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[Entrando na Roda] Pioneira da Roda: Aline Muhana

 por Natália Espinosa


Quando a Natália me pediu pra escrever esse texto eu tive um misto de sensações. Algo entre “Que legal! Querem ouvir a minha história!” e “Socorro! por onde eu começo?”. E por uma brincadeira do destino fui convidada pela Laila Garbeiro pra participar da edição especial do Simpósio Práxis de fevereiro de 20121 para falar justamente de…memórias do início do Tribal no Brasil! 


Foi um momento muito propício porque eu estava preparando a minha mudança pra São Paulo e todas as minhas coisas estavam à mão, no meio da arrumação do que levar para casa nova. As pastas e caixas com os certificados, recibos, flyers, credenciais de eventos estavam todas ali. Memórias físicas do que aconteceu, e não só fotos em redes sociais mortas e drives externos abandonados. 


Os remanescentes de figurinos canibalizados, bases e peças que eu não me desfiz com o passar dos anos, materiais que caíram em desuso por conta das modas e preferências atuais, peças que se desfizeram ou que não cabem mais. Foi um momento bem propício pra olhar pro começo, no meio de todas essas coisas que já foram protagonistas na minha história. 


E no início de tudo (pelo menos pra mim) tiveram esses dois vídeos: de um grupo de mulheres dançando no que parecia ser uma feira medieval muito animada (o palco era na frente de um rio, e tinha uma barquinho passando, nunca tinha visto uma apresentação de dança ao ar livre) e outro vídeo de uma mulher que não parecia real. Ela se movimentava de uma maneira não natural e vestia o figurino mais impressionante que eu já tinha visto (apesar da qualidade de imagem ser péssima naquela época). Depois de muito tempo eu descobri que o grupo se chamava Daughters of Durga e a mulher se chamava Rachel Brice. Cheguei a esses vídeos através de uma plataforma para artistas que eu usava na época, o Deviantart


Depois da minha formatura como bacharel em Artes Plásticas pela UFRJ em 2004 eu fiz muitas coisas, não me contentei em traçar uma carreira apenas como pintora. Eu ilustrava, dava aulas de desenho e pintura, costurava, criava performances e arte digital, então criei um perfil nessa plataforma e entrei em contato com outros artistas de várias partes do mundo. E no perfil de uma moça da costa Oeste dos Estados Unidos eu vi o link para esses vídeos. Ela usava o nome de Danya e dançava nessa trupe Daughters of Durga, e tinha como colega Tori Halfon (ela mesma, a criadora do Tribal Massive!) em 2006. O próximo vídeo que apareceu na pesquisa do Youtube foi um solo de Rachel Brice com o percussionista Tobias Robertson em uma edição do Tribal Fest. E eu pirei mais ainda. Fiquei muito impressionada com a estética dos vídeos e me interessei em saber mais sobre aquilo. 


Nessa época eu praticava Dança do Ventre por conta própria, sozinha em casa, com o auxílio de revistas, cds, e lembranças das apresentações que eu via na tv (eu morei em Foz do Iguaçu - PR dos 5 aos 17 anos, uma das maiores colônias libanesas do Brasil. Tínhamos canais libaneses na tv a cabo, eu tinha colegas libaneses na escola. A dona da escola que eu estudei era libanesa. Toda festa do folclore da escola tinha roda de Dabke.  Enfim…fui exposta  à cultura por um bom período de tempo, mas sem me aprofundar) E esses vídeos foram mais um incentivo para procurar aulas regulares, apesar de eu não saber bem o que era aquilo, mas achar parecido com algumas coisas que já tinha visto. 


Cheguei em 2007 ao Asmahan Escola de Artes Orientais por indicação de um amigo em comum que eu tinha com a fundadora da escola: Jhade Sharif. E qual foi a minha surpresa ao encontrar no site da escola algumas fotos dela com esse figurino diferente (e até meio parecido com o das americanas) em shows da escola e em restaurantes! Achei o que eu estava procurando  a um ônibus de distância da minha casa e descobri o nome daquele estilo diferente de dança do ventre: Dança Tribal. 


Olhando pra essas memórias 14 anos depois me dou conta de que o  que se colocava como Dança Tribal naquela época era muito mais fruto de pesquisas pessoais de profissionais expostos a essas performances, que chegavam sem explicação nenhuma e fora de contexto, (as pessoas não sabiam ainda do poder da internet de difundir conteúdo indiscriminadamente)  fora a barreira do idioma. Não existia nenhum tipo de unidade nem de conhecimento do que outras pessoas faziam, e a produção artística nacional apesar de já estar ocorrendo em vários lugares,  passava despercebida da maioria. A informação de que o Tribal Fusion (que foi adotado depois, pois não se fazia diferenciação) era derivado do antigo American Tribal Style (que foi difundido no Brasil muito depois) era inexistente.

 

Através de pesquisas numa rede popular entre as tribalistas americanas da época  chamada Tribe.net descobri essa e muitas outras informações sobre o estilo e iniciei um blog que se chamou “ATS e ITS” em que comecei a traduzir informações sobre a história do estilo, os códigos de vestimenta do ATS, as diferentes vertentes de improvisação coordenada (ITS) e as últimas notícias da comunidade americana. O blog durou alguns anos, mas com o tempo e a demanda de trabalho com aulas e o atelier deixei de publicar atualizações. 


No Tribe.net também conheci outras artistas americanas do estilo e no youtube e orkut descobri o trabalho das nacionais Cia Halim (SP), Kilma Farias (PB) , Nanda Najla (MG), Bruna Gomes (RS) e de Victoria Vasquez (Chile), além de Nadine Fernández (Alemanha) (que Jhade tinha acabado de convidar para workshops no Asmahan, pouco antes de eu entrar pra escola). 

Meu estande do Tribes Brasil I  (Tribal.fest / Festival Tribal do Rio) - 2008

O primeiro momento em que pude ver alguns destes nomes nacionais juntos, mais a companhia Shaman, Rhada Naschpitz e Nadja el Balady (que dividiu a produção do encontro com Jhade) e outras artistas que não fui capaz de recordar foi no primeiro encontro que ocorreu no Rio em julho de 2008. A primeira edição do Tribes Brasil (Tribal.fest / Festival Tribal do Rio). Participei como expositora no que seria o embrião do meu atelier (Nataraja Designs) e dancei com mais duas amigas de aulas no show de mostras. Depois disso tudo mudou, e novos eventos exclusivos de Dança Tribal  com esse caráter de encontro começaram a surgir em outras regiões do país.  


Tribal.fest / Tribes Brasil I, 2008. Eu, Sarah Bott e Carla Nar


Foi muito interessante ver as expressões individuais das outras artistas brasileiras, traduzidas em figurinos e escolhas musicais. Acho que foi a primeira vez que vi ao vivo um figurino incorporando elementos nacionais como crochê e chitão, de Kilma, Cia Halim e das Shamans. 


Naquela época a joalheria indiana importada que hoje é tão comum de se encontrar (apesar do preço) era extremamente rara, e só quem viajava para o exterior tinha acesso. Os sites de venda ainda eram poucos e muitos não enviavam para o Brasil. Mesmo as lojas de bijuterias não tinham a variedade de peças com inspiração oriental que temos hoje com a moda Boho em alta, então o impacto de ver figurinos ricos e bem feitos com produtos nacionais foi ainda maior!


Eu frequentava feiras de antiguidades e brechós  pra conseguir algo interessante e conseguia verdadeiros achados, a custa de muita paciência e barganhas. Comprava bijuterias antigas, às vezes até achava alguma peça indiana legítima, roupas com tecidos interessantes para reaproveitar e acessórios como xales, luvinhas de crochet e broches. 

Existiam pouquíssimos ateliers de figurino para Tribal, era muito difícil conseguir um figurino completo em pronta-entrega,  muitas vezes tínhamos que criar acessórios e figurinos por conta própria ou com a ajuda de costureiras. Foi aí que surgiu o meu atelier inclusive.


Primeira tentativa de look ATS Old School - Figurino completo Nataraja Designs - 2009


As tendências de figurino nesse início eram muito inspiradas no visual do contingente tribal do BellyDance SuperStars (a principal fonte de referência da maioria de nós) e de alguns dos poucos vídeos que chegavam a nós pelo youtube. Aos poucos o figurino tradicional de cintos de franjas de lã e calças boca de sino foram sendo substituídos pelo visual mais vintage usado pelo The Indigo no seu show recém lançado Le Serpent Rouge.

Carol Schavarosk, Sarah Bott, Eu e Karine Xavier em figurinos tribais criados e executados por nós mesmas (excetuando o da Karine). Al Khayam - 2009

Um dos pontos altos do Tribes e dos outros eventos que seguiram nessa tendência foi a troca de conhecimento entre as artistas nacionais através de workshops. Muitas de nós, dessa primeira geração do Tribal do Brasil, tivemos oportunidade de fazer aulas umas com as outras e contribuímos efetivamente para a formação conjunta da nossa comunidade.  Nesse primeiro contato da comunidade consigo mesma foi fundamental aprender as diferenças e similaridades dos trabalhos das colegas e até desenvolver nomenclaturas e afinidades estilísticas. 

Os workshops eram todos grandes exposições das pesquisas artísticas pessoais de cada bailarina, seguindo uma linha individual de desenvolvimento totalmente independente. Não existiam ainda os formatos pré-estabelecidos (como Datura ou DanceCraft) e não havia ninguém com conhecimento mínimo de ATS para dar aulas (apesar do método já existir e os DVDs já serem comercializados no mercado “informal”, vulgo Pirataria). A primeira brasileira a dar aulas de ATS no Brasil só viria no ano seguinte (Isabel de Lorenzo, em 2009). 


Os dvds pirateados foram primordiais para muitas de nós termos o primeiro contato  contextualizado com a produção americana do estilo. Apesar do idioma, muitas de nós conseguiram ultrapassar esse obstáculo e pudemos entrar em contato com os primeiros vídeos didáticos explicando o conteúdo das aulas e a importância de temas como o estudo do Yoga, fundamentos técnicos do estilo e suas variações. 


Com a vinda das primeiras bailarinas americanas ao Brasil no ano seguinte ( Sharon Kihara, Mardi Love e Ariellah no Tribal Y Fusion/2009 -  produção Adriana Bele Fusco)  houve esclarecimento de alguns destes  tópicos e uma difusão ainda maior desses fundamentos por todo território nacional a partir das participantes do evento, que foi de quase 200 bailarines de todo o país. Foi um momento de descobertas e de compreensão muito grande para a cena brasileira.

Jhade Sharif , Nadja el Balady e eu - 2009 - Tribal y Fusion - Primeira apresentação da Tribo Mozuna - primeiro grupo de ATS do Brasil.


Existia um senso de comunidade e um otimismo muito grande nesses primeiros anos, uma preocupação em criar um ambiente receptivo e de suporte mútuo que era perceptível nos corredores dos eventos, salas de aulas e camarins. Tudo era muito novo e a sensação de encontrar alguém que compartilhava aquela mesma dança inebriava  e empolgava a todes. Ainda hoje me sinto como se estivesse “visitando a família” nos grandes eventos, onde tenho a oportunidade de encontrar esses rostos familiares de tantos anos.


Nestes 14 anos houve uma evolução muito grande em todos os aspectos da nossa cena: Integração, variedade, qualidade de performance e instrutores e a quantidade de praticantes, frutos de muito trabalho e dedicação tanto das gerações mais antigas quanto das mais novas, nossas alunas e ex-alunas. As reflexões atuais geradas pelos simpósios, coletivos e grupos de estudo (que floresceram durante a pandemia) trouxeram aprofundamento das discussões teóricas, históricas e sociais e amadurecem ainda mais nossa comunidade, nos colocando no próximo estágio de evolução da dança do país.


E basicamente esse era o cenário quando comecei a “dançar tribal”, nos primeiros anos da difusão do estilo no país. Espero que tenha sido uma experiência boa esse passeio pelas minhas memórias! 


Grande beijo!

Aline Muhana


Para conhecer mais o trabalho de Aline Muhana, acesse:


| Instagram | Entrevista no Blog |



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Entrando na Roda

Natália Espinosa (Campinas-SP) é dançarina e professora de Estilo Tribal de Dança do Ventre e ATS®.Tornou-se Sister Studio FCBD® em 2013 e está cursando o programa The 8 Elements™ de Rachel Brice. Natália orienta o Amora ATS ® e participa do TiNTí, grupo profissional de ATS® composto por sua professora Mariana Quadros e por Anna Pereira. Sua grande paixão é ensinar e seu palco é a sala de aula.  Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 


Entrevista #20: Bela Saffe



Nossa entrevistada do mês de Setembro é a bailarina da Bahia, Bela Saffe! Bela nos conta sobre sua trajetória na dança do ventre, entre o teatro e a psicologia, até se envolver pelas fusões afros, populares brasileiras e indiana, encontrando-se, por fim, com o Tribal;suas conquistas nos principais eventos dos EUA ; além de comentar sobre seu Grupo Kairós , projetos e eventos já realizados na Bahia, cuja Caravana Tribal Nordeste é um dos principais eventos de destaque do país. Confiram a entrevista =)

BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como tudo começou para você? 
Meu primeiro contato com a Dança do Ventre foi em 1993, há 20 anos. Na época eu fazia parte de um grupo de Teatro em Salvador (Grupo Via Magia) e em uma das cenas eu tinha que dançar a Dança do Ventre. Minha referência imaginária eram os filmes Hollywoodianos ou algo do gênero nos programas de TV. Não existiam professoras, shows, DVDs ou internet para estudar ou pesquisar. Fiz a personagem intuitivamente e me sai muito bem, de tal forma que quando terminava a peça, várias pessoas me procuravam para elogiar e perguntar onde havia aprendido a dançar. Fiquei entusiasmada não exatamente por causa desse retorno positivo do público, mas porque eu realmente gostei de ter entrado em contato com aquela movimentação. Senti tamanha identificação que comecei a pensar que por ser descendente de árabe ( meu pai nasceu no Líbano), essa afinidade já estava no sangue. Nenhuma mulher da minha família dançava, mas ouvir aquelas músicas e dança-las era como estar num lugar de pertencimento.
A partir disso, então, fiquei atenta para saber se havia alguém ensinando dança do ventre, mesmo que fosse em outro estado. No mesmo ano, aconteceu um congresso de abordagens terapêuticas corporais em Salvador e eu soube que viriam duas dançarinas do ventre do Rio de Janeiro. Participei, claro, do congresso e das aulas. Não lembro o nome delas, mas conversamos ao final do curso e, já estando com uma viagem agendada pra São Paulo, perguntei se elas conheciam alguma professora por lá. Elas me responderam que São Paulo era o melhor lugar pra fazer aula e me deram o contato da Khan El Khalili.
Zaar
Fui na Khan El Khalili primeiro para tomar o chá e ver o show antes de resolver fazer as aulas. A primeira bailarina que vi dançar foi Nájua! Fiquei absolutamente encantada! Resolvi então que passaria um tempo de aprendizado em São Paulo pra poder me dedicar a dança do ventre profissionalmente. Não sei exatamente quanto tempo fiquei em São Paulo dessa primeira vez, mas eu fazia aula todos os dias e às vezes mais de uma vez por dia. Além disso, conheci uma outra dançarina que não era da Khan El Khalili e que dava aulas particulares. Ela também era psicóloga como eu e fazia um trabalho interessante em relação a uma maior consciência do feminino através da dança.
Comecei a dar aulas em Salvador no ano seguinte, em 1994, quando ainda não havia ninguém ensinando. Mas sabia que ainda teria muito o que aprender e retornei a São Paulo incontáveis vezes para fazer aulas. Portanto, 20 anos de aprendizado e ensino, com muitos altos e baixos (claro! Rs), mas com muito amor e paixão!
1996 - Espetáculo Meera
O interesse pela dança tribal surgiu em 2006, através de vídeos da Carolena. Mas costumo dizer que eu sempre fui tribal. O segundo espetáculo de dança que produzi e coreografei em 1996, Meera, tinha uma estética totalmente tribal: figurinos rústicos sem qualquer brilho ou lantejoula, utilização de músicas não árabes e fusão com a cultura indiana. Ou seja, durante os quase 20 anos de dança do ventre sempre me aventurei, nunca segui os padrões estabelecidos do que era (ou não) dito como “dança do ventre”. Quando encontrei pessoas que faziam algo similar, simplesmente me identifiquei e mergulhei mais ainda naquilo que já expressava.

BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
 
Fiz aulas de dança do ventre com muitas professoras e sem dúvida aprendi muito com elas, mas serei sucinta, dando destaque para FáduaChuffi, porque além de excelente dançarina tem uma forma muito humana de ensinar.
Na dança Indiana, Patrícia Romano, por ser uma mulher guerreira e amorosa.
Na Dança Afro, Armando Pekeno, pela exigência e bom humor.
 E no Tribal: Rachel Brice, Mardi Love e Mira Betz. As três me ensinaram muito e continuam me inspirando.
BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Sim, minha história com a dança é muito anterior a dança do ventre. Eu comecei no Ballet ainda criança e fiz aulas durante 12 anos. Em seguida fiz dança moderna, afro e contemporânea. Quando comecei a dar aula de dança do ventre, em 1994, eu já era preparadora corporal dos atores do grupo de teatro ao qual fazia parte, participava de grupos profissionais de dança contemporânea e estava finalizando um curso de especialização em coreografia na Universidade Federal da Bahia.
Ao longo desses 20 anos de dança do ventre, me dediquei também a outras vertentes da dança e do movimento corporal: dança clássica Indiana no estilo Bhatanatyam, Estudos do Laban, Formação em Reeducação do Movimento (método do Ivaldo Bertazzo), além de estudos e práticas que envolvem psicologia e corpo, como a Psicologia Formativa de Stanley Keleman.
Ou seja, são mais de 35 anos envolvida com corpo, movimento, dança e arte.

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Difícil te dizer quais foram as minhas primeiras inspirações. Como estou envolvida com a dança e a arte desde criança, o que posso dizer é que a arte em si que me inspira: um espetáculo, um quadro, um filme, uma poesia, músicas... Enfim, tudo que me fez e me faz perceber o mundo de uma forma diferente, criativa, inusitada.
Como meu envolvimento atual tem sido basicamente com a dança tribal, as profissionais que me inspiram são Mira Betz, Rachel Brice, Mardi Love, Zoe Jakes e Sera Solstice, a nível internacional. E no Brasil, minhas colegas Cibelle Souza e Cia Shaman, Kilma Farias e Cia Lunay, Mariana Quadros, Bia Vasconcelos, Gabriela Miranda, Karina Leiro e Rebeca Piñeiro. Aprendo muito com elas e me sinto estimulada a seguir criando quando vejo seus trabalhos.

BLOG: O quê a dança acrescentou em sua vida?
Poderia te dar uma longa resposta sobre o que a dança acrescentou na minha vida, mas ultimamente tenho refletido muito sobre as excessivas expectativas que as pessoas buscam na dança, e começam a fazer aula ou a se profissionalizar esperando grandes resultados com pouco esforço. Dançar é uma forma de estar e de ser no mundo, muitas coisas vem e outras tantas são descartadas. É um compromisso e como todo compromisso envolve perdas e ganhos. Falo isso porque sempre vejo muito “romantismo” em torno da dança e quando as pessoas se deparam com as escolhas, não suportam imaginar que dançar (e obter seus benefícios) possa também lhes exigir muito em troca.

BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
A linguagem sem palavras. O contínuo trabalho de tentar se expressar através do cinestésico.

BLOG: O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação?Você acha que o tribal está livre disso?
Penso que o que prejudica a dança do ventre é essa profusão de “clones”. Você vê uma dançarina se apresentar e as demais são iguais. Todas praticamente escolhem uma música clássica para dançar e seguem o mesmíssimo roteiro (entrada com véu e blábláblá...). Maquiagem, expressão, movimentos, tudo igualzinho e previsível. Dificilmente alguém consegue surpreender. A meu ver, existe muita convenção e pouca criatividade.
Em relação às dançarinas que seguem uma carreira internacional, infelizmente a maioria se submete a padrões estereotipados de beleza para se manter no mercado: silicone nos seios, preenchimento nos lábios e por aí vai. Mais uma vez, padronização no lugar da diferenciação.
O tribal não está livre disso. Parece que as pessoas tem necessidade de rotular e identificar o que estão dançando ou assistindo. É assim também nas demais expressões artísticas. Isso é uma cilada que muitas dançarinas podem cair, ou seja, fazer o já conhecido pra não ter que enfrentar o estranhamento. Mas, o tribal tem a vantagem de ter nascido justamente com a intenção de sair de padrões. Mesmo que muitas sigam apenas imitando, vejo muito mais liberdade criativa na dança tribal do que na dança do ventre.

BLOG: Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou no tribal ? Como foi isso?
Ah, sim! Dança do ventre tem um lugar marginal no meio da dança. É tida como uma dança fácil, menor, com intenção basicamente sedutora, coisas desse nível. Mas não saberia te dizer um fato específico que ocorreu comigo. O preconceito pode acontecer de muitas maneiras embutido em comentários, olhares, indiferença, etc. Ainda bem que existem novas perspectivas pela frente. Conheço algumas dançarinas, por exemplo, que fizeram ou estão fazendo mestrado nessa temática. Sem dúvida isso mostra que já existe alguma abertura no meio acadêmico e que isso pode gerar mais conhecimento e menos preconceito na área.

BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Muitas e sempre. Acredito que não exista carreira sem frustação, faz parte do percurso. Mas a única coisa que até hoje realmente me indigna é a falta de ética e falta de respeito que alguma profissional possa ter com outra. Isso sempre será lamentável.

BLOG: E conquistas?Fale um pouco sobre elas.
As conquistas são todos os eventos que realizei e que não foram poucos. Além de vários espetáculos desde o início de minha carreira. A partir de 2005 comecei a trazer profissionais nacionais e internacionais para dançar e dar aulas na cidade: Samya Ju, Anthar Lacerda, Polimnia Garro, Munira Magarib, ShaideHalim, Kilma Farias, Mariana Quadros, Cibelle Souza, Douglas Felis, Mira Betz (EUA), Anasma (França), Isabel de Lorenzo (Itália),  etc.Dentre esses eventos estão a Caravana Tribal Nordeste e o Tribal BA, só pra citar alguns.
Realizo anualmente, há doze anos, um evento de dança na Chapada Diamantina (BA), um local belíssimo com muitas cachoeiras e de natureza exuberante. São nove horas de aula comigo durante a manhã e trilhas à tarde, durante três dias. Muitas alunas participam, assim como dançarinas de outros estados. É um evento que me dá grande prazer!
Ministrar workshops em outras cidades também é uma conquista, assim como dançar em eventos dentro e fora do Brasil. Ter recebido o convite pra dançar no Massive Spectacular (Las Vegas), sem dúvida foi uma honra. Assim como em 2011 fui convidada pra uma uma turnê na Índia, uma experiência única!
Considero também uma conquista continuar dando aulas regulares ao longo desses 20 anos.

BLOG Você foi uma das primeiras bailarinas do Brasil a se envolver com o estilo tribal. Como eram as informações sobre o estilo na época em que você começou a pesquisar? Como era visto a dança tribal naquela época e como hoje ela vem se apresentando na cena brasileira?
Precisamos nos situar no tempo... “naquela época” ,quer dizer entre os anos de 2006 e 2008, ou seja, não faz tanto tempo assim. A dança tribal é recente no cenário internacional e é ainda mais recente no Brasil. Nesse tempo, percebo que ela vem conquistando mais espaço, diluindo preconceitos e atraindo mais público.
Como já disse mais acima, comecei a pesquisar o estilo através dos vídeos da Carolena Nericcio. Em seguida, conheci o trabalho da Shaide Halim e fui fazer algumas aulas em São Paulo, assim como também produzi um show e workshop com ela em Salvador. Na época as informações ainda eram poucas, mas acho que em menos de dois anos esse cenário mudou. Já era possível encontrar muitos DVDs, assistir muita coisa na internet e fazer aula com as primeiras dançarinas internacionais que estavam começando a vir pro Brasil. Lembro particularmente da primeira imersão que fiz com a Sharon Kihara, quando Adriana Bele Fusco a trouxe para São Paulo. Por mais que eu já estivesse estudando algumas coisas através dos vídeos, a aula dela foi simplesmente incrível e ali tive certeza que teria que me dedicar muito mais, rsrs.
BLOG: Conte-nos sobre suas fusões tribais com danças populares brasileiras ,africanas e dança indiana. Como surgiu a afinidade por tais fusões?  Em qual ponto essas danças convergem, em relação a repertório de passos, figurinos, ritualística, ancestralidade e rusticidade?
1995 - Fusão Afro
Em primeiro lugar penso que qualquer fusão pra ser bem feita, a dançarina precisa ter um bom domínio do repertório de movimentos das danças que serão fusionadas e, claro, afinidade. Estudar apenas alguns passos de uma determinada dança só pra fazer a fusão, provavelmente vai resultar em algo muito pobre. Isso porque não é simples descobrir as movimentações e “enredos” que se afinam. Utilizo esses três estilos que você citou pois eles já fazem parte do meu repertório corporal há vários anos.
Dos três, sem dúvida a dança indiana é a mais difícil de fazer ‘links’. Mas ao mesmo tempo é um desafio super estimulante. Levo muitas horas pra conseguir uma fluência entre os movimentos da dança indiana e da dança do ventre/tribal. No caso dessa fusão outra dificuldade é encontrar músicas que expressem esse contexto.

Tenho especial carinho em trabalhar com a dança afro e as danças populares brasileiras. Acho que elas se afinam muito bem com o repertório da dança do ventre/tribal, pois tem movimentações próximas, principalmente no que se refere ao quadril. Além disso, acho que elas falam de nossa identidade brasileira e dão o toque especial que nos diferencia das demais dançarinas de outros países.

BLOG: Conte-nos como surgiu o grupo Kairós etimologia da palavra, seus integrantes, qual estilo marcante do mesmo e se ele sofreu alguma mudança estrutural ou de estilo desde quando foi criado até agora.
Kairós é uma palavra grega e refere-se a um aspecto qualitativo do tempo. Um tempo que não pode ser medido.Mas pode ser sentido, percebido, acolhido. É diferente, portanto, de Cronos de onde vem o que chamamos de tempo cronológico, medido pelo relógio e pelo calendário.Essa é uma maneira de pensar o tempo e os acontecimentos de forma participativa. É viver não apenas a partir de um tempo pré-estabelecido, como se tudo já estivesse pronto e ordenado, mas aguçar a sensibilidade para descobrir a melhor oportunidade de participar e fazer acontecer.
Por isso a escolha do nome para o grupo de dança (Grupo Kairós). É uma forma de afirmar que no nosso trabalho não só Cronos está presente, afinal ele também é necessário, mas que cada um de nós possui sensibilidade, criatividade e liberdade para conferir significado aos acontecimentos da vida.

O grupo existe desde 1996, quando realizei o primeiro espetáculo de dança do ventre (Meera) já com uma estética totalmente fora dos padrões convencionais. De lá para cá,claro que ele sofreu diversas mudanças. Hoje trabalho com o grupo de forma muito simples. Quem puder estar presente para ensaiar e em condições técnicas de participar de uma determinada coreografia, fará parte do grupo. Ou seja, uma pessoa pode dançar uma coreografia e não dançar outra, vai depender desses fatores que citei.
As coreografias podem ser de dança do ventre (aliás, adoro coreografia de grupo para dança do ventre!) ou de tribal, sendo fusão indiana ou danças brasileiras. Esses estilos são os mais presentes no grupo, mas já trabalhamos também com outras fontes de inspiração, como os anos 20 ou a cultura Celta, por exemplo.


BLOG: Como é o cenário da dança tribal na Bahia? Pontos positivos, negativos, apoio da cidade, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?
Até o ano passado os eventos exclusivamente de tribal na Bahia foram produzidos por mim: Caravana Tribal Nordeste e Tribal Bahia. Foram workshops e shows totalmente voltados para a dança tribal. Participaram tanto dançarinas nacionais quanto internacionais nas suas diferentes edições: Kilma Farias e Cia Lunay (PB), Cibelle Souza e Cia Shaman (RN), Nanda Najla (MG), Mariana Quadros (SP), Rebeca Piñeiro (SP), Gabriela Miranda (SP), Aquarius Cia de Dança (PE), Isabel de Lorenzo (Itália), Geneva Bybee (EUA), Mira Betz (EUA), Anasma (França), além de diversas dançarinas daqui do estado.
Além desses eventos, é comum que nos espetáculos produzidos por professoras de dança do ventre, dançarinas de tribal sejam convidadas a se apresentar. O público é sempre muito receptivo, assim como a comunidade de dança do ventre. Claro que tem as pessoas que não gostam do estilo, mas nunca aconteceu qualquer fato desrespeitoso que eu tenha presenciado.
Neste ano de 2013 outras professoras e dançarinas começaram a produzir eventos de tribal. Provavelmente o cenário da dança tribal na BA ganhará muito com isso. Fico na torcida pra que eles se multipliquem!
BLOG: Em 2010 você participou da Cia Dancers South America(DSA), como uma das bailarinas do corpo inicial de tribaldancers, dirigida por Adriana Bele Fusco. Como surgiu a oportunidade de fazer parte do DSA ? Comente como foi a experiência de dançar em grupo tão diversificado em modalidades de dança e em proporção de projeto? Como foi sua contribuição para o espetáculo de 2010?
DSA 2010
O convite veio num momento bem interessante. Estávamos no meio da Caravana Tribal Nordeste em Salvador. Era um momento de interação entre dançarinas de alguns estados, então ir pra São Paulo e ficar um tempo juntas seria uma oportunidade de dar continuidade a essas trocas.  E de fato foi. Aprendi muito com a experiência. Infelizmente dançamos apenas uma noite o que não permitiu que o trabalho amadurecesse. Sei que isso não é exclusividade desse projeto, tem sido assim em todo lugar. Apenas uma noite de espetáculo e pronto, ou dá certo ou não, rs. Só que artes cênicas não funcionam assim, né mesmo? A estréia geralmente não é o melhor dia de espetáculo, ele vai ficando bom com o tempo. Adriana Bele Fusco tinha o desejo de continuidade, mas ele não foi possível de ser realizado da maneira como foi imaginado inicialmente por falta de recursos. Sei que de alguma forma a Cia segue e isso é muito bom!
BLOG: O evento Caravana Tribal Nordeste(CTNE), sob direção e produção sua , de Kilma Farias, e Aquarius Tribal Fusion (ATF), é um dos eventos que se destaca no país, unindo três cidades nordestinas durante o ano. Conte-nos como surgiu a idéia do evento, sua proposta e objetivos, organização e elaboração deste,bem como a repercussão do mesmo para a comunidade tribal quanto para seu público no Nordeste Brasileiro. O evento na Bahia, desde 2010, vem trazendo bailarinos internacionais. Esses artistas comentam sobre as fusões brasileiras que assistem nos eventos? Qual a reação deles com relação ao Tribal Brasil ?
Tive a ideia da Caravana pois percebia afinidades nos trabalhos que eram desenvolvidos por alguns grupos aqui no Nordeste. A primeira pessoa com quem falei foi Kilma e ela topou imediatamente, acrescentando ideias fundamentais à elaboração do projeto. Em seguida, falamos com Alê do Aquarius Cia de Dança (PE) e Cibelle Souza da Cia Shaman (RN). Esses quatro grupos circularam pelas quatro cidades durantes os dois primeiros anos da Caravana.
A proposta é a troca de conhecimento, fazer circular a dança tribal e principalmente desenvolver o nosso estilo brasileiro. Todas as edições foram maravilhosas! Cada grupo organizador em sua cidade se empenha ao máximo para fazer um evento de alta qualidade. Os espetáculos são muito ricos e existe muita troca durante as aulas e oficinas. Recebi excelente retorno do público daqui da Bahia, tanto de quem assistiu aos espetáculos quanto de dançarinos participantes. Tenho certeza que também foi assim nos demais estados.
As dançarinas internacionais que eu trouxe ( Mira Betz e Anasma) deram ótimos feedbacks, principalmente quando perceberam a originalidade do nosso trabalho. Ou seja, no geral elas admiram muito quando não há uma simples imitação das dançarinas americanas já conhecidas.

A Caravana Tribal Nordeste vem passando por modificações, como tudo o que é vivo precisa passar. Mas é um evento que sem dúvida fez história no Tribal brasileiro e que poderá enriquecer ainda mais o cenário da dança.

BLOG: Em 2010 ,você participou do evento internacional Spirit of theTribes, na Flórida, nos Estados Unidos.  Em 2013, você participou de mais dois eventos  importantes: The MassiveSpectacular(Las Vegas)  e Tribal Fest (Califórnia).Conte-nos como surgiu a oportunidade para dançar nestes eventos e qual foi a experiência em levar sua dança para os principais eventos do mundo. Qual retorno e repercussão você teve pelo público norte-americano? Quais aprendizados e/ou vivências você adquiriu dançando e estudando nos EUA? Conte-nos um pouquinho sobre cada evento e suas principais características e o quê você mais gostou deles. Você acha que um dia a dança tribal brasileira chegará em tais proporções de eventos?
Todos os eventos que participei nos EUA foram enriquecedores. No Spirit of The Tribes, tive a oportunidade de dançar um solo e um duo com a querida Kilma Farias. Além disso, fui jurada da mostra competitiva junto com Kilma e Nanda Najla. Foi maravilhoso também acompanhar o trabalho dessas duas dançarinas brasileiras durante o festival e ver o quanto nossos profissionais desenvolvem um trabalho de alto nível.
Spirit of The Tribes - Kilma Faria e Bela Saffe

Participei do The Tribal Massive (Las Vegas) em 2011 e 2013. Considero esse o melhor evento para se aperfeiçoar na dança tribal. São muitas horas de aula numa sala para apenas quarenta alunas. Mas, confesso que achei as aulas de 2011 muito melhores do que as de 2013, principalmente porque Rachel Brice e Mardi Love não estavam presentes este ano. Considero as aulas delas especiais, são excelentes professoras e dançarinas. No entanto, o programa ainda mantém Zoe Jakes e Mira Betz, duas outras ótimas professoras e por isso ainda pode ser um bom investimento pra quem quer aprofundar seus estudos. 

Em 2011 dancei no hafla do Tribal Massive e a organizadora elogiou muito o meu trabalho e me convidou para dançar no espetáculo de gala, The Massive Spectacular, no ano seguinte. Não pude participar em 2012, mas o convite foi mantido para este ano. Foi uma honra e um desafio. A produção é impecável e dançar num evento de alto nível como esse, esperado por toda comunidade tribal, dá frio na barriga, rsrs. Mas gostei do resultado e recebi muitos feedbacks positivos de dançarinas que admiro muito: Mira Betz, Zoe Jakes, SeraSolstice e Jill Parker por exemplo, vieram falar comigo após a apresentação e dizer o quanto gostaram do trabalho. Não preciso nem dizer o quanto isso foi importante pra mim.
The Massive Spectacular 2013
 Este ano ainda tive o prazer de ir ao Tribal Fest (Califórnia) e levar uma coreografia em trio para o palco desse evento que é uma grande festa. Dançamos uma fusão com ritmo brasileiro e a repercussão foi excelente! Diferentemente do The Tribal Massive, no Tribal Fest a aluna escolhe as aulas que quer fazer e, no geral, são aulas de duas e quatro horas de duração. Poucas são as professoras que fazem imersão (umas nove horas de aula) e essas aulas se esgotam rapidamente assim que o site para venda é colocado no ar, um stress! Me inscrevi em algumas aulas de duas horas ( com Zoe e Rachel) e uma de quatro horas com Tjarda. As aulas de Zoe e Rachel foram num grande salão e, como é de se esperar nessas condições, não dá pra ter um bom aprendizado. Numa sala bem menor e com poucas pessoas, a aula com Tjarda foi bem mais produtiva e interessante. Mas, resumindo, o Tribal Fest é um ótimo evento para se divertir, assistir muitas apresentações (são muitas horas de show durante três dias!), fazer compras e conhecer muitas pessoas interessantes. Mas a meu ver não é o melhor evento para fazer aula, a não ser que você consiga se inscrever numa das imersões disponíveis para ter um aprendizado mais focado e intenso.
Tribal Fest 2013


 Não sei se vai ser possível ter no Brasil algum evento desse porte, seja em questão de tamanho ou de intensidade de aulas. Mas, já temos sim bons eventos em algumas cidades do país e acho que eles estão dando conta do recado: Campo das Tribos (SP), Caravana Tribal Nordeste, Shaman’s Fest (RN), Gohtla BR (RJ), por exemplo.
BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?
Gosto da liberdade de criação. Usar a música e o figurino que quero, e estar em sintonia com minha própria linguagem e expressão. E principalmente ter espaço pros risco, pra aventura de encontrar novos caminhos.

BLOG: O quê você acha que falta à comunidade tribal?
A “comunidade” tribal no Brasil é a soma de muitos trabalhos individuais e de pequenos grupos por todo o país. Acho que fazemos um excelente trabalho, visto que desenvolvemos uma linguagem e técnica que em nada deixa a desejar em relação às dançarinas de outros países. Então, para mim, o que falta é o que falta em relação a arte de uma maneira geral: recursos, de tal forma que fosse mais tranquilo realizar festivais, espetáculos, viajar, etc. Atualmente sei que temos que nos dividir em muitas: produtora, dançarina, coreógrafa, administradora, serviços gerais (rsrs), etc, e isso muitas vezes é cansativo e desestimulante.
  
 
BLOG: Como você descreveria seu estilo?
Livre. Existe? Rsrs.

BLOG: Quais seus projetos para 2013? E mais futuramente?
Parte desses projetos já se concretizaram.Este ano dancei no The Massive Spectacular (Las Vegas) e levei uma coreografia de grupo pro Tribal Fest (Sebastopol, CA). Estive no Campo das Tribos em São Paulo e continuo dando aulas e fazendo workshops. 

Ainda não fiz nenhum planejamento pro próximo ano.

BLOG: Improvisar ou coreografar?E por quê?
Improvisar e coreografar. Porque ambos me desafiam.

BLOG:  Você trabalha somente com dança?
Não, trabalho com dança e com psicologia clínica.

BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.
Trago um diálogo que vi num filme “Contos em Nova York”, presente no primeiro conto, “Lições de vida”, dirigido por Martin Scorsese. Vou narrá-lo com minhas palavras porque não tenho o filme em mãos.

Lionel Dobie é um famoso artista plástico que mantém uma relação conturbada com sua namorada e assistente, Paulette, também artista plástica e bem mais jovem que ele, mas ainda sem projeção na carreira e insegura em relação ao próprio trabalho. Em um momento de crise, gritando, ela pega um dos próprios quadros e pergunta a ele se ela realmente tem talento. Lionel fica calado por um tempo e em seguida fala que isso não é o mais importante. O mais importante que ela teria que se perguntar é se ela sente necessidade daquilo, se ela sente necessidade de pintar.

E você, sente necessidade de dançar?


Contato

Tel/cel: (71) 9987-9453
E-mail:
belasaffe@terra.com.br








Para conhecer mais o trabalho desta bailarina, acesse seu canal no Youtube!

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