[Old is Cool] Analisando o Tribal Old School - Parte 1

 por Mari Garavelo

Sejam muito bem-vindas e muito bem-vindos à coluna Old is Cool!

Urban Tribal















Não é nenhuma novidade o quanto sou apaixonada pela velha escola tribal e essa oportunidade que eu tenho de estar aqui escrevendo um pouco sobre minhas pesquisas e reflexões é muito especial para mim! Espero que a leitura seja igualmente especial para você.

Nesta coluna estamos localizando e analisando o que chamamos de Old School no Estilo Tribal. No post anterior falamos sobre o significado do termo e como ele se aplica à ideia de uma vanguarda. Falamos também sobre esta vanguarda estar localizada nos anos 2000 em sua maior potência a partir de uma “linha do tempo simplificada”.

Nessa década observamos uma eclosão de eventos e de personalidades importantes para a história do Tribal e é imprescindível lembrar que a análise que faço se atém ao Tribal Fusion e não ao ATSⓇ.

Dentre estes eventos estão a criação dos grupos Urban Tribal, Bellydance Superstars e The Indigo e uma imensa quantidade de experimentações na linguagem, quando antes o desenvolvimento desta era mais lento. O que pode ter ocasionado essa eclosão e de que forma ela influenciou a dança que fazemos hoje?

Para buscar estas respostas vamos analisar a estética e o desenvolvimento da dança de algumas das personagens mais importantes na minha pesquisa.

Vamos começar por Jill Parker. Jill fez parte das primeiras formações do FatChanceBellydance, deixou o grupo em 1996 e criou, em seguida, o UltraGypsy. Esse evento muitas vezes é tido como o marco do que chamamos de Tribal Fusion - o rompimento com o grupo de ATS e a transição para um novo estilo, experimentando fusionar a linguagem a outras inspirações. Jill trouxe inovações na estética, retirou os cholis, trabalhou solos e coreografias, utilizou músicas eletrônicas e se aproximou um pouco mais da dança do ventre conhecida nos EUA como cabaret.

Jill Parker foi também professora de grandes bailarinas da cena que mencionarei a seguir, sendo, então, imprescindível trazer um pouco da sua história para compreender a evolução do gênero. Ao fim da década de 90, a dança do seu grupo, o Ultra Gypsy, se aproximava muito mais do ATS do que o que conhecemos por Tribal Fusion hoje. Sendo assim, especificamente desse momento até meados de 2008, cabe classificá-la como old school.


Jill Parker e Ultra Gypsy, 2001
 

 Em seguida temos Frederique, ou Lady Fred, como também é conhecida. Ela foi uma das aparições mais interessantes que surgiram no Tribal. Foi inovadora, trouxe alguns contornos diferentes para aquela “dança do ventre tribal” que até então estava sempre conectada às referências estéticas orientais, conectada à estética do ATS. Ela se baseou em uma estética vitoriana, em trilhas sonoras de filmes e muita teatralidade.

A partir de tudo que já estudei, li e conversei com outras profissionais acerca deste tema, posso afirmar que há um consenso de que Frederique foi a primeira pessoa conhecida a fazer estas experimentações e não necessariamente que tenha sido a primeira dentre todas.

 

True Colors TV Presents Frederique: The Lady Fred from Rosalyn Fay on Vimeo.

Documentário curto sobre Lady Fred


E agora deixo vocês com bastante material para assistir e pensar: vamos falar de Heather Stants. Heather é muito essencial na trajetória do estilo Tribal. Fortemente influenciada por Jill Parker, de quem fora aluna anteriormente, sua dança e sua companhia adquiriram aos poucos um estilo próprio, a partir das experimentações que estavam sempre baseadas na demanda de cada apresentação que o grupo fazia. 

A imagem de Heather e do Urban Tribal nos remete à estética da dança contemporânea, com figurinos mais sóbrios, quase sem acessórios, mas nos primórdios do grupo as caracterizações eram bem diferentes. Aos poucos o turbante foi retirado a fim de ostentar os cabelos, os dreads ou adornar a cabeça de formas diferentes, assim como o vestuário, que também se adequou ao que o grupo desejava dançar.

As integrantes do Urban Tribal foram especialmente importantes na transformação da indumentária ao longo da história do estilo. Melodia Medley, por exemplo, estava inserida na cultura de festivais de música eletrônica e fazia performances com fogo. Surgiram daí algumas ideias sobre os figurinos, que foram, em seguida, adaptadas para facilitar movimentos no chão e trabalho de pernas. Melodia foi a responsável por trazer fama às calças de boca larga que marcaram época nos figurinos do Tribal. Mardi Love, que integrava também o grupo, confeccionava os seus próprios figurinos e os estilizava com dreads de lã para, cintos com borlas, búzios, dentre outros acessórios. O Urban Tribal passou por transformações significativas, experimentando e adaptando-se até chegar ao visual minimalista que caracterizou o grupo.

Abaixo está um vídeo do Youtube com um trecho de um DVD chamado Bellydance TV Vol.1 com entrevistas de Heather e integrantes do grupo. Também recomendo fortemente que, caso tenham acesso, assistam à entrevista que Heather cedeu ao Datura Online.

Em nosso próximo encontro aqui no blog falaremos sobre Bellydance Superstars, The Indigo, Mira Betz, etc. Também começaremos a tecer uma pequena análise sobre os anos 2000 na cultura pop e na tecnologia e como isso pode ter influenciado drasticamente o desenvolvimento do Tribal Fusion, ou como amo chamar, a dança do ventre tribal.

Não deixe de curtir e comentar o post e compartilhe com quem você sabe que adora uma velharia! :)

Nos vemos em breve!


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Old is Cool


Mari Garavelo (Osasco-SP) iniciou seus estudos em dança do ventre e Tribal Fusion em 2006 e desde então vem aprimorando seu trabalho através de aulas regulares e oficinas com diversos profissionais renomados nacionais e internacionais. Instrutora de Hatha Yoga e Yogaterapeuta formada pela Humaniversidade Holística de São Paulo com registro na Aliança do Yoga.  Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 
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