por Amanda Preisig | Nomadic Tribal
FCBD: olhos nos olhos, divertimento e um sorriso verdadeiro como consequência, além, é claro, de um grande exercício de democracia e coletividade |
Queridas leitoras, boa noite! Desta vez, o Nomadic
Tribal decidiu escrever sobre dicas de dinâmica e performance para tornar as
apresentações de ATS® cada vez mais interessantes.
Ao longo desse tempo juntas, acabamos por descobrir
bastante coisa – tanto na prática quanto através de dicas das FatChances das
quais tivemos contato. Muitas delas ainda estamos aperfeiçoando a cada dia. Achamos
bom, portanto, introduzir nossas próprias dicas através de algo que ouvimos da
própria Kristine Adams (FCBD®) em 2013: pense sempre em seu público. Como a
própria nos disse: “Vocês estão dançando para o público. Se o público não
gostar, você não vai receber sua gorjeta”. Por mais hipotética que a situação
da gorjeta possa parecer, sua essência é real e fatídica. Não nos apresentamos
para nós mesmas, e sim, para um público que está lá para ver o que viemos
fazer de melhor: dançar.
Pense na melhor formação para o tipo de público e
espaço em que vai apresentar. Se for, por exemplo, apresentar em um palco amplo
com uma platéia frontal, todas as formações podem acontecer e um coro deixa o
palco bastante preenchido. Se for em um café onde só há corredores, os trios em
diagonal funcionam muito bem. Em grandes multidões com público por todos os
lados, investir em rodas ajuda com que seu espaço esteja delimitado e, ao mesmo
tempo, faz com que todo o público tenha uma boa visão do que está acontecendo.
Não que seja necessário estar em roda o tempo todo, mas, perigando perder o
espaço, ajuda bastante!
Especialmente do workshop da Kae, na Argentina. Sempre
que fizer roda, mantenha-a em movimento! Pense como se visse a formação de
cima: se a roda não se movimenta, não toma o aspecto de um círculo – vivo - e
sim de um monte de pontos parados aleatoriamente.
A música quem manda
A música quem manda
E é preciso obedecer. Ela te dá frases e intenções, e
quanto mais nos atermos a cumprir cada frase com os movimentos que mais
“conversam” com ela, mais potente a dança fica. Não conte indiscriminadamente,
escute a música! Isso vindo de Kae Montgomery. Mesmo que se acelere alguns
movimentos, emende uns nos outros ou mude um pouco a energia deles. Se a música
pedir, é permitido. Só não faça por fazer.
Energia!
Energia!
Ponto pacífico que cada música e cada performance tem,
por assim dizer, seu próprio “clima”. Até aí, ok. Mas, haja o que houver, tenha
energia! A música dá o clima e nós, dançarinas, temos que preenchê-la. Para que
o público receba aquilo que a música diz, temos que emanar essa energia a eles.
Pense que existe várias qualidades de energia: a energia densa, a energia
alegre, entre milhares de outras que podemos experimentar. Podemos – e até
devemos- viajar em todas elas. Mas nunca, jamais, dance sem energia! Transmite
ao público uma vontade de estar em qualquer outro lugar, fazendo qualquer outra
coisa, menos onde se está. Aí não faz sentido, né?
Divirta-se verdadeiramente
Divirta-se verdadeiramente
Sabe aquela regra de sorrir sempre? Bom, furada. Digo o porquê: se nos sentirmos obrigadas a sorrir, nosso nível de tensão aumenta. Não
é um sorriso verdadeiro – e isso fica na
cara, porque o que o sorriso esconde, o olhar vaza – e pode, inclusive, nos
induzir a vários erros por nervosismo na hora da dança. Por isso, sorria sim,
mas por outro canal. Divirta-se de verdade! Estamos fazendo o que mais gostamos
para pessoas que compartilham nosso amor e admiração pela dança. O que poderia
dar errado?
Inclusive, imagino que nessa última
perguntar pensaram: “E se eu errar alguma coisa? Isso é dar errado!”. E já digo
de antemão: nada de pânico! O Nomadic descobriu nos erros uma chave de
cumplicidade essencial para quem dança o ATS®. Funciona assim: estamos pensando
no público, emanando nossa energia ao máximo e nos divertindo pra xuxu. Até aí,
ok. Então, alguma de nós – e isso já aconteceu com todas várias vezes – erra
alguma coisa. O fato de estamos nos deliciando com o momento faz com que aquele
erro – que poderia ser o fim do mundo – nos pareça algo mais risível ainda.
Quem errou ri de si, quem viu ri JUNTO com o divertimento pra outra e vamo que
vamo. Errou, beleza. Fazer o quê? Bola pra frente, tem muita coisa boa nessa
dança pra vir! Garanto que é mais simpático ao público e a nós mesmas quando
reconhecemos os erros com leveza do que tensão. O que me faz lembrar:
Mais uma vinda da Kae – e essa é ótima.Se a música
for MUITO rápida a ponto de você não conseguir dançar e acompanhar os snujs
corretamente na música: NÃO TOQUE OS SNUJS! É melhor uma dança limpa sem snujs
do que uma que vira uma bagunça de snujs enlouquecidos. Aliás, se tiver coro, o
próprio coro pode assumir a responsabilidade de não dançar e só tocar os snujs.
Enquanto isso, quem estiver no centro da performance, se preocupe em fazer
movimentos pequenos mas que marquem bem o ritmo: shimmie, shimmie shoulder,
etc. Nessas horas, movimentos muito grandes e elaborados só atrapalham. Faça
menos, mas faça melhor.
Quando
estávamos na Argentina fazendo aulas com a Kae, uma das meninas que fazia o
workshop conosco perguntou algo sobre alguém que se mantém muito tempo na
liderança. Depois de algumas divagações, ela disse: “O que diferencia uma
dançariana profissional de uma amadora é o quanto ela deixa de pensar em
pequenas bobagens como ‘Oh, ela ficou tempo demais’ ou ‘Oh, não gostei disso
que ela fez’ e o quanto ela passa a pensar no funcionamento real da dança”. Acho
que essa foi uma das coisas mais importantes que já ouvi no ATS®, quiçá a mais
importante de todas. É preciso, quando assumir a liderança, ter bom senso. Já
quando estiver seguindo a líder, ter a generosidade de escutar aquilo que a
líder está lhe dizendo com o corpo. Sem julgamentos, MESMO. Todas estão no
grupo dançando juntas em prol do mesmo objetivo.
Para
fãs de Chico Buarque: "Deleitem-se". Nessa frase o moço tem toda a razão. O olhar é uma chave de ouro no ATS®. Tanto para o público quanto para as companheiras de
dança. E é algo incrível! Muitas vezes, conforme você vai conhecendo as pessoas
com quem dança e vai criando aquela boa e tão necessária companhia, só de olhar
nos olhos você já sabe o que ela vai fazer. A pessoa te dá todos os sinais só
com o olhar, como se dissesse: “Vem comigo que tenho uma boa idéia pra agora!”. E
aí, o outro olhar responde “Vai que sigo! Tamo junto!”. E vejam só, que coisa
linda: sem precisar de uma palavrinha sequer. Só com uma troca de olhar.
Por enquanto, é isso que podemos dizer. Esperamos, acima
de tudo, que esta matéria não seja vista como uma aula ou como um manual de
instruções e sim como um
compartilhamento de experiências aprendidas ao longo do caminho. Se tiverem
questões, estamos por aqui!
Lililililiiiiii!!!!
Lililililiiiiii!!!!