No dia 21 de maio, no espaço La Bamba, em Curitiba-PR, organizado pela bailarina Mariáh Voltaire e seu grupo Zabai, aconteceu o II Hafla Zabai. Os Haflas Zabai costumam ter uma temática envolvida e seus participantes devem tentar realizar apresentações voltadas à mesma. No primeiro Hafla (leia aqui a resenha), a ideia foi mais aberta e o "slogan" do evento foi "Ruídos de um corpo dançante". No segundo, o tema foi "Divindades da Natureza". Abaixo segue o release:
Expositores (na foto: Sara Félix) | Foto de Alcides Macedo
Iremos apresentar a todos vocês um universo encantado habitado por mulheres e seres selvagens. Vocês devem estar se perguntando que seria essa mulher selvagem?
"O arquétipo da Mulher Selvagem, bem como tudo o que está por trás dele, é o benfeitor de todas as pintoras, escritoras, escultoras, dançarinas, pensadoras, rezadeiras, de todas as que procuram e as que encontram, pois elas todas se dedicam a inventar, e essa é a principal ocupação da Mulher Selvagem. Como toda arte, ela é visceral, não cerebral. Ela sabe rastrear e correr, convocar e repelir. Ela sabe sentir, disfarçar e amar profundamente. Ela é intuitiva, típica e normativa. Ela é totalmente essencial à saúde mental e espiritual da mulher". (CLARISSA PINKOLA ESTÉS)
Aula com Bety Damballah | Foto de Alcides Macedo
O evento começou às 15:30, contando com a participação de expositores de dança de Gilmara Cruz, Tati Macedo e Sara Félix. A partir dàs 16 horas, deram início aos aulões gratuitos. A primeira aula foi de Tribal Laico com Bety Damballah. Depois teve a palestra "O círculo sagrado - dança ritual" de Angela Guedes Freitas, finalizando com o ritual da lua cheia com Fabíola Kaminski Treuk .
Palestra com Angela Freitas | Foto de Alcides Macedo
Confira o vídeo realizado por Tati Macedo com alguns trechos das aulas e bastidores que aconteceram no período da tarde do evento:
Ao término das aulas, as bailarinas se direcionaram aos camarins para se preparem para o show. Nesse intervalo, a banda de rock Grupo Amitaba se apresentou, animando e aquecendo o público neste dia chuvoso e frio de Curitiba.
Amitaba
Apesar da chuva que pegou todos de forma inesperada, os participantes se mantiveram firmes e não se abalaram. As bailarinas se ajudaram tirando as poças d'água e mantendo o palco e a decoração mágica de INOsh. Desta forma,o espetáculo não sofreu alterações em sua composição. Apesar do imprevisto das poças e lama que se formaram, as bailarinas vestiram a camisa do evento e trouxeram um espetáculo muito diversificado, alegre e bonito.
Mariáh Voltaire - anfitriã | Foto de Priscila Dias Dos Reis
O início das apresentações foi às 19:30 com a abertura de Mariáh Voltaire ao som de Loreena McKennitt. Em um momento, as alunas do grupo Zabai se juntam à Mariáh e dançam todas juntas numa linda confraternização em tom de celebração do poder feminino.
Grupo Zabai | Foto de Amanda L. Stroparo
O evento conseguiu reunir a cena tribal curitibana. Muitas bailarinas eu só conhecia virtualmente e lá pude ter um pouco mais de contato. Infelizmente não assisti a tudo pela euforia que tomava conta de todas e muitos vídeos também ainda não saíram para fazer comentários mais detalhados.
Dançaram lindamente as alunas de Mariáh Voltaire, envoltas nos elances tribais com os pés no chão e descalças em contato e conexão com a terra: Amanda Stroparo (vídeo), Fabíola Treuk, Giulia Nicz Ricci, Ingrid Marina, Joana Rosella ePaola Perotto .
Amanda Stroparo | Foto de Eve Ramos
Fabíola Treuk | Foto de Alcides Macedo
Giulia Nicz Ricci | Foto de Eve Ramos
Ingrid Marina | Foto de Eve Ramos
Joana Rosella| Foto de Eve Ramos
Paola Perotto | Foto de Alcides Macedo
As alunas de Sara Félix também marcaram presença e trouxeram muita força em suas danças. As coreografias solos eu já conhecia do Fusion Art Festival <3 Vocês podem ler e aproveitar para conhecer o festival organizado pela querida Sara (clique aqui). As alunas que marcaram presença dançando foram: Bárbara Rodrigues com a coreografia "Beneath the Mist" e Nayara Oliveira com a coreografia "Elephant in Collors"(vídeo).
Bárbara Rodrigues | Foto de Alcides Macedo
Nayara Oliveira | Foto de Eve Ramos
As alunas de Gilmara Cruz também vieram, dançando sua primeira vez, elas com certeza deixaram sua marca na cena tribal curitibana. Eu adorei a forma como a apresentação do grupo se desenvolveu. Gilmara e seu grupo usaram o formato de Jamila Salimpour com o coro de alunas como background a cada apresentação. O grupo criou um mini espetáculo de 14 minutos, trazendo o ideal de coletividade e força feminina; aquela sensação de ver "mulheres juntas são mais forte", pois o grupo unido traz mais poder a uma apresentação. E eu vi isso! As músicas escolhidas criaram toda uma atmosferização. Era como se estivéssemos lendo um conto de fadas (e não me refiro à princesas, mas seres mitológicos, seres da florestas, bruxas, feiticeiras e afins que também são personagens das páginas dessas estórias). Foi muito bonito ver cada apresentação e suas emendas, como uma se conectava à outra, como uma apresentação dialogava com a outra, tecendo um enredo muito bem estruturado. Do coro, começou com Giordana Dalle Cort e Kamila Costa com a abertura. Em seguida, entrou Amy Renisz em um solo muito poético. Depois, Gilmara Cruz e Brisa Verena Zeine, da Cia Nuit, fizeram um dueto com muita sincronia e técnica. Em seguida Brisa fez um solo de derback celta (vídeo) com muita desenvoltura. Em seguida entra o grupo Obscure Fusion da turma de dark fusion com as alunas Brisa Verena, Ingrid Marina, Gabriela Guilguen e Franciele Martinelle. Finalizando o ato, a professora Gilmara Cruz entra com seu solo em tom imponente, obscuro e mágico. (vídeo completo) Suas alunas, Ingrid Marina e Giordana Cort, posterior à dança em conjunto,também apresentaram solos muito bem elaborados e condizentes com a proposta do hafla.
Alunas de Gilmara Cruz | Foto de Eve Ramos
Gilmara Cruz
Amy Renisz | Foto de Eve Ramos
Brisa Verena | Foto de Giordana Dalle Cort
Giordana Dalle Cort | Foto de Eve Ramos
As bailarinas de dança do ventre mais chegadas à tribo de lobas também marcaram presença: Triana Ballesta (dança do ventre tradicional) toda linda e reluzente como uma fada de azul e Lyslian Alves Moreira queimando em chamas de vermelho com seu candelabro, como uma feiticeira escarlate.
Triana Ballesta
Lyslian Alves Moreira | Foto de Eve Ramos
E tivemos as tribalistas da cidade fazendo muito barulho ao som dos zaghareets, urros e uivos. Começando com a pioneira de Curitiba, Bety Damballah veio de forma hopnotizante com sua dança, figurino e presença. Para tornar mais tribal, contou com a participação de um bodhrán acompanhando as marcações da música.
Bety Damballah
A bailarina Tati Macedo (vídeo)dançou em branco e incorporou a personagem de deusa da natureza, estando com suas sensações latente, corajosa, dançou a meio a lama sem que aquilo oferecesse resistência para sua manifestação artística.
Tati Macedo | Foto de Alcides Macedo
A bailarina de dança cigana, Giulia Amandit ( vídeo 1) / (vídeo 2), marcou presença de maneira impactante. Sua dança foi uma das que mais me chamaram a atenção pela sua forma xamânica de dançar. Adorei a escolha de música e adorei a ideia do figurino ser bem pagão, lembrando elementos da natureza e seres mágicos.
Giulia Amandit
Sara Félix foi a bailarina que trouxe no seu figurino e dança o modelo de tribal dancer: duas rosas vermelhas grandes no headpiece, saia rodada, cinto com medalhões em miçangas. Sua dança sempre muito técnica e com muita flexibilidade. Seu olhar imponente sempre mostrando o poder que emana uma bailarina de dança tribal.
Sara Félix | Foto de Eve Ramos
Eu (Aerith) dancei logo após a Sara. Minha proposta era trazer um arquétipo de bailarina tribal mais voltada ao lado xamânico. É uma proposta que vim delineando desde 2011 e , somente em 2013 é que comecei a dar os primeiros passos. Nesta apresentação optei em dançar uma música da banda Faun. A música é bem marcante e tem diferente momentos, apesar de ter um mesmo refrão. Eu quis misturar elementos da dança africana, muito utilizado na dança Núbia e nas fusões desenvolvidas pelo estilo Tribal Brasil. Fusionei também alguns elementos das danças folclóricas árabes khaleege e kawleeya. Coloquei alguns traços de inspirações de dança indiana em alguns poucos momentos. A dança, por ser um improviso, saiu de forma espontânea, intuitiva e orgânica. Espero que tenham gostado dessa fusão tribal (vídeo).
Aerith Asgard | Foto de Eve Ramos
Rosa Carina e sua aluna Maria Clara Alencastro fizeram um lindo dueto, demostrando bastante flexibilidade e desenvoltura com movimentos da dança contemporânea. Mais para o final do evento, Rosa Carina também fez uma apresentação solo muito bonita.
Rosa Carina & Maria Claro Alencastro | Foto de Alcides Macedo
Rosa Carina (solo) | Foto de Eve Ramos
As bailarinas Ana Paula Medeiros e Mariana Tachibana, com figurinos em tons claros e frios, fizeram um duo com a proposta de ritual e com muita influência de ATS. No final da noite, Ana Paula também apresentou-se como solista.
Ana Paula Medeiros & Mariana Tachibana | Foto de Eve Ramos
Ana Paula Medeiros | Foto de Eve Ramos
No final do evento, Mariáh convida todas as bailarinas presentes a se reunir para uma foto de confraternização.
Aerith (PR), Bruna Gomes (RS), Gabriela Miranda (RS), Gilmara Cruz (PR), Hölle Carogne (RS), Long Nu (ARGENTINA) e Saba Khandroma (ARGENTINA) estarão no Espetáculo Occvltum no dia 20 de agosto e ministrarão workshops e palestras de Dark Fusion, Butoh Fusion, Tribal Ritualístico, Tribal Interpretativo e Metal Fusion nos dois dias de evento em CURITIBA-PR.