[Feminino Tribal] Espelho, espelho meu...

por Alana Reis



Ainda hoje muita gente enxerga a dança e o palco como uma atividade exclusiva para corpos magros. O ballet clássico nos ensinou assim, a sociedade mostrou dessa maneira e nós, que nascemos com essas imposições já criadas, acabamos acatando sem reparar ou questionar. Apenas aceitamos e procuramos todos os regimes para nos adequar a estes padrões.

Já ouvi tanto “isso não é pra mim, olha minha barriga”, ou “eu sou feia e não levo jeito para isso”. Tantos julgamentos aos nossos corpos, a nossa genética ou “falta de sorte”, como muitas ainda teimam em argumentar.  

E aí, como quem não quer nada além de dominar o mundo (hehe), vem o Tribal e traz uma das coisas mais lindas para todas nós: a possibilidade de sermos unidas, sem competição e de nos olharmos nos nossos olhos através do espelho e vermos beleza no que somos, no que nos tornamos e no que buscamos com a nossa dança. Aprendemos a nos expressar e nos fortalecer; a nos encarar e nos amar.

Quem dá aulas sabe o quão engrandecedor é poder ver uma mulher se olhar no espelho, se encarar e descobrir o amor que sente por si, sem se envergonhar disso. É um processo similar ao desabrochar de uma flor, elas chegam fechadas, sem muita confiança na beleza que já têm, sem saber o quão poderosas irão se tornar e aos poucos – o mais bonito é acompanhar isso – vão se abrindo, se mostrando e florescendo. É mágico!

A melhor palavra é conexão. O tribal é capaz de gerar esse contato direto com a nossa autoestima. A postura elegante e firme, as vinculações com tantas outras culturas, os movimentos sinuosos e as possibilidades de fusão nos abrem os olhos para enxergar o que temos de mais bonito - E aí não se enquadra só beleza física não; é verdade que com o Tribal nos sentimos mais belas, mas isso vem de um trabalho minucioso de observação, de aceitação e de amor próprio.

Depois de um mês de aula, as aspas modificam para “como eu me encontrei!”; “amiga, como a gente arrasa!”; “como eu sou/estou linda!”. E aí o ciclo continua, outras alunas chegam, e as mais antigas já fazem questão de dizer “mulher, no começo é difícil mesmo, mas você consegue” (essa união entre mulheres, essa sororidade é maravilhosa, e eu particularmente derreto de amor quando vejo isso!). Ver esse desabrochar de cada uma, vê-las se apoiando, isso muda nosso dia, muda nossa autoestima, muda a forma que encaramos a vida e a nós mesmas. Muda tudo (meu sorriso nem cabe no rosto quando me lembro de cada aluna enquanto escrevo isso!)!


Pois é, eu falo/escrevo demais, mas tudo isso é pra enaltecer o poder do Tribal, o quanto essa dança, essa união de forças femininas (e lê-se aqui quem se sente assim) faz bem para os nossos corpos e nossa mente. O quanto ajuda na autoestima que é tomada de nós. No tribal somos quem queremos ser, sem amarras, sem maquiagem, sem pentear o cabelo, sem roupas da moda, a nossa preocupação é outra: ser feliz, nos encontrarmos e nos amarmos da maneira que somos.


Comentários
1 Comentários

Um comentário:

  1. Gratidão por traduzir tão perfeita e lindamente nossos dias na Tribo! Muito amô! ❤

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