por Adriana Chayéra
No texto passado, fiz uma síntese
explicando um pouco sobre a diversidade existente na Dança Cigana que foi
consequência do seu nomadismo por diversas regiões do mundo. O texto de hoje, vai
trazer um pouco de informação sobre o que acredita-se historicamente ser um dos
primeiros estilos de Dança Cigana ( já que não se tem certeza, se os primeiros
grupos de ciganos saíram da India ou do Egito ). Apresento-lhes o estilo de
Dança Cigana, Kalbélia ou Sapera, para mim um dos estilos mais bonitos de Dança
Cigana e mais complexos de ser executado, apesar de os movimentos parecerem um
pouco “ brutos “.
A Kalbélia ( dominadoras de
preto) ou Sapera ( serpente) é uma das
modalidades de dança praticada pelos ciganos do Rajastão. Elas utilizam vestes
negras que é a cor de roupa que as mulheres utilizam para dominar as pessoas
através da dança, mas com muitos
detalhes em cores. Aliás, vou abrir um parêntese para falar da vestimenta, já
que foi a roupa mais difícil de ser confeccionada por minha costureira,
coitada! A saia se assemelha a uma mandala, riquíssima em detalhes e cores. E esse
requinte de detalhes não pára na saia, continua na quantidade de acessórios
usados por elas, muitas pulseiras, braceletes, brincos e os sinos de tornozelo,
que são tornozeleiras com sininhos que se assemelham ao barulho reproduzido
pelas serpentes.
Os Kalbelia-Sapera tiveram no
passado a maior ocupação de capturar cobras para comercializar o seu veneno
naquela época, por esse motivo, adquiriram habilidades excepcionais como
encantadores de serpente. A influência das serpentes é predominante na
movimentação dessa dança, desde a vestimenta que se assemelha a coloração e
desenhos dos corpos das serpentes, os movimentos de “cabeça de cobra”, o
barulhinho que ecoam de suas tornozeleiras com sininhos através das fortes
marcações de pés e o uso dos mudras, que são um conjunto de movimentos feitos
com as mãos. Originalmente a dança era realizada para comemorações na
comunidade, posteriormente foi ganhando um cunho mais artístico e sendo
apresentado também para grandes públicos.
Vou falar um pouco sobre a dança
em si. Como disse no inicio do texto, acredito que a Kalbelia seja uma das
danças mais difíceis de ser executada e compreendida, claro que cada pessoa é
singular e isso pode variar, mas na minha opinião, falando de um modo geral,
essa dificuldade pode ser concebida por que os tais movimentos “ brutos”
destoam um pouco dos movimentos sinuosos que nós ocidentais estamos acostumados
a executar. São movimentos firmes e cheios de impacto, que se fundem com
movimentos acrobáticos ( elas possuem uma flexibilidade muito grande), como por
exemplo, a famosa ponte onde elas pegam com a boca, algum objeto colocado
estrategicamente no chão, elas também possuem batidas de quadris muito marcadas
e ritmadas e além do mais, um jogo de movimentações de braços misturados aos
mudras. Bem, entender toda essa movimentação e contextualiza-la para que fique
o mais natural e harmônico possível não é mesmo muito fácil, mas vale à pena o
empenho, já que é uma dança realmente linda! Bem, vou ficando por aqui, espero
que tenham gostado do texto! Comentem, para que possamos trocar figurinhas e
ideias. Até a próxima!!