Masha Archer |
Eu acho que o motivo do ATS® não ser “aceito” pelo Brasil é o fato dele ter sido "importado" com algumas falhas. Não estou dizendo que o trabalho realizado no início não tenha seus méritos, pelo contrário, foi super importante para o início, pois fomentou os primeiros trabalhos no país, disseminou informação e deu origem as principais trupes do Brasil. Contudo, não se ouvia falar de ATS® quando o estilo tribal veio para cá e, quando alguém sabia sobre o assunto, eram informações muito escassas que logo caiam no esquecimento. Não se ouvia falar de Carolena Nericcio (muuuito menos de Masha Archer). O que ouvíamos falar? Falava-se muito de Jamila Salimpour e todo o início que se deu com ela. Muitos blogs/sites do Brasil de dança do ventre citam Jamila e só. E na minha opinião, Masha tem uma importância determinante no desenvolvimento do ATS ®,pois a partir dela é que vemos o tribal como conhecemos se delinear de forma bem característica. Não estou dizendo que as Salimpour's não tenham seus méritos. Mas Masha é tão pouco valorizada e conhecida, principalmente no Brasil, e tão importante! Através das fotos de sua filha Larissa Archer(divulgadas em seu facebook) vemos tudo isso claramente fazer sentido! Sabe quando começamos a ouvir falar dela no país?Só em 2008, através das pesquisas da Aline Muhana.
O que falava-se que era dança tribal até 2008? Uma fusão de dança do ventre, dança indiana e flamenca. E o que realmente assistia-se de tribal no Brasil antes desta época? Fusão dessas três danças de forma aleatória, de acordo com a visão de cada bailarina que acabava de conhecer o tribal. Muitas faziam isso(não estou dizendo que todas faziam isso, mas existia isso) e muitas eram bailarinas de dança do ventre que entendiam isso por ter uma visão distorcida do que era a dança, e por não se ter tanta informação do assunto naquela época. Estas bailarinas entravam em uma "moda temporária" e não se aprofundavam em conhecer o estilo que estavam "estudando". Para elas, tribal era meramente a fusão destas três danças, tendo um enfoque maior na do ventre. Talvez isso se associe a falta/menor fonte de informação(tanto textos quanto vídeos), somados ao que foi "importado" primeiramente no país e disseminado com tais idéias de fusões distorcidas. Infelizmente essa imagem do tribal se perpetua até hoje. Contudo, apesar da dificuldade de muitas bailarinas do ventre entenderem, a fusão tribal e a fusão de dança do ventre são estilos diferentes. O vocabulário de passos são diferentes; a postura de tronco,peito e braços são diferentes, conferindo imponência à dança. A expressão é diferente. Os movimentos são mais trabalhados, às vezes são muito grandes, outras bem contidos; os movimentos possuem mais dinamismos e impacto. A resposta do público é diferente diante de uma fusão dança do ventre e uma fusão tribal. Não é tão simples assim como se parece. Hoje a Revista Shimmie disponibiliza uma seção sobre tribal em suas revistas, ou seja, a informação está ali de “graça” para toda bailarina de dança do ventre saber o básico possível em fonte de confiança e qualidade, cujas colunistas são Rebeca Piñeiro(SP) e Kilma Farias (PB), duas bailarinas renomada por seus trabalhos no país(aliás,leiam a entrevista realizada com Carolena Nericcio à Shimmie, disponível no blog da Rebeca e professores do Campo das Tribos, talvez ajude quem tem um pouco de dificuldade em entender todo esse processo). Mas hoje tem informação, certo? Sim, mas muitos têm preguiça de saber o básico, talvez por descaso; talvez por não acharem importante ou que vá acrescentar algo; talvez por acharem que já sabem por apenas “ver”/ assistir;ou até mesmo por não gostarem e bloquearem qualquer informação do tipo.
Na minha opinião, o ATS® começou a ser conhecido mesmo no Brasil em 2008, através da Tribo Mozuna(RJ) (principalmente através de suas diretoras,Nadja El Balady e Aline Muhana), não só pelo seu trabalho, mas pelas informações que elas trouxeram à comunidade tribal sobre ATS/ITS; além das pesquisas de Mariana Quadros (SP). Uma trupe no Brasil que sempre teve uma grande semelhança com o ATS/ITS foi o Damballah (PR), que permanece até hoje em sua importância. Talvez seja o que mais perto se tinha do ATS® no país, e o Damballah só veio a surgir em 2005. Nadja começou seus primeiros passos em direção ao ATS®(antes da criação do Mozuna, em 2009) também nessa mesma época. Ou seja, antes de 2005 nem deviam sonhar com ATS®. A partir daí houve uma reconstrução do tribal brasileiro, quebrando muitos paradigmas e muita coisa do que se conhecia como Tribal . Talvez seja até um marco importante na História do Brasil:o tribal antes e o tribal depois do ATS® ( tema que sugeri a Nadja em seu blog =) ). Soa engraçado, pois isso deveria ser conhecido, teoricamente, antes que o fusion. Mas une-se o fato das falhas quando a dança se adentrou em nosso país, a visão distorcida que as bailarinas de dança do ventre tem do tribal, e o fato do tribal fusion ser muito mais atrativo que o ATS®, "ofuscando" (inicialmente) o ATS® de aparecer em cena no país. Acredito que , neste quesito, o ATS® esteja na mesma proporção que a dança folclórica árabe no geral, apesar que vejo isso mudar muito hoje em dia. O Brasil ainda carrega uma visão antiquada errônea do Tribal de outrora. O país ainda não se atualizou diante das informações sobre a dança tribal .
Pode-se ensinar tribal fusion sem ATS®, mas acredito que uma hora ou outra falte-se embasamento naquilo que se orienta. Surgem questionamentos de sua origem. Surgem lacunas. Porém, eu estaria mentindo se eu dissesse que não dá para ensinar tribal fusion sem saber ATS®. E no que eu me baseio isso? Ora, simplesmente no fato de como a dança entrou no país e da forma que foi disseminada sem (quase) ninguém saber o que era ATS®. Além do fato dessas primeiras gerações de Dança Tribal no Brasil serem de dança do ventre, o que forneceu base necessária para que elas conseguissem aprender a dança. E com as poucas ferramentas(informações) que se tinham a mão aqui dentro, e tentando buscar por mais, cada trupe que foi se formando criou sua independência em pesquisar por conta própria sobre o assunto e, a partir de então, conseguiram encontrar as peças que estavam faltando neste quebra-cabeça. Muitos grupos, desde os primeiros anos da dança no país até os dias de hoje, se perpetuaram, consolidando uma carreira profissional de respeito; estes foram os que não se mantiveram estagnados e conformados com o material que tinham mas, foram aqueles que realizaram suas próprias linhas de pesquisas e conseguiram reorganizar, aos poucos, toda o conflito e confusão que a própria Dança Tribal gerava ao redor de si mesmo, pois, como eu disse anteriormente, chega um momento que fica um espaço em branco sem resposta, e esse espaço não faz sentido de estar ali naquele lugar.
8 Elements |
Carolena Nericcio e seu grupo Fat Chance Belly Dance(FCBD®) |
Exemplos de algumas bailarinas internacionais famosas que já passaram pelo ATS®, direta ou indiretamente, e danças étnicas:
Jill Parker
Considerada a primeira bailarina de tribal fusion e ex-membro do FCBD |
Jill Parker, um dos membros originais do FCBD - da esqueda para direita, ela é a 2ªbailarina |
Rachel Brice
Rachel Brice foi aluna de Jill Parker e membro do seu grupo Ultra Gypsy - da fileira de cima, RB é a 3ª bailarina.
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Rachel Brice também foi aluna de Carolena Nericcio |
Sharon Kihara
Sharon Kihara no Ultra Gypsy - na fileira do meio, Sharon é a 3ª bailarina da direita para esquerda |
Jill Parker(esquerda) e Sharon Kihara (direita) - Ultra Gypsy |
Samantha Emanuel
Samantha estudou ATS, ex-membro do Tribal Fire (UK). Ela também estudou com Carolena Nericcio e Rachel Brice.http://www.letsshimmy.co.uk/tribalfire.html |
Kami Liddle
ATS com Kami Liddle |
Moria Chappell
Moria, ex-membro do Awalim, grupo de tribal e fusões étnicas - Moria é a primeira bailarina da fileira de cima, da direita para esqueda |
Zoe Jakes
E para quem acha que a Zoe é somente performática, desculpe mas , além dela já ter tido aulas com Carolena, ela foi membro do Aywah, grupo de Katarina Burda, voltado para interpretações de danças étnicas. Grupo inclusive que Mira Betz e Elizabeth Strong faziam parte.
Um vídeo de Zoe no Aywah!:
Um vídeo recente de Zoe com elementos de ATS:
Um vídeo de Zoe no Aywah!:
Um vídeo recente de Zoe com elementos de ATS: