BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como tudo começou para você?
Iniciei há 30 anos com o ballet clássico e
com as danças orientais com a dança do ventre e todas as danças folclóricas
provenientes do Oriente Médio, há 25 anos. Sou filha de sírios e minha avó paterna,
que por sinal foi a inspiração do meu nome artístico (o nome dela era Fairuza),
me mandava pelo correio, da Síria,
vídeos VHS de shows de músicos árabes e bailarinas. Eu estudava dia e noite.
Estes foram os meus maiores materiais de estudos. Fui autodidata em muito do
que sei, porém, fiz algumas aulas particulares com a Mestra Saamira Samia e
alguns workshops com Giselle Bomentre e Camélia.
BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
Como disse, fui auto didata na dança do ventre. As
poucas aulas que eu tive foi com a Mestra Saamira Samia, a grande
referência nacional na dança do ventre.
BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há
quanto tempo?
Fiz ballet clássico, Contemporâneo, Jazz,
dança indiana, dabke libanês, flamenco, break dance e hoje eu pratico,
atualmente, Yoga.
BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Minhas
primeiras inspirações foram a Suhaila
Salimpour (adquiri um VHS dela em 1990) e Delilah (Americana). Atualmente, minhas inspirações são a Saamira Samia e Carolena Nericcio.
BLOG: O quê a dança acrescentou em sua vida?
Não me
lembro de nenhum momento na minha vida em que eu não estivesse dançando. Quando
eu danço, sinto Deus perto de mim.
BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
A dança
do ventre e o tribal são a dança da mulher real, a qual aceita e acolhe a
mulher, seja ela como for, sem distinção de biótipo, credo ou idade.
BLOG: O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação?Você acha que o tribal está livre disso?
Infelizmente, a competição e a rivalidade são inerentes a característica da mulher. Então, ela se torna muito latente na dança do ventre e eu percebo um pouco menos no tribal; não sei se por que o tribal ainda é recente no Brasil. Para melhorar essa situação, é simples: a bailarina precisa olhar para a sua colega com amor e carinho, pois somos todas filhas de um mesmo Pai e unidas por um único ideal. Ser feliz dançando e não ser melhor que a colega dançando. Cada uma tem a sua verdade enquanto dança. Não existe melhor ou pior. Quando as mulheres tiverem essa consciência, acho que muita coisa iria melhorar.
Já. Pode parecer loucura, mas já
sofri preconceito com minha altura. rsrsrs Eu sou alta e, na época, diziam que
bailarina não poderia ser alta. rsrsrs No tribal sofro preconceito até hoje,
por ser profissional de dança do ventre e tribal. Quem é de dança do ventre diz
que só tem que ser de dança do ventre, e
quem é de tribal, diz que tem que ser só de tribal. E eu sou profissional dos
dois. rsrsrsrs Acho, no mínimo, engraçado.
BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Inúmeros.
Na época que eu lancei meu primeiro VHS Didático de Dança do Ventre, eu recebia
bips (sim, eu sou da época do Bip!!!) dizendo que iria fazer uma fogueira com
os meus vídeos. Uma vez, quando cheguei para fazer um show e deixei meus trajes
no camarim, na hora em que fui me trocar, eles estavam todos cortados com
tesouras, picotados. Outra vez eu estava
dançando em um clube árabe, entre as mesas da festa, próxima ao publico,
quando, de repente, uma mulher, creio que por ciúmes, apagou o cigarro dela nas
minhas costas. Olha eu citei somente três situações que eu passei. Acho que já
deu para ilustrar, não? rsrsrs
BLOG: E
conquistas?Fale um pouco sobre elas.
Inúmeras também,
graças a Deus. Lancei 2 VHS didáticos de dança do ventre. Em parceria com Yasmin Chahoud, lançamos o livro
"Curso Prático de Dança do Ventre", Editora Madras. Lancei, com a
produção de Christiano Markes, 2 DVDS
didáticos de Tribal Fusion. Fui jurada de inúmeros concursos em inúmeras
categorias, com destaque como jurada na categoria Tribal Fusion, em um dos
maiores festivais de dança do Mundo, o Mercado Persa. Este ano promovi uma
grande festa em comemoração aos meus 25 anos de carreira, com a presença das
minhas duas bandas que eu faço show: Olam
Ein Sof, que tocam música celta e medieval, a qual eu faço performances
variadas mais próximas ao tribal, e a banda árabe, liderada por Neder Ekadri, a qual eu desenvolvo um
trabalho forte na dança do ventre e folclórica. Fora isso, formei grandes
profissionais que estão atuando no mercado, atualmente.
BLOG Você foi uma das primeiras bailarinas do Brasil e de São Paulo a se envolver com o estilo tribal. Como eram as informações sobre o estilo na época em que você começou a pesquisar? Como era visto a dança tribal naquela época e como hoje ela vem se apresentando na cena brasileira?
Eu
comecei a ter primeiros contatos com o tribal em 2005, com materiais que uma ex-
aluna minha me enviava dos EUA;e logo depois, através de uma aluna da pioneira
do tribal no Brasil, Shaide. O nome
dessa aluna é Vania Psique. As
informações que existiam naquela época eram remotas, mas já sabia da grande
importância do estudo do ATS® e do FCBD®. Estudava através de vídeos e por
conta própria e, nesta época, fiz também aulas de dança flamenca e dança
indiana. Atualmente, tenho visto inúmeros talentos no cenário brasileiro. Acho
que as brasileiras estão de parabéns, sempre empenhadas e motivadas a aprender.
BLOG: Em parceria com o percussionista Christiano Markes, você lançou em 2008 o primeiro DVD de tribal fusion do Brasil. Posteriormente, em 2009 você laça seu segundo DVD didático. Há diferenças entre um e outro?Quais? Como foi o lançamento destes DVD's em uma época em que as informações ainda eram poucas e como foi a repercussão diante deste pioneirismo na cena tribal do país?
Sim, são
DVD’s diferentes. Um não é mais avançado que o outro, e sim diferentes.
Trabalho com elementos da dança indiana, tribal de repertório lento com snujs, dança
solo no tribal, como espacate e cambret, posturas de braços, isolamentos e solo
de derbak ao vivo (tocado pelo Christiano
Markes) com leitura tribal. Então são tocados ritmos árabes, só que com uma
leitura tribal. O lançamento do DVD foi assustadoramente um sucesso. Nem eu
esperava rsrs. O Chris acabou promovendo duas festas do Rio de Janeiro, de
lançamento, respectivamente, do 1º e do 2º DVD's. E, por conta desses DVD’s,
fiquei indo ao Rio de Janeiro por 2 anos ministrando um curso mensal de formação, não só
em tribal como em dança do ventre e folclóricas também.
BLOG: Nesta mesma época, você ministrava cursos profissionalizantes e workshops em várias cidades do país,onde o tribal ainda não existia ou tinha uma cena tímida. Como eram ministrados esses cursos?Como eram os perfis das alunas que procuravam pela dança?Como foi essa experiência e sua repercussão na cena tribal da época?
No evento Mercado Persa, em 2008, eu fui a
primeira professora a ministrar um workshop de tribal. Haviam mais de 120
alunas na sala, e tive que levar uma ajudante comigo e dei aula de microfone !!
rs As dúvidas eram muitas!!!! Todas as dúvidas que vocês possam imaginar! As
alunas que procuravam tinham vontades e curiosidades variadas, desde querer
aprender alguns passos e ser suficiente; e outras até se profissionalizarem. A
cada 10 workshops que eu ministrava, 8 eram de tribal rsrsrs. As dúvidas
variavam desde a vestimenta até os "carões" que as bailarinas de
tribal americanas faziam.
BLOG:
Atualmente, você participa dançando nos shows da banda folk de São Paulo, Olam Ein Sof. Como surgiu a oportunidade
de parceria e como é a experiência de dançar jutamente com a banda ao vivo?
Há
exatamente um ano atrás, uma moça foi fazer um workshop comigo de técnicas de
quadril. Ela se interessou em meu trabalho e continuou fazendo algumas aulas
particulares comigo. E ela perguntou para mim se eu tinha interesse em conhecer
uns amigos dela que tocavam música celta e medieval (Olam), pois ela achava que
minha energia e paixão pela dança tinha tudo a ver com a energia e paixão pela
música que o Marcelo Miranda e Fernanda Ferrenti, integrantes do Olam,
tinham. E até hoje sou eternamente grata
a ela, por ter feito esta ponte entre eu e eles, pois foi um encontro de almas.
Gostaria de citar o nome dela, como forma de eterna gratidão, Carla Silva. A experiência de dançar ao
som deles? Posso resumir em um fato: toda vez que eu danço ao som deles, eu
choro. Minha emoção e paixão ficam a flor da pele;e Marcelo e Fernanda percebem
isso. Toda vez que vamos fazer show juntos,
eles me passam o repertório, eu procuro
saber o significado de cada música e interpreto, de forma suave e, ao mesmo
tempo, intensa.
BLOG:
Além de ser bailarina e professora de tribal fusion, você também é de dança do
ventre. Na sua opinião, há dificuldades em coexistir as duas modalidades?
Não, não
há. Você tem que ter destreza e tranqüilidade na hora de ministrar. E alguns
nomes na dança do ventre e no tribal tem significados diferentes. Por exemplo,
na dança do ventre, “taksin”, resumidamente, significa a interpretação da
bailarina de um improviso de um instrumento melódico na musica árabe. E “taksin”,
no tribal/ATS, seria, resumidamente, o
oito pra cima da dança do ventre. rsrsrs
BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?
Eu gosto
da diversidade e riqueza nas apresentações. Sempre acho interes ante, após a
minha apresentação, assistir aos outros shows, pois cada uma tem a sua verdade
na dança.
BLOG: O quê você acha que falta à comunidade tribal?
Amor,
carinho e respeito ao próximo. Como já disse, todos somos filhos do mesmo Pai.
BLOG: Como você descreveria seu estilo?
Gosto
muito das posturas e plásticas do ATS®. Eu me baseio nos
fundamentos do ATS®. Além de tê-lo como raiz, faço um trabalho corporal que
exige forca e flexibilidade, adquiridos, respectivamente, pelo break dance e
pelos meus anos de ballet. Curto fazer um teatro- dança, indo do gótico ao
cabaret. Procuro ser versátil, mas como já disse, meu ponto forte são os
isolamentos.
BLOG:
Como você se expressa na dança?
A dança é uma conexão com a
divindade e símbolo de união dos povos. Eu, quando danço, sinto Deus.
BLOG: Quais seus projetos para 2013? E mais futuramente?
Este ano
eu já ministrei vários cursos em inúmeras cidades brasileiras. Tenho uma agenda
de shows com o Olam até o fim do ano. Acabei de fazer a minha festa em
comemoração aos 25 anos de carreira. Ministro um curso de formação em dança do ventre,
folclórica e tribal fusion na cidade de Taubaté - SP. Em Agosto, estarei na
cidade de Ibitinga como Madrinha do 3º Festival da professora Dalvina Alves e ministrarei um workshop
lá também. Ministrarei um curso de ritmos e solos de derbak com a presença do
derbakista Pedro Francolin, em
Setembro, em São Paulo, e em Novembro, em São Carlos.
BLOG: Improvisar ou coreografar?E por quê?
Os dois,
pois os dois soam de igual importância para o desenvolvimento da bailarina.
BLOG: Você trabalha somente com dança?
Sim,
apesar de ser Arquiteta e Urbanista rsrsrs. Só trabalho com dança. Aulas,
shows, workshops e palestras motivacionais em empresas.
BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.
Meninas
lindas, todas vocês são iguais perante ao Pai. Então, quando dançarem, sintam
Deus, que tudo o que for de sentimento negativo ou destrutivo deixará de
existir. Respeite o palco, como se ele fosse um templo. Peca licença ao palco
para dançar. E dance para celebrar a vida e ser feliz e não para ser melhor do
que ninguém. Sinta o sangue vibrar nas veias enquanto dança, sinta- se viva e
plena.
Contato
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