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[TCB] Episódio #6: A dança tribal segundo as brasileiras

Clique na imagem acima para ouvir o podcast

Terceiro episódio de 2015 no ar, pessoal!

Inspiradas no programa " O mundo segundo os brasileiros" da Tv Bandeirantes, fizemos um podcast com três brasileiras que vivem em diferentes países e tem o tribal como estilo de vida! Ana Harff da Argentina, Isabel De Lorenzo da Itália e Mariana Vieira da Alemanha;além do bônus especial: nossa apresentadora Mariáh Voltaire que viveu 7 meses em Portugal! As quatro contam suas experiências nesse super bate-papo de quase 2 horas! Sim, esse podcast ficou um pouco mais longo por ser mais informativo, mas com certeza tem muita informação interessante!

E se você já viveu em algum país, não deixe de escrever uma mensagem nos comentários contando e compartilhando sua experiência(aqui ou lá no blog do podcast ;))!


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Entrevista #21: Isabel De Lorenzo


Nossa entrevista do mês de novembro é a brasileira Isabel De Lorenzo que hoje vive e trabalha com o estilo Tribal em Roma, Itália. Isabel nos conta sua trajetório com o ATS® na Itália,seu evento de repercussão internacional na Europa, o Roma Tribal Meeting, seus projetos futuros com a dança e muito mais! Confira!

BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como tudo começou para você?
Desde pequena eu estudei balé, jazz, dança contemporânea. Sempre com muito amor, com ótimos professores e com muitas amigas ao redor, fazendo pequenas viagens de estudo e apresentações na região de Araraquara, minha cidade natal. Isso foi entre 1976 e 1986, quando então me mudei para São Paulo, para fazer a universidade. Não sei bem explicar por que, mas com essa mudança eu acabei deixando um pouquinho de lado a dança. Mas por pouco tempo. Em São Paulo encontrei casualmente a dança do ventre, com a professora Marcia Nogueira. Ela era encantadora, mas a dedicação aos estudos universitários não me permitiu seguir as aulas com continuidade. E de novo me afastei. Mas esse encontro com a dança do ventre de alguma maneira me marcou profundamente, tanto é verdade que,  assim que pude voltar a dançar (aos 19 ou 20 anos), escolhi a dança do ventre e nunca mais parei.


BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?  
Tango o della casta voluttà (2005)
Photo Pasquale Modica
Minha querida amiga Yasmin Nammu foi minha primeira mestra (e eu, se não me engano, sua primeira aluna). Passei anos freqüentando seu estúdio em São Paulo. Quando me mudei para a Itália,  foi o coreografo egípcio Saad Ismail quem completou minha formação na dança oriental. Desde que comecei a me interessar pelo estilo tribal, em torno ao ano 2000, minha referência foi sempre Carolena Nericcio, que tive oportunidade de encontrar quatro vezes pessoalmente, das quais a mais importante foi a formação intensiva em São Francisco (2010). Estudei com dezenas de outros professores, alguns bons, alguns maravilhosos e alguns simplesmente “ok”. Para mim um professor tem que transmitir muito mais do que uma técnica, mas uma cultura, um modo de ser, um approach ao movimento e à vida. Nesse sentido, quem mais me marcou na dança tribal foi minha também querida amiga Geneva Bybee.
 
BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Eu sempre tive curiosidade de conhecer outras danças, e quando posso faço alguma aula ou workshop de flamenco, de butoh, de dança contemporânea ou de balé, de tribal fusion e de danças ciganas. É mais para nutrir a alma, para inspirar no corpo novas posturas. Eu também pratico constantemente pilates e ando de bicicleta.

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Minha inspiração é sempre a Arte: música, poesia, artes visuais, teatro. É dali que vem todas as minhas idéias, inspirações e projetos.

BLOG: O quê a dança acrescentou em sua vida?
Festival BellyFusions (2011)
Photo Severine Jambot
Em um certo período em que estava refletindo muito sobre o papel da dança na minha vida, eu tive um sonho: estava bordando uma roupa no corpo (como às vezes realmente faço!) e junto com o tecido eu costurava a pele. Não era uma imagem de dor. Era uma representação da dança costurada no corpo, naturalmente. Então, para mim é isso: a dança acrescentou um sentido a tudo, ao corpo e à existência no espaço e no tempo.

BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?

Eu amo muito a imediatez da dança, no sentido que não necessita nenhum instrumento além do corpo. A música, claro, é a parceira número um da dança. Mas nem a música é fundamental, no fundo. Só o corpo mesmo.

BLOG: O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação?Você acha que o tribal está livre disso?
A dança oriental nasceu com um aspecto popular, autêntico e espontâneo, porém possui também outro mais refinado, cortesão e culto. Este segundo aspecto quase se perdeu, e todas as variantes da dança do ventre que hoje são praticadas (inclusive o tribal) provém do baladi, do folclore, do cabaret, da festa. Eu quero dizer que a dança espontânea é legal, mas nem sempre é artística. Fazendo uma analogia, seria o mesmo que a arte em relação ao artesanato. É enfim no teatro – na minha opinião - que a dança pode atingir o máximo da sua expressão, pois no teatro, juntamente com a pura expressividade corporal, entram em jogo outros conceitos como composição, iluminação, direção etc. Eu acredito que a melhor ambição para a dança, seja oriental ou tribal, é o palco.
Tribal Tour Isabel De Lorenzo Geneva Bybee, Salvador (2010)
BLOG: Você já sofreu preconceitos , indignação ou frustração durante seu percurso na dança?E conquistas?Fale um pouco sobre elas.
Ser uma dançarina profissional não é a coisa mais fácil deste mundo, mas é uma grande riqueza, pois a visão de mundo que a dançarina adquire, mesmo enfrentando pequenas frustrações ou preconceitos, é ampla e doce,tornando-se incomparável. Eu não sofri grandes preconceitos ou frustrações, muito menos indignações, e sempre enfrentei os obstáculos com coragem. Claro que não foi assim fácil, pois para sentir-me livre na dança como profissão eu tive simplesmente que mudar de país. Esta foi ao mesmo tempo minha maior dificuldade e minha maior conquista.
 
BLOG:
Você foi uma das primeiras bailarinas brasileiras a se envolver com o ATS®, por quê você começou a querer ou ver necessidade em se aprofundar no ATS®? Como eram as informações sobre o estilo na época em que você começou a pesquisar?
Sabe-se bem que atualmente é muito fácil sentir-se atualizado com os acontecimentos do mundo tribal, por causa da internet acessível a todos. Isso é ótimo por um lado, mas por outro torna o aprendizado superficial. Em 2000 eu descobri a comunidade tribal americana, também pela internet e, imediatamente, comecei a encomendar livros, cds e dvs para estudar, junto com um grupo de amigas na Itália. Constituímos a primeira formação da troupe Carovana Tribale e, apesar de sermos autodidatas, tínhamos já uma longa experiência na dança oriental. Desde então, eu não parei mais de estudar, e nem pretendo parar! O American Tribal Style® me cativou  pelo trabalho de grupo, pela estética, pela filosofia proposta e pela constante evolução.
Tango o della casta voluttà (2005)
 Photo Pasquale Modica
BLOG: Como é o cenário da dança tribal na Itália e Europa na época em que você começou com a dança por lá e como ela é agora? Pontos positivos, negativos, apoio de Roma, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?
Até 2006, pelo menos, havia apenas dois grupos de tribal na Itália: a Carovana Tribale, em Roma, praticando ATS®, segundo o Fat Chance Belly Dance, e Les Soeurs Tribales,  em Milão, praticando ITS estilo Gypsy Caravan. Somos muito amigas e sempre compartilhamos com alegria o fato de sermos pioneiras. Só bem mais recentemente, com a explosão da Tribal Fusion (após Bellydance Superstars), é que este estilo passou a ter mais visibilidade na Europa. Tem sido um caminho lento,  mas decisivo, vejo que o ATS® atrai cada vez mais dançarinas de outros estilos (seja oriental, seja fusion) que sentem vontade de compartilhar momentos de dança. E assim a comunidade cresce.

BLOG: Conte-nos como surgiu a Carovana Tribale, a etimologia da palavra, seus
integrantes, qual estilo marcante do mesmo e se ele sofreu alguma mudança estrutural ou de estilo desde quando foi criado até agora.
Carovana Tribale (2010)
Photo Raniero Gelli

 A palavra “caravana”, como se sabe, vem da língua persa e significa um grupo que viaja no deserto. Quando denominamos  “Carovana Tribale” (que em italiano significa obviamente “caravana tribal”),com  a primeira formação da nossa troupe (éramos três), tivemos a idéia de simplesmente unir inspirações em torno do conceito de viagem: onde houvesse “tribal”, lá estaríamos em comboio. E assim foi. A troupe se modificou, incluiu alunas por um certo tempo e depois voltou a ser mais profissional. Hoje em dia somos eu e Silvia Grassi, minha aluna de muitos anos e atualmente soberba dançarina, que conduzimos “la Carovana”, por vezes convidando hóspedes, colegas, alunas, ou dançando com a nossa companheira desde muitos anos, Lucilla Giorgetti.



BLOG: Você é produtora do evento Roma Tribal Meeting que se destaca na Itália e vem se destacando no cenário de eventos europeus. Conte-nos como surgiu a idéia do evento, sua proposta e objetivos, organização e elaboração deste,bem como a repercussão do mesmo para a comunidade tribal quanto para seu público na Itália e também abrangendo a Europa.
  
Tribal Tour Isabel De Lorenzo Geneva Bybee,
 Salvador (2010)
O Roma Tribal Meeting surgiu de uma idéia da dançarina americana Geneva Bybee, que esteve várias vezes na Itália, entre 2006 e 2011. Ela teve um papel fundamental na formação da primeira geração de Tribal Fusion na Europa, porque sempre transmitiu técnica de alta qualidade e sobretudo uma filosofia de vida inspiradora para a nascente comunidade Tribal, principalmente na Itália. Com o apoio da minha sócia no centro de dança San Lo’, criamos a primeira edição do Roma Tribal Meeting (em 2010) de maneira muito intuitiva, sem grandes pretensões, e o projeto funcionou. A beleza deste evento (cuja quarta edição será em maio de 2014) é que professoras e companhias de vários países europeus apresentam suas propostas de participação (em resposta uma “Call for Artists”, uma espécie de edital), e assim a equipe organizadora cria um mosaico de workshops e performances que abrangem todos os estilos da dança tribal, do ATS® ao dark/gótico. Alunas de inúmeros países (da Espanha à Rússia, do Reino Unido à Republica Tcheca, etc.) tomam parte aos workshops e se apresentam no Open Stage/Hafla. A cada edição, temos também um hospede especial para a musica ao vivo: já participaram o duo californiano Helm, o beatboxer Pete List, o ensemble de percussão italiano Takadum Orchestra. A cada edição propomos um tema que é discutido por todos numa interessantíssima mesa redonda. É um evento no-profit que obtém resultados excepcionais do ponto de vista do fortalecimento da comunidade, que é, enfim, o nosso objetivo. Neste momento está aberta a “Call for Artists” para a edição 2014. Seria muito bom começar a receber bailarinas de além-mar também!

Isabel De Lorenzo e Carolena Nericcio
BLOG: Em 2010 você obteve sua certificação em ATS® com a criadora do estilo, Carolena Nericcio. Gostaria que nos explicasse melhor sobre o processo de certificação(General Skills/ Teacher Training1 e 2) e como se alcança o tão estimado selo de Sister Studio. E qual importância de conseguir tal certificação, em sua opinião?
A especialização em São Francisco com Carolena Nericcio (em 2010) foi um dos melhores momentos da minha carreira, por várias razões. A experiência de passar quinze dias freqüentando cotidianamente o estúdio-mãe, ou seja, o FCBD®, é em si enriquecedora tecnicamente e humanamente. O General Skills ou resumo do formato ATS®, é uma passagem importante, através da qual a dançarina pode incrementar a própria qualidade técnica e a própria visão do ATS®; é um curso aberto a todos os níveis. O Teacher Training é um precioso método para a transformação do conhecimento acumulado em informação a ser transmitida corretamente. Eu sempre acreditei que uma boa professora necessita muito mais do que um training intensivo, ou seja, uma inteira vida dedicada ao estudo constante e ao ensino consciente. Mas, tenho que admitir, o Teacher Training, mesmo que breve, me acrescentou bastante. O selo Sister Studio é obtido por meio de um pedido endereçado diretamente a Carolena, e de uma sua resposta positiva obviamente. É uma espécie de conversa, breve, concisa e ao mesmo tempo muito profunda. Difícil explicar para quem não está nos meandros do processo: para ser um Sister Studio a dançarina tem que se sentir à vontade dentro do formato. É isso. É um processo que, aliás, e por sorte, não tem fim.

Tribes Brasil Fest, Rio de Janeiro (2010)
BLOG: Você participou do processo de introdução do ATS® no Brasil, quando em 2009 e 2010, você ministrou alguns workshops no país (RJ, SP, RS e BA). Como você enxergava a dança nesta época inicial, quais eram as principais dúvidas e dificuldades das brasileiras perante isso?
Você acha que, apesar de ter passado apenas alguns anos, a dança amadureceu no país ou ainda seu avanço é tímido?
Naturalmente o ATS® no Brasil amadureceu muito. Acontece desde sempre com a dança, assim como com outras correntes artísticas no nosso país, um curioso fenômeno. O contato com as fontes é limitado e difícil, ao passo que a criatividade é grande e ilimitada. Isso pode dar pérolas ou monstros. No principio eu via a dança tribal no Brasil enjaulada nesta dificuldade de acesso, com boas tentativas de superação criativa mas também com muita reprodução infeliz. Hoje parece que tudo mudou, e isso graças à internet, graças à disponibilidade da comunidade ATS® de viajar e de trazer ao país bons professores, e enfim – eu arriscaria dizer - graças à abertura política, econômica e social brasileira. Quando eu comecei a dançar, nos primeiros anos 90, era quase impossível importar um livro, um cd ou um vídeo.


BLOG:  Quando você ainda morava no Brasil, você teve contato com o ATS®? Como eram as informações sobre este estilo que chegavam no país? Como era a Dança Tribal naquela época?
Com Yasmin Nammu, nos anos 90 em São Paulo, eu tive acesso aos primeiros vídeos de Suhaila Salimpour, por exemplo, assim como ao primeiro livro de Wendy Buonaventura. Eu não tive nenhuma informação explicita sobre o nascente ATS® daqueles anos, mas indiretamente sim, porque Jamila Salimpour era mencionada naquelas fontes. Mas denominação “estilo tribal” eu só vim a conhecer quando já morava na Europa.

BLOG: Como você descreveria seu estilo;como você se expressa na dança?
Meu estilo reflete a variedade de influências que busco. Em um certo aspecto é avant la lettre, revolucionário. Ao mesmo tempo, é sóbrio e delicado - creio eu. Minha melhor expressão é no teatro. Contando uma história, mesmo que abstrata, através da dança. O teatro-dança é meu grande amor e os melhores momentos do meu percurso artístico se deram nessa forma. Posso citar dois trabalhos que fiz como atriz-dançarina sob a direção de grandes mestres, o primeiro com a companhia de Oretta Bizzarri (“Tango o della casta voluttà”, 2005) e o segundo com a companhia de Fabio Ciccalè (“Free Lux Dei”, 2009), além dos dois espetáculo que dirigi, “Al-muallaqat/Le sospese” (2008) e “Frida Suite” (2012).

  BLOG: Quais seus projetos para 2014? E mais futuramente?
No ano que vem eu estarei viajando bastante com meus workshops pela Itália. Também viajarei com um novo e entusiasmante projeto que se chama ATS® Sisters Collective, composto por cinco FCBD® Sister Studios de diversos países: eu e Silvia Grassi- Italia, Ilhaam-Espanha, Gudrun Herold- Alemanha, e Philippa Moirai- Grã-Bretanha.

ATS Sisters Collective (2013)
Photo Federico Ugolini

Em maio haverá a quarta edição do Roma Tribal Meeting. Quero também retomar meu último espetáculo teatral, “Frida Suite”. Gostaria de mostrá-lo um pouco mais, inclusive no Brasil. E, no dia-a-dia, tenho minhas alunas e minha escola para cuidar. Mais futuramente... eu não sei. Gostaria de poder passar mais tempo no Brasil, isso sim.

BLOG: Improvisar ou coreografar?E por quê?
Na improvisação está a genialidade do ATS®. Eu adoro improvisar, adoro ver colegas e alunas improvisando, porque o caráter efêmero da improvisação torna cada performance única. Se dança pelo prazer de dançar. Mas quando se trata de teatro-dança a improvisação não pode existir, a meu ver. Cada mínimo gesto teatral é estudado, cada movimento é coreografado. Para que se possa atingir uma expressividade mais complexa, a dançarina não pode estar à mercê das surpresas da improvisação.

BLOG:  Você trabalha somente com dança?
Sim.

BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog?
A dança necessita de inspiração: na vida e na arte devemos buscar autenticidade, amor, emoções, beleza, para que retornem, na nossa dança.

 
Contatos






Para conhecer mais o trabalho desta bailarina, acesse seu canal no Youtube!

Entrevista #20: Bela Saffe



Nossa entrevistada do mês de Setembro é a bailarina da Bahia, Bela Saffe! Bela nos conta sobre sua trajetória na dança do ventre, entre o teatro e a psicologia, até se envolver pelas fusões afros, populares brasileiras e indiana, encontrando-se, por fim, com o Tribal;suas conquistas nos principais eventos dos EUA ; além de comentar sobre seu Grupo Kairós , projetos e eventos já realizados na Bahia, cuja Caravana Tribal Nordeste é um dos principais eventos de destaque do país. Confiram a entrevista =)

BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como tudo começou para você? 
Meu primeiro contato com a Dança do Ventre foi em 1993, há 20 anos. Na época eu fazia parte de um grupo de Teatro em Salvador (Grupo Via Magia) e em uma das cenas eu tinha que dançar a Dança do Ventre. Minha referência imaginária eram os filmes Hollywoodianos ou algo do gênero nos programas de TV. Não existiam professoras, shows, DVDs ou internet para estudar ou pesquisar. Fiz a personagem intuitivamente e me sai muito bem, de tal forma que quando terminava a peça, várias pessoas me procuravam para elogiar e perguntar onde havia aprendido a dançar. Fiquei entusiasmada não exatamente por causa desse retorno positivo do público, mas porque eu realmente gostei de ter entrado em contato com aquela movimentação. Senti tamanha identificação que comecei a pensar que por ser descendente de árabe ( meu pai nasceu no Líbano), essa afinidade já estava no sangue. Nenhuma mulher da minha família dançava, mas ouvir aquelas músicas e dança-las era como estar num lugar de pertencimento.
A partir disso, então, fiquei atenta para saber se havia alguém ensinando dança do ventre, mesmo que fosse em outro estado. No mesmo ano, aconteceu um congresso de abordagens terapêuticas corporais em Salvador e eu soube que viriam duas dançarinas do ventre do Rio de Janeiro. Participei, claro, do congresso e das aulas. Não lembro o nome delas, mas conversamos ao final do curso e, já estando com uma viagem agendada pra São Paulo, perguntei se elas conheciam alguma professora por lá. Elas me responderam que São Paulo era o melhor lugar pra fazer aula e me deram o contato da Khan El Khalili.
Zaar
Fui na Khan El Khalili primeiro para tomar o chá e ver o show antes de resolver fazer as aulas. A primeira bailarina que vi dançar foi Nájua! Fiquei absolutamente encantada! Resolvi então que passaria um tempo de aprendizado em São Paulo pra poder me dedicar a dança do ventre profissionalmente. Não sei exatamente quanto tempo fiquei em São Paulo dessa primeira vez, mas eu fazia aula todos os dias e às vezes mais de uma vez por dia. Além disso, conheci uma outra dançarina que não era da Khan El Khalili e que dava aulas particulares. Ela também era psicóloga como eu e fazia um trabalho interessante em relação a uma maior consciência do feminino através da dança.
Comecei a dar aulas em Salvador no ano seguinte, em 1994, quando ainda não havia ninguém ensinando. Mas sabia que ainda teria muito o que aprender e retornei a São Paulo incontáveis vezes para fazer aulas. Portanto, 20 anos de aprendizado e ensino, com muitos altos e baixos (claro! Rs), mas com muito amor e paixão!
1996 - Espetáculo Meera
O interesse pela dança tribal surgiu em 2006, através de vídeos da Carolena. Mas costumo dizer que eu sempre fui tribal. O segundo espetáculo de dança que produzi e coreografei em 1996, Meera, tinha uma estética totalmente tribal: figurinos rústicos sem qualquer brilho ou lantejoula, utilização de músicas não árabes e fusão com a cultura indiana. Ou seja, durante os quase 20 anos de dança do ventre sempre me aventurei, nunca segui os padrões estabelecidos do que era (ou não) dito como “dança do ventre”. Quando encontrei pessoas que faziam algo similar, simplesmente me identifiquei e mergulhei mais ainda naquilo que já expressava.

BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
 
Fiz aulas de dança do ventre com muitas professoras e sem dúvida aprendi muito com elas, mas serei sucinta, dando destaque para FáduaChuffi, porque além de excelente dançarina tem uma forma muito humana de ensinar.
Na dança Indiana, Patrícia Romano, por ser uma mulher guerreira e amorosa.
Na Dança Afro, Armando Pekeno, pela exigência e bom humor.
 E no Tribal: Rachel Brice, Mardi Love e Mira Betz. As três me ensinaram muito e continuam me inspirando.
BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Sim, minha história com a dança é muito anterior a dança do ventre. Eu comecei no Ballet ainda criança e fiz aulas durante 12 anos. Em seguida fiz dança moderna, afro e contemporânea. Quando comecei a dar aula de dança do ventre, em 1994, eu já era preparadora corporal dos atores do grupo de teatro ao qual fazia parte, participava de grupos profissionais de dança contemporânea e estava finalizando um curso de especialização em coreografia na Universidade Federal da Bahia.
Ao longo desses 20 anos de dança do ventre, me dediquei também a outras vertentes da dança e do movimento corporal: dança clássica Indiana no estilo Bhatanatyam, Estudos do Laban, Formação em Reeducação do Movimento (método do Ivaldo Bertazzo), além de estudos e práticas que envolvem psicologia e corpo, como a Psicologia Formativa de Stanley Keleman.
Ou seja, são mais de 35 anos envolvida com corpo, movimento, dança e arte.

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Difícil te dizer quais foram as minhas primeiras inspirações. Como estou envolvida com a dança e a arte desde criança, o que posso dizer é que a arte em si que me inspira: um espetáculo, um quadro, um filme, uma poesia, músicas... Enfim, tudo que me fez e me faz perceber o mundo de uma forma diferente, criativa, inusitada.
Como meu envolvimento atual tem sido basicamente com a dança tribal, as profissionais que me inspiram são Mira Betz, Rachel Brice, Mardi Love, Zoe Jakes e Sera Solstice, a nível internacional. E no Brasil, minhas colegas Cibelle Souza e Cia Shaman, Kilma Farias e Cia Lunay, Mariana Quadros, Bia Vasconcelos, Gabriela Miranda, Karina Leiro e Rebeca Piñeiro. Aprendo muito com elas e me sinto estimulada a seguir criando quando vejo seus trabalhos.

BLOG: O quê a dança acrescentou em sua vida?
Poderia te dar uma longa resposta sobre o que a dança acrescentou na minha vida, mas ultimamente tenho refletido muito sobre as excessivas expectativas que as pessoas buscam na dança, e começam a fazer aula ou a se profissionalizar esperando grandes resultados com pouco esforço. Dançar é uma forma de estar e de ser no mundo, muitas coisas vem e outras tantas são descartadas. É um compromisso e como todo compromisso envolve perdas e ganhos. Falo isso porque sempre vejo muito “romantismo” em torno da dança e quando as pessoas se deparam com as escolhas, não suportam imaginar que dançar (e obter seus benefícios) possa também lhes exigir muito em troca.

BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
A linguagem sem palavras. O contínuo trabalho de tentar se expressar através do cinestésico.

BLOG: O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação?Você acha que o tribal está livre disso?
Penso que o que prejudica a dança do ventre é essa profusão de “clones”. Você vê uma dançarina se apresentar e as demais são iguais. Todas praticamente escolhem uma música clássica para dançar e seguem o mesmíssimo roteiro (entrada com véu e blábláblá...). Maquiagem, expressão, movimentos, tudo igualzinho e previsível. Dificilmente alguém consegue surpreender. A meu ver, existe muita convenção e pouca criatividade.
Em relação às dançarinas que seguem uma carreira internacional, infelizmente a maioria se submete a padrões estereotipados de beleza para se manter no mercado: silicone nos seios, preenchimento nos lábios e por aí vai. Mais uma vez, padronização no lugar da diferenciação.
O tribal não está livre disso. Parece que as pessoas tem necessidade de rotular e identificar o que estão dançando ou assistindo. É assim também nas demais expressões artísticas. Isso é uma cilada que muitas dançarinas podem cair, ou seja, fazer o já conhecido pra não ter que enfrentar o estranhamento. Mas, o tribal tem a vantagem de ter nascido justamente com a intenção de sair de padrões. Mesmo que muitas sigam apenas imitando, vejo muito mais liberdade criativa na dança tribal do que na dança do ventre.

BLOG: Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou no tribal ? Como foi isso?
Ah, sim! Dança do ventre tem um lugar marginal no meio da dança. É tida como uma dança fácil, menor, com intenção basicamente sedutora, coisas desse nível. Mas não saberia te dizer um fato específico que ocorreu comigo. O preconceito pode acontecer de muitas maneiras embutido em comentários, olhares, indiferença, etc. Ainda bem que existem novas perspectivas pela frente. Conheço algumas dançarinas, por exemplo, que fizeram ou estão fazendo mestrado nessa temática. Sem dúvida isso mostra que já existe alguma abertura no meio acadêmico e que isso pode gerar mais conhecimento e menos preconceito na área.

BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Muitas e sempre. Acredito que não exista carreira sem frustação, faz parte do percurso. Mas a única coisa que até hoje realmente me indigna é a falta de ética e falta de respeito que alguma profissional possa ter com outra. Isso sempre será lamentável.

BLOG: E conquistas?Fale um pouco sobre elas.
As conquistas são todos os eventos que realizei e que não foram poucos. Além de vários espetáculos desde o início de minha carreira. A partir de 2005 comecei a trazer profissionais nacionais e internacionais para dançar e dar aulas na cidade: Samya Ju, Anthar Lacerda, Polimnia Garro, Munira Magarib, ShaideHalim, Kilma Farias, Mariana Quadros, Cibelle Souza, Douglas Felis, Mira Betz (EUA), Anasma (França), Isabel de Lorenzo (Itália),  etc.Dentre esses eventos estão a Caravana Tribal Nordeste e o Tribal BA, só pra citar alguns.
Realizo anualmente, há doze anos, um evento de dança na Chapada Diamantina (BA), um local belíssimo com muitas cachoeiras e de natureza exuberante. São nove horas de aula comigo durante a manhã e trilhas à tarde, durante três dias. Muitas alunas participam, assim como dançarinas de outros estados. É um evento que me dá grande prazer!
Ministrar workshops em outras cidades também é uma conquista, assim como dançar em eventos dentro e fora do Brasil. Ter recebido o convite pra dançar no Massive Spectacular (Las Vegas), sem dúvida foi uma honra. Assim como em 2011 fui convidada pra uma uma turnê na Índia, uma experiência única!
Considero também uma conquista continuar dando aulas regulares ao longo desses 20 anos.

BLOG Você foi uma das primeiras bailarinas do Brasil a se envolver com o estilo tribal. Como eram as informações sobre o estilo na época em que você começou a pesquisar? Como era visto a dança tribal naquela época e como hoje ela vem se apresentando na cena brasileira?
Precisamos nos situar no tempo... “naquela época” ,quer dizer entre os anos de 2006 e 2008, ou seja, não faz tanto tempo assim. A dança tribal é recente no cenário internacional e é ainda mais recente no Brasil. Nesse tempo, percebo que ela vem conquistando mais espaço, diluindo preconceitos e atraindo mais público.
Como já disse mais acima, comecei a pesquisar o estilo através dos vídeos da Carolena Nericcio. Em seguida, conheci o trabalho da Shaide Halim e fui fazer algumas aulas em São Paulo, assim como também produzi um show e workshop com ela em Salvador. Na época as informações ainda eram poucas, mas acho que em menos de dois anos esse cenário mudou. Já era possível encontrar muitos DVDs, assistir muita coisa na internet e fazer aula com as primeiras dançarinas internacionais que estavam começando a vir pro Brasil. Lembro particularmente da primeira imersão que fiz com a Sharon Kihara, quando Adriana Bele Fusco a trouxe para São Paulo. Por mais que eu já estivesse estudando algumas coisas através dos vídeos, a aula dela foi simplesmente incrível e ali tive certeza que teria que me dedicar muito mais, rsrs.
BLOG: Conte-nos sobre suas fusões tribais com danças populares brasileiras ,africanas e dança indiana. Como surgiu a afinidade por tais fusões?  Em qual ponto essas danças convergem, em relação a repertório de passos, figurinos, ritualística, ancestralidade e rusticidade?
1995 - Fusão Afro
Em primeiro lugar penso que qualquer fusão pra ser bem feita, a dançarina precisa ter um bom domínio do repertório de movimentos das danças que serão fusionadas e, claro, afinidade. Estudar apenas alguns passos de uma determinada dança só pra fazer a fusão, provavelmente vai resultar em algo muito pobre. Isso porque não é simples descobrir as movimentações e “enredos” que se afinam. Utilizo esses três estilos que você citou pois eles já fazem parte do meu repertório corporal há vários anos.
Dos três, sem dúvida a dança indiana é a mais difícil de fazer ‘links’. Mas ao mesmo tempo é um desafio super estimulante. Levo muitas horas pra conseguir uma fluência entre os movimentos da dança indiana e da dança do ventre/tribal. No caso dessa fusão outra dificuldade é encontrar músicas que expressem esse contexto.

Tenho especial carinho em trabalhar com a dança afro e as danças populares brasileiras. Acho que elas se afinam muito bem com o repertório da dança do ventre/tribal, pois tem movimentações próximas, principalmente no que se refere ao quadril. Além disso, acho que elas falam de nossa identidade brasileira e dão o toque especial que nos diferencia das demais dançarinas de outros países.

BLOG: Conte-nos como surgiu o grupo Kairós etimologia da palavra, seus integrantes, qual estilo marcante do mesmo e se ele sofreu alguma mudança estrutural ou de estilo desde quando foi criado até agora.
Kairós é uma palavra grega e refere-se a um aspecto qualitativo do tempo. Um tempo que não pode ser medido.Mas pode ser sentido, percebido, acolhido. É diferente, portanto, de Cronos de onde vem o que chamamos de tempo cronológico, medido pelo relógio e pelo calendário.Essa é uma maneira de pensar o tempo e os acontecimentos de forma participativa. É viver não apenas a partir de um tempo pré-estabelecido, como se tudo já estivesse pronto e ordenado, mas aguçar a sensibilidade para descobrir a melhor oportunidade de participar e fazer acontecer.
Por isso a escolha do nome para o grupo de dança (Grupo Kairós). É uma forma de afirmar que no nosso trabalho não só Cronos está presente, afinal ele também é necessário, mas que cada um de nós possui sensibilidade, criatividade e liberdade para conferir significado aos acontecimentos da vida.

O grupo existe desde 1996, quando realizei o primeiro espetáculo de dança do ventre (Meera) já com uma estética totalmente fora dos padrões convencionais. De lá para cá,claro que ele sofreu diversas mudanças. Hoje trabalho com o grupo de forma muito simples. Quem puder estar presente para ensaiar e em condições técnicas de participar de uma determinada coreografia, fará parte do grupo. Ou seja, uma pessoa pode dançar uma coreografia e não dançar outra, vai depender desses fatores que citei.
As coreografias podem ser de dança do ventre (aliás, adoro coreografia de grupo para dança do ventre!) ou de tribal, sendo fusão indiana ou danças brasileiras. Esses estilos são os mais presentes no grupo, mas já trabalhamos também com outras fontes de inspiração, como os anos 20 ou a cultura Celta, por exemplo.


BLOG: Como é o cenário da dança tribal na Bahia? Pontos positivos, negativos, apoio da cidade, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?
Até o ano passado os eventos exclusivamente de tribal na Bahia foram produzidos por mim: Caravana Tribal Nordeste e Tribal Bahia. Foram workshops e shows totalmente voltados para a dança tribal. Participaram tanto dançarinas nacionais quanto internacionais nas suas diferentes edições: Kilma Farias e Cia Lunay (PB), Cibelle Souza e Cia Shaman (RN), Nanda Najla (MG), Mariana Quadros (SP), Rebeca Piñeiro (SP), Gabriela Miranda (SP), Aquarius Cia de Dança (PE), Isabel de Lorenzo (Itália), Geneva Bybee (EUA), Mira Betz (EUA), Anasma (França), além de diversas dançarinas daqui do estado.
Além desses eventos, é comum que nos espetáculos produzidos por professoras de dança do ventre, dançarinas de tribal sejam convidadas a se apresentar. O público é sempre muito receptivo, assim como a comunidade de dança do ventre. Claro que tem as pessoas que não gostam do estilo, mas nunca aconteceu qualquer fato desrespeitoso que eu tenha presenciado.
Neste ano de 2013 outras professoras e dançarinas começaram a produzir eventos de tribal. Provavelmente o cenário da dança tribal na BA ganhará muito com isso. Fico na torcida pra que eles se multipliquem!
BLOG: Em 2010 você participou da Cia Dancers South America(DSA), como uma das bailarinas do corpo inicial de tribaldancers, dirigida por Adriana Bele Fusco. Como surgiu a oportunidade de fazer parte do DSA ? Comente como foi a experiência de dançar em grupo tão diversificado em modalidades de dança e em proporção de projeto? Como foi sua contribuição para o espetáculo de 2010?
DSA 2010
O convite veio num momento bem interessante. Estávamos no meio da Caravana Tribal Nordeste em Salvador. Era um momento de interação entre dançarinas de alguns estados, então ir pra São Paulo e ficar um tempo juntas seria uma oportunidade de dar continuidade a essas trocas.  E de fato foi. Aprendi muito com a experiência. Infelizmente dançamos apenas uma noite o que não permitiu que o trabalho amadurecesse. Sei que isso não é exclusividade desse projeto, tem sido assim em todo lugar. Apenas uma noite de espetáculo e pronto, ou dá certo ou não, rs. Só que artes cênicas não funcionam assim, né mesmo? A estréia geralmente não é o melhor dia de espetáculo, ele vai ficando bom com o tempo. Adriana Bele Fusco tinha o desejo de continuidade, mas ele não foi possível de ser realizado da maneira como foi imaginado inicialmente por falta de recursos. Sei que de alguma forma a Cia segue e isso é muito bom!
BLOG: O evento Caravana Tribal Nordeste(CTNE), sob direção e produção sua , de Kilma Farias, e Aquarius Tribal Fusion (ATF), é um dos eventos que se destaca no país, unindo três cidades nordestinas durante o ano. Conte-nos como surgiu a idéia do evento, sua proposta e objetivos, organização e elaboração deste,bem como a repercussão do mesmo para a comunidade tribal quanto para seu público no Nordeste Brasileiro. O evento na Bahia, desde 2010, vem trazendo bailarinos internacionais. Esses artistas comentam sobre as fusões brasileiras que assistem nos eventos? Qual a reação deles com relação ao Tribal Brasil ?
Tive a ideia da Caravana pois percebia afinidades nos trabalhos que eram desenvolvidos por alguns grupos aqui no Nordeste. A primeira pessoa com quem falei foi Kilma e ela topou imediatamente, acrescentando ideias fundamentais à elaboração do projeto. Em seguida, falamos com Alê do Aquarius Cia de Dança (PE) e Cibelle Souza da Cia Shaman (RN). Esses quatro grupos circularam pelas quatro cidades durantes os dois primeiros anos da Caravana.
A proposta é a troca de conhecimento, fazer circular a dança tribal e principalmente desenvolver o nosso estilo brasileiro. Todas as edições foram maravilhosas! Cada grupo organizador em sua cidade se empenha ao máximo para fazer um evento de alta qualidade. Os espetáculos são muito ricos e existe muita troca durante as aulas e oficinas. Recebi excelente retorno do público daqui da Bahia, tanto de quem assistiu aos espetáculos quanto de dançarinos participantes. Tenho certeza que também foi assim nos demais estados.
As dançarinas internacionais que eu trouxe ( Mira Betz e Anasma) deram ótimos feedbacks, principalmente quando perceberam a originalidade do nosso trabalho. Ou seja, no geral elas admiram muito quando não há uma simples imitação das dançarinas americanas já conhecidas.

A Caravana Tribal Nordeste vem passando por modificações, como tudo o que é vivo precisa passar. Mas é um evento que sem dúvida fez história no Tribal brasileiro e que poderá enriquecer ainda mais o cenário da dança.

BLOG: Em 2010 ,você participou do evento internacional Spirit of theTribes, na Flórida, nos Estados Unidos.  Em 2013, você participou de mais dois eventos  importantes: The MassiveSpectacular(Las Vegas)  e Tribal Fest (Califórnia).Conte-nos como surgiu a oportunidade para dançar nestes eventos e qual foi a experiência em levar sua dança para os principais eventos do mundo. Qual retorno e repercussão você teve pelo público norte-americano? Quais aprendizados e/ou vivências você adquiriu dançando e estudando nos EUA? Conte-nos um pouquinho sobre cada evento e suas principais características e o quê você mais gostou deles. Você acha que um dia a dança tribal brasileira chegará em tais proporções de eventos?
Todos os eventos que participei nos EUA foram enriquecedores. No Spirit of The Tribes, tive a oportunidade de dançar um solo e um duo com a querida Kilma Farias. Além disso, fui jurada da mostra competitiva junto com Kilma e Nanda Najla. Foi maravilhoso também acompanhar o trabalho dessas duas dançarinas brasileiras durante o festival e ver o quanto nossos profissionais desenvolvem um trabalho de alto nível.
Spirit of The Tribes - Kilma Faria e Bela Saffe

Participei do The Tribal Massive (Las Vegas) em 2011 e 2013. Considero esse o melhor evento para se aperfeiçoar na dança tribal. São muitas horas de aula numa sala para apenas quarenta alunas. Mas, confesso que achei as aulas de 2011 muito melhores do que as de 2013, principalmente porque Rachel Brice e Mardi Love não estavam presentes este ano. Considero as aulas delas especiais, são excelentes professoras e dançarinas. No entanto, o programa ainda mantém Zoe Jakes e Mira Betz, duas outras ótimas professoras e por isso ainda pode ser um bom investimento pra quem quer aprofundar seus estudos. 

Em 2011 dancei no hafla do Tribal Massive e a organizadora elogiou muito o meu trabalho e me convidou para dançar no espetáculo de gala, The Massive Spectacular, no ano seguinte. Não pude participar em 2012, mas o convite foi mantido para este ano. Foi uma honra e um desafio. A produção é impecável e dançar num evento de alto nível como esse, esperado por toda comunidade tribal, dá frio na barriga, rsrs. Mas gostei do resultado e recebi muitos feedbacks positivos de dançarinas que admiro muito: Mira Betz, Zoe Jakes, SeraSolstice e Jill Parker por exemplo, vieram falar comigo após a apresentação e dizer o quanto gostaram do trabalho. Não preciso nem dizer o quanto isso foi importante pra mim.
The Massive Spectacular 2013
 Este ano ainda tive o prazer de ir ao Tribal Fest (Califórnia) e levar uma coreografia em trio para o palco desse evento que é uma grande festa. Dançamos uma fusão com ritmo brasileiro e a repercussão foi excelente! Diferentemente do The Tribal Massive, no Tribal Fest a aluna escolhe as aulas que quer fazer e, no geral, são aulas de duas e quatro horas de duração. Poucas são as professoras que fazem imersão (umas nove horas de aula) e essas aulas se esgotam rapidamente assim que o site para venda é colocado no ar, um stress! Me inscrevi em algumas aulas de duas horas ( com Zoe e Rachel) e uma de quatro horas com Tjarda. As aulas de Zoe e Rachel foram num grande salão e, como é de se esperar nessas condições, não dá pra ter um bom aprendizado. Numa sala bem menor e com poucas pessoas, a aula com Tjarda foi bem mais produtiva e interessante. Mas, resumindo, o Tribal Fest é um ótimo evento para se divertir, assistir muitas apresentações (são muitas horas de show durante três dias!), fazer compras e conhecer muitas pessoas interessantes. Mas a meu ver não é o melhor evento para fazer aula, a não ser que você consiga se inscrever numa das imersões disponíveis para ter um aprendizado mais focado e intenso.
Tribal Fest 2013


 Não sei se vai ser possível ter no Brasil algum evento desse porte, seja em questão de tamanho ou de intensidade de aulas. Mas, já temos sim bons eventos em algumas cidades do país e acho que eles estão dando conta do recado: Campo das Tribos (SP), Caravana Tribal Nordeste, Shaman’s Fest (RN), Gohtla BR (RJ), por exemplo.
BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?
Gosto da liberdade de criação. Usar a música e o figurino que quero, e estar em sintonia com minha própria linguagem e expressão. E principalmente ter espaço pros risco, pra aventura de encontrar novos caminhos.

BLOG: O quê você acha que falta à comunidade tribal?
A “comunidade” tribal no Brasil é a soma de muitos trabalhos individuais e de pequenos grupos por todo o país. Acho que fazemos um excelente trabalho, visto que desenvolvemos uma linguagem e técnica que em nada deixa a desejar em relação às dançarinas de outros países. Então, para mim, o que falta é o que falta em relação a arte de uma maneira geral: recursos, de tal forma que fosse mais tranquilo realizar festivais, espetáculos, viajar, etc. Atualmente sei que temos que nos dividir em muitas: produtora, dançarina, coreógrafa, administradora, serviços gerais (rsrs), etc, e isso muitas vezes é cansativo e desestimulante.
  
 
BLOG: Como você descreveria seu estilo?
Livre. Existe? Rsrs.

BLOG: Quais seus projetos para 2013? E mais futuramente?
Parte desses projetos já se concretizaram.Este ano dancei no The Massive Spectacular (Las Vegas) e levei uma coreografia de grupo pro Tribal Fest (Sebastopol, CA). Estive no Campo das Tribos em São Paulo e continuo dando aulas e fazendo workshops. 

Ainda não fiz nenhum planejamento pro próximo ano.

BLOG: Improvisar ou coreografar?E por quê?
Improvisar e coreografar. Porque ambos me desafiam.

BLOG:  Você trabalha somente com dança?
Não, trabalho com dança e com psicologia clínica.

BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.
Trago um diálogo que vi num filme “Contos em Nova York”, presente no primeiro conto, “Lições de vida”, dirigido por Martin Scorsese. Vou narrá-lo com minhas palavras porque não tenho o filme em mãos.

Lionel Dobie é um famoso artista plástico que mantém uma relação conturbada com sua namorada e assistente, Paulette, também artista plástica e bem mais jovem que ele, mas ainda sem projeção na carreira e insegura em relação ao próprio trabalho. Em um momento de crise, gritando, ela pega um dos próprios quadros e pergunta a ele se ela realmente tem talento. Lionel fica calado por um tempo e em seguida fala que isso não é o mais importante. O mais importante que ela teria que se perguntar é se ela sente necessidade daquilo, se ela sente necessidade de pintar.

E você, sente necessidade de dançar?


Contato

Tel/cel: (71) 9987-9453
E-mail:
belasaffe@terra.com.br








Para conhecer mais o trabalho desta bailarina, acesse seu canal no Youtube!

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