Entrevista #44: Janis Goldbard

por Aerith Asgard



Nossa entrevistada do mês de maio é a bailarina Janis Goldbard, de Belo Horizonte, Minas Gerais. Janis foi pioneira ao introduzir a Dança Tribal no estado do Acre. Ela nos conta sobre sua trajetória, suas influências com as Artes Marciais e Dança Indiana. Confira!

BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como  e quando você descobriu o tribal fusion e porquê se identificou com esse estilo?
Tudo começou com a minha irmã que praticava a dança do ventre e levava seus estudos para casa na forma de treinos e ensaios. Depois de algum tempo, sem nenhuma prática corporal, resolvi experimentar a dança do ventre e, após 1 ano fazendo aulas esporádicas, decidi  procurar uma escola especializada. A princípio não havia vagas para a turma de dança do ventre, então, fui para a turma do Tribal até abrir nova turma.
Fiz a aula experimental, me identifiquei muito com o estilo e a forma como me foi apresentada a movimentação densa e limpa, a expressão necessária, o trabalho muscular, as músicas; tudo era novo pra mim... Fui pega pelo estilo nesse mesmo dia.

BLOG: Quais foram os professoes que mais marcaram no seu aprendizado e por quê? 

Meu primeiro professor foi meu pai (mestre) no Kung-Fu e ele me ensina até hoje sobre respeito, humildade e persistência. Marília Pires Foi a primeira professora mulher de dança do ventre que eu tive e me mostrou o lado lúdico e o valor sagrado que esta dança possui. A grande Nanda Najla, por sua postura e aulas carregadas de técnica e paixão me mostrou o valor do estudo técnico, a importância dos treinos e  do respeito ao coletivo. Guru Murthi que me ensinou o valor da disciplina, e também por ter sido o primeiro professor de dança indiana clássica o qual tive contato. Svetlana Gubaidullina que com paciência e amor me ensinou sobre dedicação e devoção. Foram muitos professores inspiradores! Nós temos muitos bons professores no Brasil, poderia citar uma lista enorme aqui, mas, por hora, estes representam bem.

BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?

Eu venho das Artes Marciais (estilo Wing chun) e sempre treinei, mas era meio que de brincadeira. A partir de 2001, voltei para o Kung-Fu,  o qual treinei até 2006, quando comecei a estudar dança do ventre e, em 2009, conheci o Tribal Fusion. Depois,a partir de 2012, tive contato e experimentos com diversas linguagens de dança,  que iam do ballet ao frevo. De 2013 a 2015  fiz parte do grupo Expressões Contemporâneas “Criação e Visibilidade” no Sesc Rio Branco Acre, o qual tive a oportunidade de estudar com professores de dança de universidades federais de todo o Brasil. Hoje, de volta a Belo Horizonte-MG, continuo no  Kung-Fu e no Tai Chi Chuan, Ballet e Dança Indiana (estilo kuchippudi e bollywood).

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?


Na dança do ventre/tribal, Tahia Carioca, Suhaila Salimpour, Carolena Nericcio, Masha Archer, Jill Parker, Nanda Najla, Rachel Brice, Sharon Kihara, Ashara. As minhas fontes de pesquisas de início se basearam nelas. Comprei DVDs e até hoje acompanho o trabalho delas pesquisando no youtube e lendo artigos sobre as mesmas, o que elas tem feito, onde estão, como estão, porque cada uma em seu estilo tem sua importância e seu valor, mesmo que não estejam nos palcos as considero  grandes fontes de inspiração pra mim.

Atualmente, gosto de estudar as que fazem as fusões indianas como Chantelle Gomez, Judite dilshad,  April Rose, Aleksandra Kilczewska, Meher Malik.

No ATS®, sigo com conversas inspiradoras com Thalita Menezes que tem me ajudado nessas explanações.

Alguns grupos de dança contemporânea que eu amo são: Grupo Samadhi Dance Company, Chandra Kala, Banjara Dance Group. Eles me inspiram em seus trabalhos de grupo.

Os bailarinos de dança indiana clássica e bollywood que sempre me inspiram: Carlos Clark, Nitisha Nanda e Jallu Jindal .

Nas artes Marciais, meu pai Rob Nin porque me mostra sempre o valor do treino; Bruce Lee, porque é um ícone de força e persistência; e Jackie Chan ele é muito versátil e luta muito.

Quando quero me inspirar para espetáculos assisto a filmes indianos e de Kung-Fu porque eles são carregados de beleza e harmonia.

BLOG: O que a dança acrescentou em sua vida?
A dança é uma atividade que me faz olhar para dentro de mim de uma maneira diferente e também pude nas minhas experiências como mediadora olhar para o outro de uma maneira mais humana, mais paciente. A dança também me acrescenta disciplina, dedicação, humildade e sempre novas parcerias. É com certeza o coletivo, no qual posso ser eu mesma, rir junto, chorar, criar, discutir, abordar temas sem medo algum de me expor. A dança me dá liberdade.

BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
O compartilhar, o viver num coletivo onde todos(a) tem de um único desejo: a liberdade de criar, a comunicação não verbal, a satisfação de um trabalho corporal dizer o que você quiser e precisar.

BLOG: O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação? Você acha que o tribal está livre disso?
Talvez a indisciplina com que tratamos nosso próprio ego, quando paramos para criticar  ou se sentir ofendido (a) com crítica do outro(a).Na verdade perdemos tempo, e tempo é treino. Melhor treinar que perder tempo. O tribal não está livre disso, infelizmente, mas vejo pessoas mais maduras envolvidas então a recorrência é menor.

BLOG: Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou no tribal? Como foi isso?
Não especificamente comigo, e sim com a comunidade de bailarinas de dança do ventre
que, entre si, não tinham um bom relacionamento e o meio artístico as tratavam como "mulheres bobas que ficavam brigando entre si".

BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Como eu coloquei acima, a desunião, ingratidão, inveja e falta de profissionalismo de algumas pessoas podem atrasar o processo de evolução para que sejamos mais respeitadas no cenário artístico no Brasil. Isso me chateia.

BLOG: E conquistas? Fale um pouco sobre elas.

Amizades, parcerias, discussões saudáveis conversas infindáveis sobre essa arte, divulgação do estilo no Acre em forma de participação em seminários, cursos ministrados, viagens, projeto contemplado (pelo edital de pequenos apoios da  fundação Elias Mansour), que  foi um passo bem importante para esse projeto de divulgação do estilo para a região.

E algumas considerações palpáveis como:

E as grandes amizades que fiz e que só tenho a agradecer pois estava entre os grandes fazedores de cultura do Acre.

BLOG: Você foi pioneira no estado do Acre, na cidade de Rio Branco, introduzindo o estilo tribal fusion. Conte-nos como foi esse processo, as dificuldades encontradas, cenário da dança tribal da região Norte. Pontos positivos, negativos, apoio da cidade/estado, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?


A verdade é que eu estava procurando algum tipo de dança para continuar meus estudos. Procurei dança flamenca (não havia); procurei dança do ventre (turmas básicas); procurei dança indiana (então nem pensar).  Foi aí que pensei:  "então vou voltar para o balé".

Depois de algumas aulas falei da minha trajetória de dança para minha professora de balé e nós então resolvemos fazer um teste colocando “dança do ventre tribal e fusion”. De início as pessoas procuravam dança do ventre. Só a partir do primeiro espetáculo é que começaram a espalhar que havia algo diferente e então eu já estava inserida no MODA,“Movimento de dança do Acre”, que me deu parcerias incríveis e com a qual eu sempre estava em comunicação para que o meu trabalho e o Tribal Fusion fossem reconhecidos e conseguíssemos uma formação de público para o estilo.


A cidade/Estado sempre me acolheram, convidando para pautas de ensaio;se eu tivesse alguma dúvida sobre algum projeto, lá estava alguém para me auxiliar; convocatória para reuniões,etc. Nisso tudo sempre estiveram a disposição. Também tive apoio da mídia da cidade, através de entrevistas, participações em programas,  rádio,etc. Não houve barreiras. Cheguei inclusive a ir para Rondônia duas vezes a convite de Kaká Ferreira e de Cristina Pontes que fazem uma divulgação sobre o tribal na cidade de Porto Velho e a recepção  o carinho dos estudantes sempre fui muito bem recebida. Até hoje recebo mensagens de apoio e sempre me coloco a disposição sobre dicas e conselhos sobre o estilo.

Acredito que o ponto positivo seja que ainda há muito espaço para se criar e a cultura do Norte é muito rica, tem muitos caminhos de pesquisa e estudo para poder se transformar num tribal maravilhoso. Porém, o negativo cai nessa mesma situação e, sem estudo sério, pesquisa corporal, entendimento de outras linguagens, aprofundamento teórico, os trabalhos podem ficar confusos, sem consistência e podem se perder no meio de tantas informações, pois eu acredito que a criatividade se baseia na técnica.

BLOG: Atualmente você reside em Belo Horizonte - MG. Como é o cenário da dança tribal de Minas Gerais? Pontos positivos, negativos, apoio da cidade/estado, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal? 
Em Belo Horizonte o cenário de dança Tribal está cada vez mais sólido, todos(as) professores(as) correm atrás de estudo e formação e isto é refletido nos alunos(as) que, quando há festivais e mostras de dança, aparecem com trabalhos autênticos e interessantes. O público já reconhece o Tribal como uma linguagem diferente isto é muito bom. Quanto ao incentivo cidade/estado acredito que desde sempre a Arte é colocada em segundo plano e agora não é diferente, portanto, é muito como nós nos colocamos também. Tem de correr atrás de incentivo, escrever projetos, às vezes fazer uma parceria com a prefeitura para dar aulas em eventos grandes, essas coisas. Quem não aparece nunca será visto.

BLOG: Conte-nos um pouco sobre suas principais coreografias. O quê a inspirou para a formulação da parte conceitual e técnica das mesmas, assim como seus processos de elaboração dos figurinos e maquiagens. Como essas coreografias repercutiram na cena tribal? 

Vou falar de duas coreografias.

A primeira é "A rival"  feita a partir do conceito do filme Burlesque da academia e Estúdio Arabesque. Divertida e tudo a ver com o que acontece às vezes no cenário de dança de qualquer lugar: rivalidade e competição, desentendimentos mas também muita diversão. O figurino e processo criativo foram baseadas nas pesquisas de danças da época, no neo burlesque, charleston, em figuras que representam a época como Dita Von tese, Shaide Halim (atual Lady Burly)  e tive como referência a coreografia de Zoe Jakes como inspiração.


A segunda coreografia, "Índia em 4 tempos",  foi um resumo do meu trabalho todo no Acre o ano em que sabia que iria voltar para o sudeste, o ano em que voltei da Índia confiante da minha paixão pela dança indiana, o ano do agradecimento pelo carinho e amor dos meus colegas de dança, teria de ser um agradecimento  pelos 3 anos em que vivi no Acre.

Juntei em 10 minutos o que seria um fragmento do meu trabalho, No processo criativo optei por levar minhas referências em dança indiana que sempre foram muito fortes, mesmo antes de eu ter ido à Índia. No figurino, uma inspiração direta da índia, optei pelocholi, adornos indianos, pulseiras cores, bindi, jóias e adornos; tudo muito exagerado porque é assim que elas gostam: uma mulher tem de estar como uma Deusa. Também foi uma homenagem a Sharon Kihara , é uma inspiração pra mim até hoje.


Se quiser conhecer mais um pouco do que vem sendo criado no Acre, de como a comunidade da Dança  está se organizando e  de como eu vinha representando o Tribal Fusion, aí está um link: http://cartografiadadancadoacre.com.br/?p=151


BLOG: Dentro do Tribal, você também trabalha com a fusões com danças indianas. Qual sua relação com esta dança? Como fusionar esta dança com o tribal fusion sem transgredir o lado sagrado da dança indiana? Qual a principal semelhança entre o tribal e a dança indiana que os tornam tão compatíveis?
A  aprtir da prática da meditação (sahaja Yoga) é que esse desejo foi se estabilizando. Eu até criava coreografias e  inseria movimentação indiana, mas só depois que fui para Índia é que comecei a enxergar sob nova ótica o que eu estava disposta e o que eu desejava  produzir. Minha relação com a dança indiana parte de um principio devocional de alegria, de bem estar, de comunhão com o Divino.

A dança Tribal já tem esse conceito em si, quando fazemos o puja para Deusa, quando dançamos com nossas (os) irmãs(os) e temos de respeitar a outra em sua singularidade e isso é inerente à dança Tribal e também à dança indiana clássica, seja sob qualquer tema que você irá criar, o que as tornam compatíveis em fusões é justamente isso.

O respeito com a qual eu crio a dança tribal  é o mesmo respeito no qual eu crio minhas coreografias semi-clássicas de dança indiana. Na verdade, eu não fico pensando se vou ou não transgredir, prefiro assim, por isso coloco que danço o Semi-Clássico, sei e respeito a linha rígida dos estudos da dança indiana clássica, quem sou eu pra transgredi-las.

BLOG: Você considera a dança tribal uma dança étnica contemporânea? Por quê? Totalmente. Se você mostra o Tribal Fusion para um amigo ou mesmo um crítico de dança ele irá enxergar o breaking, as fusões, o figurino a música diferente e tudo o que é exótico e que fazem ligação entre si de uma forma harmônica e ele irá dizer: " Isso é legal! É novo! É de agora!". Apesar de usar elementos étnicos muito fortes, ele irá perceber que é fusão e parte de uma idéia nova, de uma nova linguagem, uma nova comunicação em dança.

BLOG: Em sua opinião, o quê é tribal fusion?
Vou colocar da maneira que me foi melhor apresentada em formas de pesquisas e conversas com algumas colegas da área.

Quando eu cheguei no Acre não havia conhecimento algum sobre o estilo e  precisei estudar muito, me certificando de não passar informações errôneas e de uma maneira que eu me organizasse e colocasse clara e objetivamente para as pessoas do Norte do Brasil que tinham pouco ou mesmo nenhum conhecimento do estilo o que é o Tribal Fusion.
,
Decidi que precisava falar/ expor sobre o ATS® e também era uma maneira de eu mostrar que existe o ATS®, pois as pessoas não tinham nunca nem ouvido falar do ATS®, o que para mim era imprescindível saber ao menos um pouco para o conhecimento do estilo.

Bom, a partir do momento que enxergo movimentações que possuem base no ATS® o considero tribal, a partir de outros elementos colocados como fusão de alguma outra dança com base na Dança do Ventre, entendo que é bellyfusion. É fácil enxergar o tribal nas coreografias, posturas e elementos tradicionais que partem da base do ATS®.

BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?
A possibilidade de criar em cima de um conceito, isso é tão gostoso! 

BLOG: Como você descreveria seu estilo?
Tribal Fusion/ Dança étnica contemporânea. Depende muito do conceito da coreografia na verdade.Eu tenho coreografias de Tribal Fusion, bellyfusion, bellywood, Semi- Clássica indiana, eu não tenho nada contra nomenclaturas, eu as acho importante.

BLOG: Como você se expressa na dança?
De maneira devocional. Hoje em dia venho observando isso em mim e é onde eu realmente me conecto com o Divino e não tem intermediário, a conexão é direta.

BLOG: Sobre sua carreira, qual/quais seu momento tribal favorito ou inesquecível? 


O meu momento Tribal Fusion no Acre foi incrível! O cenário artístico e o MODA  (Movimento de dança do Acre) me ensinaram muito. Acredito que para o Tribal Fusion a divulgação do meu  pioneirismo foi um momento muito importante não só pra mim,  mas para toda região.

BLOG: Quais seus projetos para 2017? E mais futuramente?
Continuar dando aula de dança Indiana semi-clássica, voltar a fazer aulas de ATS®, continuar treinando Kung-Fu e Tai chi chuan.

Mais futuramente voltar à índia, escrever um projeto para dança e novamente ser contemplada em algum edital de cultura e abrir o meu espaço de danças.

BLOG: Improvisar ou coreografar? E por quê?
Os dois fazem parte de um processo de aprendizado, mas coreografar para mim no momento é mais interessante.

BLOG:  Você trabalha somente com dança? 
Também sou designer gráfico e empreendedora na área de atacado e varejo.

BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.
Estudem, respeitem o caminho e a opinião do outro, é de diversidade que somos feitos.


Contato:

Tel/cel:  
31 97553-6971

E-mail: 
Janis.lopes@hotmail.com

Website:




[Venenum Saltationes] Desvendando: "Lilith, a Lua Negra"

por Hölle Carogne


Neste Desvendando, a bailarina Gilmara Cruz nos conta o que há de oculto por trás de sua coreografia “Lilith, a Lua Negra”.

Conheça um pouco sobre este trabalho denso e cheio de energia!

Obrigada por compartilhá-lo conosco, Gilmara!



Venenum Saltationes: Quando e como surgiu a vontade de criar “Lilith, a Lua Negra?”

Gilmara Cruz: A coreografia “Lilith, a Lua Negra” foi idealizada como trabalho final para fechar o ano de 2016. Ano em que chamei muito por ela e até a tatuei em meu braço. Sinto-me relacionada a seu arquétipo em termos de feminino rebelde, liberto, não submisso e não cristão. O evento que eu organizo no final de ano, chamado “Solstício das Deusas” neste ano de 2016, teve como tema “mitologia” então foi quando percebi uma oportunidade imensa de fazer um ritual através da Dança para essa entidade feminina.



Venenum Saltationes: Do que se trata este trabalho? Qual o assunto abordado?

Gilmara Cruz: A performance trata-se de um ritual obscuro, onde através dele invoco a entidade e entrego meu corpo para uma, digamos, “possessão”. Dando assim abertura maior para essa energia, em meu corpo e minha mente, que pudesse ser manifestada através da Dança. O Assunto abordado é a entidade Lilith.



Venenum Saltationes: Existe alguma linguagem oculta por trás de “Lilith, a lua negra”?

Gilmara Cruz: Sim! Houve uma tentativa de desocultamento da energia em mim. Porque sinto que ela já está enraizada em meu interior, porém nem sempre manifestada. Lilith, traz consigo uma face sombria e misteriosa e revela os desejos mais ocultos dos seres femininos. Para quem não conhece a sua história, ela foi a primeira mulher a ser criada e se revelou contra seu parceiro Adão por falta de respeito a suas vontades. Lilith não inibiu seus desejos, ela foi em busca de realizá-los. Não permitiu a supremacia masculina sobre ela e se rebelou contra. Nessa coreografia Lilith se manifesta serpenteando os males e instintos ocultos do feminino, além de sua libertação, claro.



Venenum Saltationes: Com quem “Lilith, a lua negra” tenta se comunicar? E o que ela quer dizer?

Gilmara Cruz: Ela busca uma aproximação com a entidade feminina, liberta, sexualizada e rebelde de Lilith. E ela manifesta a liberdade que toda mulher deveria ter. Se a coreografia pudesse falar em nossa língua, ela diria para as mulheres se revelarem, para aceitarem sua essência natural, para se libertarem das amarras que a sociedade patriarcal tenta nos impor, sem se importar com julgamentos alheios.


Venenum Saltationes: Comente sobre os processos de criação de “Lilith, a lua negra”.

Gilmara Cruz: Além da re-leitura do livro “Lilith a lua negra” do autor Roberto Sicuteri, o desafio foi encontrar uma música que manifestasse a força, o poder e o mistério da entidade Lilith. Após encontrar a música “Lilith” da banda Varien foi desafiador trabalhar as partes de Dubstep que tem nela. Embora eu venha estudando o Hip Hop e algumas vertentes do mesmo, eu nunca os levei para o palco. Foi bastante desafiador colocar isso na prática em uma coreografia que dizia muito sobre mim. A música citada traz características de poder e com batidas fortes que me levaram a encaixar, além do ATS e clássicos do Tribal Fusion, movimentos de força, explosão do Popping, Breaks, sinuosidades do Wave, deslizamentos de pés do footwork e outros elementos que dialogam com o Hip Hop, tudo isso numa coreografia de Dark Fusion Ritualístico.


“Eu danço a minha vida para mim mesma; Sou Inteira; Sou Completa;
Digo o que penso
E penso o que digo;
Eu danço a escuridão e a luz;
O consciente e o inconsciente;
O sadio e o insano;
E falo por mim mesma;
Autenticamente;
Com total convicção;
Sem me importar com as aparências;
Todas as partes de mim;
Fluem para o todo;
Todos os aspectos divergentes tornam-se um;
Eu ouço;
O que preciso ouvir;
Sinto os meus sentimentos;
Eu nunca me escondo”



 Vídeo:





[Estilo Tribal de Ser] Saia Banjara

por Annamaria Marques



Saudações, pessoal!

Neste artigo visitaremos o povo Banjara que nos emprestou vários adereços para a dança Tribal! Neste, apresento a saia banjara.



Os  Banjara (conhecidos também por Gor, Lambani, Vanjara ou Gormati) são uma comunidade, geralmente descrita como nômade, que habita a região nordeste do subcontinente Indiano (do Afeganistão ao  Rajastão) e que pode ser encontrado espalhado por várias regiões da Índia.



Banjaras eram tradicionalmente fornecedores de gado e sal. O nome deles vindo do sânscrito, significa  "aqueles que caminham na selva" (tradução livre do inglês). O outro nome pelo qual são conhecidos - Lambani ou Lamani - deriva da palavra em sâncrito para sal, mercadoria vendida por eles.








LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...