por Janis Goldbard
A 66ª reunião Anual da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC) foi realizada entre 22 e 27 de julho, no
campus da Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco, no Acre. O tema,
neste ano, foi “Ciência e tecnologia em uma Amazônia sem fronteiras”.
A cada ano, a reunião anual da SBPC é realizada em um estado brasileiro, sempre em universidade pública. O evento reúne muitas
pessoas, entre cientistas, professores estudantes de todos os níveis,
profissionais liberais e visitantes.
É muito importante salientar que muita discussão pode
ter sido iniciada a partir desse evento, principalmente para soluções de
problemas e situações ligadas ao tema indígena, como é o caso do primeiro contato
estabelecido entre os índios isolados e algumas pessoas da Fundação Nacional do
Índio (FUNAI) e alguns índios ashaninkas. O aconteceu no meio desse mês de
julho.
No SBPC, há muitas atividades, palestras, feiras,
encontros, discussões e, dentre as diversas atividades, está a SBPC Cultural,
que teve como teor principal a expressão regional. Dado o devido valor do
evento, vamos ao assunto a que vim tratar: a participação do Tribal Fusion neste evento tão
grandioso para o estado do Norte que tomou proporção muito maior devido sua
importância.
Bom, em primeiro lugar, eu digo que aconteceu
naturalmente: não fui à procura de uma apresentação para o Tribal Fusion, pois como sou
integrante de um grupo (Expressões Contemporâneas) que já iria participar em um
momento muito visado do evento, senti que não seria interessante me dividir
entre trabalhos que exigem extrema dedicação.
O grupo Expressões Contemporâneas Criação e Visibilidade têm como parceiro o Serviço Social do Comércio no Acre (Sesc/AC) e
é um grupo que contém, dentre seus membros, pessoas de diversas linguagens de
dança. Foi justamente esse conceito que nos levou a sermos os escolhidos como abertura no palco principal,
o “Espetáculo Interativo Chico Mendes”.
A apresentação foi idealizada realmente com esse tom de
interatividade. Junto à orquestra, havia imagens em 3D e nós do grupo
Expressões Contemporâneas estávamos dançando. Esse espetáculo, com tamanha
tecnologia, foi um marco para a história artística da cidade.
Eu já estava muito satisfeita quando vi no roteiro a
“Rainha da Floresta”, na qual fui eleita a representá-la, e fiquei muito feliz
me imaginei dançando o tribal de maneira limpa e firme, confiando no meu
entendimento do espetáculo para poder representar e desfrutar daquela tão almejada
interação com a orquestra.
O figurinista disse que poderíamos opinar no figurino e,
não tardou muito, levei minhas referências a ele, o qual somente foi seguido o
conceito de top e saia abaixo do umbigo já a cabeça. Não teve como, enfim, me
senti uma Carmem Miranda, (a minha sugestão da cabeça não foi seguida), mas percebi que, mesmo assim, estava tudo indo
muito bem: ele não teve muito tempo, nós não tivemos muito tempo, enfim.
No final disso tudo, ficou o gosto bom de poder
representar, mesmo que em 1:30 min, um pouco do que já venho representando do Tribal Fusion na cidade. As pessoas começam a
entender, agora, a diferença da Dança do Ventre do Tribal Fusion.
Eu sei que algumas de vocês são também as únicas
representantes em suas cidades e me digam: não é muito gostoso sermos
reconhecidas e valorizadas no meio artístico, no meio cultural da cidade, entre
o povo, apreciadores de arte e poder difundir o Tribal Fusion nesses lugares e eventos conceito?
É um trabalho de pioneirismo difícil: exige perspicácia,
humildade, muita dedicação, estudo alguns sacrifícios, mas quando você vê
os frutos sendo colhidos em forma de boas parcerias, de reconhecimento,
admiração e novos projetos, vale a pena confiar e continuar no objetivo de
fazer crescer o Tribal como arte, sendo respeitado não apenas como uma nova
linguagem, mas com seriedade com fundamentos bem colocados e um conceito que
agrega e constrói arte e dança com qualidade.
Texto: Janis Goldbard
Edição: Anne Nascimento