Nossa entrevista do mês de maio é com a bailarina argentina Long Nu! Long Nu nos conta sobre sua trajetória na dança tribal, seus personagens, dark fusion e muito mais! Confira!
BLOG:
Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal;como tudo começou para
você?
Tudo começou em
2006 quando eu trabalhava num estúdio de dança como secretária. Ali
experimentei as aulas de dança do ventre e me apaixonei. No ano de 2008, uma das
minhas colegas de aula mandou pra mim um vídeo de Rachel Brice e adorei tudo: as músicas, a estética, os movimentos tão
místicos e profundos. Depois de uns workshops de ATS® e Tribal Fusion, comecei
as aulas regulares, workshops com professoras estrangeiras, etc.
BLOG:
Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
Eliana Müller (Amal) foi
minha primeira professora de dança do ventre; ela sempre foi pra mim um exemplo como pessoa e
dançarina. Sempre falava de humildade, unidade e paixão pela dança e, além
disso, ela sempre ensinava com suas ações.
Emine Di Cosmo foi
minha primeira professora de ATS® e Tribal Fusion, e eu estudei com ela por
muito tempo, até finalizar sua formação em ATS®.
Não
quero me esquecer da Alondra Machuca do Chile, que só com um workshop de
Dark Fusion conseguiu converter minha ‘dark dancer’ num ‘monstro perigoso’; ela
abriu as portas e janelas à muitas criações e a um novo estilo pessoal, que é o
que eu sou agora.
Acho
que o que mais admiro num mestre é a HUMILDADE, que eles sejam sempre
estudantes, que motivem seus alunos a pensar, criar e a desenvolver seu
próprio estilo. Sem ciúmes deles, com verdadeiro amor e paixão pela dança, pela
evolução e pelo ensino.
BLOG:
Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto
tempo?
Sempre dancei desde criança, mas
só informalmente. Antes de começar as aulas de dança do ventre, eu fiz Tango
(Milonga, Tango, Vals) por uns 3 anos. Além disso, sempre faço workshops ou
aulas especiais de técnicas que podem ser fusionadas com dança do ventre.
BLOG:
Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Acho que a Rachel Brice e Zoe Jakes
nos meus começos. Atualmente, a Mama C
(Carolena Nericcio-Bohlman) é minha
inspiração na dança e na vida por tudo que ela fez e representa: a mulher
poderosa, forte, que compartilha com outras mulheres, que olha elas aos olhos e
sorri.
BLOG:
O que a dança acrescentou em sua vida?
Tudo. Experiências de vida,
conhecimento do próprio corpo, segurança, confiança, trabalhar as emoções e
levar elas ao movimento para sanar.
BLOG:
O quê você mais aprecia nesta arte?
A possibilidade infinita de
criar. E o próprio corpo como meio de comunicação.
BLOG:
O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação? Você acha que o
tribal está livre disso?
O ego. Acho que o ego é o
principal problema da humanidade. Eu gosto de dizer e pensar que além da dança
do ventre, tribal ou qualquer forma de arte, são as pessoas que tem ego demais
e infelizmente levam isso para a arte.
BLOG:
Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou no tribal? Como foi isso?
Sofri, sim, especialmente por
fazer coisas muito diferentes das que se fazem. Por não querer aceitar nenhum rótulo no meu estilo e decidir fazer meu próprio caminho, ao invés de ser uma
cópia de uma cópia de uma cópia. Por sorte, aprendi muita coisa nestes 10 anos
de trajetória como dançarina e cresci muito. Agora só me interessa trabalhar,
estudar, compartilhar e criar. As coisas negativas e as pessoas tóxicas não têm
lugar nem força na minha vida.
BLOG:
Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Muita gente querendo que eu
encerre minha carreira. Quando comecei, durante e agora mesmo. Isso me fazia
muito mal até que entendi que o problema era deles e não meu, e que eu tinha
que continuar trabalhando duro e ESTUDANDO sem descanso. Os resultados no palco
e na aula são os que falam.
BLOG:
E conquistas?Fale um pouco sobre elas.
Muitas, por sorte. Acho que a que
mais gosto e que consegui ser convidada a dançar com as dançarinas que sempre
admirei na ‘La Nouvelle Tribal’ e ‘MaffiaLab’: Luisana Alvarez, Florencia Benítez, Julieta Maffia, Alba Marina,
Alejandra Uriarte, além de outras incríveis profissionais da Argentina.
Lembro as primeiras vezes que as vi dançar e eu pensei: “ Eu VOU dançar com
elas algum dia”. E aconteceu alguns anos depois J
A outra conquista que não quero
esquecer de falar são os convites para workshops e aulas no interior da Argentina (em Córdoba, Bahía Blanca, Mar del Plata, Corrientes, Entre Ríos) e
no exterior do país (Chile e Brasil; Brasil já muitas vezes!). Só posso sonhar em
viajar pelo mundo inteiro compartilhando dança, aprendendo dos alunos e das
experiências.
BLOG: Como é o cenário da
dança tribal na Argentina? Pontos positivos, negativos, apoio das cidades,
repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do
ventre/tribal?
O cenário é muito bom; a cena
tribal está em pleno crescimento. Cada vez há mais gente interessada em
aprender o estilo. Um ponto negativo poderia ser que a maioria das professoras
com uma formação completa ficam somente na cidade de Buenos Aires e no interior
(além de ter muitos profissionais muito bons e sérios) ainda não tem muita
diversidade de aulas e estilos. Tudo segue concentrado na cidade principal. Mas
o ponto positivo é que as profissionais do interior do país têm muita garra de
aprender e convidam-nos a viajar e ministrar aulas, ou elas viajam a Buenos
Aires para fazer aulas, workshops ou assistir à festivais de dança com
professoras estrangeiras e depois levam novos conhecimentos as suas cidades. Então
o intercâmbio e a conexão existem, apesar da distância. Eu adoro seu
compromisso e o esforço que elas fazem para viajar e continuar aprendendo.
Enquanto a comunidade de dança
de ventre, ainda existe muito preconceito com o Tribal; muitos acham que dançamos
de preto, sem sorrir, e que é igual à dança do ventre, mas “com mudras e roupa
escura”. Isso acontece, infelizmente, também nas reconhecidas escolas de dança
do ventre, MAS, aos poucos, algumas professoras de Tribal estão começando a ser
convidadas para eventos (shows, aulas) de dança do ventre. Acho isso muito
legal, porque elas levam o "verdadeiro" estilo tribal e ajudam a quebrar esses
preconceitos. Mas ainda há muito o que fazer.
Falando sobre o cenário
em geral, eu acho que NESTA geração as dançarinas são muito mais unidas e
solidárias umas com as outras; muitas de nós dançamos juntas sempre ou
ocasionalmente e até fazemos aulas e workshops umas com as outras. Isso demonstra
muito carinho e, sobretudo, RESPEITO pelo trabalho da outra; além de humildade,
pois todas nós sabemos que somos estudantes para sempre e não temos medo de
aceitar que uma colega possa ensinar alguma coisa nova. Isso é tão legal!
BLOG: Conte-nos um pouco
sobre suas principais coreografias. O quê a inspirou para a formulação da parte
conceitual e técnica das mesmas, assim como seus processos de elaboração dos
figurinos e maquiagens. Como essas coreografias repercutiram na cena tribal?
As inspirações aparecem
sozinhas. Um dia eu acordo com uma palavra na cabeça e começo a pesquisar sobre
ela, sobre os temas relacionados e assim vai se formando a ideia completa. Às
vezes a inspiração sai de uma música, ou de um livro, ou de uma emoção que
esteja sentindo no momento.
O personagem ‘The Glitch (Anna)’, por exemplo, começou com uma música que me lembrava o som da eletricidade. Daí evoluiu até uma heroína cyberpunk que destruía as máquinas que controlavam o mundo todo, inclusive humanos.
A ‘Rust’, personagem que fiz no ‘Imaginarium’ (produzido pela Saba) começou com a ideia de ser um “bichinho do circo”, o freak, e depois se converteu numa escrava, lixo humano, que morava num porão úmido, com pouca interação humana, cega e com problemas nas articulações por viver como um animal num ambiente ruim. Como pode ver, sempre começo com uma idéia-base que evolui numa outra coisa. O principal é a investigação, a pesquisa, para dar profundidade a peça.
Depois é a criatividade, deixando que o cérebro faça seu trabalho com as informações dadas. Os figurinos às vezes sou eu que faço, mas quase sempre mando fazer e depois finalizo os detalhes, bordados, etc. Por exemplo, no ‘Female Predator (Yautja)’, eu mesma fiz as ferramentas e armas do Predador, a coroa de cabos foi feita por uma amiga (originalmente era a coroa da Anna ‘The Glitch’) e o figurino eram peças de diferentes figurinos que eu já tinha. A maquiagem, 99% das vezes é feita por mim, procurando inspirações na internet, mas a ideia final é minha.
O personagem ‘The Glitch (Anna)’, por exemplo, começou com uma música que me lembrava o som da eletricidade. Daí evoluiu até uma heroína cyberpunk que destruía as máquinas que controlavam o mundo todo, inclusive humanos.
A ‘Rust’, personagem que fiz no ‘Imaginarium’ (produzido pela Saba) começou com a ideia de ser um “bichinho do circo”, o freak, e depois se converteu numa escrava, lixo humano, que morava num porão úmido, com pouca interação humana, cega e com problemas nas articulações por viver como um animal num ambiente ruim. Como pode ver, sempre começo com uma idéia-base que evolui numa outra coisa. O principal é a investigação, a pesquisa, para dar profundidade a peça.
Depois é a criatividade, deixando que o cérebro faça seu trabalho com as informações dadas. Os figurinos às vezes sou eu que faço, mas quase sempre mando fazer e depois finalizo os detalhes, bordados, etc. Por exemplo, no ‘Female Predator (Yautja)’, eu mesma fiz as ferramentas e armas do Predador, a coroa de cabos foi feita por uma amiga (originalmente era a coroa da Anna ‘The Glitch’) e o figurino eram peças de diferentes figurinos que eu já tinha. A maquiagem, 99% das vezes é feita por mim, procurando inspirações na internet, mas a ideia final é minha.
BLOG: Conte-nos como surgiu os seus grupos/projetos The Monster Project e Naja Haje Bellydance, a etimologia da palavra, seus integrantes, qual estilo marcante de cada um e como é o processo de introdução de novos integrantes.
Naja Haje Bellydance |
The Monster Project |
The Monster Project surgiu pela minha
necessidade de trabalhar em um outro nível, mais sério e profissional. Todos
nós sabemos que os alunos fazem aulas um mês, depois deixam, depois voltam e eu
precisava trabalhar com um nível intermédio/avançado que tivesse vontade de dançar
com mais seriedade e compromisso. Também para poder fazer outras coisas mais
complexas e experimentais fora das aulas. Os integrantes este ano são: Sugery
Reverón, Rocío Borello, Carolina Santacruz e eu mesma. O processo de
seleção foi através de uma convocatória aberta a qualquer dançarino de dança do
ventre/tribal, com uma forte base em ATS®. As meninas tinham que mandar seu currículo
pra mim e, depois da pré-seleção, eram convidadas a uma audição onde apresentaram
uma coreografia própria e aprenderam uma seqüência minha (curta, mas difícil) em
5 minutos. O nome tem a ver com a figura do “Monstro”; o Monstro como objeto de fascinação
pelo poder de fazer o que os humanos (por medo, convenções sociais, regras) não
podem fazer. O Monstro é aquele que quebra as regras já estabelecidas, que não precisa
de etiquetas; sua própria existência já é uma rachadura no sistema. Isso somos
nós. Um grande fuck the rules.
BLOG: Você é produtora dos eventos/espetáculos ‘Ti’amtum’, ‘Duat’ e ‘Nagalaya’. Conte-nos como surgiram as idéias de cada evento,
suas propostas, objetivos, organização, realização e diferenças entre si, bem
como suas repercussões do mesmo para a comunidade tribal quanto para seu
público.
Sempre acontece a mesma
coisa: as ideias apareceram sozinhas. Um dia elas aparecem na minha cabeça como
um nome, uma emoção, um conceito e, então, eu começo a pesquisar, pensar, criar e
ela vai tomando forma. Acho que tem algo de magia o jeito em que elas se
manifestam de repente e vão se transformando em um ente com vida própria.
Depois que a ideia já tem forma, convido minhas colegas mais queridas (que
sempre são as mesmas). proponho a ideia e elas sempre me surpreendem, mesmo
quando minha proposta é muito rara ou alternativa, elas conseguem fazer peças incríveis.Também
com minhas alunas (as Najas) fazemos muito trabalho de composição; elas tem que
construir um personagem ou conceito com a proposta base do show.
Espetáculo Ti'amtum |
‘Ti’amtum’ teve a ver
com a “destruição”, a “mudança” e o “câmbio”; muito relacionado com o cyberpunk
e o mundo pós-apocalíptico. Ali desenvolvi uma proposta complexa representada
em coreografias que contavam a historia dos personagens num futuro apocalíptico/pós-apocalíptico:
os D0rp3r5, os BioTech, os GenBots, os desastres naturais.(além dos trabalhos
das convidadas e alunas como solistas).
Espetáculo Duat |
‘Duat’ teve como
base o conceito da “vida depois da morte” e o “inferno” mas não só
literalmente: teve purgatório, rituais egípcios da alma procurando a próxima
vida, vítimas da guerra, a beleza que tem um lado escuro e incluo um quadro de
Dark Circus onde os personagens ficavam mortos, mas eles ainda não sabiam. Essa
é uma de minhas peças favoritas.
Espetáculo Nagalaya |
No ‘Nagalaya’
trabalhamos a Mulher e todos os conceitos (e preconceitos) ao redor dela: a
sexualidade feminina, a mulher que luta, a mulher e a lua, mulheres juntas em
união ritual, o rito de adoração a Serpente. Foi um show muito intenso onde expusemos
todo nosso poder e nossas feridas como mulheres.
O público (por sorte)
sempre fica feliz, impressionado pelas propostas ,e o mais importante para mim,
entretido. Nunca disseram que foi chato ou muito lento, ou repetitivo, ao contrário,
sempre falaram que se surpreenderam com cada coreografia.
BLOG: Você e Saba Khandroma atualmente estão
trabalhando em parceria com a “Metamorphose Tour”. Antes disso, vocês já trabalharam em
conjunto. Conte-nos como surgiu tal parceria e identificação. Qual a proposta
da turnê e em quais localidades ela estará se apresentando?
Conheci a Saba em
aulas de Dark Fusion e sempre ficávamos juntas de algum jeito: parceiras em
coreografias, namorados que ficavam amigos e assim foi que nossa amizade
começou a crescer. Ela é uma pessoa maravilhosa, muito generosa, de bom
coração, sempre brindando o melhor dela para os outros. Dançamos juntas várias
vezes e sempre participamos das produções da outra. Admiro muito ela e sua
visão obscura e profunda do arte, que é muito parecida com a minha.
A proposta é trabalhar
conceitos e exercícios que levem nossa dança a um estilo mais alternativo, de
avant-garde; com técnicas e ferramentas do butoh e as que desenvolvemos
depois de anos de estudo e dança. Não só isso, mas também procuramos que os
estudantes possam desenvolver seu próprio estilo, sua marca pessoal, única, irreproduzível.
Nós achamos que a dança é um ente vivo, em mutação e transformação constante e,
por isso, é que ela precisa evoluir e sempre ir mais longe. Em agosto, estaremos no II Underworld
Fusion Fest, em Curitiba e temos vontade de levar o Metamorphose Tour
por todas as cidades que nos convidarem na Argentina e a fora.
BLOG: Você e Saba Khandroma fazem
parte do projeto norte-americano Sabaku Fusion da bailarina Deidre Anaid,
cujo enfoque é a dança tribal fusionada com o Butoh. Conte-nos como surgiu a
oportunidade de participar deste projeto e suas experiências com o mesmo. Onde
o Butoh e o tribal fusion convergem entre si; e como uma arte pode acrescentar
a outra?
Foi muito engraçado. A Saba
foi a primeira convidada para o Sabaku. Tempo depois a Deidre me convidou. Ela ia vir ao Rio para o Gothla Brasil, mas teve problemas com seu visto.
Então, eu (que já ia fazer os workshops e dançar no Gala) substituí ela nas
aulas e na coreografia do show. Tivemos uma semana intensiva de dança/aula e
muito aprendizagem e foi super legal. A Deidre é maravilhosa e uma
dançarina diferente das outras.
Falando do Butoh e Tribal
Fusion/Dark Fusion, convido vocês a participar do nosso workshop ‘ChaosMagick’
para saber como convergem entre si! Mas posso dizer que tem muito que ver com a
expressão das emoções e do corpo falando.
BLOG: Como é fazer parte de um grupo de ATS®? Qual a importância que
você vê no ATS®?
È divertido pra caralho!
Você dança, se conecta com as parceiras, fala sem falar. Muitas vezes fico com
vontade de chorar enquanto danço; a conexão é muito profunda e real, e você
sente que seu coração e suas emoções estão ali abertos para todo mundo. A conexão
somente pelo olhar o outro nos lembra de nossa humanidade, nossas debilidades,
mas também nossa fortaleza; não há intenção mais bonita e restauradora. Isso
tem a ver com a importância do ATS® para mim e acho que para muitos dos que o
dança; restauramos ao dançar, sozinhos, mas acompanhados pelos parceiros.
BLOG: Em 2015, você esteve em uma
imersão em São Paulo, Brasil, no Festival Campo das Tribos a estudos pela dança
tribal e por sua certificação em ATS® com a criadora do estilo, Carolenna Nericcio. Gostaria
que nos explicasse melhor sobre o processo de certificação( e como se alcança o tão estimado selo
de Sister Studio. E qual importância de conseguir tal
certificação, em sua opinião.
Carolena Nericcio, Long Nu, Megha Gavin e Kelsey |
A certificação se
consegue fazendo o GS 1 e 2 e o Teacher Training, que finaliza com uma
prova que inclui conhecimento técnico dos movimentos de ATS® (clássico e
moderno) e do formato de ensino da escola FatChanceBellydance®. Depois
de aprovar e receber o certificado, você pode solicitar o Sister Studio
status online, preenchendo um formulário. Se ele é aceito, seu nome já fica na
lista do SisterStudios no website. O status de Sister Studio é um compromisso
de que você vai ensinar somente o vocabulário FCBD® do jeito que elas ensinam.
Para mim, a certificação foi um sonho que se tornou realidade, mas um novo
ponto de partida para seguir trabalhando. Ainda tenho muita coisa que aprender
no ATS® e no Fusion.
BLOG: Recentemente, o intercâmbio entre as bailarinas sul-americanas vem
se intensificado. O quê você acha sobre essa troca de culturas, experiências e
relações entre as tribal dancers? O que podemos aprender umas com as outras? O
quê você acha que podemos melhorar nessa relação e como alcançar tal objetivo?
O quê mais chama a sua atenção na cena tribal brasileira?
Acho isso maravilhoso.
Ficamos tão perto e precisamos trabalhar juntos para que o Tribal continue
crescendo.Há muito que podemos aprender umas com as outras, isso ficou claro no
1° Congresso Tribal Sul-Americano. Conhecemos/trabalhamos técnicas
diferentes e temos estilos diferentes, mas que podem ser perfeitamente
compatíveis e complementáveis. Seria muito legal que os argentinos possam continuar
viajando ao Brasil para fazer e ministrar aulas, e que a mesma coisa seja
possível para a os brasileiros. A economia faz tudo ficar mais difícil, mas
procurando preços de vôos ou ônibus, e ficando nas casas de outros dançarinos,
compartilhando comidas, trocando aulas ,isso poderia ser possível.
O que mais chama minha atenção da cena brasileira é a perfeita fusão com os estilos de dança locais. No Congresso eu vi algumas coreografias e workshops muito legais e interessantes de como unir o tribal style com danças do Brasil e acho que combinam perfeitamente. Também fora da fusão Tribal Brasil, há muitas profissionais incríveis com propostas mais que legais de coreografias e figurinos.
O que mais chama minha atenção da cena brasileira é a perfeita fusão com os estilos de dança locais. No Congresso eu vi algumas coreografias e workshops muito legais e interessantes de como unir o tribal style com danças do Brasil e acho que combinam perfeitamente. Também fora da fusão Tribal Brasil, há muitas profissionais incríveis com propostas mais que legais de coreografias e figurinos.
BLOG: Em sua opinião, por
que a dança tribal pode ser considerada uma dança ritualística?
Porque sua base é a
comunicação e conexão entre os dançarinos. Pelo olhar, pela postura do corpo,
pelo respeito pelo líder e pelos parceiros, a responsabilidade dos indivíduos
para que “o todo” funcione. Nas fusões, essa essência permanece como hilo
condutor da dança e da coreografia.
BLOG: Qual a sua relação com o gothic fusion? Como você encara a cena gótica inserida na dança do
ventre/tribal? Sob sua óptica, o quê é dark fusion?
Eu não gosto de rótulos e
não me defino como ‘gótica’. Sou uma pessoa com atração pela Morte, o Escuro, e
todas as formas de arte que tenham relação com isso: literatura, filmes,
pintura e dança, entre outras. Sempre gostei de preto (também quando criança),
sempre tive uma visão sombria da vida. Por isso, foi muito natural para mim
levar essa fascinação na dança.
O Dark Fusion é a aproximação do Tribal Fusion às Sombras, ao
Oculto e, principalmente, à expressão das emoções mais profundas. Através da
teatralidade, expressividade, figurino e música; o Dark Fusion procura
comunicar uma emoção ao público. Comovê-lo não quer dizer que o Tribal Fusion
seja inexpressivo, porém, a transmissão
de emoções e o dramatismo são fundamentais no Dark, são sua base.
O Tribal Fusion é uma
nova interpretação da dança do ventre, mas urbana, mas ocidentalizada, que se
nutre de outros estilos de dança tradicionais/antigas (flamenco, danças indianas)
e também de elementos de danças atuais (hip hop, contemporâneo,etc) sem
esquecer as bases. E a conjunção do antigo e do novo, do tradicional e do
vanguardista.
BLOG:
O quê você mais gosta no tribal fusion?
A possibilidade de escolher
qualquer música que seja boa para o que quero representar, sem se importar com
o estilo. Eu dancei desde Beethoveen até DeepPurple.
BLOG:
Como você descreveria seu estilo?
Acho que meu estilo é difícil de
definir porque eu gosto de fazer sempre coisas diferentes. Um dia posso dançar
como um monstro horrível e 5 musicas depois aparecer no palco com um belo
figurino vintage. Acho que meu estilo se baseia no “fator surpresa”; sempre
busca surpreender o público, fazer eles pensar, rir, sentir medo. Busco sempre
gerar alguma coisa em suas cabeças e corações.
Sempre quero trabalhar ideias novas e o desafio de levá-las ao movimento.
BLOG:
Como você se expressa na dança?
BLOG: Sobre sua carreira, qual/quais seu momento tribal favorito ou
inesquecível?
Quando eu disse para Carolena: “Você salvou minha vida” e ela olhou para meus olhos
profundamente emocionada e me abraçou.
BLOG:
Quais seus projetos para 2016? E mais futuramente?
Meus projetos são continuar
trabalhando, pesquisando e aprendendo tudo o que seja possível. E viajar muito. Compartilhar sorrisos, cervejas e dança com o mundo inteiro.
BLOG: Improvisar
ou coreografar?E por quê?
Sigo o que for necessário. Agora,
eu prefiro coreografar e dançar em grupo.
BLOG:
Você trabalha somente com dança?
Eu tenho um trabalho de “pessoa
normal” numa empresa de sistemas. Mas eu gosto dele porque me deixa continuar
dançando e viajando.
BLOG:
Deixe um recado para os leitores do blog.
Espero ver vocês em
agosto em Curitiba no II Underworld Fusion Fest para abraçar sua sombra, seus
medos e torná-los em dança.
Nunca pare de
estudar com todos os profissionais que possa, tanto nacionais quanto
internacionais. Nunca deixe que ninguém diga para você o que pode ou não fazer,
mas escute as pessoas que procuram ajudar você a ser melhor. Seja o próprio
dono de seus sonhos.