giros e outros movimentos  adaptados deste. Assim, houve a formatação dos passos mais utilizados a partir da necessidade de apresentá-lo em diferentes espaços(pequenos ou muito grandes), por meio da improvisação coordenada.

OBS:Lembrando que o ATS® não é a fusão aleatória da dança do ventre, indiana e flamenca! É uma dança formatada, que possui características próprias e independentes das danças anteriores mas que usou recursos das mesmas para criar sua própria identidade. Eu não vou me alongar nesse ponto, pois já dei a minha opinião sobre isso nos textos anteriores, quem se interessar, leia aqui.

Carolena Nericcio
 
Nesses três exemplos vemos o uso do termo “estilo tribal americano”. O termo “estilo tribal” pela tentativa de representar tribos e seus arquétipos de antiguidade. Contudo esse estilo não era genuíno, não era verdadeiramente étnico, pois eles não representavam fielmente seus folclores, modificando passos e figurinos; o termo “americano” é empregado para esclarecer que é uma adaptação americana, ou sob a óptica, “sensibilidade” dos norte-americanos em recriar aquele folclore e trazê-lo para nossa atualidade/realidade. Os americanos são muito performáticos, sempre elevando a arte em proporções de espetáculos e isso pode ter sido visto desde Jamila e seu show circense, visando a diversão e o entretenimento dos espectadores de forma impactante, inusitada e hipnotizante, através de uma série de atos entre  dança, malabarismos e magia. Esse lado circense é muito característico até hoje no Tribal Americano.

 
De uma forma bem simples, poderia ser um “Neo-folclore” se esse termo fosse permitido, mas deixo claro que o emprego dele é incorreto, estou utilizando apenas para ilustrar este processo, porque folclore se trata de tradição, e isso é consolidado também através do tempo, passados através de gerações.

Bom, agora depois de traçar todo esse panorama sobre nossa dança, eu vou dar o meu ponto de vista. 

Na minha opinião a dança tribal é um tipo de dança do ventre. Não a dança do ventre que conhecemos,mas sim uma dança do ventre “modificada”. Vou dar um exemplo bem simples: médico x médico veterinário. Ambos são médicos, porém, um é de humanos e outro de animais. Geralmente o médico tem mais prestígio que um médico veterinário(= dança do ventre é mais famosa que a dança tribal). Contudo, o veterinário estuda não apenas  a base da medicina comum as duas, mas outras espécies de animais(= estuda diferentes fusões, como dança indiana, flamenca, street dance, etc), ele tem outras áreas de atuação além da clínica e laboratório, mas atua no campo, tecnologia de alimentos,etc . Eu vejo a mesma coisa com relação ao caso Dança do Ventre X Dança Tribal.

Outro ponto a demonstrar que o tribal é uma dança do ventre é que esta veio de bailarinas do ventre. Percebe-se que a  maioria das bailarinas que já tem a base de dança do ventre consegue aprender o tribal sozinho( e esse foi o processo inicial que aconteceu no Brasil quando a informação ainda era escassa. Não vamos esquecer do processo que a dança se desenvolveu por aqui).  Fazendo um parênteses:eu não estou dizendo que é para todo mundo deixar de fazer aulas de tribal porque você pode aprender sozinho. Não é essa a questão. Isso foi dado a “circunstâncias de sobrevivência” e adaptação de um estilo! As bailarinas tinham que se virar com as únicas informações escassas que conseguiam ter acesso para estudar. E logo depois tivemos o início de workshops internacionais que foram alicerçando melhor o estudo das bailarinas nacionais.  Então, voltando ao assunto,imagine pegar uma bailarina que só dançou dança flamenca ou só dança indiana e nunca fez dança do ventre. Será que elas teriam a mesma facilidade que as bailarinas de dança do ventre? Eu acredito que não,apenas dominariam aquilo que diz respeito a sua dança, portanto, elas teriam que aprender os movimentos básicos da dança do ventre, como maias, shimmies etc, pois a maior base do tribal veio da dança do ventre. Imagine a dança tribal como uma árvore genealógica, quando vamos olhando as gerações vemos que o “ sangue da dança do ventre” é o que mais se mantém. O cruzamento da dança do ventre com outras danças étnicas se deu com mais força a partir da Carolena Nericcio e sua trupe.


 Além disso, além da base de movimentação ser principalmente de dança do ventre, vemos os ritmos árabes sendo trabalhados com o uso de snujs e derbakes, eu nunca vi , por exemplo, o uso de percussão indiana nas apresentações de Tribal. O uso de elementos cênicos utilizados por bailarinas do ventre, como véus, cestos, jarros e espadas. As bailarinas de tribal no exterior sempre participam de eventos de dança do ventre e não somente os especializados na fusão tribal. Todas as bailarinas famosas, assim como grupos  utilizam o termo “bellydance”: FatChance BellyDance, Black Sheep BellyDance, WildCard BellyDance,etc


A dança tribal é étnica contemporânea  no sentido de remeter às tribos,seus folclores e culturas, mas contemporâneo por ser atual e fusionar com danças modernas, como o street dance e a dança contemporânea, por exemplo, misturando músicas eletrônicas, rock, metal,etc; usar figurinos mais leves, sem tantos adornos, ou que valorizem o corpo e a execução de seus movimentos. Eu não gosto muito de usar esse termo, ainda não me sinto confortável o suficiente por ter receio dele ser usado erroneamente( e já vi muitos equívocos e por isso estou comentando), de achar que a base da dança tribal é a dança contemporânea. Essa é um conceito equivocado! Todo o processo da dança tribal veio com a dança do ventre. A dança contemporânea foi introduzida depois, com bailarinas como Tjarda e Heather Stants, por exemplo. Nesses últimos 3 anos é que ela vem ganhando mais enfoque dentro da comunidade Tribal. 


Quando penso nos principais ícones do Tribal Fusion(apenas citarei a Rachel Brice e Zoe Jakes para não me estender ainda mais nesse post) vejo que as duas convergem em suas ideologias,mas usam as bases do tribal de forma diferente. Rachel tem muita influência do estilo Bal Anat, de Carolena Nericcio e Masha Archer; mesmo nunca ter tido aulas ou contato com esta, sinto muito a força de Masha em Rachel, que sempre usa um estilo mais vintage  e a Art Nouveau em suas danças, isso foi muito bem visto no The Indigo e agora no Datura vemos as três linhagens bem características em sua dança. Eu acho que ela consegue passar um pouco das três bailarinas bases da Dança Tribal. Vejo Rachel usar a dança de forma ritualística,mas lembrando muito a cultura do Oriente Médio e suas mulheres, a força que um grupo feminino pode causar ao dançar juntas. No caso da Zoe eu sinto essa mistura meio diferente. A Zoe é muito mais performática e teatral na minha opinião, talvez seja toda a bagagem que ela vem tendo ao longo dos grupos de dança e musicais que fez parte. Zoe primeiramente fez parte do grupo Aywah de Katarina Burda, que estudou com Jamila e fez parte do Bal Anat;lembrando que a Zoe já fez parte do Suhaila Dance Company em 2001;também saiu em turnê com The Yard Dogs Road Show que tinha várias performances variadas desde tribal fusion quanto burlesco e afins. Na questão tribal dela, vejo muito o uso da raiz indiana que é a fusão que ela mais utiliza movimentos e aparenta gostar de interpretar seu cerne ritualístico.


No Brasil ainda não nos identificamos como bailarinas do  ventre e nem as bailarinas de dança do ventre nos reconhecem como tal. Talvez pela forma que a dança entrou, como poucas informações, havendo “seqüelas” para comunidade de dança do ventre que ainda vê a Dança Tribal como algo estranho. Talvez para dar destaque e status, permitindo que seja uma dança independente e não vinculada à Dança do Ventre. Talvez por preconceito de ser uma dança alternativa, com muitas pessoas tatuadas, com piercings, cabelos coloridos que podem chocar um público acostumado com bailarinas padronizadas. Enfim.

 
A dança tribal, na minha opinião, é uma dança do ventre principalmente no sentido original da palavra, por ser uma dança feminina, ritualística, de valorização do corpo feminino, do parto, da maternidade e fertilidade. Por ser uma dança cujo ventre é o alicerce de toda dança. E sinceramente, essa rusticidade e sua ancestralidade, a força que ela emana vêm da forte consangüinidade entre suas principais danças que as compõem: indiana, dança do ventre e flamenca. Onde as três convergem em sua linha genética? As três tem a dança cigana como seu ascendente. E acho que isso é determinante para que o Tribal tenha nascido com esse espírito cigano, livre, indomável,ousado,sensual,alegre e festivo, cujas mulheres dançam entre si, resgatando sua feminilidade e ancestralidade nos dias atuais. Talvez essa seja a essência, a magia, o espírito da dança que precisamos alimentar nosso corpo nos dias de hoje, que sempre oxidam com o estilo de vida criado pelo homem industrializado, computadorizado e robotizado em sua rotina cotidiana.

 

ATS® vs.Tribal Fusion?

Masha Archer
 ***Esse texto foi desenvolvido a partir da minha resposta à discussão do tema sugerido no facebook da bailarina Rebeca Piñeiro. A indagação dela também pode ser encontrada em seu blog.Diversas respostas foram levantadas. Contudo, aqui me atenho apenas ao desenvolvimento da minha parte.***

Eu acho que o motivo do ATS® não ser “aceito” pelo Brasil é o fato dele ter sido "importado" com algumas falhas. Não estou dizendo que o trabalho realizado no início não tenha seus méritos, pelo contrário, foi super importante para o início, pois fomentou os primeiros trabalhos no país, disseminou informação e deu origem as principais trupes do Brasil. Contudo, não se ouvia falar de ATS® quando o estilo tribal veio para cá e, quando alguém sabia sobre o assunto, eram informações muito escassas que logo caiam no esquecimento.  Não se ouvia falar de Carolena Nericcio (muuuito menos de Masha Archer). O que ouvíamos falar? Falava-se muito de Jamila Salimpour e todo o início que se deu com ela. Muitos blogs/sites do Brasil de dança do ventre citam Jamila e só. E na minha opinião, Masha tem uma importância determinante no desenvolvimento do ATS ®,pois a partir dela é que vemos o tribal como conhecemos se delinear de forma bem característica. Não estou dizendo que as Salimpour's não tenham seus méritos. Mas Masha é tão pouco valorizada e conhecida, principalmente no Brasil, e tão importante! Através das fotos de sua filha Larissa Archer(divulgadas em seu facebook) vemos tudo isso claramente fazer sentido! Sabe quando começamos a ouvir falar dela no país?Só em 2008, através das pesquisas da Aline Muhana.

O que falava-se que era dança tribal até 2008? Uma fusão de dança do ventre, dança indiana e flamenca. E o que realmente assistia-se de tribal no Brasil antes desta época? Fusão dessas três danças de forma aleatória, de acordo com a visão de cada bailarina que acabava de conhecer o tribal. Muitas faziam isso(não estou dizendo que todas faziam isso, mas existia isso) e muitas eram bailarinas de dança do ventre que entendiam isso por ter uma visão distorcida do que era a dança, e por não se ter tanta informação do assunto naquela época. Estas bailarinas entravam em uma "moda temporária" e não se aprofundavam em conhecer o estilo que estavam "estudando". Para elas, tribal era meramente a fusão destas três danças, tendo um enfoque maior na do ventre. Talvez isso se associe a falta/menor fonte de informação(tanto textos quanto vídeos), somados ao que foi "importado" primeiramente no país e disseminado com tais idéias de fusões distorcidas. Infelizmente essa imagem do tribal se perpetua até hoje. Contudo, apesar da dificuldade de muitas bailarinas do ventre entenderem, a fusão tribal e a fusão de dança do ventre são estilos diferentes. O vocabulário de passos são diferentes; a postura de tronco,peito e braços são diferentes, conferindo imponência à dança. A expressão é diferente. Os movimentos são mais trabalhados, às vezes são muito grandes, outras bem contidos; os movimentos possuem mais dinamismos e impacto. A resposta do público é diferente diante de uma fusão dança do ventre e uma fusão tribal. Não é tão simples assim como se parece. Hoje a Revista Shimmie disponibiliza uma seção sobre tribal em suas revistas, ou seja, a informação está ali de “graça” para toda bailarina de dança do ventre saber o básico possível em fonte de confiança e qualidade, cujas colunistas são Rebeca Piñeiro(SP) e Kilma Farias (PB), duas bailarinas renomada por seus trabalhos no país(aliás,leiam a entrevista realizada com Carolena Nericcio à Shimmie, disponível no blog da Rebeca e professores do Campo das Tribos, talvez ajude quem tem um pouco de dificuldade em entender todo esse processo). Mas hoje tem informação, certo? Sim, mas muitos têm preguiça de saber o básico, talvez por descaso; talvez por não acharem importante ou que vá acrescentar algo; talvez  por acharem que já sabem por apenas “ver”/ assistir;ou até mesmo por não gostarem e bloquearem qualquer informação do tipo.


Na minha opinião, o ATS® começou a ser conhecido mesmo no Brasil em 2008, através da Tribo Mozuna(RJ) (principalmente através de suas diretoras,Nadja El Balady e Aline Muhana), não só pelo seu trabalho, mas pelas informações que elas trouxeram à comunidade tribal sobre ATS/ITS; além das pesquisas de Mariana Quadros (SP). Uma trupe no Brasil que sempre teve uma grande semelhança com o ATS/ITS foi o Damballah (PR), que permanece até hoje em sua importância. Talvez seja o que mais perto se tinha do ATS® no país, e o Damballah  só veio a surgir em 2005. Nadja começou seus primeiros passos em direção ao ATS®(antes da criação do Mozuna, em  2009) também nessa mesma época. Ou seja, antes de 2005 nem deviam sonhar com ATS®. A partir daí houve uma reconstrução do tribal brasileiro, quebrando muitos paradigmas e muita coisa do que se conhecia como Tribal . Talvez seja até um marco importante na História do Brasil:o tribal antes e o tribal depois do ATS® ( tema que sugeri a Nadja em seu blog =) ). Soa engraçado, pois isso deveria ser conhecido, teoricamente, antes que o fusion. Mas une-se o fato das falhas quando a dança se adentrou em nosso país, a visão distorcida que as bailarinas de dança do ventre  tem do tribal, e o fato do tribal fusion ser muito mais atrativo que o ATS®, "ofuscando" (inicialmente) o ATS® de aparecer em cena no país. Acredito que , neste quesito, o ATS® esteja na mesma proporção que  a dança folclórica árabe no geral, apesar que vejo isso mudar muito hoje em dia. O Brasil ainda carrega uma visão antiquada errônea do Tribal de outrora. O país ainda não se atualizou diante das informações sobre a dança tribal .


 Pode-se ensinar tribal fusion sem ATS®, mas acredito que uma hora ou outra falte-se embasamento naquilo que se orienta. Surgem questionamentos de sua origem. Surgem lacunas. Porém, eu estaria mentindo se eu dissesse que não dá para ensinar tribal fusion sem saber ATS®. E no que eu me baseio isso? Ora, simplesmente no fato de como a dança entrou no país e da forma que foi disseminada sem (quase) ninguém saber o que era ATS®. Além do fato dessas primeiras gerações de Dança Tribal no Brasil serem de dança do ventre, o que forneceu base necessária para que elas conseguissem aprender a dança. E com as poucas ferramentas(informações) que se tinham a mão aqui dentro, e tentando buscar por mais, cada trupe que foi se formando criou sua independência em pesquisar por conta própria sobre o assunto e, a partir de então, conseguiram encontrar as peças que estavam faltando neste quebra-cabeça. Muitos grupos, desde os primeiros anos da dança no país até os dias de hoje, se perpetuaram, consolidando uma carreira profissional de respeito; estes  foram os que não se mantiveram estagnados e conformados com o material que tinham mas, foram aqueles que realizaram suas próprias linhas de pesquisas e conseguiram reorganizar, aos poucos, toda o conflito e confusão que a própria Dança Tribal gerava ao redor de si mesmo, pois, como eu disse anteriormente, chega um momento que fica um espaço em branco sem resposta, e esse espaço não faz sentido de estar ali naquele lugar.

Rachel Brice vestida com figurino de ATS® e Carolena Nericcio com o figurino de tribal fusion.
Negar o ATS é negar sua origem; é negar seu código genético, como bem disse a Rebeca; é negar seus antepassados e toda a importância que estes fizeram em sua História. Se a pessoa quer dar aula sem ATS, tudo bem, pode-se fazê-lo . Mas NEGAR a existência e importância do ATS no tribal fusion ,há algo errado nisso. Nem Rachel Brice, nem Zoe Jakes, nem Ariellah(exemplo na entrevista realizada com a bailarina no blog), nem Kami Liddle, nem Mira Betz e tantas outras bailarinas importantes negam isso. Pelo contrário, existem muitas evidências que elas vêem a importância do estudo do ATS para as fusões com dança do ventre e não só tribal fusion. Em uma entrevista(existe traduzida no blog Tribal Mind da Ana Harff), Jill Parker diz que Rachel Brice, Mardi Love, Zafira Dance Company, Heather Stants e ela deveriam se unir e limitar parâmetros de até onde vai o que chamamos de Tribal Fusion. Por enquanto este segue em direção ao infinito, mas até este possui “regras” para serem categorizados como dança tribal. Desculpe aos que acham que não há limites,mas essa é uma realidade comentada não por mim ou qualquer bailarina do Brasil, mas isso é uma discussão que já existe nos EUA há algum tempo(procurem, por exemplo, no blog da Asharah, bailarina que hoje faz parte do The Bhoomi Project). E isso não é motivo de achar que se houverem regras, a casa caiu, é ditadura do tribal (rsrsrs),etc. Pelo contrário, são só orientações de como seguiremos com nosso trabalho. Não confundam isso com entraves. O ATS® existe há algumas décadas e nunca impediu o tribal fusion de se expressar, pelo contrário, Rachel Brice pediu permissão e orientação a Carolena quando entrou no BDSS e se tornou a maior disseminadora da dança. E Carolena, como qualquer outra mãe, abraçou-a, orientou e apoiou sua dança.

8 Elements
Eu acho engraçado falarem (sim, já li isso mais de uma vez) que o ATS® é antiquado , uma atitude tradicionalista,conservadora, fundamentalista e um entrave, uma limitação para dança tribal. Engraçado. Alguém impede de dançar Tribal Fusion mesmo existindo ATS®? Carolena quando decidiu formalizar o ATS® abriu as portas para que outros studios mostrassem seus trabalhos para que alguns de seus passos entrassem no New Style/Modern ATS . O problema é o fato de Carolena ter criado o selo de Sister Studio FCBD®? Engraçado, ninguém fala mal dos selos criados por Suhaila Salimpour e Rachel Brice, por exemplo. Aquela que quer se aproveitar, quer segregar e ser oportunista criando um mercado promissor na dança é apenas a Carolena e o ATS®. Engraçado. Não se pode criar uma dança, conceder um formato. E não é apenas um conjunto de passos peculiares, mas o  grande diferencial do estilo é a improvisação coordenada, com seus sinais, suas "deixas", sua formação em grupo e sua adequação no palco em coros.Ou seja, existe toda uma linguagem que se reflete na comunicação em forma de dança; um diálogo que se pode fazer entre bailarinos de diferentes países que não falam a mesma língua verbal de seu país,mas que se comunica através da linguagem universal do ATS®.Só o flamenco pode virar dança(sendo que este veio de danças ciganas), a dança contemporânea pode(sendo que esta veio do ballet); e a dança do ventre...como ela se tornou o que é hoje? Ela veio da FUSÃO de algo, não?
Carolena Nericcio e seu grupo Fat Chance Belly Dance(FCBD®)

Exemplos de algumas bailarinas internacionais famosas que já passaram pelo ATS®, direta ou indiretamente, e danças étnicas:


Jill Parker
Considerada a primeira bailarina de tribal fusion e ex-membro do FCBD
Jill Parker, um dos membros originais do FCBD - da esqueda para direita, ela é a 2ªbailarina
Jill Parker e seu extinto grupo Ultra Gypsy
Rachel Brice

Rachel Brice foi aluna de Jill Parker e membro do seu grupo Ultra Gypsy - da fileira de cima, RB é a 3ª bailarina.


Ela também estudou com John Compton, do Hahbi 'Ru
Rachel Brice também foi aluna de Carolena Nericcio
Sharon Kihara


Sharon Kihara no Ultra Gypsy - na fileira do meio, Sharon é a 3ª bailarina da direita para esquerda
Jill Parker(esquerda) e Sharon Kihara (direita) - Ultra Gypsy

Samantha Emanuel


Samantha estudou  ATS, ex-membro do Tribal Fire (UK). Ela também estudou com Carolena Nericcio e Rachel Brice.http://www.letsshimmy.co.uk/tribalfire.html
Kami Liddle

ATS com Kami Liddle
Moria Chappell


Moria, ex-membro do Awalim, grupo de tribal e fusões étnicas - Moria é a primeira bailarina da fileira de cima, da direita para esqueda

Zoe Jakes

 E para quem acha que a Zoe é somente performática, desculpe mas , além dela já ter tido aulas com Carolena, ela foi membro do Aywah, grupo de Katarina Burda, voltado para interpretações de danças étnicas. Grupo inclusive que Mira Betz e Elizabeth Strong faziam parte.

Um vídeo de Zoe  no Aywah!:



Um vídeo recente de Zoe com  elementos de ATS: 

Eventos, concursos, workshops e afins

Olá pessoal!


Estamos entrando oficialmente na época dos eventos de tribal no Brasil. Então até o final do ano é correria para preparar figurino, coreografia, workshop e a organização dos eventos em si.

Este é um tema que já está rondando minha mente um certo tempo e decidi colocar na minha "penseira" hoje.



CONCURSOS: BANCA TRIBAL VS VENTRE



Começando pelos concursos que, geralmente não são realizados em eventos exclusivos de dança tribal, mas em eventos de Dança do Ventre e anexos.  Gostaria de deixar claro que nunca participei de um concurso e vou falar o que já li, ouvi e o que eu vejo como observadora à distância. Muito do questionamento dos concursos para tribal fusion é a banca dos mesmos. A maioria das bancas para concurso deste estilo são majoritariamente de bailarino(a)s do ventre. Um ou outro de tribal!? Como assim? Como dar veracidade em uma avaliação de um estilo específico de dança se não há representantes do mesmo? Não estou dizendo que os bailarinos de dança do ventre não tenham capacidade de avaliar.  Algumas coisas eles podem sim, como limpeza dos movimentos, execução correta dos mesmos,postura e elegância,etc. Mas eles não devem ser a maioria. O estilo tribal tem muitas peculiaridades de passos, figurinos e sua história refletida nestes. Além disso, só quem está envolvido com a dança e sua cena conhece o desenvolvimento que ela tem ao longo dos anos, sua evolução como dança e seus novos arquétipos explorados. Infelizmente,os bailarinos de outras modalidades geralmente não conhecem a dança ou tem uma visão retrógrada da mesma, isto é, uma visão antiga do que já fora o tribal fusion, como aquele apresentado entre 2003 a 2009 por Rachel Brice e o The Indigo. Mas esse tribal morreu?Não existe mais?? Não, ainda pode-se dançar o estilo "tradicional" do tribal fusion, que é mais ligado ao ATS® em sua forma e expressão. Mas não pode-se anular o fato do estilo estar em constantes modificações, aspiradas pelas novas vibes das bailarinas internacionais. A dança hoje está com um figurino muito mais clean e próximo da dança do ventre do que do tribal fusion de outrora. E quem vai  ter o termômetro para avaliar se o figurino está dentro das fusões alicerçadas pelo tribal casado com passos característicos é uma bailarina do estilo! Outros podem descontar isso por não terem conhecimentos de tais detalhes e nem obrigação  para isso!Não é a especialidade dele, certo? É como colocar um médico para fazer uma cirurgia em um animal. O médico não é apto para isso? Não tem conhecimento e capacidade para tal feito? Até certo ponto sim. Ele vai entender algumas coisas e vai até poder atuar em algumas situações, mas coisas especificas do animal, detalhes da fisiologia de cada espécie, como determinado fármaco atuará em seu organismo,etc, somente um veterinário é apto para saber como conduzir a mesma com precisão. Assim é a dualidade ventre vs tribal nos concursos. Não estamos tirando o mérito profissional de bailarinos do ventre, mas sim clamando por atenção a um concurso de um estilo muito peculiar. Se quer que seu concurso seja levado a sério, trate-o com seriedade, dê veracidade às avaliações com profissionais do ramo e capacitados para tal feito. Caso contrário, é melhor que não exista o concurso, pois ele não será prova nenhuma, nem parâmetro para a bailarina e nem  dará credibilidade para o evento neste quesito.


WORKSHOPS INTERNACIONAIS: POUCA FLEXIBIDADE



Outro ponto que gostaria de abordar é o encarecimento do estilo. Gastamos MUITO (financeiramente) para fazermos uma aula semanal, e não tiro esse quesito, porque, afinal, os professores da dança tem que pagar suas contas e se sustentarem com isso. O preço é justo. Gastamos MUITO com um figurino. E o argumento é o mesmo que as aulas. Gastamos MUITO com coisas secundárias, como maquiagem, unha, cabelo,etc.   Você pode até dar uma amenizada...conseguir umas coisas de brechós, dar uma customizada em alguns acessórios,fazer os seus,etc. Mas mesmo assim você vai continuar gastando em algum outro ponto. Gastamos MUITO com workshops dentro e fora do país.E aqui está um ponto que gostaria de comentar.

Sabemos o quanto alunos e professores gastam para se manterem dentro do estilo da dança.  Os workshops das bailarinas nacionais o preço é "justo" e muitas vezes pagam o básico, como transporte . Pois muitas vezes há permuta entre mão-de-obra da bailarina e evento. Acaba sendo "conveniente" para ambos. Mas e os workshops internacionais com aqueles preços exorbitantes? Você sonha em fazer aula com x bailarinas que ama , sua consciência volta do céu e desce para a realidade brutal. Como pagar? O problema do preço é o fato da maioria dos eventos de tribal adorarem fazer um pacote estático de todas as bailarinas. Por quê???

  1. "Mas parcelamos em  2 anos!" Sim, é uma alternativa e não uma solução. E ninguém gosta de ficar pagando um workshop por quase dois anos e ficar preso a isso...não é saudável. Mas na falta de opções é a que muitos tomam para poder " fazer parte" do evento.
  2. "Porque pode pender mais para uma do que para outra". Sim, concordo! Mas aí está a busca por patrocínio que servem para abater isso no orçamento. A falta de patrocínios nos eventos de tribal superfaturam os orçamentos e quem paga (literalmente) são àqueles que vão fazer as aulas. Sim, eu sei o quanto é complicado e díficil conseguir patrocínio em um país onde a arte não é valorizada como deveria ser. Eu já fiz um evento de tribal em minha cidade e sei o quanto é difícil conseguir patrocínio para transporte, alimentação, hospedagem e o cachê das bailarinas, fora pagar o aluguel do local do evento,entre outros por menores, sem precisar pagar do próprio bolso. Ninguém quer patrocinar nada hoje em dia e há  falta apoio da prefeitura da cidade. Sim, eu sei disso tudo. Mas por que então não unir o útil ao agradável? Não quer perder dinheiro e tem que colocar as despesas no valor dos workshops, porque na sua cidade é difícil de se conseguir patrocínio?

  •   Se o seu evento já é famoso no país, não vai faltar vaga para ninguém, com certeza todos os workshops serão preenchidos, pois há bailarinas de todos os níveis(iniciante, intermediário, avançado e profissionais) querendo participar do mesmo.Então, seria muito legal se não houvesse pacotão de todos os workshops, deixando livre para que todos façam workshops por bailarinas internacionais que lhe interessa e, desta forma, a pessoa economiza dinheiro, ainda pode estar participando do seu evento dançando nas mostras e atualizando seus estudos, mantendo contato com a mesma, e divulgando o seu evento. Até porque, com esse lance de pacote, sempre tem um ou outro workshop que a pessoa paga mas não faz porque  ou está cansada ou não dá tempo, já que os horários de alguns workshops se sobrepõem aos das apresentações amadoras e do show principal. E sinto que isso acaba segregando uma parcela de amantes da dança que gostaria de participar do evento, mas que não pode, pois o preço deles  saem caro para as mesmas. E se é caro para você que organiza, é também para àqueles que pagam, pois gastam, além do workshop e coisas em comum para a apresentação, trasnporte do seu estado para o estado do evento( que tanto de avião quanto de ônibus sai caro), transporte interno(ônibus ou táxi ou gasolina rs), alimentação, hospedagem e, muitas vezes, ainda tem que pagar por filmagem e fotografia (outro ponto a comentar logo abaixo).Outra alternativa é fazer pacotes menores ou ter as duas opções: pacote com todos os workshop e workshop por bailarina. É complicado, mas é algo a se pensar. Se nos eventos de dança do ventre você pode optar por quais workshops fazer, então nos de tribal não é uma coisa impossível também. 
  •  Agora, se o seu evento não tem repercussão nacional, então acho justo fazer o pacote, porque senão, quem paga o pato é o organizador do mesmo.

FILMAGEM/FOTOGRAFIA: PROIBIÇÃO

Outro ponto a discutir é a proibição de filmagem e fotografia nos eventos. Isso você vê em eventos de tribal E dança do ventre. E eu acho muito inconveniente querer impor. Primeiro, porque sempre tem alguém que burla isso e consegue tirar foto e filmar , já que não há fiscalização muitas vezes. Segundo, quem quer filmagem e fotografia profissional vai querer ou não, independente se proibir! Geralmente as bailarinas profissionais optam por esse tipo de serviço, já que a qualidade da captura das imagens de ambos instrumentos, bem como som e edição dão um efeito muito melhores que amadores. A câmera amadora quer, APENAS, registrar àquele momento e o evento ainda ganha divulgação gratuita com eles, pois geralmente são os primeiros a serem colocados na internet  devido a praticidade e, portanto, seu evento será comentado mais rapidamente tendo uma maior  repercussão por ainda estar na "adrenalina" do momento; ainda é algo recente. Depois que passa meses e só então o(s) vídeo(s) e/ou foto(s) são divulgados, ninguém mais está na euforia de procurar pelos mesmos nas redes socias e Youtube, o que acaba caindo no esquecimento. É mais benefício para a bailarina mostrar sua coreografia, seu trabalho realizado, do que para o evento em si, na minha opinião.

Uma outra opção, caso o organizador queira incluir esses serviços, faça como os grande eventos internacionais: crie um canal do evento e coloque todos os vídeos. Lá estarão concentrados todas as apresentações de todas as edições. Assim fica também mais fácil de buscar pelos mesmos. E se possível, faça isso com o mais breve possível de tempo. Acho que só o Tribal Fest CA consegue colocar os vídeos das apresentações durante a semana...não vi outro que faça algo tão extraordinário assim. Portanto, acho que um mês é suficiente para os vídeos serem divulgados, pois geralmente é o prazo máximo que os profissionais de filmagem oferecem. Mais tempo que isso, cai no esquecimento e na monotonia.

RECICLAGEM DO REPERTÓRIO DE PROFISSIONAIS: NOVAS OPORTINIDADES E VALORIZAÇÃO DAS RIQUEZAS NACIONAIS


O último ponto que quero abordar é a falta de novos profissionais nos eventos específicos para Tribal. Não necessariamente novos no sentido de "atuais",mas também aqueles que não estão muito em evidência, o que não significa que não sejam competentes, pelo contrário, conheço muitos que são de uma técnica e dança de cair o queixo! Não estou desmerecendo ninguém. As bailarinas profissionais já conhecidas devem sempre estar lá, pois é garantido para o organizador uma boa repercussão ; e elas merecem também estar lá pela sua capacidade e profissionalismo. Mas sinto muitas vezes que outras bailarinas com muito talento e potencial poderiam ser chamadas e conhecidas pelo público! Muitas vezes vejo bailarinas internacionais que nunca ninguém ouviu falar participando e as nacionais, cadê? Sinto também que rola algo como: "Só te chamo se você vier no meu evento uma primeira vez". E acho isso muito estranho.  Por que não chamar uma bailarina pelo seu talento, mas que não é famosa(ainda)? Eu conheço tantas bailarinas com um potencial enorme, mas não são famosas porque "não foram descobertas" pela falta de apoio dos eventos do estilo. Isso é uma coisa a se refletir. Acho que os eventos devem se abrir mais, e não se fechar. Somos uma tribos ainda em construção e temos uma vasta riqueza em bailarinas impressionante que eu não vejo em muitos países ( em questão de técnica mesmo)! Temos que nos unir mais, chamar mais bailarinas para que elas sejam conhecidas, dar oportunidade para as novas mostrarem seu trabalho e não fechar a porta. Além disso, as bailarinas serão muito gratas pela oportunidade que o evento deu a elas e sempre lembrarão disso com muito carinho. E com certeza seu evento será muito bem falado por elas =)


Até mais ;)

OBS: Deixando claro que não estou me referindo a nenhum evento em particular! É apenas uma crítica, que espero que seja encarada como construtiva para os organizadores de eventos.

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