por Lua Rubra Tribal
No dia 12 de Agosto às 20:30 foi apresentado o show de aniversário de 3 anos do Lua Rubra Tribal, que foi transmitido pelo youtube.
O tema "corpo: a casa que dança" girou em torno da reflexão trazida com o isolamento sobre nossa relação com o nosso próprio corpo, com a nossa casa e com o reconhecimento de que habitamos um corpo dançante.
Estamos em um mundo diferente por conta da pandemia e mesmo em dias difíceis buscamos a arte para expressarmos os nossos dias, os desafios, as dores e alegrias.
Toda arte é uma história construída pelo nosso cotidiano, vivido um dia de cada vez, celebrando as vitórias, os ciclos da vida, o movimento de estar presente no aqui e agora, almejando o futuro melhor e dias que seguem com verdade e presença.
Estar presente no corpo, nas nossas casas, nas pessoas que nos rodeiam. Dias correm como os movimentos da dança e é nesse sentir que convidamos você para celebrar conosco essa alegria dos movimentos, da dança da vida.
Para essa celebração, convidamos bailarinos que se expressam nessa vida cotidiana, que expressam a dança para além do cenário, figurinos, coreografia... Celebramos o corpo, a casa, o movimento de estar vivo.
O elenco contou com:
Studio Rosaira Conrado - @studio_rosairaconrado / @grupo_stroc
O que vocês sentem ao dançar?
"O que sentimos ao dançar, é algo inexplicável….Sondamos movimentos, sentimentos, corpos, um ao outro… Algo na verdade INSONDÁVEL"
Helena Amynthas - @helenaamynthas
"Nas danças e andanças do fazer corpo com o digital, me chega novamente essa poética do corpo-casa; esses anos sem abraços e sem enlaços nos instiga e leva a ser devir caramujo, devir quarto, devir outro pelo olhar frio da tela.
O tempo de estar clausura trouxe um aroma de outros tempos, um gosto de outros ritmos, do mover-se hodierno, mais também vintage e também imagem.
Assim sendo sou atravessada por uma fagocitose mágica de deslizamentos e fricções com culturas (e também dores) atemporais, bebendo em fontes distantes e diversas.
No fim e novo começo, o que me move não tem nome, o que me ancestra não tem era, tem uma estética/ética/poética própria e não-dependente: nada importa mais que entreter o corpo e fazer-se festa de átomos no desfazer-se poeira de estrelas uma vez mais".
Janaina Falcão - @jana.falcao
Selvática - Uma convocação a ouvir o nosso chamado interior, a força selvagem e potência feminina que habita o nosso corpo corpo-casa-terra, em um movimento ritualístico e celebrativo para as nossas múltiplas faces de mulheres luas e a coragem de ser mulher.
Dhani Pitteri - @dhanipitteri
Não estamos sós.
No aparente vazio cantam as vozes de nossos ancestrais dizendo que tudo o que somos vem de um pedaço de cada história de cada um que pisou no solo desta terra.
Somos todos eles.
Na solitude somos presenteados com a oportunidade de perceber esse sussurro cantando baixinho em nossos corações dizendo: "você não está só!"
Icsander - @icsander
Esta performance traz em seu contexto a mãe natureza em desespero, chorando enquanto no seu seio há um mar de entulho.
Ela não consegue mais respirar, ela pede ajuda.
Um manifesto artístico sobre a poluição do meio ambiente.
Desiree Gundim - @desireegundim / @espacodansoul
Em sua própria pele é uma crítica à influência estética das mídias nos corpos que dançam.
Como sua arte reverbera sem estar bem na sua própria pele?
Conectar-se consigo através dos movimentos resgata o que é essência.
Jonatas de Matos - @contornosdemarte
"Talvez minha feitura pode ter sido na praia errada”. Foi isso que pensei quando me percebi também como um tengu dançante nagô latinamericano. Os tengu são criaturas dos misticismos japoneses que vivem por lutar com espadas, moram em florestas e montanhas, lutando entre si e escutando sabedorias de outras criaturas celestiais. Olho para meus montes, cheios de existências fortificadas pela vida em crise, da favela, e me reconheço partícipe desse lugar, e dessa sobrenatureza. Assim como os tengu são parte das montanhas e bosques, sou osso dessas madeiras e coluna desses concretos, que tanta gente luta para viver, bem como o tengu luta. Porém, diferente dessas criaturas combatentes celestiais, não tenho asas, tenho cordas que me amarram a vidas e corações, dessas e de outras montanhas. O que me resta é dançar a descida desse monte, dessa espada ter pousado em terra tão distante, mas jamais diferente na qualidade de lutar. Além disso, há a feliz coincidência desses montes preenchidos de vida serem constelações brilhantes na noite da varanda da minha vista. Diante dessa fantasia me pergunto sobre essa encruzilhada do dançar e do lutar, seria eu um tengu feito numa praia distante do arquipélago nipônico? Assumindo a fantasia e transmutando em dança o aço do meu encanto, dedico às moventes encantadas da Lua Rubra Tribal o “Descida do Monte Enconstelaçado”.
Mimi Coelho - @mme_mimicoelho
Estamos vivendo tempos difíceis e absurdos até.
Há uma necessidade, uma intensa pressão por demonstrar e exibir o melhor o tempo todo, como se na verdade todos vivessem em um mundo de absoluta perfeição.
E ainda que vivamos o caos do momento, enfrentando uma doença surreal provocada por um vírus jamais conhecido antes, sucumbimos intensamente à essa outra doença do mundo atual. Ela que chega também de forma traiçoeira, mas que nos ataca violentamente e parece ser quase que inevitável, pois também significa trabalho efetivo para a maioria. A urgência por se transparecer perfeitamente impecável na vitrine social virtual vem minando a nossa vitalidade, a nossa qualidade de vida. E mesmo que percebamos esse mal não conseguimos evitá-lo. Lutamos contra o tempo e contra o natural para estarmos lá exibindo o mais lindo, impecável, feliz e esperado de nós e nossas vidas. Até o nosso sofrimento e nossa dor devem parecer perfeitos, maquiados por um filtro de embelezamento artificial. A arte e a expressão individual perdem qualidade diante de tanta pressão por conteúdo inéditos, que nada mais são mais do mesmo. Acabamos consumindo tendências e as exigindo também de todos, até mesmo de quem amamos. E assim vamos, modelos perfeitos na vitrine social, internamente corroídos e encurralados por estas ferramentas do momento, correndo, tentando alcançar o tempo que voa, levando junto nossa vitalidade e autenticidade de viver. Nós somos nossos próprios carrascos, nosso "Bad Guy", a metáfora em dança que eu criei para a música de Billie Eilish.
Aerith - @aerithtribalfusion
Uma linda mulher. Ousada, moderna e dona do seu próprio caminho. Anacrônica. Sim, baby, ela estava muito à frente de sua época. Mãe, esposa, companheira, amiga. Tantas cobranças, tantas facetas a desempenhar... Uma mulher que precisou ser forte. Uma mulher que perfumava à tantos sonhos. E nas brechas de tempo, ela só quer dançar, extravasar, se expressar. Um corpo vibrante. Um corpo que ainda pulsa. Uma imagem marcante, com seu batom vermelho; uma energia descontraída e contagiante; uma memória latente em nossos corações.
Natália Piassi - @natalia.piassi / @cd.nataliapiassi
Corpo.
Ferramenta fascinante que nos permite vivenciar experiências.
Sentir nossas dores e prazeres, tristezas e alegrias, sombra e luz.
Que integra os sentidos e manifesta a essência. A morada da Alma.
O corpo movimenta, o corpo sente, o corpo dança.
Nathália Antunes - @nathaliab.antunes
"Com os pés na terra e o coração em seu povo, a batida pulsa e a melodia leva pelos ares o espírito baladi!"
Giselle Ferreira - @giselleferr / @almaandaluzastudio
A dança abordada a partir da sensibilidade e da verdade desse corpo dançante , onde as castanholas e pés dialogam com a mola propulsora, o corpo com sua torções seu sentir, a partilha de emoções com o observador e a natureza.
Nindië Elendil - @nindieelendil
A dança sempre foi minha vida, meu dia-a-dia e minha constante. Nesses tempos difíceis a dança tomou outras formas e rumos pra mim e se tornou um escape nada constante dessa casa em chamas que tem sido a minha mente, literalmente a bombeira que tenta apagar o fogo em momentos exaustivos.
KarMir - @karmirdark
“Sombras”
Com as sombras que assolaram o mundo até o momento presente, fomos convidados a olhar para dentro de nossa própria morada. Nosso corpo. Nosso eu interior. E encarar a realidade e a certeza da morte.
O que desperta nossos medos, nossos piores pesadelos?
“...Para que haja luz é precisa aprender com as sombras.“
Lua Rubra Tribal - @LuaRubraTribal
O trabalho "Corpo: a casa que dança" retrata a jornada do Lua Rubra através dos tempos desafiadores que vivemos em razão da pandemia. O isolamento social que nos privou do convívio entre nós e com o público. O reconhecimento da casa enquanto o lugar de expressar a arte. As reflexões sobre o corpo dançante em que habitamos. A constante necessidade de adaptação ... e o pulsar da dança em nossos corpos.
O show também contou com uma caixa de colaborações voluntárias que foi dividida igualmente a todos os bailarinos.
E você, viu o show? Conta pra gente o que achou do tema!
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Resenhando-ES