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[Índia em Dia] Orientalismo nas Danças Ocidentais

por Raphael Lopes

Alunas da Samra Hanan (com elementos de fusão indiana)


"Meu corpo é o Templo de minha arte. Eu exponho-o como altar para a adoração da beleza."

                                                                                              (Isadora Duncan)

A dança é uma arte apaixonante e isso é incontestável. Seja para quem assiste, mas principalmente para quem a escolhe como sua ferramenta e linguagem, a dança é, sem sombra de dúvidas, uma das mais antigas e belas linguagens da Alma.

E para a Alma não existem fronteiras. Não existe Ocidente e Oriente. Desse modo Universal, a dança pode aninhar em seu colo qualquer anseio e desejo a ser expresso no palco.

O Ocidente tem uma história artística rica em influências: seja na literatura, moda, arquitetura, gastronomia, música e dança. O movimento de Fusão que parece ser novo e contemporâneo, na verdade, acompanha a história de nossa sociedade já há muito tempo.

E recuando ainda mais no tempo, chegaremos inclusive nas dominações colonizadoras do passado, onde a cultura dominante não apenas se sobrepunha sobre a cultura dominada, mas inclusive permitia-se fundir com certos elementos nativos justamente pela osmose, ou necessidade de preservar algo da estética original daquela cultura dominada e assim instilar-se pouco a pouco nas gerações dominadas.

E por que falar de história ou complicar tanto o raciocínio?

Simples: unicamente para ilustrar historicamente que a inovação por influência é natural na nossa história, de tal modo que a Fusão como conhecemos atualmente precisa ser entendida não apenas dentro dos moldes da dança, mas sim do comportamento social.

Teosofista Helena Blavatsky

A influência do orientalismo sobre as danças ocidentais ganhou espaço a partir do começo do século passado, com o movimento conhecido como "Orientalismo", causado pelos escritos da escritora Helena Blavatsky (então líder espiritual da Teosofia), que traziam ao leitor do ocidente conceitos próprios do budismo e hinduísmo lidos pelo viés da Magia e Tradição do Saber Ocidental. E foi justamente o Teosofista George Arundale, juntamente com sua esposa, a bailarina Rukimini Devi Arundale, que fundou a famosa escola de Bharata Natyam, conhecida internacionalmente já em sua fundação em 1936, na cidade de Chennai - a Kalakshetra Foundation.

Esses escritos abriram as comportas para o movimento de contra cultural, que convergiram com os Hippies, Woodstock, e todo o reavivamento da busca pelo misticismo que explodiram nos anos 70 e 80. As culturas orientais ganharam mais espaço entre os meios "alternativos", e um intercâmbio cultural iniciou-se, desde então, de uma forma como nunca havíamos visto antes. Já era o prenúncio do mundo globalizado, onde as distância e diferenças, pouco a pouco, eram reduzidas entre culturas até então tão distantes ou até mesmo antagônicas.

Quando falamos de dança indiana, devemos nos reportar à um período ainda anterior a esse. Nas primeiras décadas do século passado o Bharata Natyam influenciou fortemente muitos bailarinos que arriscavam os primeiros movimentos dentro do que conhecemos como "dança contemporânea", vide a própria jornada dos expoentes da Kalakshetra. A técnica do Ballet (longilínea, alongada) encontrou por meio desses bailarinos uma nova oportunidade técnica, que em muito se assemelhava também com as técnicas marciais do ocidente: o uso da desconstrução do movimento, isolando movimentos e coordenando-os sob variados ritmos, e o uso do centro gravitacional a favor da performance. Fora a exuberância dos figurinos e da musicalidade.

A  bailarina Rukimini Arundale
Durante décadas, os bailarinos que se aproximavam dessas técnicas pareciam ter um nível de erudição fantástica em suas próprias técnicas e em dança num geral, de modo que a articulação que faziam sobre suas pesquisas eram sempre inovadoras, e nunca uma cópia ou leitura superficial de ambas as técnicas.

O Orientalismo era muito mais um baú de novidades do que um rótulo, coisa que infelizmente foi se perdendo com os últimos anos. Talvez até por conta de uma redução da erudição geral do homem atual (há 50 anos atrás, o nível cultural e social de um homem comum era sem sombra de dúvidas mais amplo do que do alienado homem atual). 

Com a explosão da Belly Dance (que possui sua própria cronografia histórica e êxodo para o ocidente) e consequente surgimento das releituras conhecidas como danças tribais, o Fusion encontrou uma porta de diálogo com danças ancestrais e nativas, mas quase sempre unicamente pela perspectiva estética.

Como se a apropriação de elementos visuais ou sonoros bastassem para justificar a fusão, sendo que o que vimos historicamente sempre foi um entendimento basilar da técnica, enriquecendo a Fusão por "dentro" e não unicamente maquiando sua BellyDance com um visual evocativo do Oriente. 

Yoli Mendez e a Gabriela Miranda, que arriscam certos elementos fusionados, sempre  com muito estudo e respeito

Não estou entrando aqui no mérito do classicismo ou ainda dos aspectos restritos às danças de caráter templário, estou sendo mais abrangente. Mas ainda assim existem aqueles que reduziram a Fusão à uma tentativa unica de recriar o exotismo dessas danças, e ai entramos nos abusos éticos e na deploração das danças, já discutidos nas postagens antigas.

A apropriação do movimento surge do estudo, da técnica, e de uma leitura pessoal oriunda da busca pessoal por novas formas de se expressar. A carga oriental é realmente um diferencial que um bailarino pode possuir, e quando ele for capaz de dar vida ao movimento, e não apenas repeti-lo de forma vazia, essa carga se tornará parte do repertório do bailarino.

Possamos todos nos abrir ao estudo, mas acima de tudo, que tenhamos em mente a busca pelo entendimento do movimento primeiramente pela óptica do próprio estilo de onde surge: quais regras para construí-lo no corpo e usá-lo em cena. De forma natural, o movimento precisa atingir sua beleza ao ser executado e essa deve ser a meta do bailarino comprometido com seu treinamento e estudo. Que as experimentações sejam, acima de tudo, dentro da sala de ensaios, pois tudo o que você dedicar e empenhar em treino se destacará em cena. Sendo autêntico, e sendo sua forma de se expressar.

 Que nesse tempo frenético de Fusões e busca pela originalidade e diferencial, todos possam empenhar-se ao estudo, a reciclagem, e assim nos trazer o fascínio nos palcos. 


Até a próxima,

Namaskar

[Resenhando-RS] Workshops de Dança Clássica Indiana com Krishna Sharana

por Krishna Sharana 

Dando continuidade ao meu trabalho de 18 anos com a dança clássica indiana- estilo Bharata Natyam, realizei recentemente dois encontros aqui no Rio Grande do Sul, em julho e agosto. Apesar de ser gaúcha e de morar em Caxias do Sul (onde tenho realizado encontros frequentes no Estilo Tribal Espaço Cultural), tive poucas oportunidades de partilhar essa arte em Porto Alegre e Região Metropolitana. De repente o número de interessadas começou a aumentar, a procura estava muito grande e surgiu a necessidade de juntarmos todas essas pessoas para impulsionar a dança por aqui. Tenho um grupo de dança há 3 anos em Florianópolis- o Aatmalayam, e várias alunas espalhadas em diversos estados pelo Brasil, nada mais lógico do que também fazer a dança clássica indiana conhecida por aqui também. 



O primeiro encontro, um Workshop de 4 horas, aconteceu no Studio de Danças Fernanda Mansur, em Porto Alegre, no dia 27 de julho . Acolhidas carinhosamente pela Fernanda, todas as inscritas enfrentaram o clima frio em um domingo para descobrirem essa arte milenar. A maioria nunca tinha tido experiência com o Bharata Natyam.

Iniciei com uma palestra sobre a história e trajetória das danças indianas, e logo após começamos com os movimentos básicos para nos esquentar. O tempo passou voando, afinal é bem complicado resumir tanto conhecimento em 4 horas! Todas estavam muito atentas ao iniciarem os seus primeiros passos no mundo do Bharata Natyam! No final, aprenderam um belo Shloka (verso) dedicado ao Deus Ganesha. A experiência foi maravilhosa, e a maioria das meninas se mostrou interessada em continuar com os estudos.


O segundo encontro, um intensivo de 6 horas em Guaíba (cidade situada na região metropolitana de Porto Alegre), aconteceu no dia 02 de agosto, no Studio Shakti Yoga. Como a maioria do grupo ia vir de Porto Alegre, combinamos de nos encontrar no Cais do Porto,  aonde um catamarã nos levou até Guaíba. Fui acompanhada de minha mãe, que já esteve na Índia duas vezes, e foi bailarina, mas nunca tinha participado de uma aula comigo esse tempo todo que ela acompanha minha trajetória. A viagem de 20 minutos é muito linda, com direito a vistas belíssimas do rio e das ilhas.


Chegando em Guaíba, fomos muito bem recebidas pela Sabrina (com direito a Chai indiano e várias guloseimas) ,professora de yoga, diretora do Studio, e que há muito tempo estava batalhando para fazer a dança acontecer, sendo apaixonada pelo Bharata Natyam. Lá estavam duas de suas alunas de yoga de Guaíba que também se interessaram em se aventurar na dança.


Novamente iniciamos com uma palestra, para elucidar o que faríamos nas próximas 6 horas! Com muita atenção percorremos os milênios de história das danças sagradas na Ásia e Índia, e ainda fascinadas nos levantamos para começar a parte prática! É sempre interessante ver  as pessoas descobrirem uma nova linguagem, cheia de detalhes, dos pés até a ponta dos dedos das mãos! Apesar da complexidade todas se esforçaram muito para aprender, com extrema atenção e respeito.



Ensinei uma pequena coreografia, composta de quatro Shlokas (versos), respectivamente dedicados ao Deus Ganesha, Deusa Sarasvati, Deusa Lakshmi e o Deus da Dança Shiva Nataraja. Até minha mãe foi no embalo e fez tudo junto conosco, apesar de ter 66 anos conseguiu dançar muito bem-uma vez bailarina, sempre bailarina!  No final demonstrei a mesma coreografia em uma versão mais completa, e dancei também o Ganesha Kavutwan.

No final desse dia mágico pegamos o catamarã de volta a Porto Alegre, cansadas mas extremamente felizes !

Tenho certeza de que esses belos momentos foram somente o começo de algo muito especial, já estamos organizando próximos encontros, dessa vez reunindo todas que querem se aprofundar no Bharata Natyam, com aulas intensivas mensais! Estou extremamente satisfeita de finalmente poder partilhar essa arte fascinante na minha cidade natal, com pessoas tão especiais e dedicadas.

“A dança?Não é movimento
súbito gesto musical

É concentração,num momento,

da humana graça natural



No solo não,no éter pairamos,

nele amaríamos ficar.
A dança-não vento nos ramos
seiva,força,perene estar
um estar entre céu e chão,
novo domínio conquistado,
onde busque nossa paixão 
libertar-se por todo lado...

Onde a alma possa descrever
suas mais divinas parábolas
sem fugir a forma do ser
por sobre o mistério das fábulas”

(Carlos Drummond de Andrade)




[Índia em Dia] O cenário incriticável da Arte


 por Raphael Lopes
 

Olá queridos leitores!!!

Minha última postagem gerou uma curiosa repercussão, e muitas pessoas vieram comentar comigo alegremente que concordavam com minha postura em falar abertamente sobre o que muitas vezes fica engasgado na garganta da platéia.

Esse feedback me deu uma única certeza: quem está na platéia tem senso crítico. Mesmo que nossa cultura prefira manter a crítica num terreno mais lodoso, evitável, de modo que as pessoas geralmente sorriem e parabenizam um número que não gostaram.

Também não quero levantar a bandeira da grosseria descabida - talvez essa possa ser a leitura daquele que se vitimiza ao ouvir a crítica, e mais uma vez esbarramos num velho vício cultural - quem é criticado, se sente ofendido, e vai as raias do extremo até em parar de dançar, mas não capta a essência simples da crítica.

O exercício da crítica deve ser uma prática desenvolvida nos círculos de arte, e ai chegamos num terceiro vício cultural: grupos sociais tendem a se fechar e criticar os "de fora", enaltecendo na crítica unicamente o estranhamento ao diferente manifesto na arte do outro. O bom e velho recalque também se encontra aqui, pois muitas vezes a crítica nada mais é do que um elogio as avessas.

E com tantos elementos em mãos oriundos de uma única postagem decidi dar uma alongada no meu raciocínio e convidá-los para refletir sobre nosso papel como consumidores de arte. A aprender a desenvolver a capacidade de  participar coativamente da arte que nos oferecem, elogiando, aplaudindo, assistindo, compreendendo o enredo e proposta, estimulando novas produções e, ao mesmo tempo, sendo sinceros com aqueles menos preparados - que só poderão abrir os olhos para suas reais necessidades se forem claramente alertados de que talvez não estejam prontos para o palco; que não podem usar a arte como escudo para fazer o que quiserem em nome da licença poética.

Uma pessoa que sem nenhum preparo real em dança (e não me refiro unicamente às danças indianas) decida dar aulas, estará agindo de má fé ao enganar o aluno que jamais conseguirá prosseguir sem os subsídios necessários para o amadurecimento artístico mesmo que tenha um talento nato. Poderá inclusive matar o talento potencial, além do risco à saúde (articular, motora e psicológica) proporcionado por uma aula sem os devidos cuidados aprendidos com a transmissão e experiência fidedigna. Em troca de alguns trocados muitos pseudo profissionais (ou como ouvi hoje - Anti-Profissionais) encontraram na dança um mercado fácil, onde poderá manter alguns alunos anos a fio sem um aprendizado real e com produções sempre medianas ou ruins. E isso permanecerá assim justamente porque tememos criticar. Porque vemos e não falamos nada e, muitas vezes, até sorrimos mesmo que amarelamente. Sim. Somos todos cúmplices.

Ai entram as mais loucas alegações (ou grosserias). Primeiramente, porque arte realmente é um produto um tanto abstrato e conceitual demais. Por exemplo, uma produção num estilo desconhecido por mim não poderia ser referida pelas lentes da minha crítica, uma vez que meu próprio gosto particular possa imprimir uma marca na crítica. Não é isso que quero dizer, mas sim que produções medíocres precisam ser vilipendiadas por seus contemporâneos. 

Vivemos num mercado oportunista. A dança da moda acaba se elitizando em Escolas de dança padrão, ao mesmo tempo em que são ensinadas a rodo em qualquer esquina por "profissionais de formação desconhecida" ou até mesmo em vídeo-aulas na internet. O problema não é a dança, e nem muito menos o ato lúdico de dançar. Somos todos livres para fazer o que quisermos, mas profissionalmente as coisas precisam de um controle de qualidade. Isso existe em todos os ramos. Um mal profissional da área da saúde pode matar um incauto. A vigilância sanitária pode fechar um restaurante que não tenha um bom profissional no comando. Por que na dança não podemos exigir qualidade?

Talvez seja um pouco de política de boa vizinhança, e um certo receio da reação do criticado. Eu particularmente gosto de dar minhas opiniões, e minhas alunas e amigas de palco sabem que não elogio o que eu não gosto, mas mesmo assim confesso que apontar um erro as vezes é constrangedor. O curioso é que isso tudo é uma inversão de valores - quem leva o simplório para o palco deveria ser o constrangido no final das contas!!! 



Os indianos são famosos por serem críticos muito ferrenhos, e em partes foi com eles que afiei meu senso crítico (que já me é nato sendo eu um virginiano inveterado). E é entre as danças indianas que encerro com um exemplo muito triste que convivemos aqui no ocidente: as danças devocionais.
 
As danças devocionais se dizem danças realizadas por devotos (comumente conhecidos como Hare Krishnas) em nome da Fé e do serviço do Templo, e com isso se tornam incriticáveis. Normalmente essas danças são realizadas em músicas devocionais indianas (mantras e kirtans), e algumas dançarinas acabam até mesmo se valendo de músicas que estejam em alta na Índia (e ai entram os filmes de Bollywood), usando as coreografias dos próprios vídeos e filmes como referência para suas produções. Até ai tudo bem, o problema é quando elas nomeiam sua arte como clássica (ou como sendo baseadas nas técnicas clássicas de várias danças diferentes (sic) e plageiam coreografias que não sendo capazes de reproduzir, acabam se tornando caricaturas.

Seria o mesmo que adeptos das religiões de matriz afro brasileira, com seus gingados e atabaques se lançarem com bailarinos profissionais. A dança estática dos terreiros tem sua beleza e caráter estritamente devocional, mas isso não as torna exímias representantes profissionais da dança afro.

E vez ou outra lá vamos nós orientar, pedir para que as dançarinas estudem, que ao menos alterem o nome de sua dança, que sejam sinceras que não são clássicas ou profissionais. E quase sempre não adianta. A crítica é vista como uma afronta ao espírito devocional de quem executou o plágio, mesmo que todas as escrituras sagradas da Índia sejam muitos claras sobre a forma apropriada de se desenvolver dentro das danças clássicas.

Normalmente quem consome essa arte são os próprios devotos, que pouco se importam com a qualidade e, geralmente, são os que menos conhecem as próprias escrituras. Não muito diferente do público geral de qualquer dança feita sem critério e ética.

Vamos assumir um compromisso agora?

E não é comigo, e sim com a Arte. Sejamos sinceros, saibamos elogiar na mesma proporção em que saberemos apontar para a falha. Vamos lembrar que muitas vezes o palco será o berço da primeira apresentação de uma bailarina, e que tudo o que ela menos espera é ouvir uma crítica. E sabemos que não existe perfeição, e que teoricamente estamos sempre aprendendo e amadurecendo. Mas quando a crítica se fizer necessária, faça. Vamos contribuir para uma comunidade pensante e ativa, que vai peneirar e estimular a nova safra de bailarinas. Vamos pouco a pouco desmotivar os plágios, os anti-profissionais e oportunistas de plantão.

 A arte é para todos, então somos todos responsáveis por ela. Não existe dança incriticável: seja ela clássica, devocional ou fusão. Liberdade artística tem limite e o estudo do bailarino é quem vai mensurar o que posso arriscar em cena. E sempre terá alguém que vai ver a sua apresentação e vai enxergar tudo aquilo que você fez com um olhar mais apropriado.

Na próxima postagem trarei números fusionados de ótimo gosto, danças devocionais de excelente estética. De modo que fique claro, que a crítica não se resume em apontar o erro, mas em reconhecer a beleza e apontar o caminho para ela. 



Até a próxima,

Namaskar.

http://aerithtribalfusion.blogspot.com.br/2014/03/india-em-dia-por-raphael-lopes.html

[Índia em Dia] O limiar entre a fusão e o plágio

por Raphael Lopes

Olá queridos leitores!

Hoje venho abordar um assunto um pouco mais polêmico, mas de extrema importância para a construção de nosso próprio repertório de possibilidades experimentativas em cena. É a questão de influência X inspiração.

Temos hoje em dia a internet como ferramenta para pesquisa, o que nos põe em contato com diversas mídias e os mais variados estilos de dança. E ai surge a linha tênue que separa a fusão do plágio.

A proposta de fusionar é uma leitura contemporânea onde a bailarina pode trazer para sua linguagem e expressividade cênica um movimento étnico ou de um estilo diferente. A proposta é claramente adaptar a DANÇA INSPIRADORA ao seu corpo de acordo com a movimentação tribal.

Independente do quanto as pessoas discutam a preponderância do ATS®  dentro da liberdade em fusionar, é sabido que grande parte das bailarinas usem o repertório de movimentos e combos do ATS®  para "temperar" sua dança e agregar, não apenas estética, mas uma coerência estilística. E claro, isso não é uma regra. Regras são mais específicas em danças clássicas, e no próprio ATS® , mas não no fusion.

Porém uma dança sem regra exige o dobro do bailarino: é ele quem deve definir o que pode ou não pode usar em cena, é ele quem vai definir a identidade de seu número. E ai surgem workshops em estilos diversos, algumas aulas aqui ou ali, e - de repente - surgem fusões com novas danças.

Eu como representante de uma dança clássica, sempre que dou minhas aulas e workshops gosto de frisar o que não pode em hipótese alguma ser fusionado, que são os elementos de caráter estritamente templário e que configuram uma característica ÚNICA das danças clássicas da Índia. Logo sou um profundo crítico das fusões com dança indiana, não como um regulador das possibilidades, mas como um analista do quanto a fusão foi feita com criatividade e respeito.

No Tribal Fest 2013 tivemos um número da britânica Jaydee Amrita fusionando bellydance com Odissi, com uma maquiagem de corpo azul numa clara referência à imagem de Kali.
A bailarina demonstra de início uma técnica forte, um bom domínio das ondulações de corpo e braços, e uma explosão em cena invejável. Poucas são as bailarinas com essa presença. Mas me parece que a personagem é um pano de fundo para sua costura com a fusão indiana: a música vira para uma Tala Beat Box e a bailarina executa uma rotina de exercícios de Odissi, com pequenas variações coreográficas - tudo feito com um trabalho impecável de tronco (o que a identifica como uma aluna com no mínimo um ou dois anos de estudo), mas sem as flexões de joelhos. Talvez tenha sido proposital, mas não creio que unicamente sair da "seating position" seja adequar o Odissi ao Tribal. Talvez a bailarina não se sinta a vontade em executar os movimentos vigorosos das pernas com uma demasiada flexão de joelhos - o que é muito comum mesmo em bailarinos puros de Odissi, mas sem uma maior dedicação à construção da técnica no corpo.


Os exercícios e combos usados também não somaram a personagem adotada, nenhuma referência à Kali foi usada em cena - apenas a roupa. Aliás, por falar em figurino, ela usou um par de guizos típicos de Bharata Natyam (numa fusão com Odissi?!), que é um dos elementos entregues à bailarinas mais avançadas e dedicadas ao clássico. Claro que qualquer bailarina possa usar uma tornozeleira, mas por favor, deixem os guizos específicos das danças indianas para as danças indianas!

Independente das escorregadas que ela deu na construção do número, foi um número impactante, e até mesmo ousado já que é difícil encontrarmos bailarinas que arrisquem fusionar com as danças clássicas indianas. E arriscar incorre no risco de erro, e acredito que é preciso tentar, mas acima de tudo ter alguma boa assessoria e consultoria para não cometer nenhuma gafe em cena.  Isso corrobora apenas o quanto as pessoas desconhecem dança indiana, e do quanto a dança indiana não é um elemento tão presente no Tribal.

Esse ano Jaydee retornou ao palco do Tribal Fest, dessa vez com um headpiece inspirado em Cleópatra ou Aset. Eu particularmente senti falta de uma saia plisada (tão característico do Egito), e de um figurino que se harmonizasse com o esplendor do adorno de cabeça... enfim.


A música começou com uma sucessão de deuses egípcios serem honrados (me parecia uma gravação feita a partir de uma música do filme "Principe do Egito") e de repente a bailarina entrou novamente numa fusão indiana ao som de uma Tala. Ai aconteceu algo que eu reprovo com avidez: Plágio. A partir dos 4:04 ela reproduz uma sequência completa de uma dança de repertório da dança Odissi. Não era uma fusão. Não era uma releitura. Nem uma inspiração. Era o Bhumi Pranam do Mangalacharam, seguido por uma porção de movimentos de Bharata Natyam e pequenos combos de Odissi entrecortados com ondulações.... até o final. E onde ficou Cleópatra? E aquela porção de nomes egípcios no começo? Me pergunto até agora....


É muito importante que as bailarinas tenham responsabilidade com suas criações, que saibam ser coerentes e ricamente criativas em cena. Que possam subir nos palcos com a consciência que sempre haverá alguém na platéia que irá destrinchar sua dança, e reconhecer os pontos que você plagiou, ou costurou de forma parca. Dançar é uma experiência lúdica, livre, e todos podem fazer o que bem entenderem. Mas dançar profissionalmente requer uma maturidade e um compromisso com o estudo e a performance.


A partir dos 3:30 você encontra a segunda sequência do Mangalacharan copiada pela bailarina em questão

Jaydee Amrita é uma bailarina de técnica atraente, com figurinos essencialmente bonitos, com quase nenhuma presença de ATS®  em seus combos, mas com uma fusão duvidosa com a dança indiana. Sei que algumas pessoas podem me julgar demasiadamente crítico, mas é preciso salientar que a Fusão é um campo de múltiplas opções - mas que essas opções não caiam no lugar comum da cópia, do plágio, ou da sobreposição de passos prontos, sobre uma música e contexto adverso.

Vou elaborar novas análises, de outras bailarinas que embarcaram nas fusões com as danças clássicas, e espero ajudar a comunidade tribal à entrar em contato com o encanto da dança clássica de forma respeitosa, consciente, e reverente.

Um abraço,

Raphael Lopes.


[Índia em Dia] Entrevista com Rahul Acharya traduzida

por Raphael Lopes

Trazemos aos nossos leitores uma entrevista com um dos maiores ícones da atualidade dentro da dança clássica indiana. Rahul Acharya dança desde os seus quatro anos de idade, e vem de uma família tradicionalmente ligada as atividades do Templo de Jagannatha.

Aluno do Guru Durga Charan Ranbir, o bailarino de Odissi Rahul Acharya mora em Bhubaneshwar, Orissa. Ícone do estilo Guru Deba Prasad Das, ele foi o primeiro bailarino de Odissi à ser homenageado com o prêmio Ustad Bismillah Khan Yuva Puraskar, do Governo da Índia  em 2009. Além de sua dança, Rahul é um devoto e pujari do Senhor Jagannatha, erudito e bem versado ​​em sânscrito. Ele é formado em Hatha Yoga e Raja Yoga pela Escola Bihar Yoga. Ele gosta de ler e pesquisar sobre os Shastras (escrituras) e trazê-los à tona através de sua dança.

Aqui, Rahul Acharya partilha as suas opiniões sobre uma variedade de assuntos relacionados com a dança Odissi.

Com a crescente popularidade de Odissi, você acha que os movimentos tradicionais estão sendo afetados de alguma forma?

A tradição é um elemento de transição. Não há tradição estática. Costumes, crenças e práticas foram alterados com freqüência para atender a mudança dos tempos. O que nós praticamos como Odissi, hoje, não é certamente o que Bharata mencionou como Odra Magadhi no Natya Shastra. O estilo Odissi que praticamos hoje não é o que foi durante os anos 50. Quando o repertório de Odissi estava sendo desenvolvido todo o Margam dificilmente durava 15/20 minutos. Hoje, uma única coreografia pode durar horas. Assim, não há uma tradição que os bailarinos precisam furar. Mas há uma gramática básica que caracteriza a antiguidade e singularidade do Odissi , que todos nós já aprendemos como iniciantes e temos praticado desde então. Esta gramática básica é o alicerce da forma de dança. Assim, torna-se bastante importante para entender e digerir o que os nossos mestres passaram para nós. Precisamos preservar esse rico legado que foi entregue a nós e dar um passo adiante com nossas próprias inovações.

É animador ver a crescente popularidade do Odissi no mundo todo, mas há prós e contras também. Dançarinos da atualidade estão fazendo muito bem. Eles são acessíveis, cordiais, trabalhadores e, acima de tudo, embasados. Eles são como uma lufada de ar fresco. Mas no meio de todos esses prós, os contras são igualmente visíveis, onde alguns dançarinos meia-boca, não investem a quantidade de trabalho e treino necessários e afirmam ser o tipo sabe-tudo. Com eles, vale tudo em nome do “contemporâneo e da fusão”. Fusão torna-se confusão e o “contemporâneo” é apenas temporário.

Não devemos esquecer as nossas raízes não importa o quão moderno nos tornamos. Devemos sempre lembrar o rico legado que herdamos de nossos gurus e precisamos agir como guardiões de tudo o que foi passado para nós e levá-lo adiante com a nossa própria criatividade.

O lema : "Primeiro aprender as regras e depois quebrá-las " ... A fim de quebrar as regras, precisamos aprendê-las primeiro.

Hoje em dia, alguns bailarinos de Bharatanatyam começaram a usar o cinto típico do Odissi como parte de seu traje.

O cinto de Odissi normalmente referido como Bengapatia ou Bhekamukha (referindo-se à semelhança de um sapo), era uma peça única de cinto usado pelas Maharis que mais tarde foi adaptado pelos dançarinos de Odissi. Ornamentos de prata, o adorno de cabeça (Tahia) e os sarees típicos de Orissa são a marca registrada do Odissi. Eles fornecem algum tipo de identidade para a dança. Da mesma forma, cada forma de dança tem o seu próprio “Aharyam”. Foi notado ultimamente que alguns bailarinos de Bharatanatyam usaram o cinto de Odissi realmente. Na minha opinião, o melhor é permanecer fiel ao aharyam projetado para cada estilo de dança, a fim de evitar confusão.

Muitos bailarinos estão sendo treinados em kalaripayattu. Você acha que é essencial para um bailarino de Odissi ser treinado em kalaripayattu, para fitness ou para qualquer outra finalidade?

Nós todos sabemos que as artes marciais são excelentes programas de treinamento físico que aumentam as habilidades do corpo do praticante, aumentando assim o seu nível de resistência. Na verdade, qualquer atividade é válida: do Yoga ao Pilates, do Kalaripayattu a Zumba. Nós todos acreditamos que Shiva é o Senhor da dança, Shiva também é considerado o Senhor do Hatha Yoga. Assim, Shiva não foi apenas bem versado ​​em dança, mas em Yoga também. Eu, pessoalmente, sugiro aos dançarinos que pratiquem Yoga regularmente, o que provou ser muito benéfico. Digo isso a partir de minha experiência pessoal. Eu tenho sido um praticante de Yoga desde a infância.

Qualquer forma de treinamento físico é excelente para o condicionamento físico de um dançarino em qualquer modalidade. Aprender artes marciais étnicas fornece benefícios adicionais para a dançarina que pratique essa forma étnica de dança. Dança varia de região para região, e é por isso que temos 8 estilos diferentes de dança clássica e muitas variações regionais. Isso ocorre porque a dança é certamente influenciada pelo ambiente da região a que pertence seu povo, seus costumes, crenças e práticas. Eu não acho que é essencial para um bailarino de Odissi aprender Kalaripayattu (arte marcial do sul da Índia) já que temos nossas próprias artes marciais como a Akhada, Piko, Chhau etc... mas não há mal nenhum , se alguém quiser aprender. Cada um na sua.

Comparado ao número de bailarinos de outras formas de dança clássica, parece haver um grande número de homens se interessando por Odissi. E eles parecem estar fazendo bem tanto em grupo quanto em solo.

É realmente impressionante ver um número crescente de dançarinos de Odissi em comparação com outros estilos de dança. Desde os tempos do Natya Shastra, tem sido os homens que transmitiram o legado da dança. Tudo começou com Bharata, Tandu, Gargacharya, Rantideva, Attahasa e assim por diante. Os gurus em sua esmagadora maioria são homens. Aqui eu não estou sendo machista, mas o tempo é testemunha de que os guardiões da tradição foram todos homens, mas devido à falta de patrocínio, acabaram interrompendo suas atividades ou se dedicando à outras profissões, já que arte nunca foi lucrativa. Muito raramente nós encontramos bailarinos como performers no palco. Mas o gelo foi quebrado com o aumento do número de dançarinos tendo suas performances como atividade principal. Mas não só em Odissi, existem excelentes bailarinos em outros estilos de dança também que estão fazendo um trabalho brilhante. Só que o número parece maior em Odissi.

Quando você realiza workshops no exterior, o que você percebe mais entre os praticantes  de Odissi por lá?

Eu costumo organizar meus workshops para atender um grupo heterogêneo de dançarinos, que geralmente não pertencem apenas a um estilo particular. Eu enfatizo muito nas técnicas de condicionamento e preparação do corpo para preparar o dançarino para lidar com os rigores da dança clássica indiana. A maioria destas técnicas foi emprestada da minha própria experiência em Yoga. Eu não costumo ensinar itens de repertório em minhas oficinas, a menos que eu veja um dançarino que corresponda a minha expectativa. Só assim então eu posso ensinar itens.

O feedback é extremamente impressionante. Nesses workshops sou bombardeado por sua ânsia em entender com atenção os mínimos detalhes. A maioria dos meus alunos vem até mim por meio dessas oficinas.

Qual a importância para um dançarino, de Odissi ou qualquer outra forma, em ser bem versado em sânscrito?

É extremamente essencial para um bailarino ser bem versado em sânscrito e no idioma vernáculo usado na dança, neste caso Orya para o Odissi. Quando dizemos ShastriyaNritya referimo-nos ao estilo de dança mencionado em nossos shastras (escrituras), e todas as nossas escrituras são escritos em sânscrito. Na maioria dos casos observa-se que não há nenhum substituto em inglês adequado a um monte de expressões utilizadas em sânscrito. Por exemplo, a palavra Ananda. O equivalente emi inglês mais próximo seria felicidade ou êxtase, mas muitos concordam que Ananda é muito mais do que aquilo que a nossa contrapartida em inglês tem para oferecer. O idioma é um componente essencial para a dança. Abhinaya é definida como a poesia em ação e não há poesia sem linguagem. A fim de obter conhecimento em primeira mão de qualquer escritura é preciso saber sânscrito. Muita essência se perde em traduções e nunca haverá uma tradução perfeita. Então, nós bailarinos precisamos fazer um esforço extra para aprender o Sahitya também. Só aprendendo e aperfeiçoando técnicas não é suficiente. Dançarinos precisam cultivar duas coisas: Auchitya e Sahitya .

Muitos bailarinos professam dançar de acordo com o Natya Shastra. O que tem a dizer?

Natya Shastra é um grande texto. O que nós referimos como Natya Shastra hoje é aquele que consiste em 6.000 shlokas e é chamado de Shadshahasri Samhita . Há um outro Natya Shastra consistindo de 12.000 shlokas e é chamado o Dwadashashahasri Samhita. Todo o último texto ainda está para ser totalmente descoberto. É impossível para qualquer bailarino usar todo o corpo de técnicas e práticas que o Natya Shastra instrui. No entanto, um extenso trabalho foi feito pela Dr. Padma Subrahmanyam como todos sabemos e há um número de dançarinos que estão a realizar um estudo sério do Natya Shastra. Isso precisa ser mais incentivado.

Parece haver uma proliferação de festivais, concursos e prêmios em Odisha (Orissa).

Orissa tornou-se uma “cama quente” de festivais. Durante os 365 dias em um ano uma coisa ou outra está acontecendo. Estamos literalmente saturados com festivais. Isso, certamente, é uma oportunidade para muitos bailarinos e, assim, incentiva talentos. Mas, com o aumento do número de festivais, a qualidade está lentamente se deteriorando. Da mesma forma os prêmios também estão a perder o seu valor. É a política da mútua premiação, ”você me prestigia e eu te prestigio”. A maioria destes prêmios não têm uma posição e, portanto, não possuem grande destaque. Fora que também é complicado verificar a autenticidade de tais prêmios.

Como você equilibra suas frequentes viagens ao exterior, com a sua própria formação em dança?

Eu costumo seguir um rigoroso regime de treinamento físico que eu não interrompo não importa em que parte do mundo que eu esteja. Isso me dá uma enorme quantidade de agilidade e resistência para manter-me entre as viagens e apresentações frequentes. Eu treino meus alunos sempre que tenho tempo. Eu costumo dedicar 3-4 meses de treinamento aos meus alunos entre o final de cada ano e no início do novo ano. Por causa da minha própria agenda eu não tenho muitos alunos, pois eu acho que é realmente difícil de conciliar o meu próprio trabalho como performer, e certamente minha dança é uma prioridade. Eu tenho poucos alunos que são bailarinos em tempo integral, e todos são muito dedicados. Eu acompanho o progresso deles quase toda semana. Com o avanço da tecnologia e, graças à web o mundo se tornou um lugar menor, e isso me ajuda a manter o controle de meus alunos.

Como você descreveria a experiência de se apresentar no exterior em relação ao desempenho em seu próprio estado de origem?

Para um bailarino o palco não importa. Toda a experiência que se vive na dança é tal que o bailarino se perde completamente,e é levado a um estado de bem-aventurança. Durante essa transformação, o dançarino perde sua identidade, e o palco torna-se um templo. A localização geográfica pouco importa. A dança realmente rompe limites. Como dançarinos todos nós falamos a mesma língua. Sim, os dialetos podem variar. Mas, temos a tendência de entender um ao outro.

É o rescaldo da performance que nos traz de volta desta tranquilidade, e é ai quando você percebe onde está dançando. Para mim, as respostas que tenho recebido tanto no meu estado natal como em outros lugares sempre foi muito grande e extremamente encorajador. A positividade que as pessoas trazem consigo, de fato, me inspiram a ficar melhor a cada dia que passa. Eu sempre fui um devoto da dança e tenho alimentado essa aspiração em chegar a um estado em que o meu corpo físico seja completamente consumido pela dança.

O que você acha que pode ser feito para o crescimento e desenvolvimento do Odissi?

Odissi deve, como uma questão central, superar-se. Ele se espalhou por todo o mundo e ainda mantêm o estado de Orissa como sua identidade. Odissi colocou Orissa no mapa cultural mundial. As pessoas reconhecem esse estado como a terra de Jagannatha e da dança Odissi. E tudo isso é muito encorajador, mas isso também levou a uma enorme quantidade de mediocridade que é difícil de lidar. Nem todos os dançarinos têm a oportunidade ou a exposição devidas e, assim, sustentar a si mesmo como um artista se torna extremamente difícil. Como resultado a maioria deles “aprendem menos e ensinam mais”. Esta tendência é extremamente perigosa e precisa ser avaliada com seriedade. Precisamos educar dançarinos e fazê-los entender que a dança não é só técnica, mas teoria também. Dança indiana tem uma história tão antiga quanto a civilização humana e, como dançarinos precisamos estar conscientes para sermos capazes de tornar-se os “rostos” e baluartes do Odissi. Isso precisa ser tratada globalmente.





Entrevista cedida por Rahul ao jornal Narthaki (http://www.narthaki.com/info/intervw/intrv160.html).
Tradução para o português feita por Raphael Lopes, com a devida autorização do entrevistado.

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