por Raphael Lopes
Olá leitores, namaskar!!!
Aliás, o que é Namaskar?
Namaskar seria o equivalente ao Namastê usado no norte da Índia, um termo de saudação muito comum entre hindus, e que é super mal interpretado fora de sua terra natal. Aliás, me parece que essa é uma característica muito comum quando se importa algo da cultura indiana para o Ocidente: uma excessiva superstição sobre quase tudo!!!
Acho pertinente anexar aqui algumas colocações do célebre Yogue Pedro Kupfer:
"Namaste vem de namah, que significa “entrega”, “reverência”. O Yoga explica que toda a criação é namarupa, uma infindável miríade de formas e nomes, que são todos nomes e formas do único Ser, Brahman. Namaste aponta então para o Ser, manifestado e presente sob todos os nomes e todas as formas, animadas e inanimadas. Sendo estes nomes e formas diferentes aspectos da manifestação de Brahman, o Ser, todas as formas de vida, bem como todas as formas inanimadas, são sagradas e dignas de respeito.
Namaste ou namaskar são usadas como saudação, tanto no encontro como na despedida entre as pessoas. Literalmente, significa “a você, meu namaḥ”, minha reverência, meu reconhecimento da presença do Ser em você.
A saudação namaste é tradicionalmente acompanhada de um gesto chamado añjali mudra, com as palmas das mãos unidas frente ao coração, e uma ligeira inclinação da cabeça, em sinal de respeito. Nos templos hindus, as deidades são reverenciadas fazendo-se o gesto de namaskar, que é, para os homens, uma prostração completa de bruços e, para as mulheres, uma inclinação da cabeça até o chão, sentando sobre os calcanhares.
Desses dois gestos físicos de prostração, o masculino e o feminino nasceram, naturalmente, o surya e o chandra namaskar, a saudação ao Sol e à Lua, que são muito familiares para os praticantes de Hatha Yoga. À beira do rio Ganges, na Índia, é muito freqüente vermos pessoas fazendo namaste para as águas sagradas, com um gesto também familiar para os praticantes de Yoga, que consiste em elevar os braços até o céu e fazer uma flexão à frente.
Assim, na próxima vez que formos usar esta linda saudação, façamos isso conscientemente, lembrando que aquele que está na nossa frente não é, essencialmente, diferente de nós mesmos. Todos os nomes, todas as formas, todos os humanos, todas as criaturas vivas, são dignas do mesmo respeito, da mesma reverência."
Durante muito tempo as bailarinas tribais aqui no ocidente passaram a adotar o termo Puja para designar a saudação inicial de suas aulas/práticas de ATS. Para quem está familiarizado com os termos e a cultura hindu, a adoção do nome Puja causa muito estranhamento de fato. Puja se refere a uma ritualística específica do hinduísmo, uma forma de oferenda aos cinco sentidos da divindade (flores, aromas, bebidas, alimentos, tecidos, etc) e não uma saudação. A saudação - além do Namastê - é o Pranam, também chamado de Pranama, que se traduz literalmente como Saudação. E essa sim é a forma mais usual que os bailarinos das danças indianas utilizam para iniciar a aula. Nos vídeos abaixo veja o Pranam do Kathak, e tire suas próprias conclusões:
Essa confusão de termos parece ter chegado aos ouvidos das gringas que decidiram adotar um nome mais apropriado à saudação introdutória - Moving Meditation. A presença das danças indianas, seja nas suas modalidades clássicas ou folclóricas, parece bem diluída no tribal em geral. Nos seus primórdios com o Bal-Anat a carga indiana era mais visível no Tribal, mas com o tempo a influência parece que se restringiu mais ao dress code do que às técnicas em si.
Atualmente existe por meio do Fusion uma possibilidade maior de busca criativa na Índia, de modo que podemos ver algumas bailarinas estudando de forma mais concisa a dança indiana em sua multiplicidade e iniciando a desafiadora tarefa de desconstrui-la e recria-la no Tribal... mas isso fica pra próxima.
Namaskar!!!