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Entrevista#8: Rhada Naschpitz


Esse mês teremos a entrevista de Rhada Naschpitz, bailarina  do Rio de Janeiro com dança tribal bem inserida na cena underground, cujas fusões mesclam com dança cigana, gothic fusion, rock fusion unidos a dramaticidade e expresão da dança-teatro. Boa leitura! =)

BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal;como tudo começou para você?     
Sou profissional de Educação Física, formada pela Univesidade Gama Filho-RJ.Comecei meu envolvimento com danças orientais em 1996. Iniciei meus estudos com a dança do ventre, descobrindo maior afinidade pelo estilo Ghawazee e acabei me direcionando para a Dança Cigana estudando as danças que a influenciam, como o Flamenco, a Dança Russa, Cocek, Karsilama,etc.Especializei-me em Dança Cigana, em 1998, em seus estilos: Ghawazee, Sulecule/Cocek, Kalbelia, Romanê, Gitano e Zambra. Comecei a  ministrar aulas e fazer shows,já como profissional, em 2002.

A partir de 2005,  me dediquei só a shows e desenvolvimento do Gypsy Fusion, como professora e sócia,  no Espaço de Danças Rhada e Lucia, devido a  meu compromisso com minha outra profissão de designer de jóias. Nessa etapa, por não parar meus estudos na dança, devido ao desenvolvimento do estilo Gypsy Fusion, apaixonei-me pelo Tribal, e comecei estudo e pesquisa intensos dentro dessa vertente. A experiência em dança cigana, que é fusion na essência e em suas influências, contribuiu para meu ingresso definitivo no tribal fusion, com o estilo Gypsy Fusion,  que foi acrescido da influência Dark /Rock,outro lado marcante de minha personalidade e peculiar de minha dança. Estreando com a fusão Rock &Roll, em outubro de 2007, dançando no show da Banda Matilha, no Néctar. Assim, tornou-se a precursora do estilo Rock Fusion, no Rio de Janeiro, com a estréia oficial no Tribes Brasil 2009.


Hoje meu trabalho na dança pode ser definido como Dark Arts, que engloba os estilos  Dark Fusion Bellydance,Tribal Teatral, Gothic Gypsy e Rock Fusion. Este estilo de dança é uma das varidas possibilidades do Tribal Fusion - Dança Étnica Contemporânea, caracterizada por enfatizar uma estética "obscura" e expressionista, com forte teatralidade e certa carga dramática, inspirada nas várias cenas da cultura dark/gothic(rock,noir,industrial,burlesque,medieval,vitoriano...) e urbanas, como o rock `n`roll  e o hip hop. Mesclando todo o universo alternativo, contemporâneo e até  do folclore do Brasil, com as danças orientais e étnicas. Fusão  cuja expressão de palco,interpretação musical, energia e essência são postas em movimentos fortes que exprimem uma certa tensão, mesclados com movimentos fluidos e sinuosos, criando uma linguagem peculiar e hipnotizante. “ Um estilo que tem capacidade de incomodar e ao mesmo tempo fascinar,explorando o tenso e obscuro e sendo fluido e belo”.


No caso do Gothic Gipsy, é a fusão do dark/gothic com estilos e influências das danças ciganas de diversas partes do mundo. União que se dá de forma espontânea pela expressividade,teatralidade,magia,mistério, que tanto a cultura Rom (gypsy) quanto a dark/gothic carregam.
Atualmente, ministro aulas e workshops pela Escola de Artes Orientais Asmahan- RJ; além de ser bailarina profissional da mesma, e também co-produtora e diretora artística do Espetáculo Gothla Brasil.

Também, juntamente com o músico Ives Pierini,desenvolvo o projeto Duabus Artibus – Music and Dance Duet, onde danço com músicas próprias, cuja estréia desta parceria aconteceu no Gotlha Argentina 2012, com a música “Dreams”.


BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
Na dança cigana foi a Márcia do Gaia,sendo que carrego isso de família também; está no sangue.
No Flamenco,Denise Tenório, Flávia Gomes e Rodrigo Garcia.
No hip hop foi Pedro Drope.
No tribal inúmeros workshops: Isabel de Lorenzo (ATS), Sharon Khiara, Mardi Love.Mas os que de fato aproveitei foram os da Ariellah, a qual hoje tenho laços estreitos, sendo privilegiada de seus constantes ensinamentos.


BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Como já mencionei, dei aula bastante tempo de dança cigana, fiz várias vezes aulas de dança do ventre, flamenco e hip hop, entre outras.

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Sempre foi Ariellah, mas admiro também a Zoe Jakes,e Asharah. Mas a Ariellah é de fato minha referência no tribal. E Pina Bausch na dança-teatro.

BLOG: O quê a dança acrescentou em sua vida?
É minha vida simplesmente. Dançar traz equilíbrio,condicionamento físico, saúde,alegria e extravasa qualquer problema.É minha Arte, simplesmente.
 
BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
No caso do tribal, a liberdade de expressão e estética de cada bailarina e o universo de possibilidades de fusão.

BLOG:O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação?Você acha que o tribal está livre disso?
Nunca estive muito inserida no meio da dança do ventre,como já mencionei, minha formação vem das danças ciganas.É claro que em alguns momentos estudei a dança do ventre,principalmente o estilo Ghawazee. O que me chamou a atenção foi a questão de confundir sensualidade com sexualidade. A tendência da mídia desinformada ou até mesmo com intuito de distorção acaba muitas vezes vulgarizando essa arte. Fora que também existem “pseudo dançarinas” que levam para esse lado, mais preocupadas com o palco do que com a arte em si. O tribal em sua história e surgimento já buscava justamente desassociar essa imagem distorcida; é mais difícil essa abordagem,mas nada impede que falta de ética e de  comprometimento sério com esse estilo, leve a aparecer as ditas distorções.

BLOG: Você já sofreu preconceitos no tribal? Como foi isso?
Preconceito não, mas quando comecei a dançar com Heavy Metal, marcha fúnebre, a princípio não fui muito bem aceita, chocava um pouco a plateia ainda não muito acostumada com o conceito de Dark Arts, onde também está inserido o Rock Fusion.

BLOG: Como é ter um estilo alternativo dentro da dança.Conte-nos um pouco sobre isso.
Vejo de forma natural, não fui eu que me adaptei ao Dark Arts, foi o Dark Arts que caiu como luvas na minha maneira de ser. Grande parte dos acessórios e roupas que uso em meu figurino, já faziam parte do meu armário e do meu modo de vestir, sempre andei de preto. As músicas que danço, na maioria, são de bandas que sempre escutei, como Dio , ACDC , Ramnstein,etc. Como disse nossa Deusa do Dark Fusion, Ariellah:

 – “Não se ensina ninguém a ser dark, isso é um estado de espírito, energia interior, expressão  artística, personalidade...”

BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
No início,quando aqui no Brasil ainda se tinha só como referência máxima a Rachel Brice e Carolena Nericcio, eu  já acompanhava o trabalho de bailarinas mais “obscuras” como Ariellah, por já fazer parte da cena alternativa.  Quando comecei a já me apresentar dentro desse conceito de estética, muitas vezes fui criticada como não sendo tribal fusion. Só depois que a Ariellah esteve no Brasil que este estilo começou a ser reconhecido e começaram a entender minha proposta. Infelizmente aqui no Brasil só se dá valor quando vem de fora. Brasileiro dificilmente dá valor à “prata da casa”; precisou vir uma dançarina de Dark Fusion de fora para esse estilo ser reconhecido. Mas estou super feliz de estar vendo gente em nosso país fazendo trabalho sério nessa vertente. É muito bom ver nossa “Tribo” aumentando e influenciando.

BLOG: E conquistas?Fale um pouco sobre elas.
Sempre superar a mim mesma. Conquistas vêm como consequência disso. Importante pra mim é sempre estar vivenciando e transmitindo Arte.

O aprimoramento da técnica sempre é uma eterna conquista, é um estudo sem fim ,exige dedicação. Não se atinge a qualidade sem esforço e disciplina. Não digo difícil de aprender e sim de manter essa disciplina, visto que grande parte de nós dançarinas, aqui no Brasil, não vivemos só da dança. Nem sempre temos disponibilidade para essa disciplina, e às vezes nem condições financeiras para investir mais em nosso aprimoramento. Difícil mesmo. E com todas as dificuldades da sobrevivência, continuar investindo, estudando, treinando e não desistir... Acho que é o amor a essa Arte o grande segredo.

BLOG: Como  e quando você descobriu o tribal fusion e porquê se identificou com esse estilo?Quando começou a praticar o tribal fusion? 
Está na primeira resposta.

BLOG: Antes de você se envolver com o tribal fusion, você se dedicava às danças ciganas e do ventre. Compartilhe conosco esse sentimento em comum entre as três danças e o que lhe fez seguir o rumo ao dark fusion e como essas danças se “comunicam” entre si na sua forma de expressão nesta arte.
Confesso que não me dediquei a dança do ventre, apenas estudei o que era de interesse para a minha dança. A dança cigana já é fusion em sua essência, devido as diversas influência que esse povo nômade sofreu, então eu já tinha um arsenal muito vasto de possibilidades de fusão nas minhas mãos. Com o estudo do ATS, só fiz de fato fusionar tudo e unir ao meu estilo rock,dark...Se assim posso dizer.Acho muito difícil traçar limites onde essas danças se comunicam, a fusão dá liberdade ao artista de onde fazer as interseções, é o conhecimento técnico unido ao talento e expressão própria que vão trazer o reconhecimento de um estilo. 

BLOG: Como você encara a fusão entre metal/rock e dança do ventre/tribal?
Deve haver uma certa coerência para não ser ridículo. Já vi muito vídeo no Youtube com dançarinas apenas preocupadas em colocar figurino preto, e às vezes nem isso, e dançarem rock pesado com movimentos de belly dance estilo clássico, por exemplo. Totalmente fora da essência nata do rock. Eu como faço parte da cena desde meus 15 anos, acho particularmente que dançar rock requer uma energia menos “odalisca”; acho que o tribal dark arts veio justamente para acertar isso.

BLOG: Qual a sua relação com o gothic fusion? Como você encara  a cena gótica inserida na dança do ventre/tribal?
Para usarmos a palavra gothic temos que conhecer a cena. Para fazermos fusão flamenca precisamos conhecer o flamenco puro; para fazermos fusão indiana precisamos conhecer  a dança indiana pura...E por aí vai. Acho que deve ser a mesma coisa com a fusão gothic.Fusão feita com conhecimento sempre trás bom resultado.Escrevi um artigo sobre isso no meu Blog.


BLOG: Qual importância você encara a dança-teatro e como esta se desenvolve em suas performances?
É uma das metodologias e técnicas que mais estudo. Pina Bausch é uma das minhas maiores influências e tem sido uma das minhas referências de pesquisa para o estilo de performance, que faço dentro do Dark Arts. Pois é como dança-teatro que muitas vezes se caracteriza a dança de fusão obscura no tribal fusion. Não porque se assemelhe a qualquer iniciativa já encontrada nessa categoria, mas vai de encontro a este conceito por sua própria natureza expressiva. Mas apesar desse potencial o Tribal Fusion Dark Arts precisa cada vez mais amadurecer sua linguagem para que ganhe a amplitude expressiva da dança-teatro. Só agora, com o já chamado  Dark Fusion Theatre,essa situação está se concretizando. Com certeza tentativas de fusão de outras linguagens da dança e da ação teatral estão gerando possibilidades mais híbridas para a dança obscura, como também estão colaborando no amadurecimento da própria linguagem de movimento específica desta. A expressão estética e artística da cultura Dark já é teatral em sua essência, já havendo um elo de coerência de linguagem nato. Eu como bailarina de Dark Arts estou trazendo para meu estilo e forma de dançar e ensinar, conceitos, métodos e experiências desenvolvidos principalmente por Pina Bausch, considerada a grande dama da dança contemporânea alemã, já que tinha um estilo expressionista único que, no início de sua carreira, provocou grandes polêmicas, antes de ser reconhecido mundialmente. A dança-teatro, como a maioria denomina, foi a principal contribuição dela.

 BLOG:Você  é proprietária do atelier Dark Dancer Design, destinado a acessórios para dark fusion. Como surgiu a ideia ou necessidade de formá-lo? Como é o processo criativo e suas inspirações para a composição das peças? Há alguma curiosidade a respeito do nome do ateliê?
Sou formada em desenho industrial e comunicação visual pela PUC-RJ. Criar e trabalhar com design já faz parte dessa minha profissão. Comecei fazendo meus próprios figurinos adaptando minhas roupas para a dança; minha experiência em jóias e acessórios tornou tudo mais fácil. A moda alternativa sempre me atraiu como designer,como sempre estive inserida nessa cena, então só uni o útil ao agradável. O nome é a união das minhas duas profissões. 

BLOG: Como uma das organizadoras do evento Gothla Brasil, conte-nos como surgiu a idéia e composição do evento. Como foi a experiência de realizar o mesmo? Quais as repercussões do mesmo no Brasil?
Podemos dizer que foi no Rio de Janeiro que de fato começou a surgir a vertente Dark Arts no Brasil. Antes de Ariellah vir ao Brasil e influenciar a propagação do mesmo, tanto eu como Jhade Sharif do Asmahan, já estávamos fazendo performances e ministrando aulas regulares e workshops, dentro desse estilo.Comecei com o Rock Fusion, em 2007, dançando com a Banda Matilha; e estreei oficialmente no Tribes Brasil 2009, um espetáculo de peso.



Hoje, fazendo parte da Equipe Asmahan, eu e Jhade só unimos forças e identificação com o Dark Arts. Assim, outros profissionas e alunos da Escola acabaram também se identificando com a proposta e com isso criou-se uma tribo forte dentro desse conceito. Com o Carpe Noctem, em 2011, de fato consolidamos nossa identificação com o estilo. Então, em uma conversa informal, onde pensávamos no próximo Carpe Noctem, uma pessoa muito especial de nossa equipe, sugeriu o nome. Daí então entramos em contato com os primeiros organizadores, o Gothla UK, para podermos ser a representação do Gothla no Brasil. A parceria foi feita e então surgiu o Gothla Brasil. Era a primeira vez que de fato eu entrava como co-produtora de um evento de peso. Foi maravilhoso! O espetáculo repercutiu super bem e foi de grande alegria ver a quantidade de bons profissionais inseridos nessa proposta. Houve também o apoio e identificação de nossa Rainha  Ariellah, que cada vez mais faz parte do Asmahan Family.E virão outros!!!!


 BLOG: Sob sua óptica, o quê é dark fusion?
É uma das vertentes do tribal fusion, dança étnica contemporânea, onde a teatralização é unida a dança com manifestações artísticas de temática e estética que estão vinculadas ao universo alternativo ,underground, dark, gótico. Onde explora o dramático, onírico, fantástico, misterioso, o expressionismo, o surrealismo, o romântico, circense, sombrio, vitoriano, o humor-negro... As inúmeras possibilidades inseridas dentro desse contexto de influência das Dark Arts.

 BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?
Pergunta 4 já respondida.

BLOG: O quê você acha que falta à comunidade tribal?
Reconhecimento de um público que não faça parte do nosso metiê de dança. O Dark Arts aqui no Rio, aos poucos,já está consenguindo chamar a atenção do público alternativo. Nossa parceria com a Goth Box, festa já realizada a 7 anos, tem nos ajudado bastante na divulgação. Não temos que ficar dançando só para outros profissionais de tribal,amigos,pais, namorados. Fazemos Arte, temos capacidade de reconhecimento, precisamos nos focar nisso.
  
BLOG: Como você descreveria seu estilo? 
Tribal Fusion Dark Arts

BLOG: Como você se expressa na dança?
Vem de dentro, com a alma e essência, e de acordo com a energia e emoção do momento. A música é que me move, é como se eu entrasse dentro dela, em um mundo a parte.

BLOG: Quais seus projetos para 2012? E mais futuramente?
Continuar estudando e me aprimorando sempre, e explorar cada vez mais as infinitas possibilidades que o tribal fusion oferece. Toda técnica exige dedicação, não se atinge a qualidade sem esforço e disciplina. Não digo difícil de aprender e sim de manter essa disciplina, visto que grande parte de nós dançarinas, aqui no Brasil, não vivemos só da dança. Nem sempre temos disponibilidade para essa disciplina, e às vezes nem condições financeiras para investir mais em nosso aprimoramento.Difícil mesmo. E com todas as dificuldades da sobrevivência, continuar  investindo, estudando, treinando e  não desistir...Acho que é o amor a essa Arte o grande ”segredo.”

Também poder passar todo meu conhecimento para minhas alunas, adoro ver o Dark Arts tomando impulso e criando novos talentos.

BLOG: Improvisar ou coreografar?E por quê? 
Depende. Em grupo é claro que coreografar. Mas eu particularmente em minhas performances dou maior espaço ao improviso. O que faço é conhecer bem a música, tempo e harmonia. E saber o que posso fazer em cada trecho, se vou usar quadril ou movimentos sinuosos...  Geralmente “coreografo” uma entrada, um trecho importante que tenha muitas marcações e um final. Como utilizo muito a expressão teatral, o improviso me deixa mais livre para sentir e deixar fluir o que vem de dentro.
  
BLOG:  Você trabalha somente com dança?
Não, sou designer de jóias também; nasci artista, então é a lei da sobrevivência unida ao prazer de fazer arte.

BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.
Não devemos nunca nos acomodar, achando que aprendemos tudo e que já sabemos tudo.Devemos estar sempre nos reciclando, estudando sempre. Também devemos sempre unir a técnica à expressão própria, sentir, dançar com o corpo e alma.


Contato
Tel/cel: (21) 8299-0861









Para conhecer mais o trabalho desta bailarina, acesse seu canal no Youtube!

Entrevista #17: Kilma Farias (PARTE1)


Nossa entrevistada de maio é a bailarina Kilma Farias, da Paraíba. Kilma é uma das bailarinas de destaque do Brasil não só por sua técnica, mas pelo desenvolvimento do estilo Tribal Brasil e seu profissionalismo na Dança Tribal desde sua origem no país. Nesta primeira parte, Kilma conta-nos sobre sua trajetória e atual carreira, suas conquistas,sobre o desenvolvimento da Cia Lunay e muito mais! Confira!!!

BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como tudo começou para você? 
Meu primeiro contato com a dança foi na infância, aos 4 anos de idade, no pré-ballet e dança criativa; depois vieram a ginástica rítmica e a dança contemporânea, mas eu não tinha ainda o real desejo em viver para a dança. Praticava enquanto hobby.

Na adolescência também fiz teatro um longo tempo. E acabei largando tudo para me dedicar à faculdade de comunicação social. Vim me reencontrar com a dança já aos 21 anos, quando busquei a dança do ventre como uma forma de equilibrar corpo e mente, no final de 1999. Aqui mesmo em minha cidade encontrei uma professora, a Martha Farias, e logo me matriculei, mas também não tinha pretensão em trabalhar com dança.

Minha relação profissional com a dança veio de um processo natural. Em 2002 eu já estava bem desenvolvida nos estudos e buscava ainda outras professoras que pudessem me auxiliar na caminhada e logo surgiu a oportunidade de ministrar aulas. A partir de 2003 percebi que a dança do ventre tinha me escolhido e que eu deveria fazer escolhas, pois não dava para continuar com o jornalismo ao mesmo tempo. De lá pra cá foram muitas idas e vindas, me dividindo entre ser apenas professora e entre ser professora, bailarina e jornalista.

Em 2004 publiquei o livro Dança do Ventre da Energia ao Movimento pela Editora Universitária (UFPB) e já me dedicava ao estudo do Tribal e das Fusões com danças populares e afro-brasileiras. Desde então, do primeiro contato com o Tribal, me apaixonei fortemente e decidi tomar para mim a missão de divulgar o estilo e de também contribuir com uma formação de caráter mais brasileiro, contendo nossa identidade.

BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
Tive uma em especial chamada Ismália Sales, aqui em João Pessoa, e que, apesar de ser da dança do ventre, ela tinha a mente muito aberta às fusões.

A Nuriel El Nur que me mostrou a importância em se estudar ritmos, folclore do Oriente Médio e leitura musical. 

A Shaide Halim, que foi a primeira bailarina de Tribal do Brasil e que tive a chance de trazê-la para minha cidade para ministrar o primeiro workshop sobre o estilo nessa região. 

A Ariellah pela sua extrema autenticidade e humildade.

 Vant Vaz que me ensinou sobre a perseverança.

 Unmata por me mostrar como um grupo pode ser uma unidade, uma personificação de um conceito.

Jonh Compton que me ensinou que as flores do seu jardim podem lhe trazer muito mais alegria do que as pessoas.

E por fim, afirmo sem sombra de dúvidas, que minha alunas me ensinam muito a cada dia: sobre companheirismo, superação, dedicação, sobre tribo.

BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Comecei aos 4 anos com pré-ballet e fui até os 9 anos. Dos 9 aos 14, Ginástica Rítmica Desportiva, cujo elemento que eu amava era a fita. Também praticava com corda, arco e bola, mas a fita me encantava. Dos14 aos 16 fiz dança contemporânea e teatro, também dos 15 aos 16 estudei capoeira.
Continuei com o teatro até os 20 anos e voltei a reencontrar a dança aos 21. Estudei um ano de Flamenco, um ano de Hip Hop e venho há 10 anos estudando danças populares e afro-brasileiras,que para tanto temos o projeto Cultura em Movimento que nos traz sempre um professor de uma modalidade de dança diferente para dentro de nossa escola. Dança do Ventre e Folclore Árabe estudo há 14 anos e Tribal há 10 anos também.

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
 Minhas primeiras inspirações vieram das Danças dos Orixás e do quanto eu achava que tudo aquilo tinha muito a ver com a dança do ventre: as ondulações e os tremidos.

A Cia Halim foi a primeira trupe que vi e, a partir de então, comecei a pesquisar. Descobri a Rachel Brice e o encanto foi completo. Já fui fã incondicional da Mardi. Hoje curto muito a April Rose, Ariellah, Illan, Zoe, Sera.

BLOG: O quê a dança acrescentou em sua vida?
A perseverança, a superação, a disciplina.

Dançar é transcender o corpo, muito mais que a junção de passos, de movimentos. É para mim o encontro comigo mesma e com o outro que me vê, e com essa relação com o mundo. A dança me coloca no meu lugar no mundo. Só assim me sinto forte, plena, realizada. 

Uma prece com todo o meu ser. Isso é dançar. E se posso juntar a tudo isso uma pesquisa, um conceito, um tema para se discutir, então afirmo que a dança traz também consigo uma qualidade de fomentadora social.

A partir da dança aprendi valorizar a pesquisa, a organizar e sistematizar os estudos, principalmente no que diz respeito ao Tribal Brasil.

Assim sou capaz de dançar minha vida no meu ritmo, me apaixonando a cada dia por uma nova forma de expressar o belo.

BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
 A capacidade de estar em tribo, de ver e reconhecer nos colegas o conhecimento, a beleza, a deusa, a dança que move o mundo. Cada um de nós é portador de uma potencialidade criativa infinita e quando isso aflora através da dança, emociona. Transformar sentimentos em gestos; essa é a alquimia que transformou minha vida.

No tribal em especial, é de encher os olhos as tramas entre linguagens que o corpo pode traduzir. Reconhecer traços do flamenco, da dança indiana, do hip hop, da dança do ventre. Enfim, se perder e se achar no colorido das roupas, em cada detalhe dos cabelos, das joias que contam histórias. Na minha opinião, o tribal é um grande legado cultural da contemporaneidade.

BLOG: O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação? Você acha que o tribal está livre disso?
 Particularmente, não gosto muito dos apelos ao corpo que a mídia confere à dança do ventre. Seja em novelas, mini-séries, programas de entrevista, pois o senso comum é a abordagem do corpo, da sedução. Como se a única finalidade dessa arte, ou a mais importante, fosse dançar para o marido, ou ainda, para se conquistar um marido.

Penso que só através da informação séria, do incentivo a trabalhos acadêmicos e das grandes produções para palco é que teremos uma disseminação dos reais valores dessa arte.

O tribal é abordado da mesma forma. Parafraseando Jill Parker: “É tudo belly dance”.
Às vezes me chateio quando estou sendo entrevistada nas TVs e sempre surge esse assunto de dançar para seduzir homens. Parece que nem importa sua pesquisa, sua arte, os objetivos dessa expressão. Tudo se resume a sexo. Chega a ser freudiano, rsrs.

BLOG: Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou no tribal? Como foi isso?
Já sim. Em minha cidade, há 10 anos, não se ouvia falar em tribal como hoje. A Lunay estava iniciando suas pesquisas e eu vinha experimentando diversas fusões da dança do ventre com danças populares e afro. Foram inúmeras às vezes em que alunas relatavam o que se ouvia nos bastidores e camarim; comentários do tipo “ela não sabe dançar e fica inventando isso”, ou ainda, “é louca, não tem a menor noção”. Um dia, nas coxias de um festival, uma bailarina de ventre soltou um grito de horror ao me ver – se disse assustada com minha aparência, rsrs. Só que ela já tinha me visto antes e inclusive tinha me visto ir para as coxias, enfim... era o simples prazer de denegrir o outro.

Tem uma história tensa de uma aluna que estudava dark fusion comigo em 2007 e, belo dia durante a aula, sua mãe chegou lá me xingando. Ela dizia que minha dança era do demônio, me chamou de anticristo e puxou a filha dela pelo braço. Bom, elas se diziam evangélicas. Dá pra perceber, né, por tamanha compreensão e gentileza com o próximo.

BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Sempre.

Acredito que só continuo porque sou indignada. Porque preciso mostrar com meu trabalho que pode sim ser diferente.

Desde muito nova sofri preconceitos na dança, da época do ballet. Pois tenho pé chato e um ligeiro desvio nas pernas. Todos diziam que eu nunca iria conseguir dançar, que era melhor eu desistir porque eu iria me frustrar. Eu chorava muito e pensava que se até Garrincha tinha problema com as pernas e foi um craque da seleção brasileira, por que eu não poderia dançar? Nunca pensei em viver da dança, ou muito menos ser a primeira bailarina da escola. Queria apenas poder dançar. Que mal tinha nisso?  Tanta foi a pressão que saí do ballet e passei a frequentar aulas de Ginástica Rítmica. E daí descobri mais um obstáculo: encurtamento nos tendões das pernas.Eu pensava mesmo em desistir, mas quando assistia as paraolimpíadas me perguntava: por que não posso conseguir também?

Cheguei a praticar dança contemporânea e outras técnicas, mas foi a dança do ventre que me aceitou do jeito que sou, com todas as minhas limitações fisiológicas e que, falando sinceramente, não me atrapalham em nada. Até porque quando danço percebo muito mais as coisas da alma do que as do corpo.

Indignação também quando percebo a falta de respeito das colegas de dança, umas com as outras, de adeptos de um estilo de dança com outros.

BLOG: E conquistas?Fale um pouco sobre elas.
Nossa, são muitas. A primeira delas é ver minha filha uma moça feita; esse ano completando 15 anos. A maternidade é algo que modifica as mulheres. Só quem passa é capaz de entender plenamente o sentido do amor incondicional, do real respeito à outra mulher, da dor de gerar uma vida, de ver nosso corpo se modificando, perdendo curvas para nutrir outro ser e amar tudo isso. Ser mãe é minha grande conquista como ser humano.

Na dança, a trajetória é larga: ter dois DVDs didáticos de Tribal; um livro publicado, outro em processo de finalização; ter sido capa de cd para Tribal no Japão; ter sido convidada como uma das atrações principais do Spirit of theTribes, em 2010, na Flórida; ver o Tribal Brasil sendo sistematizado e estudado por universitários em seus TCCs; ter percorrido quase o Brasil inteiro ministrando workshops e alguns países da América Latina; ter sido capa da revista Shimmie; capa da revista Pitanga; ter sido entrevistada para a Yallah Magazine (EUA); ter escrito matéria para a revista Fuse (EUA); estar fazendo parte do SIX, novo projeto da Shimmie, sendo citada como uma das seis melhores bailarinas de Dança do Ventre do Brasil, onde este ano já estaremos iniciando a turnê Brasil; ter sido a primeira bailarina a levar o Tribal Fusion para dentro da Khan El Khalili, através do projeto Ventreoteca; ter hoje meu Studio de dança; e recentemente ter sido aprovada no vestibular para a UFPB que estréia o curso de Licenciatura em Dança, no qual conquistei o primeiro lugar.

BLOG Você foi uma das primeiras bailarinas do Brasil a se envolver com o estilo tribal. Como eram as informações sobre o estilo na época em que você começou a pesquisar? Como era visto a dança tribal naquela época e como hoje ela vem se apresentando na cena brasileira?
Era bem difícil. Eu fazia parte da lista de discussões da Cia Halim no Yahoo e lá se trocava a pouca informação sobre o estilo. A Shaide e o Fernando Reis sempre foram muito generosos com a socialização da informação, então tudo que eles pesquisavam logo postavam nos arquivos do grupo.

Na prática, as experimentações eram muitas e a carência de uma professora de Tribal em minha região me fez ir buscar nas danças populares e afro-brasileiras a personalidade que expressamos hoje. A Halim divulgava que o tribal era Dança Étnica Contemporânea. Pensando assim fui buscar nossas danças étnicas. No meio do caminho encontrei aulas de Dança de Rua e Flamenco como aliados da formação do corpo que se metamorfoseava.

O primeiro material de estudo que tive acesso foram dois DVDs didáticos da Khajira e o Tattooed One do FCBD
®. Lembro que logo depois o Bellydance Superstars estourou, e a Rachel Brice se destacou como uma bailarina exótica, a snake charmer do grupo. Logo descobri dois sites de relacionamento americanos, o tribe.net e o mandala, ambos repletos de tribal dancers, com textos sobre o estilo, dicas para maquiagem, cabelos e lá estava o perfil da Khajira e do Black Sheep Belly Dance. Lá continha diversas entrevistas e artigos sobre o Tribal.

De lá pra cá muita coisa mudou. Inclusive a entrada do Brasil na rota das bailarinas americanas. Hoje, não estuda Tribal quem não quer. As informações estão todas aí, inclusive no próprio Facebook. Eu mesma disponibilizo em “notas” diversas matérias que escrevo para jornais e revistas. Dá para encontrar facilmente uma professora de Tribal ou material de videoaula com as melhores bailarinas do mundo no estilo.

BLOG: Conte-nos sobre suas fusões tribais com danças populares brasileiras e africanas. Como surgiu a afinidade por tais fusões? Como delineou-se o estilo Tribal Brasil no país e como você criou um formato para ele dentro dessa vertente da dança? 
Esse estilo de fusão veio de uma necessidade, pois como eu ia dizendo na pergunta anterior, em minha cidade não havia professora de Tribal. E entendendo que Tribal era danças étnicas fusionadas dentro de uma linguagem contemporânea que guardava vocabulários da dança do ventre, passei a pesquisar nossas danças étnicas. Essa pesquisa teve o músico João Cassiano como parceiro e, assim, delineamos um estudo comparativo de ritmos do Oriente Médio com os nossos Afro-Brasileiros. A partir dos primeiros resultados dessa pesquisa iniciei os primeiros experimentos, o que me rendeu convite para ministrar workshop em Buenos Aires sobre o estilo.

A Cia Halim também incluía danças populares e afro-brasileiras em seus trabalhos e chamava de Estilo Tribal Brasileiro. Nessa época eu era de um grupo chamado Zaíbe, coordenado pela bailarina Ismália Sales. Em 2002 montamos um espetáculo chamado “Ciclos”, onde fusionávamos as Danças dos Orixás com a Dança do Ventre e conquistamos inclusive prêmios nos festivais de dança da nossa cidade. O interesse em aprofundar essa possibilidade cresceu em 2003 quando fundei a Lunay, que seria o grande laboratório para as nossas fusões. Com os primeiros resultados de nossas vivências, percebi que em muito se diferenciava do estilo da Halim, e nomeei de estilo Tribal Brasil. Muitos grupos e solistas também realizam a fusão de danças populares ou afro-brasileiras com o Tribal, também desenvolvem o Tribal Brasil, ou Tribal Brasileiro se preferirem. Em 2010, iniciamos, juntamente com Bela Saffe, Shaman e Aquárius, a Caravana Tribal Nordeste, evento itinerante que visava desenvolver essa linguagem, trocar experiências, divulgar o estilo que todos esses grupos desenvolviam paralelamente.


O que mudou ,desde 2011 na Lunay, foi que sistematizamos os movimentos que mais utilizamos no nosso Tribal Brasil, assim como no American Tribal Style, nomeamos os passos que mais apareciam em nossos trabalhos, conferimos senhas, e hoje também desenvolvemos o improviso coordenado. Em 2012 a Shimmie me convidou para participar do Ventreoteca, gravando um DVD didático, e decidi incluir Tribal Brasil para improviso coordenado nele, além do Tribal Fusion. Essa abordagem já foi levada a diversos públicos. Ano passado ministramos aula em Buenos Aires já dentro dessa formatação, no Gothla Brasil também. Isso transforma o Tribal Brasil em uma marca, um produto cultural que hoje se encontra em estudo pela UFPB através do NEPCênico, um núcleo de pesquisas do corpo cênico, onde já saíram diversos TCCs sobre o tema.

Continuamos trabalhando com a cena coreografada. O Axial, espetáculo que comemora os 10 anos da Lunay, tanto é desenvolvido por coreografias quanto por improviso coordenado.

BLOG: A ritualística envolvendo muitas danças regionais brasileiras é terreno fértil para se trabalhar dentro do tribal, cuja essência também evoca um certo ritualismo místico que a dança emana em seus arquétipos através do figurino, acessórios, passos,etc.Como você encara esse ponto em comum entre ambas danças? Você acha que essa fusão entre a dança tribal e a cultura brasileira ajuda a abrir espaço para o tribal fusion no Brasil?
Com certeza. As danças étnicas, em sua grande maioria, estão ligadas a uma simbologia ou grupo religioso, conferindo um caráter ritualístico. A meu ver essa abordagem se aproxima bastante com o Theatrical Bellydance.

Uma vez, assistindo um DVD didático, vi a Ariellah ensinando uma coreografia onde ela personificava Kali, em outro a Sera personificava a “sombra”. Daí nos perguntamos, por que não personificar Iansã ou a “tempestade”?

As saias do ATS® se assemelham em muito com as saias dos Orixás, Oxum, Iemanjá... as jóias em tons envelhecidos, repletas de búzios e penas de pavão também arrematam a semelhança. Essa identidade vai além da aparência, uma vez que a África é berço de várias expressões étnicas. Está no DNA cultural. A partir do momento que nos assumimos “cidadãs do mundo” essas semelhanças ganham muito mais corpo e dão lugar a uma nova linguagem, ou se preferirem a uma nova vertente da mesma linguagem.

BLOG: Conte-nos como surgiu a Cia Lunay, a etimologia da palavra, seus integrantes, qual estilo marcante do mesmo e se ele sofreu alguma mudança estrutural ou de estilo desde quando foi criado até agora.

Em abril de 2003 eu precisei colocar um nome no meu grupo de alunas com as quais montei “Dança do Ventre: Da Energia ao Movimento”, espetáculo que lançou meu livro homônimo, pela Editora Universitária da UFPB, e que, na ocasião, Lunay me pareceu agradável, sugerindo uma hibridação de Dolunay (lua cheia em turco) com Luna (lua para diversos países latinos). Unir oriente e ocidente sempre foi uma tarefa que assumi como missão e que deixo de herança para a Lunay. Em 2003 eu já dançava “Bicho de 7 Cabeças”, na versão de Zé Ramalho, no espetáculo “Dança do Ventre: Da Energia ao Movimento”, unindo dança com espada e dança de Iansã. Esse espetáculo nos conferiu o Prêmio de Melhor Produção em Dança, em 2005, na XII Mostra Estadual de Teatro e Dança da Paraíba.

 
A Lunay já teve diversas formações, mais de 50 bailarinos já passaram pelo grupo. A formação inicial tinha 23 integrantes, depois fomos em número de 12, depois 11, depois 8, 9, 4, 6 e hoje somos 13: Jaqueline Lima, Fabiana Rodrigues, Juliana Garcia, Jackeline Lira, Luana Aires, Priscila de Carvalho, Guilherme Schulze, Ademilton Barros, Karina Leiro, Tamyris Farias, Danilo Dannti, Daniela Albuquerque e eu.


 Já mudamos o conceito diversas vezes. A princípio trabalhava com dança do ventre clássica e folclore árabe, mas eu já me atrevia com as fusões com danças e músicas brasileiras. Tivemos por um tempo divisão de conceito, Lunay Ventre e Lunay Tribal, até encontrarmos nossa personalidade no Tribal Brasil.



BLOG: Em 2011, a Cia Lunay cresceu, tendo uma segunda formação em Pernambuco (PE), sob direção de Karina Leiro.Como são os trabalhos desenvolvidos em conjunto com a Cia Lunay PE e como é essa extensão do trabalho realizado pelo grupo original e com a segunda formação? Há alguma peculiaridade ou característica marcante do grupo de PE com relação ao da PB? Onde os grupos convergem entre si e em quê quesito eles têm autonomia?
 Com nossa ida a Argentina em 2011, onde eu, Karina e Jaqueline apresentamos um trio, ministramos aulas enquanto Lunay, sentimos que poderia ser maravilhoso a Karina desenvolver a Lunay também em Pernambuco.


Alguns trabalhos são desenvolvidos em conjunto, outros não. Depende da proposta. Ano passado no Gothla Brasil, tínhamos na nossa coreografia integrantes da Lunay PB e Lunay PE. Os ensaios aconteceram ora em João Pessoa, ora em Recife.

A Karina traz o peso maior de sua arte no flamenco e eu acredito que isso enriquece nosso trabalho, assim como a Tamyris traz influência do Asian Fusion, o Danilo do ballet, e nesse mosaico tudo se encaixa perfeitamente, diversificando linguagens e enriquecendo nosso repertório. Paralelamente eles também pesquisam o Tribal Brasil e aí tudo se soma.


BLOG: A partir de 2011, a Cia Lunay apresenta coreografias mais alicerçadas no ATS®, não só na busca dos passos característicos, mas como sua formação e movimentação de palco, desenhos de grupo fazendo alusão à este estilo de dança mencionado, o que acabou conferindo muito dinamismo e riqueza ao mesmo. Quando vocês começaram a se voltar para este estilo? Qual importância que você vê no ATS®? Futuramente, você tem pretensão em conseguir o selo de Sister Studio de CarolenaNericcio (FCBD®)?
Na verdade, os primeiros estudos de Tribal dentro da Lunay, foram de ITS, através dos DVDs da Khajira e de ATS® com o material didático do FCBD®. Mas como as informações eram bem truncadas, nos detínhamos a estudar os movimentos e a coreografá-los. A partir de 2007/ 2008 é que tivemos mais acesso a essa arte tão rica.

Entendo o Tribal como advindo da sistematização da Carolena, então penso que nada mais justo do que buscar em seu gestual as referências para nosso trabalho. Que o novo possa vir, mas a partir das construções, desconstruções e reconstruções do tradicional. Acho de suma importância entender o ATS
®, conhecer, se permitir estudar, para poder mergulhar mais profundamente no Tribal.


Não tenciono os selos, nem ser uma multiplicadora do estilo. Quero sim, estudar desse estilo para poder cada vez mais me sentir segura em formatar o meu. Já estudei com a Megha Gavin e tomei workshops com a Mariana Quadros, Emine Di Cosmo, Isabel De Lorenzo, que são tituladas. A Karina e a Tamyris foram para Buenos Aires fazer o curso com a Carolena e a Megha, ou seja, buscamos estudar mas não para nos enquadrarmos em um estilo pré-estabelecido, mas para termos embasamento, segurança para seguirmos nossas pesquisas tanto no Tribal Brasil quanto do Flamenco Fusion.

BLOG: Como é o cenário da dança tribal na Paraíba? Pontos positivos, negativos, apoio da cidade, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?
O Tribal tem tido excelente respaldo, tanto dentro da comunidade praticante do ventre quanto nos círculos de dança contemporânea. Esse ano a Prefeitura me contratou para coreografar a cena do Palácio de Herodes no evento da Paixão de Cristo, que aqui é bem tradicional. E o pedido foi o tribal. Foram feitas oficinas diversas, pois não trabalhei apenas com bailarinas da Lunay, havia integrantes de diversos grupos, inclusive bailarinos de dança contemporânea. Todos amaram!

Claro que ainda há muita desinformação e sempre que possível estamos nas TV, jornais, rádios, divulgando o estilo e divulgando nossos eventos. Também já realizamos uma campanha informativa, distribuindo fanzines que visavam esclarecer a dança tribal, dicas de onde pesquisar na internet, onde baixar músicas, onde fazer aulas em nossa cidade, sobre figurino e maquiagem, etc.
 


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