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Entrevista #47: Alinne Madelon (CE)

por Aerith Asgard
Foto por Kaori Lene
Nossa entrevistada do mês de maio é a bailarina de Fortaleza-CE, Alinne Madelon. Alinne nos conta sobre sua trajetória na dança tribal, suas conquistas, desafios, sobre seu studio e Cia Antique Soul. Vamos conhecer mais sobre nossa tribo?


BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como e quando você descobriu o tribal fusion e por que se identificou com esse estilo?

Meu primeiro contato com a Dança Oriental foi em 2001, na escola, e foi algo que ficou bem marcado na minha vida, mas sempre tive contato com danças de outros estilos. Participei de grupos de dança em igreja, grupos de dança popular tradicional e danças urbanas. Até que em 2008 entrei na aula de Dança do Ventre com Prof Sabina Colares. Desde a primeira aula ela me apresentou o Tribal Fusion e me apaixonei. Houve a identificação com os figurinos de cores neutras e rosas vermelhas no cabelo,a música totalmente moderna e fora do padrão que estava acostumada a dança.  O que mais me chamou a atenção no Tribal foram os movimentos super condensados e o estilo meio rockers das bailarinas, bem eu! Fiquei super triste ao descobrir que não tinha professora aqui na minha cidade do estilo. Sabina falou de Kilma Farias e, um tempo depois, a mesma esteve pra um workshop aqui, sendo assim, esse foi meu primeiro contato com Tribal Fusio. Encantada e profundamente desanimada em não ter professora pra estudar, resolvi iniciar meus estudos como auto didata, tive sorte de na época ter um trabalho que me possibilitava estar em São Paulo com frequência e, por isso, sempre marcava alguma aula ou participava de algum evento. Para poder ter oportunidade de estudar e de divulgar a dança na minha cidade, comecei a dar aulas e ensinar o pouco que eu sabia com incentivo muito grande de Kilma Farias. 

Foto por Kaori Lene
BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
Kilma Farias que foi quem me deu um rumo pra estudar sozinha. Joline Andrade pelo conhecimento e ensinamentos que ela passa. Lenna Beauty que é uma pessoa que admiro como mulher, mãe e bailarina, uma mestra maravilhosa.

BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Bem, o estúdio passou por algumas mudanças e eu tive que parar vários estudos, mas ano passado estudei Ballet Clássico, algo que quero continuar. Gosto muito, muito de dança contemporânea e leio, estudo e pesquiso sempre que posso. Acredito até que é algo muito forte e presente na minha dança. No momento, pratico Yoga nos meus tempos livres e pretendo voltar minha rotina normal de aulas assim que o estúdio estiver firme.

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Quando eu comecei a estudar Tribal adorava Sharon Kihara, Rachel Brice, entre outras bailarinas internacionais. Acredito que hoje grande parte das Tribal Dancer tem como inspiração a diva master Zoe Jakes né, e eu também!! Mas amo trabalhos de muitas. Poderia citar uma lista enorme, mas super me inspira: Tiana Frolkina, Olga Meos, Piny Orchidaceae, a hermana Julieta Mafia e por ai vai mundo à fora. Também tenho minhas inspirações nacionais: as minhas amadas Kilma Farias, Joline Andrade, Alê Carvalho, Antonia Lyara, Honora Haeresis, Gilmara Cruz, Caio Pinheiro, Jaqueline Lima, Carol Constantino, Caíque Melo, Bruna Gomes, todos os bailarinos e bailarinas que compõe a organização da Caravana Tribal Nordeste, hoje as Cias Mandhala, Aquarius e Lunay são pessoas que me ensinam muito sobre pessoas e ética profissional a cada edição da caravana, são pessoas que lutam por dança e que dançam com alma e vigor; todos me encantam demais e ali  dançar é resistência! E é logico: minha pupila Gabriela Farias, sempre me emociono ao ver ela dançar e é sempre um prazer enorme dançar ao lado dela, estaremos pela primeira vez dançando fora do pais juntas e é muito bom ter uma bailarina como ela tão talentosa ao meu lado.

BLOG: O que a dança acrescentou em sua vida?
Alinne & Gabriela Farias
Acrescentou mudanças interiores como sociais, auto-estima, resistência corporal, disciplina, sobretudo ela entrou na minha vida mudando tudo de lugar. Primeiro dentro de mim, eu encontrei uma mulher capaz de virar minha vida ao avesso e era eu mesma. A dança me mostrou que posso superar meus limites corporais e me deixou mais forte, corajosa e segura, estava num período muito delicado da minha vida e a dança foi meu porto seguro. Era onde eu estava por completo. Mudei vários conceitos e padrões durante esse percurso, tanto sobre arte como ser humano e caráter, além disso, mudei de profissão né...

BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
O poder de auto conhecimento que ela proporciona e a liberdade de expressão que ela nos permite.

BLOG: O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação? Você acha que o tribal está livre disso?
Eu já vi muito dentro da dança do ventre ares de competitividade em relação umas  com as outras, mas também percebo que isso está amadurecendo. Algumas bailarinas estão com propostas de trabalhos que envolvem Sagrado Feminino e isso super vem pra ajudar as bailarinas a se unirem. Acho que todas as mulheres precisam parar de se olhar como rivais e se olharem como parte de toda uma força que pode mudar muitos conceitos estabelecidos pelo patriarcado. A dança não precisa desse sentimento competitivo, desse olhar maldoso. É preciso se unir pra sermos mais fortes. Acho que o tribal não está livre disso não. Quantas tretas já rolaram e rolam por ego hoje em dia...

Foto por Samuel Lucas
BLOG: Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou no tribal? Como foi isso?
Dentro da dança, tanto do ventre quanto tribal, não que eu percebesse, mas fora da dança sempre... Acho super falta de respeito perguntar se eu já dancei pro meu companheiro, isso acontece sempre e é uma bandeira que tanto Ventre como Tribal tenta desmistificar, né? É uma arte e o povo precisa ver como tal e em pleno seculo XXI ainda temos que escutar essa pergunta.
BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Várias (rsrsrsrs). Sou indignada com certas panelinhas dentro da dança aqui no meu Estado, com a falta de oportunidade pro novo sabe. Sou um pouco frustrada em não saber até onde a dança pode me levar aqui por conta dessa deficiência de incentivo pra artistas que não estão dentro de um certo convívio social.

BLOG: E conquistas? Fale um pouco sobre elas.
A cada evento promovido é uma conquista, né. Cada aluna nova, o espaço que temos hoje, os trabalhos que fazemos hoje e os estudos: tudo é conquistado com muito suor e resistência. Ano passado estive em vários eventos ministrando Workshop em São Paulo, Florianópolis e foi muito bom poder ter esse contato com outras pessoas tão diferentes da minha realidade aqui no Nordeste, foi bem reflexivo pra mim essas experiencias e, sem dúvida, uma conquista.

Foto por Samuel Lucas
BLOG: Como é o cenário da dança tribal do Ceará? Pontos positivos, negativos, apoio da cidade/estado, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?

Então hoje eu tenho estúdio com duas professoras eu e Gabriela Farias. Temos a Thyara Matos, que também dá aulas regulares, e Lenna Beauty que dá aulas no estúdio dela de Flamenco Oriental, Kalbelya, entre outros. Acredito que cada uma tem uma forma de trabalho diferente e isso engrandece o cenário. Pontos negativos é justamente a falta de oportunidade de estar dentro de um circuito de artistas locais. Até hoje não tive problemas com as bailarinas da Dança do Ventre. Iniciei dando aula em estúdio de Dança do Ventre e sempre fui bem acolhida. Tenho algumas pessoas que apoiam meu trabalho que me ajudaram bastante e sou bastante grata pela oportunidade que foi me dada em cada tempo da minha caminhada,como Aisha Fahd, Natalia Capistrano e Juliana Jarraj.

BLOG: Em 2016, você realizou o Curso de Formação em Tribal Fusion com Joline Andrade. Conte-nos sobre sua experiência com o curso.

Esse curso da Joline é surpreendente! Do conteúdo prático ao teórico. Sempre tive vontade de fazer e trazer pra Fortaleza, ver tantas bailarinas estudando e se dedicando foi lindo. Pretendo fazer uma segunda edição, em breve!

BLOG: Anteriormente, você e Thyara Matos eram diretoras do grupo Mandalla Tribal. Como surgiu a ideia, qual era o estilo e proposta do grupo, assim como sua experiência e participação nesse período?


Foto por Kaori Lene
A ideia surgiu a partir da necessidade de divulgar a dança e de estudar de forma mais profunda e profissional. Éramos duas apaixonadas por dança tribal com proposta de conquistar um espaço dentro da dança, querendo disseminar a dança no Estado. Fizemos alguns eventos juntas, algumas apresentações e vimos que temos formas diferentes de trabalhar. Uma não é melhor que a outra, apenas diferente. Que fique claro, adoro a Thyara! Tenho admiração pela bailarina dedicada e estudiosa que ela é e ela sabe disso. Mandalla foi nossa escolinha (rsrsrsrs) e nos tornou as profissionais que somos hoje.

BLOG: Conte-nos como e quando surgiu a Cia Antique Soul, a etimologia da palavra, seus integrantes, qual estilo marcante do mesmo, se ele sofreu alguma mudança estrutural ou de estilo desde quando foi criado e o processo de introdução de novos integrantes?


Foto por Nando Espinosa
A Cia foi idealizada em 2014 e estruturada em 2015 por mim e pelas bailarinas Gabriela Farias e Camila Miranda (que hoje não faz mais parte da formação atual). Unir o novo e ancestral é o que queríamos fazer, assim como acreditamos ser a essência do Tribal Fusion. Antique Soul, na língua inglesa (nativa do Tribal Fusion) significa “Alma Antiga”. Então resgatamos essa ancestralidade em nós e miramos no horizonte sempre com novas fusões e propostas. A nossa cia sempre teve o intuito de trabalhar fusões étnicas, porém, temos uma linha de estudo forte no Tribal Brasil, fazendo parte da Caravana Tribal Nordeste. Todas as integrantes foram minhas alunas. Algumas tiveram passagem pela dança árabe, outras tiveram passagem por outros estilos. Unimos nossas influências e apostamos na originalidade. Hoje nossas integrantes são Gabriela Farias, Edzângela Medeiros e Cristiane Arrais.


BLOG: Além da Cia, você é proprietária do Studio Antique Soul. Conte-nos como você começou com tal empreendimento e quais são seus principais desafios para viver de dança. Quais dicas você daria para quem pretende viver de Arte no Brasil? 



Eu ministrava aulas regulares em vários estúdios, então houve um momento que eu senti necessidade de concentrar todas as alunas em um espaço só e em um espaço que tivesse foco em Dança Tribal. A partir disso tive a oportunidade de locar um dos estúdios no qual eu já dava aula e foi onde tudo começou como Studio Antique Soul.

Antes, um dos espaços que eu dava aula era um bairro na periferia onde mora meus pais em uma quarto e titulava de Studio Alinne Madelon, então, quando houve essa primeira mudança para um lugar mais central, resolvi deixar um nome que pudesse acolher todas as almas dançantes.

Não é fácil manter um espaço de dança hoje no Brasil. Arte em geral aqui tem pouco valor e poucos são os que tem acesso. É um leão por dia e nem pra todas a dança é prioridade. Então, a aluna entra hoje e sai amanhã. A gente não pode fazer nada, só se atualizar estudar, se qualificar e continuar tentando. A dica que eu daria hoje para alguém que pretende viver de Arte é: se você tiver oportunidade e condições de estudar dança hoje no nosso país, então, aproveite! Mas tenha foco e sempre um plano B porque não sabemos onde vamos parar com tantas injustiças sociais, tanta corrupção e tanto descaso com os artista daqui.

BLOG: Conte-nos um pouco sobre suas principais coreografias. O quê a inspirou para a formulação da parte conceitual e técnica das mesmas, assim como seus processos de elaboração dos figurinos e maquiagens. Como essas coreografias repercutiram na cena tribal?
Bem, meu primeiro trabalho que teve uma repercussão legal principalmente aqui no Estado foi um de 2015. Minha inspiração foi tentar mostrar o que eu tinha de melhor em técnica. Minha filha tinha acabado de nascer e eu estava meio em crise artística (rsrsrs) e me coloquei naquele estudo coreográfico com força total. Foi um renascimento pra mim aquele solo. 



Depois veio os dois solos que apresentei no Dramofone VII, edição 2016. São dois trabalhos bem híbridos com formas e desenhos bem diferente dos meus primeiros trabalhos. A parte técnica é nitidamente notável e bem mais aprimorada, a parte conceitual sempre vem do que passo ou sinto no momento... 




Por fim, meu trabalho de finalização do curso de Formação com Joline Andrade, é meu preferido até hoje! Parte de um estudo em dança contemporânea e um estudo em técnicas de improvisação. A partir disso, coreografei esse solo, e tive um repercussão muito boa dele, muitos elogios e eu coloquei muito sentimento ali. Por isso, ele se tornou tão especial e tão diferente de tudo que já fiz. 



BLOG: O evento Caravana Tribal Nordeste (CTNE) é um dos eventos que se destaca no país, unindo, ao longo do ano, a rota de cidades nordestinas membros do projeto. Conte-nos como surgiu a idéia do evento, sua proposta e objetivos, organização atual e elaboração deste, a introdução do núcleo no Ceará sob sua direção a partir de 2016, bem como a repercussão do mesmo para a comunidade tribal quanto para seu público no Nordeste Brasileiro.

A CTNE foi Idealizada pelas bailarinas Kilma Farias e Alexsandra Carvalho, que completa sete anos em 2018. O evento promove a interligação cultural de povo por meio da dança em um festival migratório, no qual as bailarinas residentes são responsáveis pela organização do evento e workshops. Eu e a cia já participávamos do evento antes de sermos convidadas para fazer parte da organização e representarmos o Ceará como sede. É um evento incrível! Sempre é um aprendizado, tanto quando estamos passando nossos estudos e conhecimentos quanto quando estamos aprendendo com todas as cias que admiramos muito. Nossa introdução na Caravana foi crucial para o nosso amadurecimento quanto companhia.

Foto por Samuel Lucas
BLOG: O Nordeste é uma das regiões mais ricas e criativas na dança tribal, mesmo estando distante do Sudeste que, geralmente, é o porto das principais informações e workshops. As bailarinas são muito técnicas e as coreografias muito bem desenvolvidas. Na sua opinião, o quê se deve esse destaque na dança tribal nordestina? Vocês realmente estão mudando a rota de eventos da dança tribal, tirando o enfoque do Sudeste e traçando uma rota para o Nordeste. Gostaria que comentasse um pouco esse processo na dança tribal no Nordeste Brasileiro.

Eu vejo o Nordeste com tantas influências africanas, indígenas, caboclas, de forma estética e corporal que fogem do arquétipo europeu. Fomos por muito tempo uma região forjada pelo trabalho braçal, pela mão de obra desse povos. Diferente do Sul, que foram regiões de “povoamento” com a forte imigração europeia de alemães, italianos e portugueses. Ambos os polos tem sua riqueza cultural, mas acredito que conseguimos fusionar nossas influências com o tribal de forma natural e nos distanciamos do padrão europeu e norte-americano, imprimindo uma roupagem diferente pra esse Tribal. Não melhor, apenas diferente. Temos muitos eventos importantes em riqueza e grandeza sendo realizados aqui no Nordeste. É um grande intercâmbio cultural. E torcemos, sim, para que não estejamos mudando a rota, mas sim, acrescentando!

Foto por Kaori Lene
BLOG: Conte-nos sobre o estilo Tribal Brasil como um dos estilos representados pelo seu trabalho. Como surgiu a afinidade por tal fusão? Qual a importância de estudá-la?

Como disse no início, a identificação veio logo nos primeiros meses de dança do ventre, quando fui apresentada ao Tribal. Tenho respeito infinito e agradecimento à dança árabe em geral, mas o Tribal me deu de presente uma grande oportunidade de fusionar, de me desconstruir e de me pôr em contato com muitas formas de pensar e se mover.

BLOG: Você considera a dança tribal uma dança étnica contemporânea? Por quê?
Considero sim! Precisamos compreender que o “Tribal Fusion” de Rachel Brice, o qual amo, não é o mesmo de 2018. E isso é um fluxo natural, assim como aconteceu com Jamila Salimpour lá atrás. Estamos em constante estudo e evolução. Hoje vejo o Tribal como uma dança Étnica Contemporânea.

BLOG: Em sua opinião, o quê é tribal fusion?

Dança étnica contemporânea um estilo em contante transformação.

BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?

A liberdade que se tem de se expresar de forma artistica, a tecnica, o resgaste ancestral.

Foto por Samuel Lucas
BLOG: Como você descreveria seu estilo?

Hoje vejo meus trabalhos e percebo que fluo muito dentro do contemporaneo. É sempre muito bom unir os dois, mas não gosto de me titular isso ou aquilo. Eu faço uma dança hibrida com varias influencias e com toda minha bagagem de estudos.

BLOG: Como você se expressa na dança?

Com todas as formas que estiver ao meu alcance, sou muito sensitiva então gosto de tocar as pessoas enquanto danço, gosto de manter as pessoas hipinotizadas assim como eu fico quando vejo minhas divas dançando, então a expressão é um sentimento transmitido.

BLOG: Sobre sua carreira, qual/quais seu momento tribal favorito ou inesquecível?

Quando participei da primeira CTNE com minhas alunas e vi o quanto grande são os bailarinos que fazem parte desse cenário e que honra tão grande eu sentia por estar ali.

BLOG: Quais seus projetos para 2018? E mais futuramente?

2018 já começou com mil mudanças... no momento quero voltar a rotina normal do Studio, estou promovendo um workshop de Joline em Agosto, e em estou escrevendo um Espetáculo de Dança Tribal junto da Cia Antique Soul para dezembro de 2018 o "Marias de Mandacaru", será nosso primeiro filho. Futuramente quero focar em estudos acadêmicos ou técnicos voltado para dança.

BLOG: Improvisar ou coreografar? E por quê?

Os dois! Improvisar é muito sentimento, além de existir algumas técnicas; é maravilho a entrega que o improviso te possibilita. Coreografar é necessário para o estudo, para o auto conhecimento como bailarina. Acho que a bailarina precisa estar preparada pros dois momentos.

BLOG: Você trabalha somente com dança?

Hoje sim, mas pretendo voltar a trabalhar com administração ou assistente de produção.

BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.

Olá galera tribal que acompanha o blog Aerith!! Espero que eu possa ter passado um pouco sobre minha história dançante pra vocês e espero servir de incentivo pra você que está iniciando nesse universo que é a dança tribal. Pras manas de luta deixo meu abraço caloroso à todas que cruzarão comigo nessa caminhada. Esses dias escutei de uma amiga-aluna o seguinte: “Alinne tu não tem escolha tem que resistir não pode parar”... e digo isso à todas, por mas difícil que seja vamos nos unir e resistir. Estamos aqui pra salvar essa mulherada do patriarcado e dar auto conhecimento, dança e alegria na vida delas.  Vamos seguir e mostrar que juntas somos mais fortes!

Gostaria de agradecer imensamente a todas minhas alunas, sem elas eu não teria chegado onde estou, agradecer pelo carinho e por estarem comigo onde quer que eu vá! Sou grata pela atenção, ajuda e companheirismo que temos, todas as risadas, tristezas e agustias que compartilhamos todas as aulas; e dias bons e outros nem tão bons assim, mas estamos juntas pra dançar em todos eles. Amo todas vocês  💞


Foto por Kaori Lene

Contato

Tel/cel: (85) 98933124

E-mail: alinnemadelon@hotmail.com

Informações do Studio 
Rua Coronel Ferraz, 56, Centro (ao lado da Escola Pequeno Grande)
 (85) 98933124


Entrevista #46: Annamaria Marques (MG)

por Aerith Asgard

Nossa entrevistada do mês de Abril é a bailarina Annamaria Marques, de Belo Horizonte, Minas Gerais. Annamaria nos conta sobre sua trajetória na dança tribal, o desenvolvimento dos seus dois grupos, Tribo Dannan e Trupe Andurá, projetos para 2018 e muito mais! Vamos conhecer quem faz partes da nossa tribo? Boa leitura!

BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como  e quando você descobriu o tribal fusion e porquê se identificou com esse estilo?
Comecei a fazer aulas de dança do ventre em 1997, com a bailarina Sâmara Gamal. Eu, com 16 anos na época, achava tudo lindo! As roupas, a música... foi um momento de grande crescimento e descoberta para mim, descobrindo a mulher que eu viria a ser. Em seguida fiz aulas de dança do ventre com a bailarina Amany Ab-Haila, neste ponto houve um salto no meu aprendizado. Ela sempre teve muito conteúdo para nos ensinar. Neste momento também foi a primeira vez que fiz parte de uma Cia. de danças.

Anos depois, depois de formada pela UEMG (Bacharel em Design Gráfico), voltei a procurar as aulas de dança do ventre, mas neste ponto descobri o Tribal Fusion. Assistí a um vídeo da Rachel Brice no Youtube e fiquei louca! Queria ser como ela! E em 2009 comecei a fazer aulas de tribal fusion com a bailarina Nanda Najla, a primeira em Minas a ensinar o estilo. Eu estava nas alturas! Me reencontrei enquanto artista, descobri novas formas de me expressar pela dança graças a ela. Ela trouxe muito conteúdo na área e sempre foi uma grande estimuladora, querendo mesmo que cada uma de nós descobrisse sua própria expressão. Graças a ela tive oportunidade de estudar pela primeira vez com professoras estrangeiras (em 2009 ou 2010.... no evento da Belefusco, quando vieram Mardi Love, Sharon Kihara e Ariellah Aflalo), com outros estilos (o dark fusion da Renata Violanti e o Tribal Brasil da Kilma Farias), em fim, um universo se abriu. Tive a grata oportunidade de participar da Cia. Kalua Fusion, pioneira do estilo em Minas Gerais. Uma Cia. com pessoas lindas e com muita chance para o desenvolvimento pessoal técnico e criativo.

Quando a Nanda se aposentou da dança, procurei seguir estudando sozinha, mas tive a grande felicidade de conhecer a bailarina Surrendra Bellydance e a ter novas experiências com a Cia de dança dela, a Ansatta Bellydance, e a produzir meus primeiros eventos com ela. Em um destes eventos decidimos trazer a bailarina Natália Espinosa para nos ensinar ATS®, um estilo que nos idos de 2013 ainda era um pouco misterioso para nós.

Em 2013 comecei a dar aulas de Tribal Fusion no núcleo de danças onde eu estudava e foi um novo momento de crescimento, afinal a expectativa é outra. Conheci muitas pessoas boas, outras nem tanto, mas venho aprendendo muito com cada uma. Na busca por mais conhecimento para dar melhores aulas, fui fazer uma oficina da bailarina Carla Michelle. Ela tem um estilo bem diferente do meu e achei importante o aprendizado. Nesta vivência começou a nascer o Coletivo Conexão Tribal comigo, Carla Michelle, Surrendra e Natália Espinosa, e a base de tudo era proporcionar mais experiências no estilo Tribal Fusion e ATS® para os alunos de Belo Horizonte  e região. Fizemos 5 edições, se não me engano, antes da Carlinha ir para os Estados Unidos. O projeto está em stand by, mas devemos retornar com novidades!

Neste meio tempo, criei 2 cias de dança: Tribo Dannan de tribal fusion e Trupe Andurá de ATS®. Venho focando meu trabalho nestes dois estilos e com minhas Cias criamos o festival Tribal Core, para dar mais oportunidade para os baiarinos do estilo de mostrarem seu potencial. 

BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê? 
Todas as que citei acima foram minhas mestras principais, cada uma que alavancou meu desenvolvimento de uma forma ou de outra. Tenho uma gratidão imensa por tudo o que me proporcionaram. Uma menção especial vai para uma professora com quem fiz um curso de dança do ventre terapêutica, Carla Barrio, ela me ensinou a ir além dos limites do corpo, ao mesmo tempo a respeitá-lo e ser grata por ele. Ela, com algumas limitações físicas, dançava lindamente, um encanto que só vendo!

BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Comecei pela Raks Sharqi (a dança do ventre) e foi meu foco por muito tempo. Mais tarde, me aventurei por alto pela dança de rua, dança indiana, dança cigana Kalbelia e folclore árabe.
           
BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Minhas professoras sempre foram minhas principais inspirações.

Atualmente busco me inspirar em profissionais de vários estilos, mas as principais são mesmo no Tribal: Mariana Quadros, Cia Shaman, Tiana Frolkina, Rachel Brice, Mardi Love, Kae Montgomery e Ariellah Aflalo estão sempre na minha lista.
  
BLOG: O que a dança acrescentou em sua vida?
A dança me trouxe principalmente grandes amizades! Comecei como uma adolescente absurdamente tímida e neste universo conheci muita gente boa, outras vieram só de passagem, mas sinto que amadureci muito desde que comecei a dançar e posteriormente comecei a dar aulas. Adquiri muito conhecimento de mundo e das pessoas, e muito auto-conhecimento.

BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
Aprecio a capacidade que a dança tem de aproximar as pessoas e de dar a cada uma a possibilidade de se expressar das mais diversas formas.

BLOG: O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação? Você acha que o tribal está livre disso?
Desinformação é uma coisa que prejudica muito. Acredito que ainda temos um mercado cheio de "achismos" e donos da verdade (diplomados ou não).

BLOG: Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou no tribal? Como foi isso?
Preconceito, acho que não. Mas já passei por situações onde o público fazia piadas, seja lá por qual motivo, do trabalho que estávamos fazendo, não vendo aquilo como o que deveria ser: arte. Ou o clássico momento embaraçoso em que alguém da platéia acha que somos objetos de exposição...

BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Muita! Como artista, nunca fico plenamente satisfeita com meu trabalho. Sempre quero ser melhor. Acho que neste ponto eu falho, pois cada uma tem sua corporeidade, e ainda estou tentando respeitar a minha.

BLOG: E conquistas? Fale um pouco sobre elas.
Minhas maiores conquistas na dança sempre foram os degraus que fui vencendo contra a timidez. Seja para me apresentar, seja para lidar com outras pessoas. Ir dominando meu próprio excesso de cobrança e rigidez, e a avidez por saber tudo sobre tudo.

BLOG Você foi uma das primeiras bailarinas do Brasil a se envolver com o estilo tribal. Como eram as informações sobre o estilo na época em que você começou a pesquisar? Como era visto a dança tribal naquela época e como hoje ela vem se apresentando na cena brasileira? Na sua opinião, o quê precisa ser melhorado, aperfeiçoado e, até mesmo, mudado no comportamento da(o) tribalista(o) brasileira (o)?

Quando comecei a me interessar pelo assunto, por volta do 2009, só havia o que era visto pelo youtube e nós aprendíamos meio sem filtro o que era visto. Um "copia e cola" das bailarinas que achávamos que eram as melhores, sem saber muito da técnica em si e fundindo tudo com a nossa bagagem da dança oriental.

Naquela época havia um misto de admiração e repulsa pelo tribal e suas adeptas, como se fossemos aquela turma da escola que está sempre isolada dos alunos populares: os subversivos e deslocados. Mas acho que isso é natural, quando surge algo muito diferente do tradicional.

Hoje eu vejo que o tribal está tentando se consolidar como estilo e tem sido cada vez mais respeitado no meio da dança oriental e criando seu próprio nicho. Acredito que se deve ao fato de ser algo relativamente novo e começando a ter as definições dos parâmetros do que define o estilo. Como toda dança, ele evoluiu, vem ganhando novas caracterísicas a cada ano, mas o que mais amo é todas as vertentes podem (ou poderiam mais) conviver harmonicamente, sem que o estilo se desmembre ou descaracterize.

Com relação ao comportamento, eu observei muito ao longo da minha carreira como profissional, inclusive fazendo parte de bancas avaliadoras. Vi que tende a existir um "complexo de artista" nos bailarinos de Tribal Fusion: "se a banca me avalia mal, é porque ela não tem sensibilidade para entender minha arte".  Muitas vezes, as bancas não estão mesmo preparadas para enteder o que é o Tribal Fusion e vão julgar conforme suas bagagens. A nós como competidores, cabe atentar às regras e acetá-las, ou não participar de tal concurso.

Neste ponto, até acho válido mencionar que não sou a favor de competições do estilo Tribal Fusion, menos ainda do ATS®. Para mim, não condiz com o espírito de sororidade que eu acredito que deveria ser o coração do Tribal.

BLOG: Como é o cenário da dança tribal de Minas Gerais? Pontos positivos, negativos, apoio da cidade/estado, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?
O mercado da dança oriental em Minas é grandemente voltado para o Raqs Sharki e algumas destas se aventuram no tribal e agora, no ATS®, mas a maioria mantém a dança do ventre como atividade principal e, sendo assim, vigora o conceito que não se tem tempo ou dinheiro para investir em aulas e figurinos de Tribal.


É um cenário que vem mudando aos poucos, mas ainda é bem forte. O estilo tem ganhado mais adeptos e o público também tem se interessado mais pelas apresentações e shows específicos de Tribal, seja Fusion seja ATS®.


BLOG: Além de colunista do blog com a coluna “Estilo Tribal de Ser” em conjunto com a bailarina Surrendra, você também é colunista da revista “Tribalizando”. Como é ser blogueira? Como você seleciona os temas a serem abordados nessas duas plataformas  e como os desenvolve? Descreva um pouco sobre sua participação como colunistas. 
Escrever é um belo desafio e uma grande responsabilidade! O objetivo com o material que escrevo é colaborar com o enriquecimento em material teórico sobre o tribal e tudo que pode estar envolvido com ele. No caso da coluna "Estilo Tribal de Ser" foi de buscar a origem do que chamamos de figurino Tribal e mostrar também que ele pode fazer parte do nosso quotidiano. Até então este tem sido o foco da coluna: resgatar e registrar em português a origem das peças que fazem parte do nosso dress code.

No caso da revista Tribalizando, o foco é o Dark Fusion, que é um assunto que me encanta imensamente e sempre rende longas conversas.

Em ambos os casos, definido o tema (figurino ou algo que seja o meu foco de estudos no Dark Fusion naquele momento - ou até algo pedido pelas diretoras dos blogs), procuro ler o máximo de informações possíveis, de fontes físicas e virtuais, vejo vídeos, converso com outras bailarinas e bailarinos, tudo depois é digerido e formatado para o artigo produzido. Dá trabalho, mas é recompensador ver o produto final e mais ainda, quando sei que pessoas estão lendo e enriquecendo sua bagagem como que produzo.
  
BLOG: Você é a criadora do InFusion Atelier destinado a figurinos para dança Tribal. Como surgiu a ideia ou oportunidade de formá-lo? Como é o processo criativo para as linhas e suas inspirações para a composição das mesmas? Há alguma curiosidade a respeito do nome do ateliê?
Comecei o Ateliê InFusion bem timidamente quando comecei a fazer aulas na escola da Nanda Najla. Eu sempre tive gosto por produzir artesanatos e neste momento surgiu a oportunidade de complementar a minha renda e fazer algo agradável. Eu produzia várias peças menores e acessórios para os festivais da escola e eventualmente decidi formalizar o ateliê. Passei a produzir peças maiores, conjuntos e a pegar produções mais ousadas, com figurinos criativos para 3 escolas daqui. Mas quando me tornei professora de dança, decidi que seria melhor focar nesta atividade, então passei a produzir poucas peças sob encomenda pelo ateliê e a importar bijuterias e saias indianas de Jaipur e Sari.

Eu trabalhava sempre de acordo com a demanda. Sou bacharel em design gráfico, então sempre uso esta bagagem para a conceituação das peças e também para adequar à bailarina ou conceito da coreografia.

Tudo que já criei tem esta influência e eu procuro também acrescentar materiais mais incomuns como algas e folhagens (ou eram incomuns quando comecei rsrs), e mistura de metais, tecidos, pérolas. Algo meio romântico e delicado, meio tribal e rústico.

O nome do ateliê carrega um pouco de mim pois InFusion (infusão) remete aos chás que é algo que gosto muito e também um pouco à ícones alquímicos, xamânicos, mágicos; minha veia bruxa, eu acho.

BLOG: Em 2015, o InFusion Atelier participou da 14ª edição do  Desfile Moda & Atitude  produzido por Mattos Nilton. Conte-nos como foi essa experiência e como os figurinos de dança tribal foram recebidos pela comunidade de Moda e seu público.


O Nilton é uma pessoa incrível e um excelente professor e diretor de modelos fotográficos e de passarela.

Ele tinha uma parceria com a escola onde trabalho e me convidou para levar um material diferente para o desfile que ele produz, a formatura dos alunos do curso de modelo.

Foi uma experiência incrível passar pelo processo de selecionar as modelos, distribuir figurinos, dar pequendas dieções de poses....  ver minhas peças vestidas por modelos de passarela e de estar na passarela também foi emocionante!

BLOG: Você é produtora do eventos Conexão Tribal BH desde 2015 e do Tribal Core desde 2016, os quais se destacam na cena de dança tribal mineira. Conte-nos como surgiram as idéias de cada evento, suas propostas, objetivos, organização, realização e diferenças entre si, bem como suas repercussões do mesmo para a comunidade tribal quanto para seu público.


O Conexão Tribal BH começou da vontade de trazer possibilidades de estudo em Tribal Fusion e ATS® com maior frequência e a preços acessíveis para a comunidade mineira. 

Por afinidade, nos juntamos com ente propósito eu, Carla Michelle, Surrendra e Natália Espinosa. Cada uma com sua especialidade, com muita vontade de estudar umas com as outras e de trazer mais um evento cultural de qualidade para Minas. No momento, a Carlinha está nos Estados Unidos estudando, então demos uma pausa na produção, mas logo votaremos com toda força! 

O Tribal Core veio para dar oportunidade para minhas duas Cias de dança de estarem por dentro de uma produção de evento. Juntas nós conceituamos e produzimos tudo para o Festival Tribal Core. Para todas nós é um momento especial produzir e dançar em um evento onde estivemos envolvidas com todo o processo e a meta é crescer sempre mais e contribuir com a formação de um público apreciador do Tribal Fusion e ATS
® como já existe para outras danças.

BLOG: Você já foi membro da Cia Kalua, dirigida pela bailarina Nanda Najla. Como foi participar do mesmo e adequar seu estilo a esse grupo?

Cia Kalua

No tempo em que estive na Cia Kalua, ainda estava desenvolvendo meu estilo e ali era campo fértil para isto, pois a Nanda sempre nos incentivava a trazer trabalhos inusitados e criativos e este era o foco da cia. Ela sempre foi muito rígida e isto nos obrigava a nos empenhar muito e resultava em trabalhos muito bons! Fora a amizade que tenho com todas até hoje. Foi um tempo muito bom!


BLOG: Anteriormente, você era membro do Ansatta Bellydance, dirigida pelo bailarina Surrendra. Como foi sua participação no grupo nesse período?

Ansatta Bellydance

Estar no Ansatta foi outro desafio, pois sempre que fazemos parte de um grupo, devemos nos adequar ao formato da coreografia e técnicas da coreógrafa. Mais uma vez foi um período de muito crescimento pessoal e profissional. A Surrendra é também uma grande incentivadora e me ensinou a fazer acontecer. Com ela comecei a ver como era produzir um evento, no caso a Hafla Tribal Night. isso em 2014. Graças ao incentivo dela também, me tornei professora.

BLOG: Atualmente, você possui dois grupos de dança tribal: a Trupe Andurá e a Trupe Dannan. Conte-nos um pouco sobre cada um desses grupos: como surgiram, a etimologia da palavra, seus integrantes, qual estilo marcante em cada um, suas diferenças e propostas, e se eles sofreram alguma mudança estrutural ou de estilo desde quando foram criados até agora. Como é o processo de introdução de novos integrantes?

Tribo Dannan

Formei primeiro a Tribo Dannan, com minhas alunas de Tribal Fusion. Como nós temos gostos em comum, isto acabou se refletindo no conceito do grupo um Tribal Fusion focado em elementos dark e folk. E daí veio o "Dannan"  dos Tuatha dé Danann, da mitologia irlandesa e escocesa.



Na Trupe Andurá, focamos no ATS®, e decidimos ter uma orientação mais voltada para a cultura brasileira. Tanto que procuramos ao máximo usar composições nacionais para dançar. Foi uma decisão do grupo como um todo, também por afinidade. O nome foi escolhido unindo a ideia da ATS® family tree e o elemento de brasilidade. Andurá é, em contos indígenas, uma árvore sagrada que se inflama à noite. A lenda conta que ela guarda todo o fogo que destruiu florestas e aldeias.

Trupe Andurá
Para ambos os grupos, procuro manter um número máximo de integrantes de forma a facilitar a interação e a comunicação entre as integrantes, bem como a qualidade do trabalho. Até então, não tivemos alteração no número de bailarinas.



Nosso norte é um trabalho integrado e de suporte mútuo. Cada uma faz o melhor pelo grupo e pelas colegas para que todas possas crescer juntas enquanto bailarinas.



BLOG: Conte-nos um pouco sobre suas principais coreografias. O quê a inspirou para a formulação da parte conceitual e técnica das mesmas, assim como seus processos de elaboração dos figurinos e maquiagens. Como essas coreografias repercutiram na cena tribal? 
Todos os meus trabalhos vem de algo que é muito significativo para mim: uma música que gosto muito, algo da infância, um tema que aprecio. Sempre há algo que tem eco no meu íntimo, que tem um significado emocional.

Daí é que eu tiro o conceito, e é de onde parte a escolha da técnica usada e do conceito para o figurino e maquiagem.  Cada gesto e peça de figurino deve estar em consonância com o conceito do trabalho. Para todos, busco refletir harmonicamente com ângulos, texturas, expressão, contrastes de movimentos (sinuosos/ritmados, rápido/lento, suspenso/fluido) o conceito que estou trabalhando.

BLOG: Qual a importância que você vê no ATS®?  Como é fazer parte de um grupo de ATS®?
Para mim, o ATS® é a raiz do meu estudo. A minha bagagem é da dança do ventre e folclore árabe, mas vejo cada vez mais o reflexo do estudo constante do ATS® na melhora da minha postura e formas de trabalhar minha dança e com os meus grupos (tecnicamente e também com a busca pelo espírito de cooperação mútua).

Fazer parte de qualquer grupo não é um mar de rosas, mas vejo que há ressonância no grupo, que tenta incorporar estes conceitos dentro e fora da sala de aula e na interação com outros grupos. Estamos crescendo muito com a experiência. Cada vez mais vejo que há sintonia entre nós e isto faz-se ver nas apresentações. 

BLOG: Dentro do ATS®, você vem e se destacando no dialeto de skirtwork no Brasil. Conte-nos um pouco sobre a origem deste dialeto. Como surgiu o interesse pelo estudo deste?  Quais foram os principais desafios em estudá-lo? Como você vem desenvolvendo essa proposta com seu grupo e workshops?


O Skirtwork ou Dialeto de saias para ATS® foi desenvolvido pela bailarina Sister Studio Krisztina Naz-Clark. Ela tem uma cia. chamada Czigany World Fusion Dance e tem grande influência do trabalho de saias da dança cigana.

O interesse surgiu por parte das minhas alunas que são também bailarinas de dança cigana. A pedido delas comecei este estudo e me encantei completamente. Estudei pelo vídeo lançado pela Krisztina e busco melhorar a execução do dialeto enquanto ensino para minhas alunas e para a Cia. O desafio maior foi adaptar a memória muscular que já sabia o movimento original e precisava adaptar à leitura com o jogo de saias.

Com meu grupo, procuro mantê-las com o repertório sempre bem compreendido e estudado, pois acabou se tornando uma marca do nosso trabalho. Ao mesmo tempo que é necessário deixar bem claras as adaptações nas sequências do ATS® para o Skirtwork, percebi, nos worshops e aulas, que fazer a relação entre duas formas e apontar as diferenças também colabora para uma melhor memorização dos passos e é uma forma divertida de aprender. As alunas saem muito felizes tendo visto o que são capazes de fazer com as saias e com o efeito visual que elas geram.

BLOG: Hoje contamos com diversos recursos de estudos. O próprio FCBD® vem lançando materiais muito bons nos últimos anos. Em relação ao estudo de ATS®, que dicas você daria para aqueles que ainda não podem estudar com uma professora do estilo, mas que gostariam de aprender mais sobre o mesmo, tanto na teoria quanto na prática?
Os DVDs do Fatchance Bellydance® e a Tribal Bible ainda são as fontes mais confiáveis de estudo do ATS®, no mundo virtual (sem a professora presente). Acho que nada substitui uma professora em tempo real e, preferencialmente, presencialmente. Existem dezenas de vídeos no youtube e outras plataformas (datura, powhow), ótimos para começar os estudos.

BLOG: Você considera a dança tribal uma dança étnica contemporânea? Por quê?
Este é um tópico que considero polêmico. É contemporânea, mas étnica de quem? Não acho que ela seja uma dança que represente nenhuma cultura em particular, apesar da forte base da dança árabe.

BLOG: Em sua opinião, o quê é tribal fusion?
O Tribal Fusion é uma dança que abriu muito as possibilidades de expressão e de inovação no meio da dança oriental.

BLOG: Sob sua óptica, o quê é dark fusion?
Para mim, o Dark Fusion é uma forma de expressar sentimentos e situações que normalmente não são bem aceitos: raiva, tristeza, luto.... mas que são parte de todas as pessoas. Encará-los é se aceitar como humano, é trabalhá-los para que sejam um fardo menor, é compartilhar com a platéia a sua história e ter de volta o reconhecimento da humanidade em cada um.

BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?
A liberdade que tem para nos expressar da forma como nosso coração realmente fala.

BLOG: Como você descreveria seu estilo?
Lírico. Gosto da suavidade e sinuosidade dos movimentos ultra-lentos e bem desenhados.

BLOG: Como você se expressa na dança?
Como eu mencionei em outra questão, busco dançar  aquilo que faz sentido para mim. Independente do conceito. Tudo que danço faz parte da minha história.
  
Annamaria e Surrendra

BLOG: Sobre sua carreira, qual/quais seu momento tribal favorito ou inesquecível? 
O momento mais marcante foi no início, a primeira vez que a Surrendra me convidou para fazer um dueto com ela. Me achei tão pequena e ao mesmo tempo tão importante!

BLOG: Quais seus projetos para 2018? E mais futuramente?
Para 2018 estou estudando bastante o ATS®, estou trabalhando com minha Trupe para a formação de um dialeto   Aguardem novidades.

BLOG: Improvisar ou coreografar? E por quê?
Tento fazer um pouco dos dois. Ambos são importantes para o desenvolvimento do repertório da bailarina e para sua expressividade. Ultimamente não tenho tido muita oportunidade para coreografar para mim mesma, e aproveito a oportunidade para desenvolver minhas técnicas de improviso.

A bem da verdade, gosto muito de improvisar, sinto que há uma conexão muito maior entre mim e a música e sei que o público percebe isso e também embarca nas minhas"viagens". Às vezes me sinto quase em transe.

BLOG:  Você trabalha somente com dança? 
Por muito tempo, enquanto dava aulas de dança, tive o trabalho com o ateliê, mas eventualmente houve a necessidade de enfatizar um ou outro e a dança foi a escolhida. No momento, além de dar aulas de dança, também sou instrutora de Hatha Yoga.

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