Inaugurando minha seção no blog!



 por Mariáh Voltaire

Vejo nitidamente que a videodança já não é mais novidade na cena tribal, pelo menos aqui no Brasil. A minha intenção nunca foi a de criar uma “tendência”,  mas sim usar de uma linguagem artísca totalmente poética e sensível para me comunicar com bailarinas de dança tribal do mundo inteiro.

Mas vejo que essa “tendência” pegou, porque ,desde que lancei minha primeira videodança em 2010, apareceram novas adeptas dessa nova linguagem em vários cantos do Brasil. Por conta disso lancei um projeto também inovador no universo tribal intitulado: Projeto VTD – Videodança Tribal Dance, a videodança abrindo fronteiras, mas isso é conteúdo para outra postagem! Continuemos...

Comecei a pesquisa de videodança de maneira muito tímida e muito por acaso. Sempre tive interesse em vídeos com performances, mas o interesse aumentou quando eu vi no 63º Salão Paranaense, a videodança de Patrícia Osses (El Tango del Pasillo, 2009). O trabalho de Osses fala sobre o espaço e a relação que ele tem com o indivíduo. O vídeo ali apresentado deixou-me curiosa, porque não era simplesmente uma performance e também não era uma videoarte, era algo que envolvia dança e vídeo, e o modo como ela era captada fugia de um simples registro coreográfico. A partir desse momento comecei a pesquisar e a voltar a minha atenção a artistas que exploravam e exploram os recursos da imagem eletrônica juntamente com a dança. Desse modo, tentei compreender como diferentes linguagens artísticas como a dança e vídeo podem se transformar em uma obra de arte denominada videodança.



O simples fato de ter um vídeo com dança dentro do MAC (Museu de Arte Contemporânea do Paraná) me intrigou. Não era apenas um registro de uma coreografia, tinha um sentimento, uma poética por detrás daquelas imagens. Descobri que era esse o tema para minha pesquisa acadêmica. Ansiosamente eu buscava o termo correto para o vídeo que eu vi de Patricia Osses e descobri que não era videoarte, nem uma simples performance, e em uma das andanças pelo meio virtual descobri o termo correto: videodança. Fui lendo tudo o que eu encontrava a respeito do tema na internet, mas muitas das informações que se encontram disponiveis são duvidosas e muitas não possuem referências bibliográficas, o que é realmente importante para quem está fazendo uma pesquisa séria e que procura conteúdo nas informações que lê.

Depois de tantas pesquisas e leituras consegui entender melhor como funciona o diálogo da mídia e vídeo, e também a diferença de linguagens de uma coreografia feita para o vídeo e outra feita para o palco. Nesse momento tive a certeza que eu poderia propor um progresso nas linguagens que envolvem a minha dança e a minha arte, no caso a Dança Tribal.

Decidi  então fazer meu primeiro experimento em videodança. A idéia principal do vídeo, por falta de experiência, foi de apenas capturar movimentos coreográficos isolados a fim de salientar cada movimento dentro da Dança Tribal e posteriormente trabalhar em cima de edições de imagem. Desses movimentos isolados nasceu meu primeiro experimento de videodança: Isolado.  Em parceria com Ricardo Gimenes, no dia 02 de outubro, locamos o estúdio para filmagens da UTP, permanecemos 4h filmando e testando a iluminação e o espaço. No dia 07 de Outubro começamos o processo de edição, que durou cerca de 6h. O processo de edição foi o mais trabalhoso por termos que prestar muita atenção a sincronia da música com vídeo.


Problemas? Sim, houve alguns problemas na criação desse material, a falta de experiência fez com que eu ignorasse algumas etapas essencias para uma boa produção, irei falar sobre isso em outros posts.

Com esse primeiro experimento, eu tive a certeza de o que eu busco é a diluição de fronteiras, onde eu possa comunicar-me com dançarinas de Dança Tribal do mundo inteiro de maneira que eu as faça compreender minha dança dentro desse universo tão amplo, sempre buscando o despertar de novas percepções e enxergar novas possibilidade de unir continentes e culturas de maneira mais intimista e poética.

Com essa videodança participei da exposição, “Possíveis Conexões” no MAC (Museu de Arte Contemporânea do Paraná).  Fiquei ansiosa em compartilhar meu primeiro experimento em videodança em um ambiente propício à interação de jovens artistas de várias instituições que lecionam artes no Paraná e também a visão que meu trabalho teve a partir dessa exposição. Fazendo com que as pessoas compreendessem uma das maneiras pela qual o corpo pode ser usado no meio tecnológico e desse meio transformar-se em arte.



Hoje continuo pesquisando sobre o tema e também criando obras de videodança. Agora com esse espaço no blog me sinto responsável em ajudar bailarinas de Tribal Dance a conhecer e reconhecer essa linguagem como uma forma de transformar sua dança em uma obra de arte.


O CORPO IMAGEM – O QUE É O MEU, O QUE É O SEU CORPO?
Como falar de videodança e não falar do corpo em si? Partiremos desse ponto então. Vivemos em um mundo em constante transformação, no qual a tecnologia anda crescendo e tomando conta de experiências cotidianas, fazendo com que o corpo deixe de adquirir experiências estéticas e sensíveis. Uma sociedade capitalista que faz apologia a um corpo que a cada dia adormece. Diante de tantas ferramentas de auto-expressão, a única preocupação é a de esculpir esse corpo que sente, que dança, que adoece, e que busca uma saída diante do vazio dos simples moldes de celebridades.



Como reeducar esse corpo que foi sedimentado há décadas e que já não compreende mais a sabedoria que está guardada dentro de si? 
Os corpos das atuais gerações estão sendo educados de maneira a ignorar seu corpo como meio de expressão. Privilegiam apenas o conhecimento abstrato e deixam de lado a capacidade que o corpo tem de sentir o mundo. Um corpo que está atrofiando atrás de monitores de computadores e de televisão.


Esse corpo já não sabe mais como se articular e se mostrar diante do mundo, um mundo globalizado que ainda o quer ver, mesmo que sem o tocar mostrando a ele ferramentas onde esse corpo ávido possa expressar-se através da linguagem que transforma o vídeo em arte. Proporcionando o resgate e a reeducação desse corpo sensível, que pode adquirir um conhecimento e desenvolvimento estético através da videodança.




"Arte não existe para reproduzir o visível, mas para tornar visível aquilo que está mais além dos olhos." (FERNANDES, 2003, p. 14).


aerithtribalfusion.blogspot.com.br/2014/03/danca-cena-e-acao-por-mariah-voltaire.html





Dança, cena e ação!
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Curitiba, Paraná

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